terça-feira, 29 de abril de 2025

Solução na Ucrânia será no campo de batalha

Pessoal, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou mais um cessar-fogo unilateral com os ucranianos. Dessa vez a parada nas hostilidades ocorrerá por 3 dias, de 8 a 10 de maio, e se dará pelas comemorações do Dia da Vitória, que é como eles chamam o dia em que venceram as tropas alemãs na Segunda Guerra Mundial. Apesar de a parada das hostilidades ter sido definida de forma unilateral pelos russos, Putin promete retaliações fortíssimas, caso os ucranianos quebrem o cessar-fogo. Moscou também se disse pronta a iniciar negociações diretamente com Kiev, e sem pré-condições. 

A resposta da Ucrânia foi de Andrii Sybiha, o Ministro das Relações Exteriores ucraniano, que disse que se Putin quer a paz deve cessar-fogo imediatamente, e não aguardar o dia 08 de maio. Já a Casa Branca se posicionou através da Porta-voz da Presidência, Karoline Leavitt, que disse que o Presidente Donald Trump quer um cessar-fogo permanente, um avanço realmente efetivo, e voltou a ameaçar deixar as negociações, caso algo assim não se concretize. 

O problema todo se resume a duas condições principais. Primeiro, os russos demonstraram enorme boa vontade há pouco mais de 3 anos, quando tinham cercado Kiev, mas retiraram suas tropas atendendo aos apelos por negociações, e que abandonar a capital ucraniana seria um gesto de boa vontade. Sabemos como terminou. O outro ponto é que sabemos que Dmitry Medvedev afirmou ano passado que os russos tomariam toda a Ucrânia. 

Não descarto a ameaça de Medvedev, mas os últimos movimentos diplomáticos russos dão a entender que eles já podem estar próximos de uma situação que lhes seja suficiente. Além disso há pressões internas e externas pelo fim das hostilidades. Elas ainda não acabaram por 3 motivos. O 1º é que perto não significa ter atingido os objetivos. O 2º é que também há pressão e apoio ao prosseguimento do conflito, principalmente por parte dos europeus e de Kiev. O 3º é que os próprios americanos parecem muito mais estarem buscando os próprios interesses do que o fim do conflito. 

Ou seja, a pressa americana não se traduz em avanços porque objetivos ainda não foram alcançados, ainda há munição a ser disparada, e ainda que vencendo, a Rússia ainda não venceu. Seja pelo sufocamento da Ucrânia, seja pelo aumento da pressão pelos russos, a solução deve vir do campo de batalha.

segunda-feira, 28 de abril de 2025

A culpa é dos trouxas

Apesar de o consumo interno ter peso importante na produção agropastoril brasileira, o estudo citado abaixo não pode ser levado em conta. Sim, de 2015 para cá a estrutura da economia brasileira mudou sim. Verdade que seu PIB evoluiu pouco, mas é o problema de se olhar as coisas de forma apenas com base em dados acriticamente.

Falo isso porquê a economia brasileira mudou sim, e muito, nos últimos 10 anos. Houve fortíssima desindustrialização no período, o pequeno crescimento do PIB se deveu principalmente ao setor agropastoril, e o consumo das famílias despencou, ainda que tenha apresentado pequeníssima recuperação nos últimos dois anos. Ou vocês acham que as filas para a compra de ossos e pés de frango foi o que provocou a alta da área de plantio de soja e criação de gado?

E não, esse fato trágico num país que produz alumento para abastecer algumas vezes a própria população não se deu por falta de oferta, mas pela absoluta falta de demanda. O povo está sem dinheiro. Da mesma forma o crescimento da massa salarial observado após o início do governo Lula III é insuficiente para causar essa pressão no consumo, tanto que os surtos inflacionários que ocasionalmente observamos no país são de custo, não de demanda.

Então, quando você analisa a economia com um mínimo a mais de critério você vê que um estudo de 2015 está totalmente desatualizado em relação à economia brasileira atual, e não dá para ser seriamente levado em conta.

Apesar disso ele tem serventia ao sistema político-econômico que prevalece no país atualmente, já que sendo propagado, servirá de apoio ao aumento das taxas de juros e a distorções que se fazem de todas as formas para seguirmos com um projeto que desconsidera completamente as necessidades da população brasileira. Ou seja, o brasileiro está completamente sem culpa no que acontece, mas ele é tratado como trouxa. 


 

 


domingo, 27 de abril de 2025

O adeus a Francisco I

Pessoal, ontem tivemos o sepultamento do Papa Francisco, que ocorreu na Basílica de Santa Maria Maggiore, com cerca de 400.000 fiéis presentes para o último adeus a Francisco, com direito a cortejo pelas ruas de Roma e a presença de vários líderes mundiais importantes, como Trump, Lula, Macron, Starmer, Zelensky, Miley, claro, Meloni, entre outros. 

Como todo bom Papa, Francisco foi religiosamente político, e dos bons, tendo feito jus ao cargo que obteve, e isso liderando a Igreja em momentos extremamente complicados. Em pouco mais de 12 anos de pontificado, Francisco enfrentou oposição interna por conta de sua clara opção pelos mais pobres, suas declarações contra o neoliberalismo, enfrentou pandemia, guerras, e o início de um processo que deve terminar num mundo bem diferente daquele em que o próprio Bergoglio aprendeu a viver. 

E falando nessas mudanças, Trump e Zelensky aproveitaram para uma pequena reunião à parte dos eventos. Sim, mas essa também não deu em nada, por uma série de motivos que temos comentado aqui no Blog dos Mercantes, e no Canal do Airton Brotto. Outras reuniões também devem ter ocorrido. E não,  isso não é um desrespeito a Francisco, já que ele mesmo apoiaria encontros que tivessem por objetivo a paz. E esse foi o caso.


sábado, 26 de abril de 2025

Prisão de Collor pode ser reparação Histórica sem deixar de ser real

Pessoal, com enorme atraso o ex-Governador de Alagoas, ex-Presidente do Brasil e ex-Senador por Alagoas, Fernando Collor de Melo, foi preso por ordem do Ministro do STF Alexandre de Moraes. A prisão se deu por conta do recebimento de cerca de R$ 20 milhões de reais no âmbito da Lava-jato, entre os anos de 2010 e 2014. ~

Mas a condenação veio tarde, não pela Lava-jato, mas porque deveria ter vindo pelas denúncias que o derrubaram da Presidência da República em 1992. E digo isso porque a imprensa divulga que foi comprovada a ligação entre Collor e PC Farias, o operador da corrupção que desviou cerca de 1 bilhão de dólares. 

A prisão se deu após o entendimento do Ministro Alexandre de Moraes ter entendido que os recursos da defesa de Collor se davam para postergar a prisão. Já o Ministro Gilmar Mendes suspendeu o julgamento e o enviou para o pleno do STF, onde deverá ser julgado presencialmente, e não de forma virtual, como vinha sendo feito. Apesar da manobra do Ministro Gilmar Mendes, 5 dos 11 ministros já tinham votado pela manutenção da prisão, incluindo o próprio Gilmar Mendes. Lembrando que o Ministro Cristiano Zanin está impedido de votar, já que atuou como advogado em processos do âmbito da Lava-jato.

A prisão de agora pode ser justa, mas não deixa de também trazer um gosto de justiça tardia a quem viveu os absurdos perpetrados por Collor no início dos anos 90.

sexta-feira, 25 de abril de 2025

Europa pressiona por antagonizar Rússia, e pode levar a seu próprio fim

Pessoal, segundo o jornal britânico The Guardian vários países da União Europeia estariam seriamente considerando a aplicação da cláusula 7ª do Tratado da União Europeia à Hungria, caso esta venha a vetar novos boicotes à Rússia. Essa cláusula é a que retira o poder de voto de um Estado membro por não cumprimento dos princípios da União. Aqueles que falam de democracia, direitos humanos, liberdade de expressão, voto, direitos de minorias, etc. 

Não vou tocar aqui no ponto de serem ou não princípios justos, ou se a UE os aplica efetivamente ou não. Cada um que julgue o que ocorre. Mas quando você quer fazer uma união do tipo proposta pela Europa, então você precisa realmente aprender a conviver com diferenças, inclusive as que você não gosta. Outro ponto é que as ameaças se esvaem na própria forma e motivo de tal punição, ou seja, votar e consequentemente vetar ações da UE. Ora, ou você está violando os princípios ou não está, e caso esteja, aí você precisa ser punido, de outra forma não. O fato de votar contra propostas vindas de Bruxelas ou outro Estado membro é um direito democrático legítimo, ou ter opinião diferente e direito a veto deixaram de ser direitos pelo próprio tratado? 

E vejam, Orban e a Hungria não são o único Estado que vem resistindo aos avanços da Europa Ocidental rumo a um conflito maior. E essa pressão sem sentido é um dos fatores que podem levar à fragmentação da UE. Seria péssimo à grande maioria dos cidadãos europeus, mas não se pode dizer que seria inesperado.

quinta-feira, 24 de abril de 2025

EUA proibe entrega de mísseis Taurus alemães

Duas empresas do EUA, através do Departamento de Estado estadunidense, informaram o governo alemão de estas proíbem a transferência de mísseis Taurus alemães para os ucranianos, como prometido pelo govermo alemão. O motivo é que existem peças e equipamentos americanos sensíveis nesses mísseis e os contratos de comercialização dão esse poder de veto a essas empresas. Mas não se enganem, quase 100% de chance de que a decisão do boicote tenha saído do próprio departamento de estado, e não das diretorias das empresas. E sim, a Alemanha poderia transferi-los e usá-los, mas as empresas não forneceriam novas peças para a manutenção e fabricação de novos mísseis. É assim que funciona o mundo entre detentores e não detentores de tecnologia.

Por isso é imprescindível o domínio tecnológico de ponta, porque se isso é feito com a Alemamha, que domina tecnologia muito avançada, imaginem com o Brasil? 

E sim, isso já foi feito com o Brasil, que teve um lote de supertucanos boicotado pelo EUA em venda embargada para a Venezuela. Sim, difícil dominar tudo, mas os russos estão em fase final de desenvolvimento de um avião de passageiros com tecnologia toda própria, se eles podem, então o Brasil também pode, mesmo que estejamos ainda atrás no desenvolvimento tecnológico. 

Mas mesmo que não fabriquemos tudo, ao menos que o façaomos para as partes mais importantes, e deixemos para importar itens facilmente substituíveis. Isso é questão de soberania.

domingo, 20 de abril de 2025

Feliz Páscoa com cessar-fogo

Pessoal, o presidente russo, Vladimir Putin, declarou um cessar-fogo de Páscoa unilateral, que teve início ontem, 19 de abril às 18h00 e terá fim à 00h00 de amanhã, 21 de abril. Por outro lado o chefe do serviço de contra-informações da Ucrânia diz que os russos não cessaram os combates em nenhuma frente. O problema é que o serviço de contra-informações ucraniano é conhecido por... divulgar desinformação.

Quanto à iniciativa, é claro que isso é absolutamente insuficiente para parar as hostilidades, mas é um passo. Sim, sei que é muito difícil que isso aconteça, há um excesso de interesses, tanto de elites quanto pessoais para que o conflito siga vivo, mas só haverá novamente crescimento e avanço civilizacional no continente europeu quando o conflito principal e suas repercussões em vários países do continente cessarem.

O que espero é que essa iniciativa possa ser o início da volta à normalidade e que todos os países da região possam voltar a prosperar e oferecer bom padrão de vida a seus habitantes.

Uma Boa Páscoa a Todos!

sábado, 19 de abril de 2025

Chance para salvar Avibras

Pessoal, o Exército Brasileiro está para comprar um novo drone capaz de levar ao menos 4 mísseis com um peso total de 600kg. A ideia não é dar a descrição das características requeridas para a compra do novo drone, mas mostrar os erros da política econômica, de defesa, e também industrial brasileira. O Brasil tem ao menos duas empresas capazes de desenvolverem um equipamento deste tipo, a Embraer e a Avibras. A Avibras, por acaso, precisa ser economicamente recuperada, já que se encontra em situação pré-falimentar. Por que não juntar as duas, e ao invés de ir ao mercado buscar estes equipamentos fora do país, exportando divisas, empregos e sedimentando tecnologia em países estrangeiros, o governo brasileiro, através do Exército, não faz uma encomenda interna? Uma junção dessas duas empresas promoveria desenvolvimento de tecnologia nacional, mais um produto de alta tecnologia para possível exportação, salvaria a Avibras e ainda promoveria ótimos empregos no pais. De quebra o Brasil ainda dominaria uma tecnologia com alto potencial de desenvolvimento futuro, com os consequentes ganhos em tudo isso que citei anteriormente.

sexta-feira, 18 de abril de 2025

China mostra fraquezas do EUA

Na teça-feira, 15 de abril, circulou a informação de que a China teria cancelado a compra de algo em torno de 180 aviões da Boeing, o maior fornecedor da empresas aéreas do gigante asiático. A informação foi replicada por vários canais confiáveis, mas em tempos de guerra nada é exatamente confiável, e isso não por má intenção, mas muitas vezes por desinformação plantada. 

A notícia tinha base para ser real, dado o nível horroroso das relações sino-americanas no momento. E sim, há uma guerra comercial pesada entre EUA e China, e que foi iniciada pelo governo Trump. Ocorre que na quarta-feira, 16 de abril, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, disse desconhecer essa ação do governo chinês, mas aproveitou para elogiar a brasileira Embraer. 

Bem, para voos regionais a Embraer tem condições de fornecer aeronaves, mas para voos mais longos a empresa brasileira não tem produtos a oferecer. De qualquer forma, tanto a circulação da notícia sobre a Boeing, quanto a menção à brasileira Embraer tem todo o jeito de ser uma ação de desinformação que serviu como um recado direto aos estadunidenses, e é “parem com a insanidade, porque vocês têm mais a perder do que nós”.


quinta-feira, 17 de abril de 2025

Lula, o traidor? Popularidade "na chón".

Dificilmente Lula se importe com trabalhadores, e muito menos com o povo brasileiro. São alguns testemunhos interessantes que mostram apenas um espertalhão subserviente aos interesses dos mais ricos e de forças estrangeiras que atuam no pais. 

Não sou eu quem digo. Como coloquei logo de inicio, são testemunhos de gente que conviveu diretamente com ele, como Mario Garanero e Romeu Tuma, que escreveram livros mostrando o lado patronal do grande líder dos trabalhadores, que sempre negociou migalhas aos trabalhadores, enquanto os patrões ficavam com enorme e abastados banquetes. E ele se orgulha disso, dessa subserviência vergonhosa que mostra aos donos do dinheiro.

Mas eu tenho meu próprio testemunho da ação despolitizadora, demagoga e danosa de Lulanda Silva. Há muitos anos, ainda no final de seu 1º governo, talvez início do 2º, durante evento de lançamento dume um navio encomendado pela Petrobras ao estaleiro Mauá, então de propriedade do multinacional Germán Efromovich (não sei quem é o dono agora e não importa), Lula presente, junto com seu enorme séquito, e iniciou-se a leitura de um discurso. Letras garrafais em quase uma resma de papel para que fosse lido sem óculos, o discurso iria bem, já que se encaminhava para falar da importância da indústria naval e Deus sabe mais o quê? Sim, porquê Lula colocou o discurso de lado, dlse virou única e exclusivamente para os operários que estavam ao lado da área pruncipal do evento e iniciou palavras diretamente a eles. 

Lula iniciou uma fala que pode até afagar a alma e o ego de pessoas mais humildes, mas no fundo era despolitizante e demagógica. Falou em possibilidade de levarem um franguinho para o Natal em casa, na benesse dada pelo govermo de poderem trabalhar, e foi sempre por esse caminho lamacento e lodoso. Fora as bobagensbde sempre, como se estivesse numa mesa de boteco.

Não é de espantar que o Brasil esteja na atual situação, já que o João, o amigo do Dirceu, hoje não consegue encobrir as atrocidades políticas de Lula. Sim, as redes sociais estão aí para escancará-las.  Quando as atrocidades são compensadas por melhoras sócio-económicas, passa. Quando tal não acontece, popularidade "na chón!"




terça-feira, 15 de abril de 2025

A tresloucada política de Trump

Pessoal, as ações de Trump, ainda que girem em torno do mesmo tema, ou seja, a taxação de comércio exterior, elas são erráticas, desproporcionais, mal pensadas, e tal qual as mais de 15 mil sanções que já impuseram à Rússia, tendiam a ser completamente inúteis contra a China, além de refletirem muito negativamente no próprio EUA. Vamos entender o porquê disso.

Bem, precisamos começar nosso argumento conhecendo e entendendo alguns dados e fundamentos. Começamos dizendo que as ações do governo estadunidense têm sido erráticas, absolutamente sem critério e têm dado um retorno muito inferior àquele que os atuais detentores do poder político do gigante norte-americano imaginavam. De início não imaginavam que teriam tantas reações, principalmente de alguns locais de onde não esperavam, como Canadá e alguns países europeus. Na continuação não esperavam tantas reações adversas internas, incluindo no próprio governo. Para se ter ideia, o próprio Elon Musk já criticou as tarifas indiscriminadas de Trump e como eu disse quando analisei as possibilidades do governo que começava, alguns deputados e senadores do próprio partido do governo já se posicionam contra este, inclusive votando contra algumas propostas do governo no congresso.

Começamos falando como se usam tarifas de importação e exportação, para que servem e se devem ou não serem usadas. Tarifas podem e devem ser usadas, mas são usadas para proteger, desenvolver e melhorar a competitividade de determinados setores de seu país quando estes estão iniciando a jornada rumo ao domínio de mercado e tecnologia de ponta deste setor, não de forma indiscriminada como tem sido feito pelos estadunidenses neste momento. E para se aplicar estas tarifas é necessário haver um plano de ação. Algo desenvolvido, pensado, estudado, com alternativas e metas intermediárias e finais bem definidas. O EUA está longe de ter qualquer coisa nesse sentido. Enquanto isso, todas essas coisas sobram na China.

Mas entre as idas e vindas das tarifas estadunidenses, e que na última volta estava em uma “moratória” de 90 dias para o mundo, enquanto chegava a 145% à China, e com ação imediata. Já a China, que vem aplicando a reciprocidade e amentando suas tarifas aos estadunidenses à medida que estes aumentam à China, chegou aos 125%. Autoridades chinesas, ao anunciarem o último aumento, disseram que essa guerra tarifária já virou piada, e que o país irá ignorar qualquer outro aumento por parte do EUA. Disse que o atual nível das tarifas já tornou totalmente impraticável a comercialização na China dos produtos americanos afetados por elas, e que o país segue aberto a negociações, desde que sejam feitas de forma respeitosa e em igualdade de condições. O país também passou a buscar outros fornecedores.

Outro ponto que precisamos observar é a importância das exportações chinesas para cada um dos países. Aqui os números divergem um pouco entre várias fontes, então vou apresentar uma média, porque o importante é como os números variam, não o volume exato deles. Em 2005 as exportações chinesas para o EUA significava cerca de 9% do PIB da nação asiática. No ano passado essas exportações significaram cerca de 4%. Ambos podem ser um pouco acima ou abaixo, mas o fundamental é que esse comércio perdeu peso, perdeu importância no PIB chinês, ainda que em termos absolutos de valor tenham aumentado, ou seja, são mais dólares envolvidos, mas com menos importância geral na composição do PIB chinês. Isso se dá por dois motivos principais. O primeiro é um crescimento do mercado interno chinês, e o segundo é uma ampliação dos parceiros comerciais dos chineses.

Alguns outros pontos importantes a serem analisados são que a China já trabalha para aumentar ainda mais seu mercado interno e aprofundar e aumentar as relações comerciais com os atuais parceiros e também com novos. Isso já objetivando substituir as exportações ao EUA por novas fontes de demanda por seus produtos, e também para dar mais solidez à própria economia chinesa. Como os chineses disseram em seu anúncio do último aumento de suas tarifas, quem se isola com isso é o EUA, que ataca o mundo inteiro numa ação midiática, mas nem por isso menos danosa, tanto à própria economia, quanto à própria imagem. Cito por último a declaração do vicepresidente chinês, Han Zheng, que afirmou que se o EUA quiser, que siga com essa política destrutiva. Se quiser não importe mais dos chineses. Os chineses estão aí há cerca de 5.000 anos, viram muitas civilizações surgirem e acabarem, na maior parte do tempo não existia EUA, mas eles continuam por aqui, e esperam permanecer, com ou sem EUA.

Esse é o quadro da guerra tarifária iniciada por Trump. Seu recuo, talvez apenas temporário, foi principalmente por pressões internas, inclusive do próprio governo e de colaboradores bem próximos como falei no início. Mas não podemos abortar pressões externas, já que Trump anuncia uma enxurrada de países implorando por negociações bilaterais, só que isso não ocorreu exatamente assim. Dos cerca de 190 países do mundo, apenas cerca de 20 já haviam solicitado negociações, enquanto muitos estudavam e preparavam ações de reciprocidade, alguns preparam entrada na moribunda Organização Mundial do Comércio, e muitos simplesmente ignoram as iniciativas de Trump, já que suas relações com os americanos não são tão importantes assim. A própria posição chinesa foi bem clara da situação. O nível das tarifas já impostas ao EUA já tornou totalmente proibitiva as importações vindas do país norte-americano, e justamente por isso não há sentido nenhum em seguir com aumentos.

No EUA, as ações truculentas mal pensadas e intepestivas de Trump devem, ao final, ter exatamente o mesmo efeito que as sanções impostas à Rússia tiveram na UE. Inflação, perda de poder aquisitivo da população e queda no padrão de vida que já está bem abaixo do esperado em um país que diz ter a maior economia do mundo.

Enquanto isso, quanto as ações que os estadunidenses deveriam tomar para voltar a se industrializar e crescer, seguem fazendo ao contrário. A infraestrutura do EUA está, de modo geral, sucateada, e sua mão de obra está absolutamente defasada em relação a outros países do mundo. Das grandes potências é seguramente o pior deles. Tudo isso se reflete em custos de produção, e justamente por isso as grandes empresas pensam em várias opções para driblar as ações de Trump, mas produzir em solo estadunidense não é uma delas. Lembrando que exceção não é regra. Podemos também citar o fato de que o EUA depende muito de produtos chineses, e terão certa dificuldade em substituí-los em curto prazo e mesmo em médio prazo, e ainda mais no custo em que os conseguem, enquanto os chineses terão muito menos dificuldades em substituir o que importam do EUA. Não a toa houve uma corrida de estadunidenses a substituir uma série de utensílios e objetos de suas casas.

A verdade é que as ações de Trump foram absolutamente antipáticas ao mundo, têm baixíssima possibilidade de dar certo, alta probabilidade de dar errado e ainda trazer problemas agregados que rapidamente minariam o atual governo, como inflação, desabastecimento, piora das condições de vida e agravamento das dificuldades econômicas em si, além de acelerar a queda da hegemonia do país.

Mas mesmo que houvesse uma reviravolta total e o EUA começasse a investir pesado em educação e infraestrutura levaria muito tempo para se recuperar. Bem, eles estão ao menos 35 anos atrasados. Em meados dos anos 90 do Séc. XX já se falava do erro da globalização indiscriminada, e da transferência de indústrias, tecnologias e empregos para a Ásia. O resultado foi a decadência geral do Ocidente e a incapacidade de uma reação em curto ou médio prazo. Vejam, não é impossível uma reação, mas isso exigiria erros sucessivos dos antagonistas da hegemonia do EUA e nenhum erro dos Ianques, mas nenhum erro relevante ocorreu até o momento e nem os Ianques pararam de errar. Ao contrário, acertos importantíssimos vieram de seus concorrentes.

Com mais esse erro enorme, o governo Trump caminha para acabar prematuramente. Não, ele não deve cair, mas perder governabilidade e capacidade de ditar os rumos do EUA. Sim, porque a questão das tarifas se soma a alguns outros equívocos, como as dificuldades enfrentadas nas negociações sobre o conflito russo-ucraniano, reações de alguns países europeus sobre suas ações em relação a interesses desses países, dificuldades com os Houtis, e mesmo alguns países menores que mostram ações rumo a mais soberania.

segunda-feira, 14 de abril de 2025

Recuo de Trump é derrota interna e externa

Pessoal, Trump recuou. Após ter anunciado tarifas crescentes para as importações que o EUA recebe da China com estardalhaço, ele recuou. E as tarifas foram crescentes porque a China aplicou a reciprocidade. No último aumento a China informou que já não aumentaria mais suas taxas, justamente porque os produtos estadunidenses já não tinham mais qualquer competitividade no mercado chinês, e tomou ações para substituir essas importações. Além disso houve enorme pressão interna, além da reação inesperada de vários países. 

Certamente Trump e seu governo não esperavam uma situação dessas. Seu secretário do tesouro chegou a dizer que não era para a China aplicar a reciprocidade, mas pedir por negociações. 

Um misto de arrogância, ignorância e um planejamento totalmente enviesado e mal embasado levou ao final a aventura tarifária de Trump, e colocou seu governo e país numa situação vexatória. Some-se a isso alguns contratempos inesperados nas negociações sobre o conflito ucraniano, e vemos um início de governo mais do que errático. É um início mal planejado, mal pensado, e fora da realidade planetária. Ao analisar suas primeiras ações eu disse que ele queria levar o mundo aos anos 60 do Séc. XX. O mundo parece não aceitar isso, e os americanos podem enfrentar momentos do final dos anos 80 do Séc. XIX, mas sós.

sexta-feira, 11 de abril de 2025

Realmente um "Jênio"

O texto de Wellington Calasans, que foi divulgado no 'X'/twitter, vai na mosca no que concerne aos efeitos das tresloucadas medidas do presidente estadunidense, Donald Trump.  A falta de discernimento, de credibilidade, w de bom-senso deixam claro que Trump, e seu governo, tem um objetivo, mas não fazem a menor ideia de como chegar nele.

Esse caso das tarifas é emblemático, mas não é o único. Impõe algumas tarifas a alguns países e blocos, volta atrás em vários casos, depois estende essas tarifas a todo o planeta, de forma indiscriminada e pouco inteligente, depois adia tudo por 90 dias, como se todos fossem correr a implorar por seu beneplácito. Intensifica uma guerra comercial tarifária com alguns países, mas seu objetivo principal é a China, país que hoje é bem mais forte que o EUA.

Ameaça nações e povos sem o menor critério. Bombardeia civis, tenta impor cessar-fogo e estabelecer acordos em algumas partes que ele sabe serão logo rompidos, e pior, com seu apoio. Um claro caso é a situação na Palestina, em que obrigou em cessar-fogo (nunca respeitado por Israel), que tinha o claro objetivo de liberar os reféns que ainda estavam em poder do Hamas. A obtusidade da própria liderança israelense impediu que o objeto fosse totalmente cumprido. Trump alegremente se une a Israel num ato abominável. Agora, junto com os israelenses, ameaça existencialmente ao Irã. 

Mas Trump e o EUA não entenderam que o mundo mudou. Aquele mundo em que podiam tomar essas ações impunemente estão no passado. Não é um passado muito distante, mas como todo passado, é totalmente inatingível.


ATUALIZAÇÃO - GUERRA COMERCIAL EUA X CHINA Tive 

Tive a preocupação de pesquisar alguns economistas norte-americanos (Republicanos) que já vinham avisando que as "tarifas" de Trump seriam um desastre político e econômico para os EUA. 

Vejamos: 

"Um país sem dinheiro, com uma base produtiva esgotada, uma economia baseada em derivativos e um dos piores sistemas educacionais entre os países desenvolvidos, inicia uma guerra comercial com um país que é completamente oposto a ele em relação às características acima. Quem vencerá essa guerra comercial?" 

"Os Estados Unidos são um império em declínio, agora governado por uma caquistocracia que acredita ter encontrado nas tarifas a arma para reverter sua perda de competitividade em relação à China e a outros países. Pode ser cedo demais para determinar o resultado, mas o que a guerra comercial dos EUA contra o mundo inteiro conseguirá é que outros países fortaleçam seus blocos regionais (especialmente a ASEAN) e reduzam sua dependência política e econômica de Washington, que deixou de ser um parceiro confiável para eles."

TRUMP NAS REDES SOCIAIS - O BLEFE DENTRO DO BLEFE

Trump escreveu em sua conta no Truth Social:

Com base na falta de respeito que a China demonstrou aos mercados mundiais, estou aumentando a tarifa cobrada da China pelos Estados Unidos da América para 125%, com efeito imediato. 

Em algum momento, esperançosamente num futuro próximo, a China perceberá que os dias de explorar os EUA e outros países não são mais sustentáveis ​​ou aceitáveis. 

Por outro lado, e com base no fato de que mais de 75 países convocaram representantes dos Estados Unidos , incluindo os Departamentos de Comércio, Tesouro e USTR, para negociar uma solução para os assuntos em discussão relativos ao Comércio, Barreiras Comerciais, Tarifas, Manipulação de Moeda e Tarifas Não Monetárias, e que esses países não, por minha forte sugestão, retaliaram de nenhuma maneira, formato ou forma contra os Estados Unidos, ...

...Autorizei uma PAUSA de 90 dias e uma Tarifa Recíproca substancialmente reduzida durante esse período, de 10%, também com efeito imediato. 

Obrigado pela sua  a este assunto! 

COMO A CHINA REAGIU A ISSO? 

A China já havia avisado mais cedo que irá responder a todas as tarifas ou práticas que fossem pelos chineses vistas como uma tentativa de prejudicar o país. 

Os chineses costumam cumprir o que prometem e já deram provas inequívocas disso. 

NOTA DESTE OBSERVADOR DISTANTE 

A minha tese de que este festival de asneiras de Trump era uma decorrência natural da derrota da OTAN na Ucrânia está confirmada. 

Considerando que a Alemanha tem experiência na reconstrução pós-guerra, acompanhei os movimentos econômicos dos alemães. Veja bem o que vi: 

"A Alemanha tenta repatriar a grande quantidade de ouro que atualmente armazena em Nova York em meio a preocupações com as políticas tarifárias imprevisíveis do presidente dos EUA, Donald Trump." 

A China não depende dos EUA para bancar operações com dólares norte-americanos. De quebra, ao lançar títulos da dívida no mercado, enfraquece ainda mais a moribunda economia do império em declínio. 

Trump é um "Jênio"! Ele conseguiu enfraquecer o dólar e perder a confiança até mesmo para guardar o ouro de alguns países. A Alemanha não é o primeiro e nem será o último a pedir de volta o ouro que guarda nos EUA. 

The end!

quarta-feira, 9 de abril de 2025

A importância da indústria bélica

A Rússia comemorou e anunciou o lançamento se um novo submarino nuclear, o "Arcanjo". Nome sugestivo, ainda mais que o nome batiza também a nova classe de submarinos Yassen modificados, e é capaz de carregar os mais modernos mísseis do arsenal russo. Lembrando sempre que embarcações são plataformas capazes de transportar e operar armas.

E sim, o submarino significa importante acréscimo à capacidade de defesa e ataque russo, mas ele significa muito mais que isso. Seu desenvolvimento implica o desenvolvimento, domínio e aplicação de várias tecnologias, boa parte delas desenvolvidas por empresas, que em algum momento as aplicarão em soluções para usos civis, aumentando a competitividade do país em escala global. Com este pensamento o "pacifista" Trump chegou à Casa Branca prometendo muitos bilhões se dólares para o Desenvolvimento de um sistema nacional de defesa antiaéreo e de um novo caça de 6ª geração (F47). Ele sabe que o EUA perdeu a supremacia bélica, e maia que isso, perdeu a supremacia técno-científica.

Enquanto isso o governo brasileiro segue brincando de gerir país, gasta um monte de dinheiro em aquisição de novos "equipamentos", mas deixa uma empresa estratégica como a Avibras ser sucateada e destruída. Mesmo a obrigação contratual qur o Exército Brasileiro colocou na licitação de novos drones de tecnologia não dependente da estadunidense se dá por razões pontuais, e não pelo entendimento de que precisamos desenvolver nossa própria tecnologia. Na verdade nem precusaríamos estatizar a empresa. Bastava que parte dos recursos que vêm sendo mal usados realizassem encomendas de armas e pesquisa na empresa, ações de inserção internacional da mesma no comércio internacional, e ela se salva sem ferir a visão "privatista" de nossos governos dos últimos 35 anos.

Mas para isso é preciso vontade política, planejamento e soberania. Em poucos momentos de nossa História tivemos tudo isso reunidos ao mesmo tempo. Quem sabe as "tarifas de Trump" não criem um pouco mais de visão estratégica em nossos dirigentes?


‘Arcanjo’: Silencioso, com alcance ilimitado e capaz de lançar mísseis dhttps://executivedigest.sapo.pt/noticias/arcanjo-silencioso-com-alcance-ilimitado-e-capaz-de-lancar-misseis-de-cruzeiro-conheca-o-novo-submarino-nuclear-da-russia/e cruzeiro. Conheça o novo submarino nuclear da Rússia

Por Pedro Zagacho Goncalves 17:19, 15 Jan 2025

A Rússia continua a expandir as suas capacidades militares, apesar das sanções e pressões internacionais lideradas pela União Europeia, Estados Unidos e outros aliados. A mais recente demonstração desse esforço é a entrega do submarino nuclear Arkhangelsk (Arcanjo, em português) à sua Armada. A cerimónia oficial, realizada nos estaleiros de Sevmash, no mar Branco, marca mais um avanço na modernização da frota submarina russa, sublinhando a importância estratégica deste tipo de armamento no contexto global.

O Arkhangelsk, batizado também em homenagem à cidade do norte da Rússia próxima à Finlândia, é o terceiro submarino da classe Yasen-M (Projeto 885M), uma versão modernizada dos submarinos nucleares Yasen. A cerimónia de entrega, que contou com a presença de altos representantes do Ministério da Defesa russo e líderes militares, ocorreu após o lançamento oficial da embarcação, em novembro de 2023.

segunda-feira, 7 de abril de 2025

Europa numa encruzilhada. Qual caminho seguir

O conflito entre russos e ucranianos, que no fundo se dá entre os russos e a NATO com os ucranianos dando apenas o pessoal para a linha de frente, parece estar chegando ao fim. Sim, a Rússia vem avançando dia a dia, e nem lançou ainda sua grande ofensiva de primavera, que vários analistas militares dizem que está sendo preparada. Ao mesmo tempo há um nítido confronto entre os dois grandes nomes da NATO, a UE e o EUA, para saber quem ficará com os espólios restantes das riquezas ucranianas. Isso porque os dois juntos investiram cerca de 450 bilhões de euros (ou mil milhões) e agora querem recuperar o investido. Só que as principais riquezas do território que a Ucrânia ocupava agora estão em mãos russas, e ainda que a Rússia esteja disposta a negociar, ela não está nada disposta a abrir mão de suas pretensões mínimas em nome de um acordo, ainda mais porque ela vem vencendo no campo de batalha, e nada indica que os inimigos conseguirão uma virada nesta área.

Aí o problema que se apresenta e dificulta bastante os avanços de qualquer negociação é a disputa entre os principais membros da NATO. Claro, as condições internas na Ucrânia também são um entrave, e elas vêm sendo utilizadas pelos europeus para dificultar essas negociações, mas essa resistência ucraniana deverá ser rapidamente ultrapassada a partir do momento em que os principais participantes do conflito cheguem a um acordo. Acontece que a própria Europa se vê em condições bastante díspares no momento, não apenas entre membros da NATO, mas também da UE, lembrando que a lista é bem semelhante, mas não é igual.

As idas e vindas nas posições, declarações e decisões colocam muitas dúvidas do futuro do Continente, e das próprias existências, tanto da NATO quanto da própria União Européia. Fissuras e interesses muito diversos, quando não diametralmente opostos, vêm fazendo estragos na amalgama criada para a união do continente e que mantém o status quo expresso em Bruxelas.

“Vamos rearmar a Europa”. 800€ bilhões (ou mil milhões) para tal tarefa. 500€ bilhões (ou mil milhões) na Alemanha para o mesmo fim. Mas ninguém diz exatamente de onde virá o dinheiro. Na cúpula política de Bruxelas os ataques às duas maiores entusiastas de tal projeto, Ursula Von der Leyen e Caja Callas. São eurodeputados, principalmente de países do Leste Europeu, mas também alguns eurodeputados escandinavos e de outros partes da União. Se a princípio tal ideia teve boa aceitação entre os membros da NATO e da União Europeia, agora alguns Estados já começam a demonstrar reticências a um plano armamentista tão ambicioso, e às contradições que tais valores aplicados em armas criarão com os anseios sociais de suas populações.

“Vamos enviar tropas de paz à Ucrânia”. Os maiores estimuladores de tal procedimento são Macron, da França e Starmer, do Reino Unido. Mas mesmo os alemães têm ressalvas quanto ao envio de tropas europeias à Ucrânia, a Itália disse que enviaria apenas com anuência russa, e vários Estados afirmaram que não enviariam tropa alguma ao Leste europeu. O próprio Starmer já reviu sua posição, após as claras ameaças de Putin a essas ideias. Mesmo os poloneses, tão verborrágicos quando a ideia de se contrapor aos russos já mostraram aversão a essa ideia. Apenas Macron (que desfila em revista às tropas com ares de um Napoleão moderno e alguns Estados menores seguem defendendo tal ação. E não sabemos se teremos ou não tropas oficiais da NATO na Ucrânia, mas sabemos que as teremos na Lituânia, já que a Alemanha anunciou que manterá uma brigada com 5.000 homens no país para a “proteção” do país.

Esses são os maiores pontos de tensão entre os membros europeus de ambas as alianças, mas essas tensões não param por aí. Fontes de energia e de recursos naturais também são fontes de discussões acaloradas entre os membros. Aonde e como conseguir tais recursos, já que o continente europeu é bastante carente deles, é a maior discussão. A Rússia, desde a época Soviética, fornecia muitos desses recursos a preços bastante interessantes para os europeus, mas as sanções e o afastamento total da Rússia que Bruxelas e a NATO tentam impor aos Estados membros vêm gerando grandes rachas entre eles. Se os grandes Estados já enfrentam dificuldades com tais medidas, com grande quantidade de indústrias fechando e procurando outros locais para produzir (normalmente a China, mas o EUA também se beneficia em muito menor escala com isso). Essa perda de empresas e consequentemente de empregos, não se limita ao setor industrial, mas também já afeta algumas empresas do comércio e serviços.

É aqui que entramos na situação da Europa. Desde a reconstrução advinda com o Plano Marshall após o final da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha conquistou e consolidou uma liderança na Europa. Ela vinha principalmente de sua economia extremamente industrializada, dinâmica e que se projetava por todos os países do continente e várias partes do mundo. Não a toa ela era chamada de Locomotiva da Europa, mas com a crise a economia alemã descarrilou, sua liderança já não é mais tão clara, e isso abriu espaço para que o Reino Unido, e principalmente a França, venham desafiar mais uma vez essa liderança, que nunca foi muito bem aceita por esses parceiros de União Europeia. Sim, o Reino Unido já saiu do acordo, mas segue tentando influenciar Bruxelas, e a França também sempre desafiou essa liderança.


Ao mesmo tempo temos o problema da NATO, que vem tendo dificuldades para produzir armamentos e munições para abastecer a Ucrânia, e ainda mais para repor seus estoques esvaziados pelo conflito no Leste europeu. As cobranças por investimentos cada vez mais altos para a segurança tem levado vários países da Aliança a se manifestarem contra essa posição armamentista e a indicarem que não têm condições de entregar os percentuais de PIB que a NATO, e também Bruxelas, cobram para o rearmamento da Aliança. Ao mesmo tempo volta à cena a possibilidade de um exército europeu, algo que também é contestado por vários Estados membros.

Com esse quadro vários analistas vêm vaticinando o final da aliança atlântica e o final do sonho de união europeia. Eu acho que é muito cedo para afirmar suas quedas iminentes. Claro que ambas as organizações apresentam fissuras e discordâncias internas importantes; se durante décadas a liderança europeia foi contestada de forma relativamente sutil, hoje há uma disputa aberta por liderança, tanto pela parte europeia da NATO, quanto da União Europeia; as decisões sobre o futuro de ambas as organizações estão em disputa aberta também.

Com isso uma série de perguntas precisarão ser respondidas. O que fazer com a NATO e a União Europeia? Para qual fim, e como organizá-las? Quanto e como investir nelas ? Quem tomará as decisões executivas, e como elas serão cobradas dos e pelos membros? Todas são questões que estão em discussão no momento, além de outras. Essa discussão ocorre devido a derrota que ocorreu nas planícies do Leste Europeu e a debacle econômica que veio com ela, mas são questões que já estavam latentes há pelo menos três décadas, ou seja, desde que o Império Soviético ruiu e as relações internacionais tomaram uma nova dinâmica. As respostas a essas perguntas é que definirão o futuro de ambas as organizações. Se os interesses que unem esses Estados em ambas as organizações no momento serão maiores ou menores que as dissidências e diferenças de visão de mundo e interesses na participação nesses organismos é o que irá decidir o futuro delas. Quanto a tropas na Ucrânia, a escalada contra a Rússia, ou um confronto direto com eles, isso acredito que não veremos, mas as movimentações que alguns Estados europeus estão tomando é de um conflito direto no futuro, e não é um futuro tão distante assim. Mas sós esses Estados não serão capazes de enfrentar os russos, mas outros Estados não querem entrar por este caminho tortuoso. A verdade é que no momento o que aparecem são essas fissuras e dissidências, mas isso não significa que esses Estados não serão capazes de suplantá-las e manterem-se unidos. Se haverá acerto ou se haverá cisão, a ver.

sábado, 5 de abril de 2025

Tarifaço de Trump põe o mundo em chamas

Pessoal, essa semana o Presidente do EUA, Donald Trump, finalmente anunciou seu “tarifaço” geral e irrestrito. Necessário ressaltar que as taxas anunciadas não são cumulativas com taxas já existentes, e que elas são gerais. Tão gerais que ele taxou as ilhas Heard and Mcdonalds, onde vivem apenas pinguins e focas. Provavelmente isso irá acabar com a economia deles. 

Mas naquilo que precisamos levar em conta efetivamente são as tarifas, e estas vão entre 10% (vários países) a 50% (Lesoto e São Pedro e Miquelão). As reações são diversas, desde lamentações e declarações de estupor devido ao longo período de “amizade” em que se sentiam amparados, passando por retaliações imediatas, comissionamento de comissões de estudos da situação e chegando a pedidos imediatos de negociação. 

No Brasil temos uma das respostas mais inteligentes, apesar de alguns lacaios terem dito para o país apenas aceitar os ataques estadunidenses. Foi aprovada no Congresso brasileiro a chamada Lei da Reciprocidade, que já seguiu para sanção presidencial. Ela permite que, imediatamente, o governo brasileiro imponha tarifas que compense aquelas impostas pelo EUA. Além disso o Brasil promete ir à OMC contra tais medidas, e não está só nesta empreitada de pedir compensações no órgão internacional. 

Na cúpula política brasileira temos a brincadeira do policial bom e policial mau. Lula age com o fígado, pede a imediata reciprocidade e ida a OMC, enquanto o vicepresidente Geraldo Alkimin chama à calma e abertura de negociações. O Brasil não é o único que apresenta posição deste tipo, mas é um dos que mostra mais unidade na resposta, com a grande maioria da elite política unida em torno da defesa dos interesses nacionais. Se isso irá prosperar ou lograr êxito é outro ponto, e dependerá de muitos fatores, mas a unidade que essas questões criaram no Brasil, e no resto do mundo, contra o EUA, não lembro que tenha sido vista no planeta