sábado, 29 de fevereiro de 2020

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

E finalmente disseram o que eu digo há algum tempo

O trecho abaixo foi retirado do artigo do El País, escrito por Eliane Brum. O trecho tem link para duas matérias do El País. A principal é o artigo onde o trecho está contido, e uma outra, que está em negrito e itálico, fala da intervenção militar na segurança do Rio durante o (des)governo de Temer. Farei apenas algumas poucas considerações ao texto principal, mas que considero extremamente pertinentes.

Todo o texto de Brum é perfeito, e a consideração que faço é a simples, e explica o motivo de vivermos de golpes e tentativas de golpes o tempo todo. A começar dos motivos que levaram à nossa "independência" de Portugal. Nessa época o país era dominado por grandes latifundiários, que apenas buscavam tirar a intermediação da Metrópole dos seus negócios agro-exportadores. Café no Sudeste, açúcar no Nordeste deram o apoio decisivo ao processo. 

Passadas algumas décadas tínhamos no poder um Imperador que mostrava vies moderno, que  dentro das possibilidades da época buscava diversificar nossa economia, e que acabou por enfrentar um golpe, chamado de "proclamação da república", quando atacou de forma mais dura os interesses do setor que já tinha promovido nossa "independência".

Em 1930 finalmente uma reação dos setores de vanguarda do Brasil, que assumiram o poder com um golpe, dado em cima de uma eleição fraudada. Washington Luís caiu, e assumiu Getúlio Vargas. Em 1932 a reação dos setores que mandavam no Brasil desde nossa "independência!. Eles foram derrotados, mas ao invés de Getúlio dissolver o poder dessas oligarquias, ele simplesmente reforçou e concentrou ainda mais o poder econômico nas mãos dessa parcela ínfima da população.

Finda a Segunda Guerra Mundial Getúlio foi deposto, e um arremedo de democracia se instalou. Arremedo sim, porque sempre que essa oligarquia perdia as eleições as ameaças de golpe se seguiam. Isso se concretizou em 1964, quando o país mergulhou em 21 anos de destruíção do tecido social e cultural do país, quando serviços públicos e o sentimento de cidadania e nação começaram a ser atacados.

A "redemocratização" foi uma grande farsa. O acordo que levou à Constituinte e aos quase 30 anos de eleições livres sempre foi frágil, e sempre pairou sobre ele a sombra dos 21 anos precedentes. Lula, para assumir, teve que escrever uma "carta ao povo brasileiro", e mesmo que isso não tenha sido nenhum problema para ele, já que efetivamente nunca se contrapôs aos mandatários do país, o fato deixa clara a tutela exercida por essa oligarquia, e a submissão que parte dos que se dizem oposição a ela se submete.

Com esse quadro é difícil impedir, por meios democráticos, o aparecimento e crescimento de forças que busquem desestabilizar nosso frágil pacto social, sempre em prol da oligarquia estabelecida, porque em momentos de maior calma essas forças são sempre suportadas e apoiadas por essas oligarquias, para serem usadas quando assim o julguem necessário. 

Foram os casos de Temer e de Bolsonaro. Se tivessem sido previamente eliminados da vida pública, já que não faltavam provas de seus desvios, e seus movimentos estariam cortados antes mesmo de começarem. Mas quem iria cortar suas tragetórias enquanto apenas começavam, mas quando já mostravam potencial para o que fizeram? Ora, ninguém, porque todos estão mancomunados debaixo do mesmo pacto.

O trecho abaixo, e o texto completo do artigo de Brum é o que digo no Blog dos Mercantes há bastante tempo, mas só terá solução quando as pessoas tiverem peito de enfrentarem a estrutura vigente no Estado Brasileiro. A revolução brasileira precisa visar apenas quebrar essa estrutura social-política brasileira, de forma a levar o país a explorar todas as suas reais potencialidades, porque o Brasil de 2020 ainda não saiu de 1822.

Assim como Brum eu não sei se isso será feito operando retroescavadeiras, mas também como ela atesto que ninguém mais, além dos Ferreira Gomes, tem enfrentado toda essa situação com a dureza que ela precisa ser enfrentada. E por enquanto ninguém apareceu com uma solução melhor que a deles (já que a papagaiada do Estado de Direito já se mostrou ineficaz inúmeras vezes ao longo de nossa história), então é a deles que segue valendo.

E quem pensa que não pode ter golpe (ou auto«golpe), então reveja suas posições, porque ele não apenas é possível, como está em andamento. E quem acha que isso seria feito por um projeto de Brasil está redondamente enganado, já que o projeto é para apenas 1% da população, e se os outros 99% vão se estrepar de vez, eles não estão nem aí. Ou isso é mais uma coisa que vocês não entenderam?


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

A retroescavadeira e as balas

Semana passada tivemos o episódio surreal de policiais amotinados atacarem a população, outros colegas policiais, espalharem o terror, e depois se entrinchirarem num quartel local. Um Senador da república se deslocou até lá para negociar e trazerem as coisas de volta a normalidade, até porque não havia nenhum motivo legal, lógico,ou mesmo justificável, para os crimes praticados pelos policiais. Sim, porque foram crimes, e muitos.

Pois bem, o Senador agredido, tomou de uma retroescavadeira, que eu não sei o que fazia ali, e derrubou o portão. Alguns amotinados atiraram nele. Dois tiros acertaram seu peito, e pasmem, saiu sangue.

O resultado disso tudo foi um imediato endurecimento do governo estadual quanto as ações dos amotinados, um desbaratamento imediato e duro do movimento e, segundo consta, a morte no nascedouro de outros movimentos que se iniciavam em outras unidades da federação.

Quem está certo? Quem está errado?

Ora, a conta disso é muito simples. O Senador da República não lidava com profissionais em greve - o que já seria uma ilegalidade, e um crime militar, já que a Constituição os veda tal direito - mas também lidava com pessoas que aterrorizavam uma cidade (não foi a única), que obrigavam comerciante a fecharem as portas, que destruíram patrimônio público, que destruíram patrimônio privado, que ameaçaram as vidas de pessoas, e de policiais. Em outras palavras, bandidos, terrroristas.

Num caso desses cabe à sociedade e seus líderes reagirem a altura, com os meios, e com a força necessária para que cessem os atos de vandalismo, de destruíção, e ameaça à população.

Foi o que o Senador da República fez.

E os criminosos aumentaram seus crimes com uma clara tentativa de assassinato. Não houve nenhuma ação de legítima defesa por parte deles, já que quem cometia crimes eram eles, quem ameaçava as pessoas eram eles, quem depredava patrimônio eram eles, quem provocou toda a situação foram eles. 

A legítima defesa é um artifício que pode e deve ser utilizado para impedir que alguém cometa um crime contra você, e deve ser exercida dentro de limites razoáveis de força, que sejam suficientes para impedir o dano. Ela não se aplica quando você provoca a situação.

O Senador da República talvez não fosse a autoridade, ou o agente competente para tomar a atitude tomada, mas não se via nenhum outro agente agindo para que se parassem as tresloucadas ações dos marginais.

Para quem não entendeu, o Brasil não está em normalidade institucional ou democrática. As últimas eleições foram claramente fraudadas, seja com o uso abusivo do poder econômico, seja com o disparo em massa de mensagens nas redes sociais, seja pela retirada de um candidato da corrida presidencial através de uma sentença dada a toque de caixa, cheia de vícios, sem nenhuma prova. O país segue convivendo com decisões estapafúrdias por parte do poder Judiciário, com juízes legislando em cima de questões há muito consolidadas, que insistem em mudar o entendimento e a base do Direito brasileiro, de forma muitas vezes criminosa.

Talvez uma parte da classe média goste disso, mas a população em geral vem sendo vilipendiada, saqueada, desrespeitada, e vê seus direitos e conquistas ruírem dia a dia. Já passou da hora de alguém colocar um freio nessa avalanche de absurdos que vêm ocorrendo no Brasil. O resto são filigranas de uma direita e de uma esquerda que pensam que o esgoto a céu aberto que corre no país se resolve com um pouco de perfume.


sábado, 22 de fevereiro de 2020

Vincent Vinel - Lose Yourself(Eminem)

Mais uma grande interpretação. Vincent Vinel cantando Lose Yorself. A música original é de Eminem, mas Vinel dá show e não apenas mantém, mas dá melhora o tempero do que já era bom.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Desemprego é muito maior do que o anunciado

Entenda porque eu digo que o desemprego é muito maior que o anunciado pelo governo Bolsonaro. E diferente do que dizem alguns economistas, não é apenas o PIB e "a massa salarial" que vão influenciar no crescimento da economia, mas acima de tudo a distribuição desse PIB, e dessa massa salarial.

No caso do Brasil tanto o PIB, quanto a massa salarial até têm apresentado uma leve tendência de alta, mas ela acaba por se concentrar nas mãos de muito poucos, o que acaba por fazer refletir quase nada na recuperação econômica. Se pensarmos na retomada  do emprego, aí então é que esse crescimento é praticamente nulo, porque se concentram nas mãos de muito poucos.

Sobre emprego o Economista Ladislau Dowbor foi bastante preciso em sua análise.


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

O absurdo custo do Brexit

A saída da Inglaterra da Comunidade Europeia já custou a impressionante cifra de £ 130bi, aos quais devem ser acrescentados mais £ 70bi, o que somará a impressionante soma de £ 200bi. Essa bagatela atinge a ridícula marca de  R$ 1,124 Trilhões.

Apesar de alguns políticos britânicos dizerem o contrário, a saída da Ilha do Bloco Europeu tem possibilidade de se tornar um desastre ainda maior, e criar uma catástrofe na economia do Reino. Contratos comerciais, fluxo de capitais, etc, tudo pode ser seriamente prejudicado após a decisão dos súditos de Elizabeth.

Claro que sempre existe uma chance de que as coisas se desenrolem de forma diferente, mas tendo em conta os últimos movimentos da política ilhéu, de suas conexões internacionais, de seus movimentos comerciais mais relevantes, e o desenrolar da política e do comércio mundial, a tendência é que a crise se instale novamente por lá, e de forma pesada.

Não existe governo ou ação que não tenha ideologia entranhada nela, mas às vezes há que se pensar além da ideologia quando se age. £ 200 bi já são certos, quantos £bi mais eles vão perder, seu povo irá perder?

E no Brasil isso é parecido. A ideologia se sobrepondo ao bom-senso. 

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

ENEM, Domésticas, e Capitão Adriano

Os despautérios largados por Weintraub sobre os problemas ocorridos durante o último ENEM, e que tiveram início quando alguns jovens que participaram das provas começaram a reclamar em redes sociais de erros nas correções, apenas mostram a incapacidade do Ministro da Educação para ocupar a Pasta. Na verdade, para ocupar qualquer Pasta.

O problema das domésticas e Paulo Guedes

Não é de hoje que membros desse governo falam que o povo tem que escolher entre mais direitos e menos empregos, ou menos direitos e mais empregos. Isso não é um projeto de país, muito menos de Nação, isso é um projeto de uns poucos abastados que pensam apenas em seus ganhos imediatos, e não têm nenhum compromisso com o território, e muito menos com a população que o ocupa.

Paulo Guedes não falava de domésticas, essa classe de trabalhadoras (majoritariamente são mulheres), em nenhum momento recebe o suficiente para os luxos de viagens internacionais, ele falava era da chamada classe média. E claro, como sempre nesse governo, falou fora do tom, fora do contexto, e foi desnecessariamente agressivo.

Mas mesmo com toda a agenda econômica criminosa que está sendo aplicada, a relação estapafúrdia que eles fazem entre direitos x empregos não se aplica. Os direitos são tirados a toque de caixa, e os empregos não aumentam.

A propósito, trabalho informal e/ou aviltado, não é emprego, é bico.

Capitão Adriano

Aqui temos um ponto bastante sensível no atual cenário político. A morte do ex-Capitão da PM do Rio de Janeiro, e acusado de chefiar uma facção criminosa de cunho miliciano, conhecida como "Escritório do Crime", levanta muitas suspeitas, ainda mais depois que começaram a ser divulgadas informações de que a morte tem claros sinais de execução, como ângulo dos tiros, distância dos mesmos, etc.

Toda a movimentação que antecedeu a morte do ex-Capitão Adriano é muito suspeita, e as circunstâncias o são ainda mais.

Como tudo nesse Brasil o fato será varrido para baixo do tapete. O problema é que esse monte de lixo embaixo do objeto de decoração já faz um grande calombo, com potencial capacidade para provocar a queda de ocupantes dessa casa, porque sempre existe a possibilidade de que um dia os reais donos da casa resolvam realmente fazer uma faxina, e aí a imundice toda poderá ser encontrada, e também cobrada. provocando crises ainda mais profundas do que as que ora vivemos.

P.S. um pouco depois de escrever esse post vi, talvez, a melhor definição do Ministro Paulo Guedes. Essa definição veio de Josias de Sousa, no Jornal da Gazeta. Disse o jornalista; "um caso de incompetência. Se Paulo Guedes fosse uma empregada doméstica, seria do tipo que coloca sal, numa lata de açúcar, onde está escrito "café"."

O problema é que ele é o todo poderoso Ministro da Economia.


sábado, 15 de fevereiro de 2020

Daria Stavrovich ( «Nookie») - «Zombie» (The Cranberries - Zombie cover)...

Em  homenagem ao The Cramberies, e à saudosa Dolores O'Riordan, Zombie. Além de ter sido um de seus maiores sucesso, também marca a dor que Dolores sentia. A apresentação foi de Daria, no The Voice Russia.



sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Nazismo não é um momento, é um elemento da sociedade

O texto de Rubens R. R. Casara, Juiz do TJRJ, é bastante sucinto, de fácil leitura, mas ao mesmo bastante denso em seu âmago. A rápida análise do que foi o Nazismo é bastante esclarecedora, principalmente quando se refere aos sistemas jurídicos e cultural (aqui em seu sentido mais amplo).

Mas se por um lado o texto é primoroso nessa parte, ele toca apenas superficialmente em outras. Um exemplo é que constata a criação de uma série de conceitos e técnicas usadas no mundo corporativo e empresarial atualmente, e que foram retirados diretamente do regime de Hitler. Também mostra que o pensamento Nazista está sempre presente na nossa sociedade.

E aqui, a meu ver, e o texto comete duas falhas. A primeira é que não deixa claro que o Nazismo não nasceu Nazismo. O regime cresceu e se instalou com amplo apoio da sociedade, que perseguia, um a um, aqueles indivíduos ou grupos que lhe faziam oposição, até que toda ela foi silenciada, ou exterminada. Hitler não assumiu já ordenando a queima dos livros, ou dando início da II Grande Guerra. Foi um processo paulatino, que de início até tinha um ar de "endurecimento democrático". Ou seja, as ideias foram sendo lançadas, recebendo os apoios, e só depois executadas. Sobre isso tem um ótimo filme que sugiro seja visto.

O outro ponto que o texto não é claro é no sentido de prevenção a estas situações. Sabemos que muitos dos atos presentes e passados de membros do atual governo, e principalmente de seu chefe, são criminosos. Na verdade muitos cometem esses atos há tempos. Se tivessem sido tomadas providências no devido tempo, a situação atual não seria essa.

Agora, nisso o texto é perfeito: "Uma das desculpas à inércia diante do agigantamento do Estado Nazista era a de que as pessoas desconheciam que aquele projeto político levaria ao holocausto e à destruição humana em escala industrial. Hoje, essa desculpa não pode mais ser usada". Apenas por esse motivo eu gostaria de saber o motivo de não ter sido tomada providência no devido tempo?

E também gostaria de saber por que não se tomam as providências necessárias já?

O fato de que esse pensamento sempre estará entranhado em qualquer sociedade, não invalida o fato de que para ele se manifestar como movimento político são necessários líderes. Esses líderes têm que ser extirpados antes de poderem organizar e mover suas massas.

Como sempre o link para o texto completo está no título abaixo. Não é muito grande e vale a pena ver.

Mulheres fazem saudação a bandeira nazista na Alemanha dos anos 1930 (Foto: Gamma-Keystone/ Getty Images)

Acreditar que os crimes e a barbárie nazista foram obras de monstros e loucos, de uma época e de um país distantes, é algo que conforma e tranquiliza as consciências. Todavia, não faltam sinais a apontar o equívoco dessa crença. Em importante pesquisa, publicada em 1950, Theodor Adorno, Daniel Levinson, Nevitt Sanford e Else Frenkel-Brunswild revelam que as convicções políticas, econômicas e sociais de grande parte da população norte-americana eram muito próximas da visão de mundo dos alemães que aderiram ao nazismo. Não se pode, ainda, ignorar a recepção calorosa que diversas personalidades de países como os EUA e o Brasil deram aos discursos e posicionamentos políticos de Adolf Hitler antes do início da Segunda Grande Guerra.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

É muito mau-caratismo

A Gazeta do Povo, e uma série de outros meios de comunicação da mídia tradicional, dizem que a crise argentina é o que vai segurar o crescimento do PIB brasileiro. Claro, existem outros problemas, tanto reais, como potenciais, mas para esses meios de comunicação o país vizinho será o grande vilão.

Cerca de 55 milhões de pessoas. Esse é o número de brasileiros desempregados, subempregados, ou vivendo de bicos e biscates. Se somarmos a eles outros 45 milhões que tiveram salários e direitos tirados e achatados, e ainda seus agregados familiares, então temos mais que uma Argentina potencial em mercado consumidor.

Em vez de transformarem esses milhões de pessoas em cidadãos e consumidores, preferem colocar a culpa nos outros por suas inações, desvios, e incompetências.

Enquanto isso a economia patina sem sair do lugar, e a população se vê sem perspectiva de um futuro melhor e digno. E isso pode ser feito sem contar com a sorte e os humores internacionais, basta pensarmos realmente grande, e agirmos pensando no Brasil e em seu povo, e não numa minoria que já tem muito mais do que aquilo que realmente necessita.

Por Vandré Kramer
[13/08/2019] [20:03]
 
Casa de câmbio em Buenos Aires mostra as cotações das principais moedas comercializadas na Argentina| Foto: Tonaldo Schemidt/AFP
A crise na Argentina já está tendo pesados reflexos no Brasil: as exportações para lá caíram 40% nos sete primeiros meses do ano, comparativamente a igual período do ano passado, segundo o Ministério da Economia. E a situação pode se tornar mais complicada, após a vitória da chapa de esquerda - de Alberto Fernández e Cristina Kirchner - nas primárias presidenciais realizadas no último domingo.

A reação no mercado financeiro foi imediata. O peso argentino derreteu 19,1% desde a sexta-feira e deve pressionar ainda mais a economia enfraquecida.

Segundo o banco de investimentos Itaú BBA, a incerteza eleitoral e a instabilidade financeira vão ter impactos negativos sobre a demanda doméstica argentina e pressionar mais a inflação. Na semana passada, o banco de investimentos projetava que o PIB argentino fecharia este ano em baixa de 1,4% e a inflação bateria nos 40%."
Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/crise-argentina-segura-brasil/
Copyright © 2020, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Ciro Gomes: “Sou um nacional desenvolvimentista’’

Marco Antonio Villa fez uma excelente entrevista com Ciro Gomes. Deixou de lado as polêmicas desnecessárias e extraiu do entrevistado aquilo que ele tinha a dizer, sobre temas importantes para as duas próximas eleições, e também para a economia e a política nacionais.


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Nazismo e racismo não são opiniões, são crimes

Roubei o título desse post do texto abaixo, mas vivo dizendo exatamente isso. A questão é: quando as autoridades começarão a tratar isso como os crimes que são?


Racismo não é opinião



Asenadora Liliana Segre tem 90 anos. Em 1944, quando tinha 13 anos e fazia trabalho escravo numa fábrica em Auschwitz, foi deportada numa das marchas da morte. Das 776 crianças italianas com menos de 14 anos que foram enviadas para Auschwitz, apenas 25 sobreviveram. Liliana foi uma delas.

O dia 27 de janeiro é celebrado como o Dia da Libertação, o Dia Internacional da Lembrança do Holocausto. Foi nesse dia que as tropas soviéticas chegaram a Auschwitz e se depararam com os horrores perpetrados pelo nazismo nos campos de concentração. Não foi o dia em que todos os judeus foram libertados, muitos tiveram de esperar ainda longos meses. Não foi igualmente o dia de libertação de Liliana Segre, que só chegaria mais tarde, mas foi ela que neste ano, no 75.º aniversário do dia da Libertação, veio contar a sua história.



Desde novembro do ano passado que Liliana Segre é obrigada a ter proteção policial. Tudo começou quando começou a receber todos os dias dezenas de mensagens de ódio e ameaças através das redes sociais. Um ódio crescente em Itália e um pouco por toda a Europa.

Para uma sobrevivente do nazismo, o regresso desse ódio é um sinal vivido com muita preocupação. A sua história e de tantos milhões de pessoas que passaram pelo mesmo que ela, muitas delas sem sobreviver, deveria ser o antídoto para qualquer renascimento do ódio étnico e racial, mas, infelizmente, os tempos que vivemos começam a dar sinais de que ninguém está poupado, nem mesmo as vítimas do maior crime contra a humanidade.

O nazismo não se fez de um dia para o outro. Precisou de muitos anos, precisou de muitas vozes caladas, de muito medo. Precisou de uma total falta de dignidade e da insensibilidade de milhões de pessoas ao sofrimento de outras pessoas como elas. Precisou de uma estratégia afinada de criação de "inimigos". Precisou de silêncio, de muito silêncio.

Estes 75 anos deviam servir-nos para mostrar como há horrores da história que não podem ser repetidos, seja qual for o tipo de intensidade. E que o respeito pela humanidade não pode permitir nenhum tipo de cedência. O branqueamento do nazismo tantas vezes feito, assim como o branqueamento do racismo, não pode ter lugar em sociedades democráticas. Mas, infelizmente, este exercício começa a ser cada vez mais comum.

Ainda nesta semana assistimos em Portugal à discussão das declarações de André Ventura sobre Joacine Katar Moreira em espaço público. Uma discussão que assentou no pressuposto mais errado de todos: que as palavras de Ventura são opinião. Não são. Nazismo e racismo não são opiniões, são crimes. Ora, a discussão a que assistimos em Portugal traduziu-se nesta preocupante tendência de naturalização da ofensa racista, de valores que em última instância são mais propícios a sociedades fascistas. Em vez de ludibriar os factos, precisamos de enfrentá-los, venham com botas cardadas ou com pezinhos de lã...

Eurodeputada do BE


quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Passagem de Kirk Douglas

Por mais que o ser humano resista, o tempo passa para todos, e o fim da matéria é inevitável. Com 103 anos o "Spartacus" Kirk Douglas fez sua passagem.

Descanse em paz, porque mais que da época de ouro do cinema, você foi ouro, e merece a admiração de todos.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Por que existe miséria?

A entrevista é ótima, e dá muito pano pra manga, além de material para pensarmos. Como sempre o link para a entrevista completa está no título da matéria, e vale muito a pena ler.



Economista explica que é preciso “orientar a economia para o bem-estar das famílias, não para o bem-estar dos mercados que geram mais Wall Street e paraísos fiscais"

PATRICIA-FACHIN
Instituto Humanitas Unisinos

São Paulo (SP) (Brasil)
16 de jan de 2020 às 20:22


O crescimento das desigualdades no mundo, o agravamento da crise climática, o caos político generalizado e a projeção da Organização das Nações Unidas – ONU de que em a população mundial chegará a 9,7 bilhões de pessoas exigem uma reorientação do sistema político-econômico global. Na prática, isso significa, entre outras coisas, que é preciso “orientar a economia para o bem-estar das famílias, não para o bem-estar dos mercados que geram mais Wall Street, mais paraísos fiscais e coisas do gênero”, diz o economista Ladislau Dowbor à IHU On-Line.

Ao propor uma mudança na governança global, ele acentua que um dos principais desafios da economia neste século é resolver o problema das desigualdades. Somente no Brasil, informa, 206 bilionários “aumentaram as suas fortunas em 230 bilhões de reais” no último ano, em que a economia esteve praticamente estagnada. Enquanto isso, lamenta,programas sociais como o “Bolsa Família consomem 30 bilhões”. No atual estágio do capitalismo, assegura, “não há nenhuma razão para haver miséria no planeta. Se dividirmos os 85 trilhões de dólares que temos de PIB mundial pela população, isso equivale a 11 mil reais por mês, por família de quatro pessoas. Isso é amplamente suficiente para todos viverem de maneira digna e confortável”.

Na entrevista a seguir, concedida por WhatsApp à IHU On-Line, o economista também comenta a proposta do papa Francisco de que jovens economistas reflitam sobre as possibilidades de desenvolver uma “economia diferente”, que “inclui”, “humaniza” e “cuida da criação”. “Nós temos que ampliar o debate e essa é a motivação central do Papa nesse processo, porque estamos enfrentando um caos político generalizado, e a desigualdade, em particular, gerou uma imensa insegurança nas populações”, pontua.

Programas sociais como o “Bolsa Família consomem apenas 30 bilhões, numero pequeno quando comparado com 230 bilhões ganho pelos super ricos

Ladislau Dowbor é doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP. Além disso, é consultor de diversas agências das Nações Unidas.

Confira a entrevista.

IHU On-Line — Como o senhor interpreta a convocação do Papa para que jovens economistas reflitam sobre as possibilidades de uma nova economia?

Ladislau Dowbor — O fato de chamar jovens ajuda muito, pois temos que investir na generalização de novas visões. Estão também convidando diversos países, o que é muito bom, pois tem país rico, pobre, e pessoas de diversas áreas que, evidentemente, não são apenas economistas, mas pessoas das ciências sociais, engenheiros, empresários. Ou seja, é um ambiente que permite construir novas visões. Nós temos que ampliar o debate e essa é a motivação central do Papa nesse processo, porque estamos enfrentando um caos político generalizado, a desigualdade, em particular, gerou uma imensa insegurança nas populações e essa insegurança está sendo aproveitada por demagogos do tipo [Donald] Trump, [Jair] Bolsonaro, [Recep Tayyip] Erdoğan, na Turquia, e [Rodrigo] Duterte, nas Filipinas; o caos está se generalizando. Nós precisamos — no sentido mais forte — construir novos caminhos, porque esse sistema não está funcionando.

domingo, 2 de fevereiro de 2020

Política e a anti-política do governo Bolsonaro

Os últimos dias foram marcados por mais desgastes do governo Bolsonaro. O problema é que, diferente do que diz, o governo Bolsonaro não quer pacificar o país, mas sim impor uma visão de Estado e Sociedade que não contempla a todos, e pior, que exclui a muitos. Em outras palavras, é um governo de raiz basicamente ditatorial. Por isso Bolsonaro renega a política, e fala em "nova" política. Na verdade, isso de novo não tem nada.

Mas todo governo não é autoritário, todo governo não impõe condições e visões de Estado e Sociedade?

Sim e não.

Sim, porque uma vez definido um caminho, então é dever do Estado levar com que todos percorram este caminho, criando condições que isso ocorra, com o menor nível de danos possível aos cidadãos.

Mas não, porque não é o Estado quem tem que definir o caminho, mas sim a Sociedade, através de um amplo debate, em que todos sejam realmente ouvidos, em que acordos sejam feitos, em que todos ganhem, mesmo que parte perca um pouco. Após esse acordo definido, aí sim cabe ao Estado impor o caminho a ser trilhado.

E isso é o que caracteriza a Democracia. Por isso eu digo que o Brasil não vive, e nunca viveu na Democracia, mas apenas num arremedo patético dela, porque nunca foram celebrados acordos, porque sempre só um lado perde, ainda que eventualmente ganhe algo, mas há um lado que só ganha, e nunca perde nada.

É como o caso da Destruição da Previdência, quando o lado que só ganha decidiu acabar com a Previdência, para que eles pudessem ganhar ainda mais. Bem, foi promovido um arremedo de debate, onde se fingiu ouvir o outro lado, porque por mais que se mostrassem várias saídas, várias opções nenhuma delas foi nem sequer considerada, porque a decisão já havia sido tomada.

De vez em quando, o lado que só ganha cansa de fingir democracia, e aí vemos 20 anos de regime militar, Bolsonaro, etc.

A tentativa patética de Regina Duarte em pacificar a classe artística é um grande exemplo. Ela assume um Secretaria de Cultura do Governo, e faz um cartaz colocando as fotos de inúmeros artistas, numa patética tentativa de mostrar coesão e apoio. O problema é que ela não chamou ninguém para conversar, ela não desfez todo o mal estar criado por seu chefe, ela não indicou nenhuma mudança de rumo na política desastrosa, na forma desrespeitosa e irresponsável como a Cultura e os artistas estão sendo tratados por esse governo. O contrário é só se estiverem submetidos ao viés ideológico do próprio governo.

Claro e óbvio que isso não daria certo, porque não há discussão, não há acordo, há apenas a tentativa do governo de impor a visão de um lado minoritário (diferente de minoria) da sociedade. As reclamações e os desmentidos foram tantos, que a coisa para variar degringola.

A questão da reunião de Bolsonaro com alguns artistas também. Uma opinião de parte pequena é colocada em pauta, e são usadas as imagens de vários artistas para tentar angariar apoio a essa causa, mas à maioria deles nem mesmo se perguntou se o tema tem seu apoio. Claro que não pode dar certo.

E isso se expande pela Economia, Justiça, Política Externa, etc.

Bolsonaro e seu governo não fazem política, eles fazem a anti-política. Eles buscam impor visões de mundo, que não têm ampla adesão nem mesmo de seus apoiadores mais diretos. Discussão? Isso não existe, por isso tanta decisão, desistência, outra decisão, tanta crítica, tanto atraso, e tanto tempo perdido.

Para um país quatro anos podem não ser nada, para uma geração pode ser a diferença entre uma vida produtiva e plena, ou desesperada e desperdiçada, para uma pessoa pode ser a diferença entre a vida e a morte.

sábado, 1 de fevereiro de 2020