sábado, 31 de maio de 2025

Impasse na mesa de negociações do conflito no Leste europeu

A agência britânica Reuters divulgou o que seria o vazamento de algum oficial do governo russo, que diz que Putin estaria pronto para a paz. As condições básicas são:
1- que a Ucrânia não entre na OTAN e garanta seu não alinhamento;
2- que a NATO para seu avanço para o Leste, o que inclui países como a Geórgia e Moldávia, mas não só;
3- a Rússia não abre mão da integralidade territorial das 4 províncias incorporadas à Federação Russa através de plebiscito;
4- a proteção das populações russas que habitam o território do que sobrar da Ucrânia, com garantias ao uso da língua, entre outras garantias;
5- tudo isso precisaria estar no papel, assinado, carimbado e com chancela internacional.


Por outro lado a Ucrânia insiste em que não aceita que a Rússia diga o que ela pode ou não fazer, e a própria NATO não abre mão de dizer, e muito menos repudiar oficialmente uma possível adesão de novos membros.


Essa situação mostra o impasse, mostra que as condições russas apenas aumentaram de 3 anos para cá, porque em 22 não havia a integração da chamada Novo Russia à Federação Russa, e agora essa exigência é um fato. Enquanto isso a Ucrânia e a NATO seguem insistindo nos mesmos pontos também.


Como venho dizendo o impasse persiste, e ele só será removido quando um ou outro lado prevalecer amplamente no campo de batalha. Tudo indica que esse lado será o russo, mas guerras às vezes nos reservam viradas inesperadas.
De qualquer forma, mesmo que um acordo seja conquistado pelos russos no conflito atual, tudo também indica que a NATO partirá para um segundo round, com ou sem acordos no papel, assinados, carimbados e com chancela internacional. Historicamente é da natureza deles, e as movimentações de rearmamento dos europeus mostram que essa natureza segue viva.


Uma pena, porque com negociações sérias, bons acordos cumpridos por todas as partes, todos tinham muito a ganhar, e pouquíssimo a perder.


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sexta-feira, 30 de maio de 2025

Segredos nucleares russos vazados?

Pessoal, surgiu como uma bomba a informação divulgada pela imprensa alemã, mais especificamente pelo Der Spiegel e pelo Danwatch, de que 2 milhões de documentos ultra-secretos russos teriam vazado e exposto todo o programa nuclear do país euro-asiático. Informações como desenvolvimentos técnicos, quantidade de armas, mísseis, localização dos mesmos, e até a localização de uma base ultra-secreta, a Yasny, teria sido vazado, e nela estão armazenados os terríveis Avangard, que são planadores hipersônicos capazes de transportar cargas nucleares e convencionais. Por sua vez os Avangard são carregados por mísseis balísticos, e fazem sua reentrada na atmosfera em velocidades hipersônicas, a partir de Mach 27, o que os torna praticamente impossível de serem parados pelas armas de defesa Ocidentais. Outras armas russas de ponta também estavam incluídas no vazamento. 

O problema é que esse tipo de informação é secreta para nós, mas os governos e suas agências de inteligência costumam ter conhecimento bastante profundo dessas informações, inclusive a Rússia as têm de outros países também. Com isso estipula-se que, devido as últimas movimentações do governo alemão, e o grau de atrito entre este e o governo russo, tal vazamento tenha vindo de Berlin. O que não se sabe ainda é se Moscou irá retaliar da mesma forma, até porque não houve pronunciamento de autoridades russas sobre o ocorrido até o momento.

quinta-feira, 29 de maio de 2025

Fala de Herói da Rússia assusta Ocidente Coletivo

Pessoal, no dia 27 de maio saiu uma entrevista no news.ru com o Tenente-general Sergey Lipovoy, antigo Comandante das tropas de elite russas e que ostenta o título de Herói da Rússia. Na entrevista o General Lipovoy sustenta que a Rússia estaria preparando um grande ataque com armas que o chamado Ocidente Coletivo não tem defesas, e a Ucrânia tampouco.

Ele se refere a armas hipersônicas. Mísseis como o Kinzhal, Zircon, ou Avangard, que voam a velocidades acima de Mach 10 e conseguem manobrar, ou seja, mudam suas tragetórias durante o voo. E ele não citou a mais avançada de todas, o Oreshniki, que além das características acima, ainda leva vários mísseis secundários em sua cabeça, tornando-o extremamente letal, já que pode atacar vários alvos de uma só vez. Especialistas militares estimam que os russos teriam pelo menos mais 3 ou 4 novos armamentos que ainda não foram apresentados ao mundo, e se isso for realidade, então os russos, que já estão ao menos 2 décadas à frente do Ocidente Coletivo em armamentos, então estaria ainda mais avançado. 

Para concluir a fala do General, ele afirma que se a Rússia não oblitera o sistema militar ucraniano com essas armas é devido a uma enorme paciência de Moscou, que espera que Kiev perceba a inutilidade e o erro de persistir no conflito com a Rússia. 

Apesar de parte disso ser real, parte ser especulação, a verdade é que essas declarações de Lipovoy aparecem mais como propaganda, e claro, como forma de tentar pressionar Kiev à paz. O próprio Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança Russo, também fez declarações recentes com este sentido, embora com outras alegações, e os ataques feitos essa semana pelos russos em várias cidades ucranianas dão respaldo a essas declarações. 

Como eu já disse, os russos aumentam a pressão no campo de batalha e esperam que os ucranianos cedam a isso. A questão é que por uma série de motivos parece que os ucranianos ainda não estão prontos.

domingo, 25 de maio de 2025

Brasil precisa se pronunciar sobre Natal e Fernando de Noronha

Pessoal, circulou nos meios de comunicação, tanto na grande mídia impressa, quanto na mídia alternativa, a informação de que o EUA está buscando se apossar de Fernando de Noronha e de Natal. Sim, porque a partir do momento que eles colocam uma base em algum lugar, até as Leis do país que os recebe deixam de ser aplicadas, e não só na base, mas quase sempre aos atos de seus militares fora dela. São vários casos de crimes hediondos cometidos, e que os países não podem punir devido esses acordos escusos. Em alguns casos chegam mesmo a definir quem pode ou não transitar por esses territórios, e isso incluí autoridades governamentais locais. Ou seja, os países simplesmente perdem a soberania pelos territórios em que estão as bases e seus arredores, e mesmo para punir crimes cometidos pelos militares que nelas servem.

E as alegações para pleitearem utilizar tais territórios são absolutamente pueris, lembrando a fábula do lobo e do carneiro tomando água no riacho. Vejamos:

1ª- investimentos feitos há quase 80 anos, pela WWII. Como se não tivesse sido um acordo feito à época e cumprido por ambas as partes. 

2ª- Seria um direito do EUA de reativar um acordo em que houve financiamento por parte do EUA, de acordo com interesse e necessidade deles. Isso simplesmente não existe, caso não esteja expresso no próprio acordo, e não está.

3ª- São acordos que não se aplicam, que o próprio EUA nunca respeitou, e que já não existem mais, como de apoio interamericano.

Ou seja, nenhuma das justificativas deles de dar um ar legal à tentativa de tomar território brasileiro se sustenta. Mas tem gente que diz que para algo assim precisa de aval do Congresso. Ou seja, ou o governo brasileiro age fortemente contra tal absurdo e detém esse avanço colonial e imperialista, ou perderemos ainda mais soberania. Até agora não vi posicionamento sério do governo.

sábado, 24 de maio de 2025

China vai entrar no mundo Star Wars? Nave-mãe a caminho.

Pessoal, este é o novo brinquedinho chinês, uma nave-mãe. Sim, uma nave-mãe, capaz de lançar centenas de drones, mísseis e foguetes de grande altura. Detalhe é que a própria nave-mãe é um drone. Ela pode atingir cerca de 15.000 metros de altura, o que lhe permite escapar à grande maioria dos sistemas anti-aéreos do mundo, tem um alcance operacional de 7.000 quilômetros, o que é bastante adequado. 

Além dos drones Kamikazes, o Jiutian SS-UAV, como é chamado, também carrega drones de reconhecimento, mísseis anti-navio, mísseis de cruzeiro, mísseis ar-ar para defesa contra caças inimigos, e tem capacidade de controle de enxames por IA, o que possibilita melhor utilização de seus drones kamikazes, possibilitando o ataque a vários alvos simultaneamente e sem erros na execução dos ataques. 


Apesar de parecer algo muito inédito, o Jiutian SS-UAV compete com dois drones americanos, o RQ-4 Global Hawk e o MQ-9 Reaper. A questão é que o RQ-4 é mais voltado para a vigilância, e o MQ-9 é mais para ataque, enquanto o drone chinês se propõem a combinar melhor as duas utilizações do equipamento. Além disso a fabricante garante que a configuração do Jiutian permite a utilização em várias missões diferentes, como o transporte de alta segurança, vigilância de fronteiras e até mesmo missões de resgate arriscadas. 

O novo player da indústria de armamentos, a China, promete acirrar muito o mercado de armas, já que o atual desenvolvimento chinês tem sido marcado pela oferta de excelentes produtos a preços extremamente competitivos, e isso deve se reverter em suas armas também.


quinta-feira, 22 de maio de 2025

Pressão internacional cresce contra Israel

Pessoal, há mais de um ano atrás eu fiz um vídeo curto cujo título era: Israel não tem limítes, mas tem oposição. A ideia era mostrar que o que estava acontecendo em Gaza começava a mobilizar pessoas ao redor do mundo. Na época os protestos atingiram não só a Europa, mas vários países muçulmanos e de várias partes do mundo também, mas vimos pouco efeito em termos de resultado. Só que esses protestos não pararam, em alguns casos cresceram, mesmo com repressão governamental, institucional e política e até mesmo policial em alguns lugares do mundo. 

Mas passado mais de um ano vemos resultados começarem a aparecer. Em Haia, nos Países Baixos, por exemplo, vimos uma enorme manifestação que reuniu pouco mais de cem mil pessoas. Se pensarmos que Haia tem cerca de 500 mil habitantes, vemos que o tamanho da manifestação foi enorme. Mas não só isso chama a atenção. Os governos da França, Reino Unido, Canadá e Espanha, não só condenaram e prometeram tomar medidas efetivas contra o Estado israelense caso a campanha militar em Gaza não termine, como alguns desses Estados já começaram efetivamente a tomar essas medidas. O Reino Unido informou que cortou o comércio com Israel e chamou a embaixadora em Londres para se explicar sobre o que acontece em Gaza. Já a Espanha proibiu completamente a exportação de munição ao Estado israelense, como o Congresso espanhol aprovou uma Lei que permite ao governo do país o embargo total de armamentos à Israel. A China, junto com outros países, incluindo o Brasil, intercedem na Corte Internacional de Justiça para que Israel interrompa o bloqueio à ajuda humanitária. 

A resposta de Israel foi um ataque a uma missão da ONU com cerca de 20 diplomatas e que visitava territórios de refugiados palestinos. Aos poucos a pressão sobre Israel aumenta para que cessem os ataques indiscriminados aos palestinos, e Israel não tem condições de manter sua ofensiva sem apoio do Ocidente. Mas isso já custou ao menos 60000 vidas, quase todas de velhos, mulheres e crianças, fora um número desconhecido de pessoas que estão soterradas sob os escombros e o enorme sofrimento dessa população. Não tem rapto que justifique isso.

segunda-feira, 19 de maio de 2025

Putin ataca Ucrânia em busca da paz?

Pessoal, a Rússia apresentou um novo sistema de mísseis no conflito na Ucrânia. É o S8000 Banderol. O novo míssil foi usado em ataque que chegou a fazer o chão tremer fortemente nas regiões próximas aos alvos, que se concentraram principalmente em depósitos de armas e munições, além de postos de comandos no Oeste da Ucrânia. Os depósitos estavam com muito material, uma vez que o envio aumentou durante os curtos períodos de cessar-fogo dados pela Rússia nas últimas semanas. Já nos postos de comando encontravam-se altos oficiais, incluindo instrutores a conselheiros Ocidentais, principalmente franceses. 

Teria sido este ataque que levou Macron a dizer que: “nós demos tudo o que podíamos para a Ucrânia”. A fala pode indicar um arrefecimento do governo francês no apoio à causa ucraniana, o que seria um baque no esforço em deter os russos. 

Sobre o novo míssel se sabe pouco, mas estima-se que ele tenha sido desenvolvido para fugir à guerra eletrônica e seja extremamente eficaz e preciso na aquisição de alvos. E tudo isso ocorria enquanto russos e ucranianos se encontravam na Turquia e iniciavam as conversações de paz, desse vez diretamente, sem interferência presencial de nenhuma outra parte. 

Sobre essa primeira conversa falamos num vídeo mais detalhado e mais longo. Mas podemos dizer é que os russos querem paz, e estão pressionando a guerra para buscar a paz. Ambíguo, contraditório, mas talvez venha a ser eficaz.

domingo, 18 de maio de 2025

Primeira rodada de negociações entre russos e ucranianos termina

Vamos lá, após cerca de 3 anos desde a última reunião entre russos e ucranianos na Turquia, os lados beligerantes voltaram a se encontrar. Mais uma vez os turcos agiram como “mediadores” na busca por um entendimento entre eles, e quando falamos de mediadores, falamos de facilitar o encontro, de dar segurança aos grupos de negociadores, de dar suporte para que as conversas tenham andamento de forma a chegar a um termo acordado entre os dois lados, sem pressão, sem interferências diretas externas.

Outro ponto que precisamos entender é que quando se fala em conversas sem pré-condições isso não significa que os lados não tenham objetivos e interesses a serem discutidos, mas simplesmente que não há condições para que a conversa ocorra. Exemplos. Os ucranianos não aceitavam conversar enquanto não houvesse um cessar-fogo de ao menos 30 dias, ou os russos não aceitavam conversar enquanto a NATO estivesse enviando armas. Essas conversas ocorrem sem pré-condições, mas elas já tiveram vários temas debatidos. Começaremos a expô-los aqui, até porque tudo começou antes do encontro propriamente dito.

E começou com o trio de ferro europeu baixando em Kiev e fazendo pressão sobre Zelensky, primeiro para que não entrasse em negociações com os russos, segundo para que não cheguem a um acordo. O problema é que corre um vídeo em que, aparentemente, os 3 foram flagrados tentando esconder os restos do que pareceu ser uma sessão de uso de drogas. Se o vídeo é real, se usaram ou não entorpecentes, isso não tenho como afirmar, até porque há inúmeros recursos para geração de vídeos hoje em dia. Mas o fato não é o uso de entorpecentes, mas a divulgação do vídeo, não vi um desmentido oficial de nenhum dos governos, e caiu para a sarcástica e ferina Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo para comentar o assunto. Ela não perdeu tempo, acusou a Europa de tomar decisões através de líderes dependentes e temporários (em todos os sentidos). Disse que isso embaça as decisões, e completou dizendo que perguntou a um diplomata ocidental como podiam colocar dinheiro e armas nas mãos de um viciado. A resposta teria sido que o uso de substâncias é comum entre lideranças ocidentais.

A mesma Zakharova manteve os holofotes no lado russo, porque aparentemente movido pela visita dos líderes europeus, Zelensky criticou duramente a comissão para negociar com os ucranianos nomeada por Putin, chamando o ato de teatral e um esboço de comissão. Zakharova foi dura, exaltou os predicados dos russos, incluindo seus títulos acadêmicos e experiência, chamou Zelensky de palhaço, de falhado, e disse que não se sabe qual sua formação escolar. Por último voltou a colocar a culpa da atual situação no ucraniano, já que, segundo ela, a mesmíssima delegação chegou a um acordo com os ucranianos há três anos, mas Zelensky abortou o acordo de paz e o conflito segue como sabemos hoje em dia.

Mas aos trancos e barrancos chegamos ao dia da reunião. Zelensky esteve presente, como havia indicado, mas não participou da reunião, já que Putin, como eu tinha adiantado, não foi, ainda que desafiado pelo ucraniano. Putin não tem o que fazer lá. Na verdade ele aparecerá quando for realmente necessária sua presença. No momento as conversações estão no começo, e os ucranianos insistem no retorno a uma geografia anterior à fase atual do conflito, quando a Rússia ainda não tinha entrado diretamente no confronto entre os ucranianos e os russos étnicos da região em disputa. Essa posição traz um desdobramento, que é a solicitação aos russos que deixem as regiões em disputa.

A resposta russa é que as regiões foram formalmente incluídas na Federação Russa, e portanto o invasor passou a ser a Ucrânia, e solicita que os ucranianos deixem todo o território em disputa. Esse impasse deverá permanecer por algum tempo, e não havia no primeiro acordo negociado, já que os russos aceitaram deixar as regiões, elas ainda não tinham sido incorporadas à sua Federação, e a Ucrânia sairia do conflito com poucas perdas, a maioria política.

Mesmo assim os russos consideraram esse primeiro encontro satisfatório. Foi acertada uma troca de mil prisioneiros de cada lado. Kiev insistiu num encontro de lideranças, ou seja, Zelensky e Putin na mesma mesa e os russos anotaram a solicitação. Os dois lados também acordaram apresentar propostas para um cessar-fogo, ou seja, deveremos ter ao menos uma segunda rodada de negociações. Mas já digo que não acredito que Putin esteja presente, salvo se a situação no campo de batalha evolua muito, seja para um lado, seja para o outro.

Já as negociações devem se arrastar por algum tempo. Se há 3 anos eles chegaram a um acordo relativamente rápido, agora nada indica que isso ocorra, salvo se os ucranianos percam o apoio que recebem do Ocidente. Trump, ainda que tenha incentivado as negociações bilaterais, segue enviando armas para a Ucrânia. Sim tinha diminuído – nunca parou – e agora voltou ao nível normal, incluindo assistência técnica e de inteligência. Os europeus, além de armas, seguem enviando dinheiro aos ucranianos. Só que os europeus parecem estar perdendo o fôlego. Macron já indicou que os franceses estão no limite; os ingleses, apesar de muito apoio de inteligência, já reduziram envio de armas por não tê-las, mesmo que sigam enviando dinheiro. Os únicos que seguem tentando manter o nível, e talvez até aumentar o envio de armas, se não em quantidade em qualidade, são os alemães, que também seguem enviando dinheiro. Os italianos já reduziram muito sua participação no esforço de luta ucraniano.

Por isso que volto a repetir, os ucranianos ainda têm fôlego, mas ele tende a diminuir a medida que a ajuda ocidental também diminua. Em relação ao recrutamento os ucranianos têm apresentado imensa dificuldade. As redes sociais fervilham de vídeos de homens sendo raptados nas ruas para serem enviados aos campos de batalha. Ao mesmo tempo já vemos a reação de civis contra essas arbitrariedades, principalmente por parte de mulheres e homens mais velhos, e também tornam-se comuns o resgate desses sequestrados por grupos de transeuntes.

Por isso disse no vídeo curto que soltei ontem que Putin aumenta a pressão no campo de batalha para encontrar a paz. A paz será encontrada ao se exaurir a capacidade ocidental de apoiar os ucranianos, as próprias capacidades ucranianas de se armar, incluindo a capacidade de conseguir soldados para lutarem por sua causa, ao exaurir as capacidades econômicas dos ucranianas, assim como as capacidades europeias já estão muito debilitadas. Os russos estão conseguindo tudo isso no campo de batalha. Poderia ter sido na conversa, na diplomacia, mas os ucranianos optaram por buscar enfrentar os russos no campo de batalha, e estão muito próximos de perderem. As negociações tendem a expressar essa condição.

É isso pessoal, a situação deve se arrastar por mais alguns meses, e salvo alterações muito intensas nas relações do campo de batalha, a vitória tende a ser russa, e os russos poderão impor suas condições, e elas não mudaram desde o início do conflito, apenas se intensificaram, justamente devido o conflito.

o.

sábado, 17 de maio de 2025

A WW3 pode escalar?

Mais um excelente texto de Wellington Calasans, mas dessa vez vejo uma análise datada. Sim, não que ela esteja errada, mas apenas que ela observa um momento presente e futuro muito próximos. Vamos entender o porquê. 

Não vejo as ações de Putin por um acordo de paz como erros, mas como opção por um caminho menos destrutivo, e muito menos catastrófico. Sim a entrada de tropas da NATO em território ucraniano seria o estopim de uma escalada, e é isso que Putin busca evitar, e a tática para isso são a mesa de negociações e a demonstração de poder se fogo muito superior ao dos ocidentais. Isso se alia ao fato de que as armas milagrosas ocidentais, que deveriam ter o mesmo efeito, até agora não produziram nada de efetivo. E enquanto o Ocidente corre atrás de ter coisas mais efetivas (e ainda não as tem), os russos seguem tendo algumas de reserva. A China também já tem algumas armas superiores às ocidentais.

E por falar em China, esta vem avançando muito rapidamente em tecnologia militar e quantidade de armas. Em alguns campos já ultrapassou os americanos, incluindo na Marinha, onde as últimas informações dão conta de que a chinesa já ultrapassou a orgulhosa US Navy em quantidade de belonaves, e em tonelagem também, e segue crescendo.

Temos que lembrar que uma eventual entrada direta da UE com tropas na Ucrânia significaria, a princípio, um arejamento nas tropas em si, em termos de quantidade, mas não em qualidade, e menos ainda de equipamentos. Além disso a entrada da UE vai torná-la alvo dos russos, e eles têm capacidade de atingir alvos em qualquer parte do mundo. O contrário não é exatamente verdade, como o conflito atual vem mostrando. 

Por fim a China não poderia permitir que os russos perdessem essa guerra, sob pena de isolamento e aí sim, ficar suscetível, então ela seria obrigada a entrar em apoio aos russos.

E falando em China, esta já estaria envolvida num conflito direto com os EUA. Essa é a ideia expressa abaixo. 

E a ideia do EUA expressa a tentativa de reproduzir a WWII, quando os estadunidenses, junto com alguns aliados, se ocupavam do Japão, enquanto davam algum apoio logístico para a Europa se "ocupar" da Alemanha.

E aqui vão 6 erros de avaliação dos estrategistas estadunidenses, caso a ideia deles seja realmente essa.

1- A Alemanha era uma máquina de guerra formidável e superior ao resto da Europa em 1939, mas comparativamente,  a Rússia é bem superior à UE em relação ao que era a Alemanha.

2- Na WWII o Japão tinha um potencial industrial formidável, mas a fábrica do mundo era o EUA, Hoje o EUA tem uma indústria formidável, mas a fábrica do mundo é a China, e muito à frente de EUA e UE juntos.

3- Não devemos confundir a busca pela solução diplomática com inação. Preferir a solução diplomática não significa não ir a luta, e muito menos não poder lutar. Os chineses disseram isso claramente: "preferimos conversar e chegar a um acordo, mas se não quiserem estamos prontos para qualquer guerra que queiram travar". E os chineses não podem deixar a Rússia cair.

4- O Ocidente está desfasado, tanto em tecnologia, quanto em táticas e estratégias bélicas. Isso pode ser recuperado, mas não significa que ocorrerá, até porque o outro lado não está parado, e segue desenvolvendo também. 

5- Na WWII as armas nucleares apareceram de forma episódica e num momento em que os destinos já estavam resolvidos. Hoje elas já estão aí, e serão usadas em caso extremo. 

6- Na WWII o EUA estava bastante "protegido" devido sua posição geográfica.  Sim, era muito difícil atingir o território estadunidense diretamente, já que dois oceanos o separavam das outras nações tecnologicamente desenvolvidas da época. Hoje isso não existe mais, e até a pequena Coreia Popular pode alcançar território americano e causar danos consideráveis.

Uma hora os ocidentais precisarão levar em conta todos os itens dessa equação. Uma hora a  estupidez Liberal e Neoliberal, a arrogância dos "destinos manifestos", e a cegueira misturada com preconceito que os fazem menosprezar outros povos terão que ser deixadas de lado e precisarão pautar as ações das lideranças ocidentais em direção à negociação e ao respeito por outros povos e culturas.

O plano deles foi exposto por Wellington Calasans brilhantemente. O plano deles é suicida.


A retórica de Donald Trump sobre a paz na Ucrânia oscila entre promessas ambíguas e ações contraditórias, revelando uma estratégia que mais parece um jogo de ilusões do que um esforço genuíno para resolver o conflito. 

Enquanto o ex-presidente norte-americano repete frases de efeito como “paz mediante a força”, seu enviado especial, Keith Kellogg, anuncia planos para deslocar tropas da OTAN para a Ucrânia, supostamente como parte de uma “força de resiliência”. 

Essa dualidade entre discurso e ação sugere que as negociações de Trump não são movidas por um desejo real de paz, mas sim por uma agenda que visa reorganizar as peças do tabuleiro geopolítico para favorecer interesses de longo prazo de Washington.  

A proposta de Kellogg — estacionar contingentes da França, Alemanha, Reino Unido e Polônia a oeste do Dnieper, enquanto uma “força de paz” atuaria a leste — é incompatível com as exigências do Kremlin por desmilitarização ucraniana. 

A Rússia já deixou claro, por meio de Putin, Lavrov e Shoigu, que a presença de tropas da OTAN em solo ucraniano seria tratada como uma declaração de guerra, com potencial para desencadear um conflito global. 

Ainda assim, o governo Trump apoia uma declaração conjunta de ministros europeus prometendo “garantias robustas de segurança” à Ucrânia, incluindo uma coalizão militar multinacional. 

Isso não apenas ignora as linhas vermelhas russas, mas também expõe a hipocrisia de um processo de paz que, na prática, prepara o terreno para uma escalada.  

A incapacidade de Putin de entender que o Ocidente nunca irá aceitar a Rússia como um país amigo, o impediu de consolidar uma vitória militar nos últimos três anos, preferindo negociar um “acordo entre grandes potências”. 

Esse erro do líder russo criou um vácuo perigoso. Seu foco em diálogos, como os previstos para Istambul, contrasta com a ousadia do Ocidente, que avança com planos de militarização mesmo diante de advertências nucleares. 

A tolerância do Kremlin a um conflito sem fim, marcado por ataques a infraestruturas russas e humilhações estratégicas, produz e alimenta dúvidas sobre a eficácia de Putin como líder. 

Contudo, culpar apenas Moscou é ignorar que Washington explora essa hesitação para reforçar sua posição: ao substituir tropas norte-americanas por europeias na Ucrânia, os EUA liberam recursos para confrontar a China, seu “oponente mais forte”.  

A pergunta que paira é se o Kremlin realmente acredita que as “negociações de paz” de Trump são mais do que uma cortina de fumaça para redirecionar conflitos. 

A história mostra que Washington não hesita em usar acordos como armas — e a Ucrânia pode estar sendo preparada para ser um campo de batalha permanente, não um espaço de reconciliação.  

No entanto, enquanto Trump e seus aliados europeus tecem redes de contradições, a Rússia reafirma sua resiliência histórica. 

Desde a Segunda Guerra Mundial, o povo russo demonstrou capacidade de suportar pressões extremas, transformando crises em momentos de coesão nacional. 

Os russos provam todos os dias que a ameaça de uma Terceira Guerra Mundial, embora grave, não apaga séculos de determinação frente a adversidades. 

Se o Ocidente insiste em tratar a paz como um jogo de xadrez, Moscou, como bom jogador que é, tem provado, mesmo com tropeços, que não abdica de seu direito à segurança — e que a verdadeira paz só floresce quando respeita a soberania de todas as nações.

quarta-feira, 14 de maio de 2025

Europa busca o ostracismo

O outrora confiante, garboso, e muitas vezes, arrogante, Continente Europeu, vem dando mostras de desgaste. Não é apenas a decadência econômica e a estagnação científica, mas principalmente a estagnação sócio-cultural e ideológica. A declaração do então chefe da diplomaciaeuropeia, Josep Borrel, de que "a Europa é um jardim, e o resto está uma selva" explicita o atoleiro em que se meteu as mentea que comandam o Continente. Seria bom se tivesse sido somente Borrel, mas declarações totalmente fora donm tom é que não faltam na atual liderança, seja do bloco, seja da maioria dos países que o compõem. 

E aí Wellington Calasans voltou a ser certeiro.





Conhecido como "Velho Continente", o continente europeu está obsoleto e pessimamente representado na política. Por isso, encontra-se na encruzilhada da irrelevância global.  

A União Europeia, outrora símbolo de cooperação e progresso, está hoje presa a uma narrativa de declínio político e estrutural que a consagra não apenas como o "Velho Continente", mas como um "Continente Envelhecido". 

Enquanto potências como China, Estados Unidos, Rússia e Brasil tecem alianças estratégicas — consolidando influência na América Latina, no Oriente Médio ou em blocos multilaterais —, os líderes europeus parecem aprisionados em armadilhas burocráticas e ideológicas de sua própria criação.  

A priorização de agendas internas fragmentadas, como a rigidez regulatória e a incapacidade de responder às demandas por soberania e equidade, contrasta drasticamente com a agilidade de parceiros globais. 

A UE, que tem como pilares a proteção de cidadãos, o desenvolvimento econômico sustentável e a transição energética, vê-se atolada em disputas internas. 

A erosão de conquistas sociais, o custo de vida elevado e a instabilidade geopolítica são apontados por jovens europeus como desafios urgentes, mas as respostas institucionais permanecem aquém do necessário.  

A burocracia excessiva, retratada até em manuais de redação institucional, e a falta de flexibilidade em políticas comerciais e diplomáticas reforçam a imagem de um bloco obsoleto. 

Enquanto a China expande sua presença na África, América Latina e Caribe e a Rússia busca reaproximações estratégicas com estes e outros atores internacionais (inclusive os EUA), a UE mantém-se refém de vetos internos e normas incompatíveis com a realidade global. 

Até mesmo a suspensão de sanções à Síria pelo governo Trump — um gesto de realpolitik — evidencia como outros atores redefinem relações sem os grilhões que paralisam Bruxelas.  

SÍNTESE DA DECADÊNCIA EUROPEIA - NA IMPRENSA ALTERNATIVA

Recentemente, três "líderes" (pausa para rir) europeus foram filmados em um trem tentando esconder seus "apetrechos", parecendo crianças lambuzadas de chocolate e que negam ter comido o chocolate que ainda seguram com uma das mãos.  

Aquela imagem é emblemática, especialmente considerando que eles estão a caminho de se encontrar com Zelensky, que é conhecido por seu vício em cocaína. 

Essa situação não passou despercebida por outros líderes globais, que percebem que as atividades recreativas desses líderes ofuscam suas qualidades de liderança. Seus comportamentos ridículos trouxeram um certo nível de absurdo para eles e para a União Europeia.

Em contraste, a chegada de Trump na Arábia Saudita representou uma mudança significativa. Ele estava lá para fazer negócios, com acordos totalizando 600 bilhões de dólares, todos voltados para os Estados Unidos, em oposição às piadas de Hairy, Curly e Mo, que levaram seus países à beira do colapso econômico e social. Bin Salman reconhece o impacto que Trump pode ter em reverter a situação global. O respeito é mútuo.

O resultado dessa rotina cômica está afetando toda a UE, que tenta ignorar a situação e se distrair com o Festival de Cinema de Cannes e celebridades de Hollywood. 

A visita dos líderes à Ucrânia parece ter como propósito reforçar uma regra de cessar-fogo de trinta dias para Zelensky em suas negociações com Putin, quando uma simples ligação teria sido suficiente. 

Essas três semanas podem ser usadas para comprar armas e recrutar tropas, e qualquer falha de Zelensky pode levá-lo a um destino fatal.

No palco global, a ameaça de Zelensky de explodir líderes mundiais também complicou sua posição. Com seu histórico de não manter um cessar-fogo de três dias, sua situação se torna cada vez mais precária.

A indústria de defesa europeia, que gera 162 bilhões de euros em vendas anuais, está fortemente dependente do fornecimento dos EUA. 

Enquanto isso, práticas políticas em Israel também estão mudando, especialmente em relação a Trump e suas aversões a predadores de crianças. A reestruturação das alianças pode levar a mudanças significativas no Congresso dos EUA.

Um movimento de troca de ouro em lugar de dólares está emergindo, influenciado pela descoberta de depósitos de ouro na China. As maiores minas produtoras atualmente estão na Rússia, Austrália, África do Sul, Peru, Indonésia, Uzbequistão e EUA. 

Mas em dezembro de 2024, a China descobriu um depósito considerado o maior do mundo, avaliado em US$ 83 bilhões. Mais uma vez, a UE fica para trás. 

NOTA DESTE OBSERVADOR DISTANTE (PERO NO MUCHO)

São os recentes movimentos da China, EUA, Russia, Arábia Saudita, Brasil, etc. que consolidam a mudança no comércio como mudança na política. Como o próprio Trump falou no Fórum Econômico na Arábia Saudita, a prosperidade é a motivação, em vez de golpes, caos e interferência.

Sem reformas urgentes, a Europa arrisca tornar-se mero espectador num mundo em transformação. Sua pretensão de criar um legado de paz e cooperação será ofuscada por uma narrativa de estagnação, consolidando-a como um continente não apenas envelhecido, mas politicamente irrelevante.

segunda-feira, 12 de maio de 2025

Ucrânia e Rússia voltam a conversar

Pessoal, após a Parada pela vitória na Grande Guerra Patriótica, conhecida por nós como Segunda Guerra Mundial, e o fim do cessar-fogo unilateral no conflito com a Ucrânia, Putin convocou a imprensa para um pronunciamento. Além de falar da data que tinham comemorado, o líder russo afirmou interesse em realizar negociações diretas com a Ucrânia, e convidou Zelensky para o início de conversas sobre a paz em Istambul, tendo os turcos como mediadores. Seria uma retomada das conversas que chegaram um acordo nunca assinado logo nos primeiros meses de conflito. Só que aquelas conversas tinham um início de demandas ´mínimas russas, enquanto agora não haverá nenhuma demanda mínima. 

Zelensky disse que estará em Istambul pessoalmente no dia 15 de maio, e demanda por um cessar-fogo total e imediato. Trump também se pronunciou, e praticamente intimou Zelensky a iniciar essas conversas com os russos. Erdogan, o presidente turco, aceitou sediar o encontro e parece que teremos realmente essa rodada de negociações. Quem não gostou muito foi o trio de ferro europeu. Alemanha, França e Reino Unido se mostraram céticos quanto às intenções russas e disseram que os ucranianos não deviam comparecer a esta reunião na Turquia, mas no momento eles parecem ser voto vencido. 

Se as conversas evoluirão para a paz no Leste europeu é difícil dizer neste momento. Após o final do cessar-fogo unilateral os russos atacaram com força as linhas ucranianos, e estes nunca pararam os ataques durante esse período. Mas não há acordo que se faça que não comece com conversas diretas entre as partes. É um avanço, se pensarmos que até bem pouco tempo Zelensky dizia que não conversaria de forma alguma com os russos enquanto Putin fosse o presidente. Para quem afirmou que não abriria negociações, e agora diz que estará presente pessoalmente, Zelensky mudou bastante de ideia.

quarta-feira, 7 de maio de 2025

A farsa da redemocratização e o assalto a mão armada ao povo brasileiro

Normalmente costumo fazer alguns comentários a textos que trago aqui, mas no caso desse texto de Wellington Calasans isso é absolutamente desnecessário, seu texto é completo e perfeito. 

 

 O INSS E O COLAPSO DA REDEMOCRATIZAÇÃO

A falência da "redemocratização" no Brasil está com as vísceras expostas. O escândalo do INSS, símbolo de um sistema corroído, revela como a impunidade se tornou regra, consolidando um "novo normal" em que instituições são ocupadas por interesses criminosos.

Há uma acelerada erosão dos direitos fundamentais garantidos pela Constituição, como a igualdade perante a lei, liberdade e segurança. As instituições brasileiras estão falidas.  

A frase "com o Supremo, com tudo" sintetiza essa captura, onde o Estado é ocupado por corruptos que ignoram a responsabilidade de proteger direitos individuais, agem em causa própria, minando a soberania popular e, por consequência, a soberania nacional.  

A suposta "Terceira Via" tenta mascarar a homogeneidade de um sistema político dominado por figuras como FHC, Collor, Temer, Lupi, Lula, Bolsonaro e tantos outros. A defesa mútua ecoa a lógica de "escapar fedendo". 

A "redemocratização" é caracterizada pela completa ausência de ideologia política, projeto de nação e pela perpetuação de um revezamento de bandidos no poder. 

Enquanto isso, políticas públicas e leis ignoram as aspirações dos cidadãos e reforçam uma desigualdade estrutural. Uma casta que ocupa o poder goza de privilégios, transfere as riquezas para grupos econômicos e sustenta um discurso cínico de "defesa da democracia".  

O Estado brasileiro, que deveria garantir direitos civis como liberdade de expressão e segurança, criminaliza a população. O cidadão é punido até por exigir transparência eleitoral ou reagir à crise na segurança pública, enquanto bandidos e traficantes são privilegiados. 

Essa inversão de valores, alinhada à tradição histórica de manutenção de uma "elite política", revela um pacto de diferentes elites que tratam o país como território a ser disputado, não como uma nação a ser governada.  

A crença na existência de uma democracia funcional persiste mesmo diante de evidências de sua falência. A população brasileira é coagida a aceitar um sistema que reprime dissidências, seja por medo de retaliação ou por alienação. 


A "redemocratização" brasileira, longe de restabelecer soberania, serviu para consolidar um modelo neoliberal que esvazia a representatividade, enquanto os "adestrados" repetem narrativas de normalidade para não serem "cancelados".  


O Brasil enfrenta um risco existencial ao normalizar a corrupção e a inércia institucional. A defesa de políticas públicas inclusivas e a revisão do sistema político, que transformou partidos em máquinas de poder e corrupção, são urgentes. 


O caso de corrupção no INSS é apenas um dos tentáculos desta falsa democracia brasileira. O povo, abandonado à própria sorte, precisa reconhecer que a luta por direitos civis, sociais e políticos não é apenas teórica, mas uma questão de sobrevivência nacional. 


Sem transparência e participação popular, a "redemocratização" seguirá como uma fachada para o caos. E como sabemos, o caos não tem dono.

terça-feira, 6 de maio de 2025

PDT sai da base do governo, e crise política do INSS aumenta

Pessoal, a crise da fraude do INSS está tendo desdobramentos ruins para o governo. Sim, o PDT anunciou, através de sua bancada na Câmara, que deixa a base do governo e passará a agir como um partido independente, e com isso votará cada projeto após análise e de acordo com o que julguem ser do interesse do Brasil e do próprio PDT. 

Segundo Mário Heringer, líder do PDT na Câmara, a decisão poderá ser revertida, a depender das atitudes do próprio governo, jogando a culpa na crise no colo do Planalto. O próprio pedido de CPI do INSS que já circula na Câmara só será assinado caso se garantam investigações desde 2019. Gleise Hoffmann, Ministra de Relações Institucionais do Governo, disse respeitar a decisão do PDT e que segue dialogando e contando com o partido para as pautas de interesse do país. Já Carlos Lupi sai, e após a nota piegas que emitiu, agora está atirando e se dizendo traído pelo governo. Por último Ciro Gomes se disse, a princípio, envergonhado pelo PDT estar no governo (antes do anúncio da saída), defendeu Lupi, e reafirmou não ser candidato a nada, ainda que participará das eleições, principalmente na articulação para recuperar o Ceará, inclusive indicando certa reaproximação pessoal com o irmão Cid Gomes, mas não política. 

A crise causada pela fraude anunciada tem potencial para minar demais o já enfraquecido governo Lula. Claro, tudo dependerá muito de como o problema seja tratado pelas partes, mas arrisca o tiro no PDT sair pela culatra, o próprio Lula chegar para 2026 ainda mais fragilizado do que já está, e ainda criar um candidato forte, que no momento diz não ser candidato.

domingo, 4 de maio de 2025

A crise no INSS é real, mas está sendo usada politicamente

Pessoal, mais um enorme escândalo explode no governo Lula. Mas não bolsonaristas, não comemorem ainda, porque essa fraude cresceu a partir de 2019, ­no governo do cruzado contra a corrupção, mesmo que ela tenha origens ainda mais antigas. 

E a fraude não é contra o INSS, mas contra os segurados. Sim, o INSS não foi lesado, apenas seus segurados. A fraude ocorria com a liberação de descontos em folha, que tinham destino instituições supostamente criadas para a defesa dos aposentados, mas esses descontos não tinham a autorização deles. Nesse esquema, cerca de R$ 6,3 bilhões foram roubados dos velhinhos. 

Aqui nesse curta não importam nomes dos fraudadores mas a política. Carlos Lupi, Ministro da Previdência, renunciou ao cargo após omissão de Lula. Ao sair disse que acionou PRF e Ministério Público para apurar a fraude e deu todo o suporte às investigações. O site G1, entretanto, informa que levou quase 1 ano entre saber dos desvios e tomar uma ação efetiva. Pior, Lula e seu governo se omitiram em confirmar a versão de Lupi, e ainda mais em não defender a idoneidade dele. Não digo que ele foi corrupto ou se omitiu, mas a demora em agir é estranha, e deve ter algum motivo, caso a versão dele seja verdade, e aí precisa explicar o porquê da demora. 

Já Lula fez mais uma jogada política contra o campo mais à “esquerda”. Sim, tira Lupi, que pode vir a apoiar uma nova candidatura de Ciro Gomes e põe um desafeto de Ciro, um político que já atuou contra a candidatura dele, e já no 1º turno nas últimas eleições. A ideia é, mais uma vez, rachar o PDT, e fortalecer a ala 12­+1 do partido, enquanto coloca a ala cirista a se explicar de uma saia justa. 

Só que em todo esse esquema Ciro está a cavaleiro, porque talvez ele até venha a se candidatar novamente, mas para isso ocorrer ele deverá analisar a situação de momento próximo ao prazo final do lançamento das candidaturas. Sim, se o campo estiver bom para ele, candidato; do contrário, sou "sou só palpiteiro".

sexta-feira, 2 de maio de 2025

BACEN precisa retornar ao Estado

A texto abaixo é de Arthur Pavezzi, e já tem alguns dados desatualizados, até porque já tem uns 10 meses que foi publicado, mas segue absurdamente atual. E o cerne do que ele diz está no título que coloquei nessa postagem: o BACEN precisa voltar ao Estado.

Sim, mas é voltar ao Estado, não ao governo, e muito menos permanecer cooptado pela casta parasita que se apossou dele nos últimos 30 anos. E não, isso não se deu aos poucos, mas abruptamente com o desastroso governo de Fernando Henrique Cardoso, e apenas foi sedimentado, governo após governo, culminando com a "autonomia" dada por Temer. A última é que querem transformar o BACEN numa empresa submetida ao Congresso (se isso acontecer será o maior dos desastres).

Então, o que eu digo quando falo de retornar ao Estado, é que o BACEN precisa estar atrelado a um projeto de desenvolvimento técnico-industrial e social para o país. Isso junto com o BNDES e teremos as ferramentas básicas para desenvolver as potencialidades da Nação brasileira. 

Claro que uma série de outras ações também precisarão de implementação, mas tudo isso faz parte de um projeto do tipo que mencionei acima. O problema é que precisamos de todas elas para que qualquer projeto seja viável e possa ser implementado. Qualquer parte faltando e teremos no máximo os voos de galinha que temos visto. Detalhe é que será cada vez mais curtos e mais baixos, afinal de contas, a galinha está cada vez mais velha.



Após 3 anos de autonomia administrativa, a relação entre o Banco Central e a União volta ao debate com a PEC 65/2023, que propõe autonomia técnica e orçamentária, transformando a autarquia em empresa pública sob “supervisão” do Congresso Nacional.

A motivação por trás da proposta é digna de uma uma república de banana: segundo Campos Neto, que tem se manifestado publicamente a favor da PEC, tal mudança é um “passo natural”, essencial para a “modernização” do Bacen, e que “90% dos demais países que possuem um Banco Central independente também têm autonomia orçamentária” (sic). Em miúdos: o sistema financeiro internacional gosta assim e o Ocidente faz dessa forma, então, como bons vassalos dos senhores do mundo, devemos acatar às suas ordens.

A mudança de hierarquia, colocando o Bacen sob “tutela” do Congresso, mostra uma clara tentativa de parlamentarização do Brasil, esvaziando o Executivo e enfraquecendo a Presidência da República. É uma situação tenebrosa. Na prática, já vivemos em um sistema misto de parlamentarismo acanhado e juristocracia. Tirar do Poder Executivo a autarquia responsável pelas políticas monetária e cambial – ainda que, na prática, o Bacen já seja independente desde 2021 – é um ataque à própria Constituição.

A Advocacia-Geral da União (AGU), o Sindicato Nacional dos Funcionário do Banco Central (SINAL) e o Sindicato dos Servidores Públicos Federais no DF (Sindsep-DF), entre outros, se manifestaram (com razão), contrários à PEC. Entre os problemas apontados estão: 1) os servidores atuais terão nenhuma garantia de seus direitos, e os que estão se aposentando ou já aposentados podem perder seus benefícios por mero ato interministerial; 2) o texto da PEC concede poderes e prerrogativas excessivas, com a possibilidade até de multar instituições, indo muito além das obrigações de uma empresa pública; 3) o Banco Central opera com recursos que são patrimônio do Povo Brasileiro; e 4) como muito bem apontado pela SINAL: “não há como ignorar sua condição fundamental [do Bacen] de instituição típica de Estado, incompatível com a sua transformação em empresa pública”. 

Pois bem, vamos à questão dos recursos públicos utilizados pelo Bacen. O principal instrumento de política monetária hoje no Brasil são as operações compromissadas – compra e venda de títulos públicos junto ao mercado com compromiss⁶o de revenda/recompra futura no curtíssimo prazo, geralmente overnight (um dia útil). 

Através dessa operações, junto a outros mecanismos, o Bacen intervém para que os juros se mantenham no patamar estabelecido pelo Copom para a SELIC (atualmente em 10,5%), e os bancos utilizam as operações compromissadas principalmente como forma de diluir risco. Com risco quase inexistente, rendem em juros o valor da SELIC em relação ao seu colateral, os títulos públicos. Investimento altamente lucrativo e de risco zero. O sonho de todo rentista. O valor movimentado em operações compromissadas é, em média, R$2 trilhões por dia.

Com tamanho montante em títulos da dívida utilizados pelo Banco Central, é impossível argumentar que não há um componente monetário como parte relevante da dívida pública do Brasil. Ou seja: controlar o componente fiscal, seja por gastos ou tributação não é suficiente para “estabilizar” a dívida. Um Banco Central com orçamento independente e desatrelado do Executivo resultará em mais motivos de disputa na eterna queda de braço entre Congresso Nacional e Presidência da República. Que vantagens ou ganhos temos para o Brasil ou o nosso sistema financeiro? Nenhum.

De acordo com a justificativa da PEC, os autores que “o centro da proposta consiste no uso de receitas de senhoriagem para o financiamento de suas despesas. Entende-se aqui por senhoriagem o custo de oportunidade do setor privado em deter moeda comparativamente a outros ativos que rendem juros.” Afirmam, também, que o uso da receita de senhoriagem (sic) para financiamento das atividades do Banco Central está alinhado a procedimentos adotados em países “centrais” do mundo (sic).

Completo desconhecimento do assunto. A senhoriagem não diz respeito à autoridade monetária, mas à emissão de moeda, pois é a receita obtida pelo Estado a partir da emissão de moeda – formalmente, a variação da base monetária (M1 ou M2) descontando-se os custos de emissão/produção e a inflação do período observado. Além disso, vemos aqui que todo liberal que defende essa PEC está defendendo a impressão de dinheiro (“inflação!!”, como eles mesmos dizem) para financiar as atividades do Banco Central. 

O problema maior, porém, vem das peculiaridades do nosso sistema financeiro. Destarte, o Brasil é, de longe, o país que mais utiliza operações compromissadas ou similares, e um dos que mais faz rolagem da dívida, devido, em grande parte às operações de curtíssimo prazo. Não obstante, as reservas bancárias no Brasil são remuneradas, justamente devido ao uso excessivo das compromissadas como mecanismo de controle da taxa de juros. Ou seja: a moeda rende juros.

Há, também, a implicação óbvia advinda da própria justificativa da proposta: ao se colocar a senhoriagem (ou operações compromissadas, de redesconto, swaps cambiais, ou qualquer outro meio que seja) como forma principal de financiamento do Bacen, qual será a atuação da empresa? O Banco Central agirá para cumprir seus objetivos – assegurar a estabilidade de preços, zelar pela estabilidade e pela eficiência do sistema financeiro, suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego – definidos pela própria Lei Complementar nº 179/2021, que instituiu a “independência” da autarquia; ou para maximizar suas receitas? É bem evidente que as duas situações não se sobrepõem perfeitamente (eu diria que são praticamente opostas), porém a PEC não menciona esta questão, possivelmente porque seus autores sequer raciocinaram sobre.  

E quem se beneficiaria com a aprovação desta emenda? Certamente não o Povo, nem o Estado. Apenas os banqueiros, rentistas e congressistas têm algo a ganhar com esta PEC: seja dinheiro, poder ou ambos.

A PEC 65/2023, ao propor uma autonomia orçamentária para o Banco Central, levanta questões fundamentais sobre a relação entre Estado, Povo e o mercado financeiro. Em um cenário onde o Bacen poderia atuar para ganhos próprios em detrimento de suas funções e do bem comum, o conflito de interesses se torna eminente. Mais do que “modernizar” a instituição, a proposta parece servir a interesses específicos, negligenciando os diversos prejuízos para os trabalhadores comuns e para a Presidência da República – posição democrática por excelência.

Num momento de desdolarização, de organizações alternativas, de consolidação e expansão dos BRICS, de questionamento da unipolaridade e de ascensão (ou retorno, como bem pontuado pelo estes dias) da multipolaridade, nos alinharmos às práticas financeiras e político-institucionais do Ocidente é um erro estratégico e geopolítico, extremamente contraproducente. Precisamos reafirmar a nossa soberania, não entregá-la numa bandeja de prata. Se, de acordo com Campos Neto, quase todos os Bancos Centrais mundo afora que são independentes (leia-se: submissos às exigências do mercado) também têm autonomia orçamentária, que seja: então nosso Bacen voltará a ser 100% dependente do Estado, como nunca deveria ter deixado de ser.