segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Alemanha volta a cometer erros em série

Resultados interessantes revelados por esta pesquisa solicitada pela Shell. Sim interessantes, porque mostram uma Alemanha em mudanças rápidas e cada vez mais acentuadas, dando lugar a novos horizontes ao futuro do país da Europa Central. Vamos fazer algumas considerações a respeito.

Os medos de guerra e pobreza se sobrepõem ao medo das mudanças climáticas. Isso mostra que, apesar de toda uma engenharia social elaborada para fazer do alemão um enorme e  eterno "pecador e penitente", eles ainda são seres humanos, e mostram mais medo de situações mais concretas e próximas do que de situações relativamente hipoteticas. E isso não nega mudanças climáticas no planeta, que podem levar a alterações significativas nas relações humanas, mas apenas que elas ainda estão no campo do imaginário, e não conseguiram alcançar a conexão com os homens que a guerra e a pobreza têm. 

O maior interesse por política também é um reflexo desses novos tempos. Décadas de desenvolvimento e relativa segurança fez com que ao menos 2 gerações de alemães se preocupassem mais com as coisas cotidianas individuais do que efetivamente com grandezas coletivas mais etéreas. A deterioração de suas condições de vida que já se fazem sentir, e a ameaça premente de aceleração e aplicação dessa deterioração, além da percepção de que isso se dá pela condução equivocada das políticas públicas - aquelas grandezas coletivas mais etéreas - faz com que aqueles que ainda precisa fazer suas vidas se interessem mais pela política, já que é através dela que as grandezas etéreas são construídas ou destruídas. 

A questão crucial é como esse interesse irá se desenvolver? No inicio do Séc XX não deu muito certo. Se por um lado as condições materiais dos alemães melhoraram consideravelmente em pouco tempo, por outro eles voltaram a se enterrar num ciclo de violência e sofrimento. 

As condições agora não são iguais, os atores também não, esperamos que não se entreguem à mesma solução. Sim, os atores cascudos da política alemã parecem querer se entregar alegremente às mesmas soluções desastrosas que espalharam dor e sofrimemto para milhões e milhões de pessoas pelo mundo, mas há oposição, que parece buscar soluções diferentes e mais racionais.

Com a palavra os alemães: qual caminho eles escolherão?



🇩🇪🇪🇺 O medo da guerra aumentou significativamente entre os jovens na Alemanha. É o que revela o novo o 19° estudo quinquenal da Shell sobre a Juventude alemã. No entanto, a maioria dos inquiridos está confiante quanto ao seu futuro pessoal. 

Uma clara maioria dos jovens na Alemanha tem medo da guerra na Europa. Esta é a maior preocupação para cerca de 81 por cento dos inquiridos - em comparação com 46 por cento em 2019 - com o medo da pobreza em segundo lugar, com 67 por cento (2019: 52 por cento). 

A preocupação com a poluição ambiental (anteriormente 71%) e o medo da crescente hostilidade entre as pessoas (anteriormente 56%) partilham o terceiro lugar com 64% cada. 

Também aumentou o interesse pela política. 55 por cento dizem-se “interessados” ou “muito interessados” pela política. Estes números não se viam desde 1991.

2.509 jovens entre os 12 e os 25 anos foram questionados sobre as suas atitudes em relação a vários tópicos - incluindo família, amigos, política e conflitos actuais no mundo - de acordo com a empresa de energia Shell, que encomendou o estudo.

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

O neoliberalismo não morreu, ele avançou

O texto abaixo foi compartilhado por Wellington Calasans no twitter (X), e merece uma leitura muito atenta. O mais interessante no processo foi a cessão de seus poderes ao Judiciário, por parte de Legislativo e Executivo.

O fenômeno ficou muito nítido no Brasil pós-redemocratização, quando virou praxe a recorrência de atores políticos - notadamente partidos e operadores galonados da antiga arte- em recorrerem às instâncias judiciais quando tinham suas demandas vencidas nas arenas efetivamente políticas. Aos poucos a Justiça passou a decidir absolutamente tudo, indo da venda de pipocas à divisão de terras e relações internacionais 

Mas esse fenômeno não se deu apenas devido a transferência dos poderes executivos e legislativos ao Judiciário, mas ele se dá acompanhado de uma total insuficiência intelectual e moral dos atuais políticos, de distorções no processo democrático, e na própria constituição dos poderes, onde o Legislativo se sobrepõe ao Executivo, e o Judiciário se sobrepõe aos dois anteriores. 

Sim, esse processo se dá através de recursos pouco republicanos, mas quem disse que a "democracia" liberal burguesa é republicana? Como o próprio nome diz, ela é burguesa, e desde seu estabelecimento no Ocidente ela vem trabalhando para alijar o povo das decisões políticas, ainda que para isso utilize desculpas nobres e morais, como o combate à corrupção, ou a "tentativa" de se fechar um regime, que no fundo já está fechado.

Mas por quê é necessário transferir o controle do poder ao Judiciário, se já havia controle dos outros poderes?

A resposta é simples e dupla. Primeiro há menos pessoas envolvidas num processo de decisão judiciária, e isso facilita o controle.

Segundo é que as principais decisões se concentram nas mãos de um grupo fechado e imune aos anseios populares, já que não dependem do povo para obter ou manter seus poderes.

E todo esse processo não significa abrir mão da utilização de processos antigos de controle social do Estado. Partidos, Mídia, Ensino, enfim, todas as instituições relevantes à manutenção do status quo se mantém, mas agora com a legitimização de decisões, ou com a transferência de decisões polêmicas a uma esfera imune às críticas.

Sim, o nível, cada eleição mais baixo, de nossos ilustres atores políticos é uma consequência, mas também um projeto. A desconexão deles com os verdadeiros anseios populares também. 

E se você pensa que estamos no fundo do poço,  esqueça, esse poço é ainda mais fundo.



DITADURA NEOLIBERAL - OS PRETEXTOS PARA A INVASÃO DA JUSTIÇA NA POLÍTICA, DOMÍNIO TOTAL E O FIM DAS LIBERDADES 


A teoria constitucional da separação de poderes, característica que é motivo de orgulho entre os "civilizados", está sob ameaça em todos os países autoproclamados "democráticos". 

Nas últimas décadas, há uma visível evolução e aperfeiçoamento da invasão da justiça na política e a redução da importância dos poderes eleitos através do voto. Uma nítida redução da soberania popular.  

A operação Mãos Limpas, que aconteceu nos anos 1990 na Itália, por exemplo, inspirou a Lava Jato que permitiu a um então juiz (medíocre) de Primeira Instância como Sérgio Moro, poderes de um imperador. Nos dois casos, houve o enfraquecimento do Estado como consequência.

O conceito de poder e política, além da abordagem doutrinária e sobre o tema, está cada vez mais obsoleto. Isto decorre da inaplicabilidade prática ou distorções permanentes das normas derivadas da separação de poderes, implodindo assim as relações institucionais entre os entes públicos. 

Nos países "civilizados" há um perigoso e crescente modelo de ativismo judicial, muitas vezes apresentado pela imprensa como "combate à corrupção" ou "combate ao fascismo". Na prática é apenas uma maquiagem para a "ditadura togada".

Isso ajuda a explicar o surgimento de uma "extrema-direita" (pausa para rir) completamente domesticada e que cumpre o papel de espantalho na estratégia neoliberal de reduzir a zero as decisões soberanas do povo. 

Enquanto isso, uma agenda econômica que amplia a concentração da riqueza é imposta goela abaixo dos cidadãos. No debate, pautas impostas pela (anti)cultura woke.

O especial destaque dado aos supostos aspectos positivos desta "ditadura dos togados" é um projeto. Na verdade, quando agentes da justiça, não eleitos pelo povo, assumem o executivo e o legislativo, os destaques são todos negativos, pois provocam reflexos nefastos à sociedade contemporânea. 

O chamado Estado democrático de direito, sua concepção e o desenvolvimento histórico da teoria da separação de poderes, são vilipendiados todos os dias. 

É cada vez menos relevante a importância dada à separação dos poderes na organização e funcionamento do Estado contemporâneo, incluindo críticas ao sistema e à judicialização na sociedade moderna. Assim, não é exagero afirmar que as "democracias ocidentais" são apenas teóricas.

 O fenômeno do ativismo judicial e sua relação com a autocontenção, deve ser investigado com preocupação em decorrência das suas implicações político-sociais. 

Sem a separação de poderes, o ativismo judicial e seus desdobramentos impõem a necessidade de ser estabelecido um novo caminho para que seja garantido o equilíbrio e preservação daquilo que é chamado de democracia e o Estado de Direito. 

O Funcionamento do Estado está ameaçado. O Estado tem sido esfacelado por modelos liberal, social e subsidiário, que produzem intermináveis conflitos e promovem o fim do bem-estar social. 

Há em curso um modelo intervencionista. A ideia da existência dos três poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) que - em tese - exercem funções distintas, não se sustenta mais. 

O ideal de que os poderes - mesmo que separados - fortalecessem um poder desejado que fosse uno e indivisível, o tal do "poder que emana do povo", é um ideal incompatível com a necessidade neoliberal da redução do poder de decisão dos cidadãos. 

Parlamentarismo e Presidencialismo acabam reduzidos ao mesmo princípio: ambos são liderados pelo judiciário. Isso não é liberdade, isso não é "democracia". 

Desta maneira , as funções do Judiciário ultrapassam em muito o julgamento de demandas sociais, interpretação constitucional e criação de regimentos internos. 

A intervenção da justiça tem ultrapassado os casos de "estado de coisas inconstitucional" e análise concentrada da constitucionalidade de leis. 

Este atual poder de "imperador" do Sistema Judiciário é potencializado pelos "espantalhos da extrema-direita" e por uma predominante mediocridade na representatividade democrática, que nivela por baixo os grupos políticos.

A judicialização das relações político-sociais é um fenômeno mundial onde o Judiciário resolve questões sociais, morais e políticas estrategicamente não resolvidas pelos demais poderes.

A consequência é a resolução de questões públicas e privadas pelo Judiciário, incluindo temas como constituição familiar e educação infantil. Daí a predominante adaptação das leis às demandas da (anti)cultura woke, um artifício do neoliberalismo para o enfraquecimento da família e todas as grandes concentrações de forças populares. 

O fenômeno da judicialização decorre da falta de opções legislativas ou executivas, que nasce nas prévias dos partidos, colocando o juiz para desempenhar um papel central na resolução de questões sociais. É o ativismo neoliberal pala via judicial.

O ativismo neoliberal envolve uma participação mais ampla e intensa do judiciário na concretização dos valores e fins constitucionais, interferindo no espaço de atuação dos outros poderes. 

Com isso, distorce a interpretação da lei, levando a uma ruptura na estrutura de poderes e à criação de novos textos legais sem emenda constitucional. É a ditadura perfumada e vestida de toga.

É fundamental questionar a legitimidade e os limites do poder judiciário para garantir uma maior limitação ao poder estatal e devolvê-lo ao povo. As liberdades estão ameaçadas. 

NA IMPRENSA ALTERNATIVA

🇩🇪 O povo alemão tem fama de documentar tudo, até mesmo coisas que não deveriam ser documentadas. 

📝 O dramaturgo americano CJ Hopkins enfrenta acusações na Alemanha por "disseminação de propaganda" devido a uma imagem em sua obra "The Rise of the New Normal Reich". 

⚖️ Hopkins foi a julgamento e foi absolvido, mas o promotor entrou com recurso, levando o caso a uma nova instância. 

🤔 O argumento da acusação baseia-se numa interpretação bizarra de crime de ódio, sugerindo que se uma imagem requer reflexão para ser compreendida como sátira, então não pode ser permitida. 

🌍 Hopkins destaca que o fenômeno da censura está se espalhando por diversas "democracias ocidentais", não se limitando aos Estados Unidos. 

🗞️ O caso de Hopkins recebeu cobertura limitada da mídia tradicional, mas teve destaque em veículos de mídia alternativa. 

🎭 O autor ressalta a ampla abrangência dessas questões, citando exemplos como a polícia escocesa sendo instruída a reprimir discursos de ódio até mesmo em performances cômicas e peças teatrais. 

🚫 Hopkins alerta para a necessidade de conscientização sobre o fato de que as antigas regras não se aplicam mais diante dessas crescentes ameaças à liberdade de expressão. 

NOTA DESTE OBSERVADOR DISTANTE 

O neoliberalismo domina a justiça e, através dela, transfere para as mãos de poucos o Estado que esses mesmos neoliberais fingem combater. 

A (anti)cultura woke é o entretenimento, mas também é a "sutileza" (cuidado com as sutilezas!) para a aplicação social do "dividir para governar". 

Por isso, enquanto pautas identitárias são debatidas, a economia sai do debate e morrem as suadas conquistas das gerações anteriores. 

A invasão da justiça na política é o fim da "democracia ocidental", pois é uma ditadura em si mesma.