sábado, 30 de novembro de 2019

Metrô - Sândalo de Dândi (Áudio HQ)

Olha o Metrô de novo. Sândalo de Dândi. Outro grande sucesso da banda nos anos 80. A propósito, Virgine Boutaud cantava direitinho. Hoje não sei como está.

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

O pior governo da História

Os governos militares foram absolutamente danosos ao processo civilizatório, ainda que tenham alcançado êxito em alguns campos, como o econômico. O governo Dilma foi ruim, péssimo, horroroso, ainda que tenha tido bom êxito no processo civilizatório. O Governo Temer foi medonho, e em todos os sentidos.

Mas nada se compara ao governo Bolsonaro, um desastre completo em praticamente todos os sentidos. A exceção é a área de segurança, muito mais pela inércia de ações tomadas em outros governos, e muito menos pelas ações do próprio governo, que corta verbas, reduz recursos, e diminui capacidade de ação do governo, nessa, e em todas as áreas.

Em qualquer país do mundo o governo é um dos pilares promotores do crescimento econômico. Não há país em que o governo não incentive a economia, seja de uma forma, ou de outra. Pode ser com investimentos diretos, com encomendas governamentais, ou pode ser com incentivos de várias formas, como transferências de renda dos mais ricos aos mais pobres, como forma de aumentar o consumo, etc. Nesse sentido a única coisa que temos comprovada, é que o crescimento é diretamente proporcional aos investimentos governamentais, e o contrário também é verdadeiro.

Enquanto Paulo Guedes executa todas as políticas econômicas que no final das contas são lesivas à economia e à população quase que na totalidade, outras medidas, que conduzem a um Estado policial e de exceção, são paulativamente introduzidas na legislação brasileira, sob o beneplácito de uma imprensa, que em sua maioria é conivente com os rumos nefastos que o país toma, e de uma oposição que não entendeu, e em alguns momentos parece partícipe efetiva desse processo. O Judiciário? Esse, como sempre, tapa o nariz, e finge que não é com ele, quando não age efetivamente no sentido de apoiar todo esse caos.

E assim o Brasil perde todo o avanço conquistado duramente durante os Séc. XX.


sábado, 23 de novembro de 2019

VOCÊ ESCOLHEU ERRADO SEU SUPER-HERÓI AS FRENÉTICAS

As Frenéticas, com Você Escolheu Errado Seu Super-herói. O grupo acabou há bastante tempo, e das seis, duas já fizeram suas passagens, mas elas marcaram o final dos anos 70 e início dos 80. A interpretação, além das belas vozes, era sempre divertida e bem-humorada.

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Autocrítica ou não, eis a questão!

E ela é fudamental para mostrar quem você é.

Assim como o motivo desse post é para que os petistas parem de se expor de forma patética, como tenho observado ultimamente.

A desculpa estúpida de que ninguém pede autocrítica a partidos e políticos assumidos de direita, que comprovadamente, mesmo que sem condenação, tenham se corrompido, roubado, etc, simplesmente não cola.

A autocrítica não é uma lista de erros e acertos, e uma execração pública. A autocrítica é simplesmente reconhecer que se errou, apontar novos rumos, apontar novas saídas, novos modos de ação, e também de objetivos.

A autocrítica é pedida a quem esperamos tenha como objetivo melhorar, adequar as ações ao discurso, evoluir. É pedida a quem esperamos esteja afinado com nossos ideais.

Os partidos de direita, e os políticos citados nas baboseiras divulgadas pelos petistas não colam, porque não não têm parâmetro de comparação. "Tem que ser um que a gente mate antes de delatar"..."R$51mil num bunker", "tem que manter isso aí", "lista de Furnas", nada disso tem desculpa, ou autocrítica possível, e não importa se os responsáveis foram ou não presos.

Mas quando você diz que não é responsável por nada disso, mas andou o tempo todo metido com as pessoas que cometeram esses delitos; quando isso pode não ter sido cometido diretamente por você, mas sob sua passiva complacência; quando você diz defender uma causa, mas na prática defende mesmo é o oposto, então você precisa sim fazer uma autocrítica.

E autocrítica não é atacar apenas aqueles que divulgaram as falcatruas que você cometeu, ou permitiu, autocrítica é realmente mostrar uma mudança de rumo na sua ação, não modos de impedir que seus erros sejam apontados e combatidos.

Porque se você não fizer sua autocrítica, então não há nenhuma diferença entre você, e aquele que você diz ser seu opositor.



segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Comentário rápido sobre a Bolívia

Evo Morales sofreu um golpe de estado capitaneado pelos militares. Mas antes Evo Morales tentou dar golpes na sociedade boliviana, e se perpetuar no poder. Isso pode ter sido por sua incompetência e/ou falta de interesse em preparar outras lideranças no seu campo político. Seja qual for o motivo houve erro de Evo em sua estratégia, e principalmente ao executar seus planos, tanto assim que ele foi derrubado. 

O fato acima não indica preferência, mas tão somente que foi um golpe num golpista. A questão chave é que o primeiro golpista não tinha força nem política, nem social, e muito menos militar, para estar se aventurando a dar golpes no poder constituído desde a invasão européia do Séc. XVI.

Esses movimentos não são uma característica da Bolívia, mas sim das sociedades humanas. No Reino Unido recentemente, nos próprios EUA atualmente, vemos movimentos com tendências a destituir governos eleitos, mas que, de uma forma ou de outra, contrariam interesses já consolidados em suas estruturas.

Talvez em países mais avançado não, mas nos periféricos o resultado disso tudo costuma ser uma cisão violenta e sangrenta do país. A Bolívia beira a uma guerra civil, já que minorias indígenas não parecem dispostas a perder as conquistas dos anos de Morales no poder, enquanto que as elites brancas parecem muito dispostas a retornar o país às condições de duas décadas atrás, e o país está em profunda crise, a beira de uma guerra civil.

Tudo isso com interferência de igrejas absolutamente reacionárias, ligadas a interesses oligárquicos, e que pouco se importam com a sorte do povo que dizem "liderar" espiritualmente.

Mas já que isso tudo não é suficiente, temos claríssimos indícios de interferências de nações estrangeiras, mais notadamente dos EUA, mas nosso Brasil bolsonarista também fez o favor de meter a mão nessa cambuca suja de sangue, e enlamear ainda mais a reputação da diplomacia brasileira, e todo o trabalho que foi feito por décadas de aproximação e confiança com nossos vizinho sulamericanos.

No final quem sofre mesmo é sempre o povo.

Triste América Latrina, onde o esgoto sempre aflora com mais facilidade.


sábado, 16 de novembro de 2019

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Frente política a vista?

O Brasil pode ter uma nova frente política se concretizando. A união de PSB, PDT, REDE e PV pode vir a significar uma virada na política brasileira, ainda que eu tenha muitas restrições com alguns desses partidos, e principalmente com alguns dos políticos que estão envolvidos nisso. REDE e PSB tiveram várias oportunidades em que se mostraram muito pouco confiáveis em oportunidades muito recentes de nossa vida.

Isso não invalida a iniciativa, e pode até melhorar o debate político.

Mas não imaginemos que isso terá potencial para mudar os rumos do país. Quando a oposição está reduzida a 20% do poder político, isso significa que ela tem muito pouca condição para mudar qualquer coisa nos rumos do país. Então o primeiro obstáculo que essa coalisão terá, é o de reverter essa tendência, e no mínimo equilibrar o jogo.

E se o eleitor quer alguma coisa do governo, tem que parar de eleger a direita para o Congresso também, porque sem Congresso nenhum executivo governa.

PSB, PDT, REDE E PV NEGOCIAM ALIANÇA PRA ELEIÇÕES DE PREFEITO

A dar certo em 2020, o bloco tentaria marchar junto até 2022 em torno de Ciro Gomes

PSB, PDT, Rede e PV negociam uma aliança de centro-esquerda para 2020, em que as quatro siglas priorizariam apoios entre si para eleger candidatos a prefeitos das legendas
Na semana passada, um encontro em Brasília reuniu, entre outros. Ciro Gomes e Carlos Lupi pelo PDT, Randolfe Rodrigues pela Rede, Alessandro Molon e Carlos Siqueira pelo PSB e Luiz Pena pelo PV.
A dar certo em 2020, o bloco tentaria marchar junto até 2022 em torno de Ciro Gomes.

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Ainda sobre a soltura de Lula

Como esperado, após sua libertação, Lula fez um comicio, que acabou sendo rápido, mas que nos da algumas pistas das intenções do ex-presidente.

Importante notar que Lula fez um discurso com ar de que foi inocentado, mas o fato é que ele segue condenado em duas instâncias, e corre célere para a terceira condenação. Claro que sempre há a esperança de o STF, ou mesmo o STJ, rever a condenação, até porque não há nenhuma prova definitiva de que Lula recebeu o imóvel em questão, apenas indícios muito, mas muito tênues mesmo. Vale salientar que ele também segue inelegível.

E Lula mais uma vez mostrou que não aprendeu muita coisa com o cárcere.

OOOOHHHH!!!! COMO PODE FALAR ISSO?

Ora, é muito simples, não há mais espaço para algumas situações, exemplos delas é essa história de dormir bem, e os outros não, ou o perdão divinal que ele diz querer espalhar. Ora, você acredita mesmo que Moro ou Dallagnol perderam um únimo minuto de sono por tua causa Lula? O perdão também não é uma questão pessoal, mas institucional; crimes foram cometidos e não podem passar impunes. Isso não é a opção de alguém que diz querer construir um país, de alguém que diz querer Justiça, e ainda menos de alguém que diz ser um estadista, como Lula se acha.

Da mesma forma não se pode esquecer que já tentam rever a questão da segunda instância, porque tramitam no Congresso revisões aos textos constitucional e legal, com o intuito de que essa prisão passe a ser legal. Mas a cláusula que a impede é petrea na Constituição, então nenhum outro artigo poderá se contradizer a ela. Nosso STF vai ter peito de enfrentar isso? Eu duvido.

Lula também precisa se informar melhor, porque o governo de Bolsonaro não está na corda bamba, mesmo que seus filhos pareçam começar a perder terreno.

Por fim ele volta ao lugar comum de pobre ter dinheiro, ter comida, etc. Esse discurso é o mesmo que ele sempre fez, e ele mais uma vez mostra que isso não é mais o que o pobre quer ouvir.

Mais uma vez eu digo que ele não aprendeu nada, e que, mesmo que não volte para a prisão, a ideia dele é fazer o que já fez antes, e que terminou com um impeachment, e com a prisão do próprio Lula.

Se você ama o Lula, se você sonha com um paraíso na terra, ótimo, todos queremos isso. Mas não é  agindo exatamente assim que você chega a esse estado.

Paz e amor são importantíssimos, mas o Brasil precisa de um estadista de verdade, e um estadista precisa fazer coisas que o "paz e amor" não permitem.



"Eu voltei. Não quero vingança. Quero construir esse país"

Lula discursou este sábado no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. Dirigiu-se a Bolsonaro dizendo: "Estou de volta." E garantiu que não quer resolver nada da vida dele, quer lutar pelo povo brasileiro.
Lula discursa em são Bernardo do Campo
Lula discursa em são Bernardo do Campo
© REUTERS/Amanda Perobelli

O antigo Presidente brasileiro Lula da Silva disse este sábado que, quando da sua prisão em abril de 2018, poderia ter-se refugiado numa "embaixada, ou noutro país", mas decidiu entregar-se para provar "a mentira" contra si.
"Muitos de vocês não queriam que eu fosse preso, eu tive de vos persuadir a entender o papel que eu tinha de cumprir. Vou repetir o que disse naquele dia [da prisão]: quando um ser humano, tem clareza do que quer na vida, do que representa e tem a certeza do que os seus acusadores estão a mentir, então decidi entregar-me na Polícia Federal naquele dia", declarou Lula da Silva.

sábado, 9 de novembro de 2019

Lula solto? Muda algo?

Bem, Lula foi solto ontem, na esteira da decisão do STF sobre prisão em segunda instância. Isso se deve a decisão do STF de ontem, que precisou reunir sua plenária para decidir se a Constituição diz o que a Constituição diz. Chega a ser absurdo, surreal, mas essa era a discussão de ontem.

Pois bem, com essa decisão, coube à defesa de Lula solicitar sua soltura. Claro que medidas podem ser impostas, como apreensão de passaporte, etc, mas nada do histórico do ex-presidente indica que ele se utilizaria do expediente da fuga, numa tentativa de escapar de uma possível futura punição.

Mas se Lula voltará ou não para a prisão dependerá da movimentação, e das habilidades políticas do próprio Lula. Aqueles dentro do PT que ainda o apoiam irrestritamente já não são tão numerosos, e não são exatamente majoritários dentro do partido, e dos que dizem apoia-lo, uma parte significativa está sempre pronta a agir de forma diversa, mesmo que não o faça claramente. E quando falo em maioria, não me refiro a números, mas a influência sobre o eleitor comum.

Esse é o quadro político interno do PT, agora extrapolem isso para o país inteiro, com interferências  de potências estrangeiras, e com forças que, muitas das vezes, agem de forma obscura, e/ou escondida. Aí temos ideia das dificuldades que o ex-presidente terá para se restabelecer, ou até mesmo para passar o bastão.

Não importa que ele ainda esteja ativo, o fato é que, Lula, aos 74 anos de idade, já não tem todo o vigor necessário para empreender grandes desafios, e por mais que boa parte dessa estrada já esteja pavimentada, a conjuntura mudou muito desde os idos do ex-Presidente no poder, e Lula nitidamente não conseguiu se adaptar a essas mudanças.

Vejamos como ele vai se portar, porque com o PT sozinho, ou com PT liderando chapa nacional, não vai rolar mais. Ou se adapta, como aconteceu na Argentina, ou o campo progressista seguirá oposição.

A propósito, esse campo poderia agir como oposição, e parar de apoiar propostas absurdas, como a cessão da base de Alcantara, ou a destruição da Previdência, recentemente aprovada.

Metrô & Léo Jaime - Johnny Love [Reeditado HD]

Mais Metrô, dessa vez numa dobradinho com Léo Jaime, e a música é Johnny Love. Fez muito sucesso.

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Ex-economista do Banco Mundial fala em prol de reduzir a pobreza

Interessante entrevista de Martin Ravallion, ex-economista do Banco Mundial. 

O cerne principal é a redução da desigualdade e claro, da miséria, mas isso traz em si o germe do desenvolvimento econômico e social. Eu acrescento que não podemos ter em mente para esse desenvolvimento o modelo norte-americano e europeu (a própria Europa já revê muitos de seus conceitos de desenvolvimento), porque o planeta não suporta, mas há espaço sim, para um desenvolvimento sustentável, que propicie a melhoria de vida das pessoas, e que ainda assim preserve o planeta.

Por fim gostaria também de salientar que crescimento econômico sem distribuição de renda não é desenvolvimento, mas pura e simple depredação do planeta, sem que haja nenhum benefício à população em geral, mas apenas a uma pequena parcela dela.

“É preciso apagar a ideia de que reduzir a desigualdade é coisa de comunista”

Ex-economista do Banco Mundial, Martin Ravallion agora dá aulas em Georgetown. De família humilde, sofreu em primeira pessoa o impacto da pobreza antes de lutar contra ela


Martin Ravallion, fotografado em um hotel da Cidade do México.

Uma hora de conversa com Martin Ravallion (Sidney, 1952) é o mais parecido a um livro de macroeconomia aberto em duas páginas: a da desigualdade e a das falhas do capitalismo do século XXI. Pai da tabela de um dólar (4 reais) diário como linha global de pobreza quando era economista do Banco Mundial — onde anos depois dirigiu seu prestigioso grupo de pesquisa para o desenvolvimento —, é desde 2013 professor da Universidade Georgetown (EUA). Ravallion, instalado há anos entre os 100 economistas mais reconhecidos do mundo de acordo com a classificação do Ideas-Repec, sabe bem o significado da desigualdade: nasceu em uma família pobre, sofreu na própria carne o que significa viver com dificuldades e decidiu que “não queria ser pobre” nunca mais, como disse quando recebeu o prêmio Fronteiras do Conhecimento BBVA, em 2016. “Todos os meus papers são muito chatos”, diz rindo ao EL PAÍS pouco depois de dar uma conferência organizada pela Oxfam no Colégio do México. Não é verdade: o australiano é um dos especialistas que melhor explicam, com palavras ao alcance de todos, por que a iniquidade é um dos grandes problemas globais de nosso tempo.

Pergunta. A pobreza extrema caiu bastante nas últimas décadas, mas a desigualdade ofuscou essa boa notícia.
Resposta. A desigualdade global, entendida como aquela entre todos os habitantes do planeta e em termos relativos, também caiu. Não tanto como a pobreza, mas caiu. E isso é algo que costuma confundir as pessoas.
P. Cito um recente estudo do Banco Mundial, que o senhor conhece bem: “A queda na taxa de pobreza desacelerou, aumentando dessa forma a preocupação sobre a consecução do objetivo de acabar com a pobreza extrema em 2030”. O que está acontecendo?
R. Parte disso tem a ver com a desaceleração (econômica) na África e com o fato de que a redução da pobreza teve a ver em boa medida com o boom das matérias-primas, que se deteve. Mas são coisas que flutuam, e acho que não deveríamos ver isso como um grande problema: estamos no caminho, desde que não ocorra outra crise financeira global, para cumprir com o objetivo do próprio Banco Mundial de diminuir a 3% a pobreza extrema global em 2030. Ainda que, claro, não sou isento porque colocar esse número foi uma das últimas coisas que fiz no Banco Mundial (risos). Se traçarmos como meta o objetivo de desenvolvimento sustentável (das Nações Unidas) de “eliminar a pobreza” chegando a 0%, isso não ocorrerá sem uma grande mudança nas políticas: ao ritmo atual levará 200 anos.
P. Mas mesmo eliminar a pobreza extrema não quer dizer que deixarão de existir milhões de pessoas em situação de miséria.
“Gostaria que o capitalismo funcionasse para todo mundo. Não vejo isso acontecer”
R. De forma alguma. A linha de 1,90 dólares (7,5 reais) por dia é realmente baixa: imaginemos o pouco que se pode comprar com essa quantidade.
P. A desigualdade irrompeu na agenda, mas fala-se o suficiente dela?
R. Não, deveríamos falar mais e fazê-lo de maneira mais específica. Devemos nos centrar menos nas estatísticas e mais em aspectos concretos que possam atrair a atenção (da sociedade) e nos mobilizar à ação. Ainda que a desigualdade atraia maior atenção, a pobreza sempre dominou o debate. “Pobreza” é uma palavra popular e “desigualdade” não, mas, em parte, isso está mudando: a pobreza está se transformando em uma questão respeitável na literatura acadêmica e a sociedade é cada vez mais consciente.
P. A evolução recente na América Latina deve nos preocupar?
R. Sim. A situação da pobreza é muito melhor do que em outras regiões, como a África subsaariana, mas sua evolução está sendo pior. A desigualdade na América Latina é muito alta e isso é um problema, tanto ao crescimento econômico como à luta contra a pobreza. E a falta de consenso em relação a esse ponto é um grande problema: há muita complacência e muita falsa retórica. Toda a desigualdade é sempre ruim? Não, não é verdade. Há níveis de desigualdade que são positivos em termos de incentivos, ao crescimento e à própria redução da pobreza. Mas esse grau de desigualdade, como a desigualdade racial e de gênero, é inaceitável e devemos construir um consenso em torno disso.
P. Como?
R. É preciso mostrar mais às pessoas como a desigualdade é custosa. Não é somente ética e moralmente repulsiva: também é uma má notícia ao crescimento econômico. Se a desigualdade não é bem gerida não ocorre muito crescimento e não será possível aproveitar seus benefícios. Tudo está conectado.
P. Há um consenso quase total em torno à ideia de que a pobreza é negativa e deve ser combatida, mas não existe o mesmo consenso em relação à desigualdade. Por que alguns ainda veem na desigualdade um catalisador do crescimento?
R. Muita gente apela à ideia de que em um mundo sem desigualdade não haveria incentivos e, como dizia, há uma certa verdade nessa afirmação. Mas o objetivo não deve ser a desigualdade zero, e sim a pobreza zero. O objetivo deve ser um nível de desigualdade manejável, aceitável, que não se perpetue. Continuam existindo economistas que não prestam atenção às questões de distribuição de renda: nunca será possível fazer com que todos os economistas da academia concordem em algo. Mas não acho que alguém possa consultar a literatura disponível hoje e discordar do fato de que a desigualdade é um freio ao crescimento. Há 15 ou 20 anos, a maioria dos economistas pensava unicamente na eficiência e dizia que a desigualdade era positiva ao crescimento: novamente, depende dos níveis de desigualdade de que estamos falando, mas agora já são poucos. É significativo que o livro de economia mais vendido de todos os tempos seja um sobre desigualdade, O Capital no Século XXI, de Thomas Piketty.
“Continuam existindo economistas que não prestam atenção à distribuição de renda”
P. Qual seria a desigualdade “aceitável”?
R. Não sei: sabemos quando é muito alta, como em muitos países latino-americanos hoje, e quando é muito baixa, como na extinta União Soviética, na China anterior aos anos oitenta. E quando nos movemos na direção correta.
P. Pensemos em um índice como o de Gini. Em que ponto deveria estar a iniquidade para que fosse “manejável”?
R. Não focaria tanto nos índices, e sim nas causas: é preciso existir boas condições de saúde, creches e escolas decentes, os jovens devem poder estudar na Universidade e desenvolver todo o seu potencial... Essas são as coisas que verdadeiramente importam: é preciso focar mais nas políticas do que nos índices e nas taxas. Também apagar a ideia de que querer reduzir a desigualdade é coisa de comunista: eu gostaria que o capitalismo funcionasse para todo mundo. E não vejo isso acontecer.
P. A pergunta de um milhão: como podemos fazer com que o capitalismo funcione para todos?
R. Principalmente, assegurando que o campo de jogo fique muito mais nivelado: tentando minimizar a desvantagem das crianças que nascem em famílias pobres. E isso requer uma intervenção a partir das menores idades: precisamos de políticas que corrijam essa iniquidade desde o começo.
P. Mas acha possível um capitalismo que funcione para todos.
R. Sem dúvida. Não disseram que o capitalismo é uma ideia terrível, mas melhor do que as outras? Não adoro o capitalismo, mas acho que não há nenhum outro sistema que possa se equiparar à economia de mercado. Dito isto, o capitalismo de hoje não é o mesmo do qual falava Adam Smith: se tornou menos competitivo e muito mais dominado por monopólios. Deveríamos nos preocupar por isso: como é a concorrência na indústria tecnológica, por exemplo? As coisas que um capitalismo verdadeiramente competitivo pode conseguir são incríveis, mas para isso precisamos nos assegurar de que a concorrência se mantenha e que se lide bem com a desigualdade. E para isso são necessárias boas políticas.
P. Aprendemos com os erros de políticas públicas cometidos no passado?
R. Não. É muito frustrante ver a falta de atenção dada à avaliação das políticas. Em parte, porque quase todos os políticos não querem escutar que seus programas não funcionam bem e em parte porque muitas vezes os programas são muito inflexíveis. Avançamos muito nos programas de avaliação de impacto desses planos nos últimos 20 anos, mas o maior desafio é que isso chegue ao processo político. 

domingo, 3 de novembro de 2019

E o peixe se manifesta

E após muita polêmica sobre o peixe inteligente, nada melhor do que perguntar ao próprio. E ele imediatamente se manifestou.

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sábado, 2 de novembro de 2019

Metrô - Tudo pode mudar (Áudio HQ)

Após um bom tempo voltamos com música brasileira. Fizemos uma seleção que será publicada nos próximos 10 finais de semana, e para começar, Metrô! Tudo Pode Mudar, sonzinho do bom e velho Roque tupiniquim dos anos 80.