O trecho da entrevista coletiva dado por Putin ao responder à perdunta do reporter da BBC no final de 2024 é interessante. Interessante porque mostra a mesma questão vista por 2 prismas completamente opostos.
O primeiro está embutido na pergunta do repórter, Steven Rosemberg, e mostra a visão ocidental do problema. Nela vemos embutida a percepção absoluta de problemas, sem observar a relação entre as coisas. Então observam-se retratos e dados sem análise. A percepção de perdas é tida como enorme, sem observar os recursos totais disponíveis, ou até onde se está diaposto a perder por determinada causa.
Da mesma forma vê-se uma guerra somente como a presença de tropas em determinado território, e não como as coisas se desnrolam ali. Também falam da adesão à NATO de países cujas elites são historicamente anti Rússia, e cujas populações não foram consultadas.
Já a resposta de Putin tem uma visão holística da situação, em que há a comparação com o passado, mas não apenas na situação atual das coisas, mas tendo em conta a capacidade de mudança delas. O exemplo melhor é a inflação, em que ele reconhece o problema e diz que ele será enfrentado. Mas a própria relação russa com o mundo também tem esse teor, quando fala de Yeltsin e sua "boa" relação com o Ocidente, em que na primeira lembrança feita pelo russo sobre os desvios ocidentais em que apenas seus interesses eram levados em conta, e em que acordos e as tão propaladas "regras" eram sumariamente ignoradas, então o russo passou a ser pessoa não grata e atacado de todas as formas.
No fim ele ainda deixa claro duas coisas. A primeira é que a Rússia não irá se submeter aos interesses alheios. Mas eles estão dispostos a conversarem e se relacionarem, desde que seus interesses sejam respeitados, assim como respeitarão os outros.
Se essas coisas irão se concretizar, se se tornarão realidade, ou se tudo não passa de discurso, o tempo dirá.
🇷🇺VLADIMIR PUTIN:
[Steven Rosenberg, BBC News: Exactly 25 years ago, Boris Yeltsin resigned, transferred power to you, and said, "Take care of Russia." After 25 years, do you believe you have taken care of Russia? Because looking from the outside, what do we see? We see substantial losses in the so-called special military operation that you declared; and we see Ukrainian soldiers in the Kursk Region. You criticise NATO expansion, but there is more NATO now on Russia’s borders: Sweden and Finland. There are sanctions, high inflation, and demographic problems. But what do you think? Have you taken care of your country? ]
"Yes. I believe I have not just taken care of it, but I believe we have stepped back from the edge of the abyss, because with everything that was happening in and around Russia before and since was leading us towards a complete, total loss of our sovereignty.
Without sovereignty, Russia cannot exist as an independent state.
Let me draw your attention to what you said about Boris Yeltsin. Everything seemed fine; they patted him on the back patronisingly, and turned a blind eye when he drank.
He was welcome in all Western circles.
But as soon as he raised his voice in defence of Yugoslavia, as soon as he said that it violated international law and the UN Charter, as soon as he said that striking Belgrade, the capital of a European country, without UN Security Council approval was unacceptable in modern Europe, they immediately started having a go at him, calling him names, saying he was a drunk, and so on.
Do you not remember that?
I have done everything so that Russia can be an independent and sovereign state that is capable of making decisions in its own interests, rather than in the interests of the countries that were dragging it towards them, patting it on the back, only to use it for their own purposes.
I could stop there. But I understand you have laid out the entire set of arguments that seem support your stance.
You mentioned inflation. Yes, there is inflation. We will fight it.
But we also have economic growth. We rank fourth in the world in purchasing power parity. Please share that with your readers.
We are first in Europe, far ahead of the United Kingdom, which, I believe, is not even in the top five.
But we are ready to work with the UK, if the UK wants to work with us.
If not, that is fine.
We will cope without our former WWII Allies."
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