sábado, 5 de julho de 2025

Cimeira da NATO em Haia abre novas perspectivas

Pessoal, a última reunião da NATO foi um ato de quase total e absoluta submissão e vassalagem por parte dos europeus ao EUA. Discursos e posicionamentos se alinharam quase totalmente aos anseios e solicitações de Trump, ainda que esse alinhamento possa trazer enormes problemas internos aos próprios europeus. 

Me refiro aqui especificamente ao valor de 5% do PIB de cada país que deverá ser investido em defesa até 2035. Isso é dividido em 3,5% diretamente em armas, e 1,5% em infraestrutura de defesa e produção. O valor obrigatório atual é de 2%, e já vem causando problemas a alguns países, essa elevação de 150% têm potencial para criar sérias cisões internas, principalmente nos países menores. 

Mas nem tudo foram flores para Donald Trump, e o Primeiro Ministro espanhol, Pedro Sanchez, foi categórico ao afirmar que a Espanha não deve seguir o acordado na cimeira da NATO, mesmo porque já vem enfrentando dificuldades para cumprir os atuais 2%, e ainda que outros países tenham se calado, fato é que provavelmente terão ainda mais dificuldades que a Espanha em atender tal demanda. 

Já Donald Trump foi bastante sutil ao ameaçar de retaliar a Espanha caso esta mantenha sua posição. Por outro lado há países, como Reino Unido, e principalmente a Alemanha que apoiam fortemente tal decisão, ainda que também venham a enfrentar dificuldades internas para cumprir tal meta. Os britânicos já apresentam graves problemas sociais, e a Alemanha vê sua economia derreter e problemas sociais que pareciam erradicados da vida germânica ressurgirem das sombras. A França tem apresentado uma posição mais comedida, e tenta conseguir uma forma de se beneficiar com tal investimento, ou de sair dessa obrigação sem abrir uma fissura nas relações. Difícil. 

Por outro lado uma Europa mais militarizada significa uma Europa com maior poder de interferência geopolítica, e talvez mais autônoma em relação aos EUA, que poderia diminuir seus investimentos na Europa e redirecioná-los para outros cenários, como o Oriente Médio ou a China. Mas essa autonomia europeia pode ser só aparente, porque parte substancial das armas que irão adquirir, principalmente as mais modernas e de uso de mais tecnologia devem vir do EUA. 

Pois é, seja para enfrentar uma hipotética e improvável guerra com a Rússia, seja para atender aos anseios estadunidenses, uma Europa militarizada será mais um fator de aumento da desestabilização global. E sim, as armas russas e chinesas parecem ser melhores no momento, mas armas matam, sejam elas as melhores ou não.

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