Vou fazer um resumo do que aconteceu em 07 de setembro: nada.
O Presidente conseguiu até fazer algumas aglomerações consideráveis em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Verdade que o Rio é o berço do bolsonarismo, e até por isso se poderia esperar que uma aglomeração maior ocorresse, mas São Paulo e Brasília não, então como conseguiram juntar tanta gente (e nem eram tantas assim, se compararmos com outras manifestações dos últimos 10 anos)? A resposta a isso é muito simples: foram fretados ônibus, os manifestantes receberam alimentação, e foram levados a Brasília e São Paulo. Mas tirando essas 3 capitais, o resto do país esteve bastante tranquilo. Isso mostra que o apoio ao delírio golpista do Minto é bastante frágil, ainda que exista um pequeno núcleo duro que permanece coeso.
Nos dois discursos proferidos pelo Minto, uma série de crimes de responsabilidade, e até comuns, voltaram a ser cometidos pelo líder máximo do bolsonarismo. Bobagens (mas criminosas) foram repetidas, como a história de que não foge, não vai preso e só resta a vitória, ou de que o STF não o deixa governar, ou de que está convocando o Conselho de Defesa Nacional, e que aquilo era um ultimato, que está armando um golpe, etc.
Mas não foram só arroubos de "besteirol" o que vimos ontem. Apesar de ter juntado uma boa quantidade de pessoas nas 3 principais capitais do país, e em outras partes ter sido completamente apagado, a manifestação de ontem mostrou que há capacidade de mobilização do movimento bolsonarista. Mostrou também que é um movimento que se restringe cada vez mais ao seu mínimo, e que eleitoralmente isso é muito maior do que o apoio realmente efetivo que tem, o que mostra que há espaço para que Bolsonaro caia ainda mais eleitoralmente.
Por último o Minto prometeu um golpe, e entregou apenas mais do mesmo, ou seja, mais mentiras, mais bravatas, mais ataques gratuitos ao STF, e mais crimes, tanto de responsabilidade, como comuns. Claro que os fanáticos irão ver tal entrega como o ato de um grande estadista, mas a verdade é que isso não passa de devaneios de um lunático.
Cada vez mais fica claro que não há clima para golpe, que não há condições para golpe, e que ainda que o apoio ao Minto dentro das FFAA permaneça alto (principalmente nas patentes mais baixas) esse apoio é minoritário, e as FFAA não embarcarão numa aventura golpista. Mesmo nas polícias militares esse apoio existe, é maior, mas tende a se reduzir também.
Isso não quer dizer que, no frigir dos ovos, o Minto não tente um golpe, mas isso não significa que consiga, e muito menos que possa mantê-lo.
Só que tudo isso também deixa claro que o Brasil precisa rever seus dispositivos de segurança do processo democrático, e para isso é necessário rever algumas posições, e algumas dispositivos em nossas instituições deverão ser mudados, sem que se mude o espírito delas. A democracia precisa se defender melhor de ataques, sem deixar de ser democracia.
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