domingo, 29 de junho de 2025

Rússia avança sobre a Ucrânia em meio ao abandono Ocidental

Pessoal, a crise no Oriente Médio tem chamado a atenção do mundo, e dedicamos nossos últimos vídeos a essa crise. Já a crise no Leste europeu parece ter ficado em segundo plano. O quadro realmente mudou, e o Ocidente, que dava todo o apoio possível aos ucranianos, redirecionou esse apoio para Israel. 

Sim, desde a diminuição drástica do suprimento de munições, passando pelo desvio de mísseis que tinham destino o Leste europeu e foram parar no Oriente Médio, e chegando mesmo a retirar sistemas de lançamentos de mísseis e de artilharia antiaérea. Agora diz que pode levar novamente esses sistemas à Ucrânia. Zelensky já acusou o golpe, fez um chamado à atenção, e já subiu o nível do discurso, quando reclamou do abandono por parte do Ocidente. Bem, o fato é que os russos estão se aproveitando bastante da situação. 

Depois da estupidez de terem atacado parte da tríade nuclear russa, os ataques ao território ucraniano já tinha aumentado bastante, e agora com retirada substancial do apoio Ocidental, várias cidades ucranianas têm sido bastante castigadas, principalmente Kiev. E os russos nem estão precisando usar os mísseis caros, porque drones baratos chegam a seus alvos impunemente. Nas regiões em disputa a Rússia tem avançado com velocidade, e na criação de uma buffer zone também, tanto que Sumy já está bem próximo da linha de frente de combate. 

Putin também resolveu se posicionar pessoalmente contra a NATO, e se no início poupava as posições estadunidenses, agora tem incluído o EUA em suas críticas. O próprio Putin resolveu interferir no processo, e afirmou que espera que se chegue a um acordo com os ucranianos, mas se isso não ocorrer eles tomarão toda a Ucrânia. 

Não, os russos não querem governar os ucranianos, principalmente os que habitam o Oeste do país, que eles sabem que têm uma russofobia incrustada e incentivada nos últimos anos. Mas isso não impede que ele tome o território e imponha restrições severas ao governo que venha a se instalar por lá. O que ele diz claramente com essa fala é: façam o acordo e mantenham muita autonomia, só não podendo nos ameaçar de forma alguma. A alternativa é vocês terem uma autonomia muito, mas muito mais limitada.

A situação apresenta uma encruzilhada ao Ocidente. Mesmo com apoio a Ucrânia tem sido incapaz de deter os avanços russos, e apesar de mais rápido agora, os avanços seguem "lentos e seguros". A verdade é que enquanto o conflito e os combates seguem, os russos não só tomam território e minam as condições ucranianas, mas minam o próprio Ocidente, que afunda numa crise autoimposta devido a forma errada e truculenta com que lidam com um problema criados por eles mesmos.

sexta-feira, 27 de junho de 2025

Cessar-fogo no Oriente Médio não resolve nada

Pessoal, vamos fechar por algum tempo essa questão do Irã, e para isso vamos cobrir algumas lacunas que parecem ter ficado abertas. 

Começamos com a questão da guerra em si. Sim, o Irã foi bastante castigado durante os 12 dias de bombardeios, mas Israel foi mais, e o foi porque é um país muito menor, e até por isso acaba por ser menos resiliente a este tipo de enfrentamento. Isso fica ainda mais sério se pensamos na população, já que a israelense não tem nenhuma resiliência para enfrentar uma situação dessas. Tanto que Israel tinha solicitado um cessar-fogo negado pelo Irã, que afirmou várias vezes que pararia seus ataques quando Israel parasse os dele. Trump pressionou Israel quando anunciou seu cessar-fogo, não o Irã. 

Outro ponto importante a ser contemplado é o fato de que ambos alegam vitória. Bobagem. Israel perdeu, o Irã teve um vitória parcial e logo vocês entenderão o porquê. Israel perdeu por não ter atingido nenhum de seus objetivos: o governo do Irã não caiu, e o programa nuclear do país foi muito pouco prejudicado, ainda afastou a Agência Internacional de Energia Atômica e deve sair do tratado de não proliferação de armas em breve. Também temos que o Irã aumentou a coesão interna e desbaratou várias redes de espionagem e sabotagem que eram mantidas em seu território por Israel.

Já o Irã teve uma vitória parcial por dois motivos. O 1º é que Israel segue na região, segue sendo um inimigo temível, e deve voltar a incomodar os iranianos em futuro, talvez não tão distante. O 2º é que não houve uma rendição israelense, e o Irã não pode impor nenhuma condição aos israelenses. 

Quanto aos dois lados cantarem vitória, bem isso acontece porque não houve um fim, não há uma solução para o conflito, e mesmo o cessar-fogo não foi uma negociação, mas uma imposição de Trump, principalmente a Israel. 

Mas a questão principal para o planeta segue ainda mais insolúvel, já que Israel nunca parou os ataques aos palestinos, os combates esquentaram entre os dois lados, e vemos Israel agora buscar completar sua limpeza étnica antes de voltar ao conflito direto com o Irã. E isso foi dito pelo próprio comandante das Forças Armadas de Israel, Eyal Zamir, que afirmou exatamente isso. 

Os dois lados agora devem se preparar para um novo confronto. Muitos já chamam o conflito de “Guerra dos 12 dias”, eu chamarei de “Primeiro Enfrentamento entre Israel e Irã”. Sim, muito provavelmente teremos outros.

domingo, 22 de junho de 2025

EUA ataca Irã: mesmo que tenha sido inútil, não pode ficar sem resposta


Pessoal, e como se esperava, Trump atacou o Irã. O vice-presidente J.D. Vance disse que o Irã deveria se resignar e aceitar o fato, sem reação. Bem, acho que ele não entende a cultura iraniana. Netanyahu, o corajoso líder israelense que iniciou o conflito com os persas, e que fugiu para fora do país na sequência, disse que finalmente o EUA tomou uma boa atitude, e acabou com o projeto nuclear iraniano. A mídia Ocidental está eufórica com o que chamam de destruição do projeto da bomba atômica iraniana, enquanto vozes sensatas, algumas até mesmo inesperadas, dizem que o presidente errou. Esses nomes dissonantes incluem Steve Bannon e Scott Ritter, porque apesar de muitos avisos, apesar de muitos relatórios de que não havia projeto de bomba atômica, ou intenção de construir uma, o presidente que foi chamado por Scott Ritter de “um nada”, autorizou o ataque a algumas instalações nucleares iranianas. 

Segundo os persas as instalações já estavam sem material nuclear, todos os equipamentos técnicos já haviam sido removidos, e os danos foram todos externos, sendo que a parte subterrânea das instalações não foram atingidas. Elas são Fordow, Natanz e Esfahan. E praticamente ao mesmo tempo em que o EUA atacava as usinas iranianas, era feito mais um ataque dos persas a Israel. Além de dizer que os danos foram mínimos, autoridades iranianas e sua TV oficial já avisou que quem começou foram os estadunidenses. Também foi solicitada mais uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, e os persas invocaram o direito de retaliação. 

Também precisamos ver como reagirão russos, chineses, paquistaneses e os coreanos do norte, que afirmaram ou deram a entender apoio ao Irã. Agora é ver os desdobramentos. Ou o Irã reage, seus aliados se juntam definitivamente e dão um basta nessas ações, ou o Brics e a multipolaridade alardeadas por Putin vão esperar mais uns 40 anos para tentarem outra vez, e as novas rotas da seda terão uma enorme praça de pedágio para serem utilizadas, o que inviabiliza seu projeto de comércio global.


quinta-feira, 19 de junho de 2025

Por que a guerra contra o Irã?


Pessoal, vamos entender o porquê dessas guerras intensificadas no Oriente Médio nos últimos anos, e já adianto que não foi um acaso elas se intensificarem no mesmo momento histórico em que se inicia o conflito na Ucrânia. É uma disputa entre o bloco emergente com o bloco que resiste à mudança de hegemonia mundial. 

A China é o principal objetivo, mas há objetivos secundários, terciários, e os que caem por gravidade no colo do vencedor. O secundário foi onde tudo começou, a Rússia. A ideia era provocar uma mudança de regime no gigante euro-asiático, de forma a torná-lo dócil aos interesses ocidentais, e talvez até dividi-lo em várias repúblicas menores, em que cada membro ocidental controlaria uma delas. 

Os terciários são problema em disputa, como alguns países europeus, asiáticos, e alguns sulamericanos. São algumas potências regionais que têm condições de fazer pender a balança para um lado ou outro no âmbito de sua influência imediata. O Brasil, a África do Sul estão nessa situação, e o Irã também, ainda que não sejam os únicos. 

Mas o Irã é o mais perigoso para o Ocidente, porque eles têm pouquíssima influência, o Irã é um importante exportador de petróleo, tem um nível de controle tecnológico interessante, e é uma potência militar, principalmente na missilística (Israel descobriu isso da pior forma possível). E o Irã ainda está encrustado na região mais nevrálgica do mundo, que é a maior exportadora de energia do mundo há mais de 8 décadas. De quebra o Irã é um grande fornecedor de petróleo para a China e é nevrálgico no projeto “Cinturão e Rota”, ou “Novas Rotas da Seda”. Acompanhe no mapa. 

No fornecimento de energia, 90% da produção iraniana vai para a China, ou seja, mais de 1,7 milhões de barris diários. Isso seria um baque para a indústria chinesa, que necessita de energia para produzir, além de materiais que são derivados do petróleo. Ainda destrói a principal artéria do cinturão e rota. Por isso é um enorme ataque à China, e por isso os chineses não podem deixar o Irã cair. 

Claro, os problemas pessoais de Netanyahu, os internos de Israel e EUA, as questões messiânicas religiosas, tudo isso conta, mas a grande intervenção, o motivo do EUA estar articulando a mudança de regime, ou até um caos no território iraniano (caos e comércio não combinam) é deter o desenvolvimento chinês, e reverter os avanços sino-russos na região dos últimos anos. Toda guerra é, acima de tudo, econômica.

Mais uma escalada no Oriente Médio, enquanto os Ocidentais batem cabeça

Pessoal, correm nas redes sociais imagens do lançamento de um míssil que seria míssil Sejjil feito pelo Irã. Essa informação teria vindo das forças armadas do Irã. Esse míssil teria propriedades muito parecidas com o Oreshinik russo (estima-se que tenha havido entrega de segredos militares russos aos iranianos). 

Já o EUA está muito próximo de se envolver diretamente no conflito entre Israel e Irã, e para isso teria adentrado o Golfo Pérsico com uma frota, e o Irã avisou que qualquer intervenção dessa frota provocará reação do Irã contra ela. Isso enquanto figuras importantes da mídia e política estadunidense como Scott Ritter, Douglas Macgregor, Bernie Sanders, Tucker Carlson, Tulsi, Gabbard, entre outros, vêm alertando o governo estadunidense sobre a estupidez de se envolver diretamente num conflito deste tipo e nesta região. Mesmo o belicoso Congresso estadunidense está rachado, e muitos congressistas e senadores são contra uma intervenção na guerra que se desenrola no Oriente Médio. “Netanyahu não é o Presidente do EUA. Ele não deveria estar determinando a política externa e militar do EUA. Se o povo de Israel apoiar sua decisão de iniciar uma guerra com o Irã, isso é assunto e guera deles. O EUA não deve participar disso” Bernie Sanders. Em outra oportunidade “Ele assassinou Ali Shamkhani, o principal negociador nuclear do Irã, sabotando deliberadamente as negociações entre EUA e Irã. O EUA não pode ser arrastado para outra guerra ilegal de Netanyahu – seja militar ou financeiramente” Bernie Sanders. Já Douglas Macgregor pede que o EUA 1. convoque o Conselho de Segurança da ONU e declarem a agressão israelense ilegal e o seu não apoio a esta iniciativa; 2. Exija que Israel retire suas tropas de Gaza e pare de matar palestinos; 3. Suspender toda ajuda militar a Israel; 4. Propor uma força de paz para patrulhar a região de Gaza e garantir ajuda humanitária imediata; e 5. Propor que o BRICS negocie uma paz entre Israel, seus vizinhos e o Irã. 

Mas o Presidente que age como um adolescente de 15 anos segue ameaçando com palavras e ações, mesmo tendo uma situação interna bastante complicada. Lembrando que, de cara, uma intervenção direta do EUA aumentará a ajuda de países como Rússia, China e Coreia do Norte ao Irã, e a depender do tamanho da intervenção pode levar a uma entrada de outras potências diretamente no conflito. Não se pode mostrar fraqueza num momento desses, mas ele não é acalmado jogando lenha na fogueira. Todos os países pedem paz, os adolescentes irresponsáveis ameaçam mais guerra. 

Nesse meio tempo Israel está cada vez mais encurralada e Itamar Ben Gvir dispara para Amir Bar-Lev:

“Por que você provocou o Irã?

resposta

“Não percebemos o poder das capacidades dos mísseis do Irã.”

E esta é a situação, enquanto Israel segue bombardeando o Irã, e o Irã segue fazendo chover mísseis em Israel. 

terça-feira, 17 de junho de 2025

Conflito no Oriente Médio escala e preocupa

Pessoal, no Oriente Médio a situação segue escalando. A guerra de propaganda também. 

Israel hoje atacou o prédio da rádio e TV iraniana, justamente na hora em que uma repórter apresentava um jornal. Vários jornalistas e funcionários mortos e feridos, mas a repórter saiu ilesa. O líder iraniano Aiatolá Komenei disse que Israel tenta matá-lo, mas há outros para liderarem o Irã, e sua morte não serviria de nada. Israel também destruiu 2 F14 tomcat do Irã, mas autoridades persas dizem que eles estavam desativados há alguns anos. Houve também atentados com carros bombas em Teerã, que quando explodem no Ocidente é atentado terrorista, em Teerã é ação de inteligência. Já o Irã segue castigando Israel com seus mísseis. No início desta noite já saiu mais uma leva de mísseis em direção a Israel, e logo deveremos ter informações do resultado. Israel também proibiu a imprensa estrangeira de atuar, a ideia é impedir a divulgação de imagens sem a autorização da censura judaica, como as imagens do porto de Haifa destruído. Na mesma linha, o Primeiro Ministro Netanyahu deu ordens para que nenhum israelense deixe o território, mesmo que em voo de resgate de outra nacionalidade. Há notícias de que aviões de carga de grande porte chineses entraram no espaço aéreo iraniano, e desligaram seus localizadores. O Irã também já informou a prisão de mais de 100 agentes israelenses que atuavam em seu território, e diz que descobriu uma instalação para lançamento de pequenos mísseis que estavam incomodando a defesa persa. Esses mísseis eram ativados por controle remoto a cerca de 50 km de distância, assim como seu alcance. O G7 emitiu declaração acusando o Irã de desestabilizar a região do Oriente Médio. A Síria liberou seu espaço aéreo para que se abatam mísseis iranianos. Há noticias de que se organiza uma tropa na fronteira entre Iraque e Irã para uma ofensiva terrestre contra os persas, e há deslocamento interno de tropas iranianas. Os russos estão evacuando seus cidadãos do Irã. Por fim foi detectado grande quantidades de aviões militares americanos em direção à Europa, e estima-se que seguem com suprimento e reforço a Israel. 

Sim, o conflito escala, há apoios a ambos os lados dentro do próprio Oriente Médio, e entre as forças que se digladeiam no mundo atualmente. A questão é que o conflito na região tem mais probabilidade de escalar do que o da Ucrânia.

segunda-feira, 16 de junho de 2025

Caravana Al-Soumoud em direção a Gaza

Pessoal, há coisa de dois dias eu mencionei uma caravana com milhares de pessoas que se dirigia a Gaza. Então, falaremos um pouco mais dela agora. A caravana Al-Soumoud partiu de Tunis, passando obviamente pela Tunísia, Líbia, Egito, e tem o destino final de Rafah, na fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito. São mais de 300 veículos com remédios, alimentos e ajuda humanitária aos palestinos de Gaza. A ideia é furar o bloqueio israelense de forma pacífica, mas apesar disso os ativistas que formam a caravana já enfrentaram alguns problemas pelo caminho. Em todos os países foram retidos e tiveram problemas com as autoridades locais. Israel pressionou o governo egípcio, que chegou a prender cerca de 40 ativistas e reter os passaportes de cerca de outros 30, atrasando a caravana por cerca de dois dias. A última notícia sabida é que os ativistas se encontravam no deserto do Siani, e se aproximavam de Rafah.

Apesar de Israel ter declarado que sua prioridade no momento é o Irã, acho muito difícil que os ativistas consigam ultrapassar a fronteira. Tanto as autoridades egípcias, quanto as israelenses, que controlam quase todo o território de Gaza neste momento devem impedir o acesso da população a esses itens, até porque este tem sido a política aplicada pelos israelenses na região, e é justamente o que motivou a caravana, já que alimentos, água e remédios têm sido sistematicamente impedidos de chegarem à população palestina em Gaza.

A caravana tem muitos muçulmanos do Norte da África, mas conta também com muitos europeus. Para se ter ideia do tamanho, ela saiu de Tunis com cerca de 1000 participantes, mas foi tendo adesões pelo caminho, e a última informação é que já passavam de 7000 ativistas. A ideia dos ativistas é não entrar em confronto com os israelenses. Acho difícil que consigam entrar em Gaza, ainda mais com as condições políticas tendo se deteriorado no Oriente Médio.

domingo, 15 de junho de 2025

Conflito no Oriente Médio se acirra e pode se alastrar

Pessoal, o mais novo conflito bélico do planeta segue ocorrendo de forma brutal. Israel voltou a atacar o Irã hoje. Alguns alvos militares, um porto iraniano, refinaria, um depósito de óleo em Teerã e o maior campo de gás do mundo. Tudo atacado hoje por Israel, que alega ter atacado também uma das bases de mísseis subterrâneas do Irã, e colocou uma animação de qualidade discutível como prova. 

Já os iranianos voltam a atacar Israel; Haifa, Jerusalém e Tel Aviv são os pontos mais atacados. Uma refinaria e o porto de Haifa destruídos, além de vários armazéns e alvos militares.

A defesa aérea iraniana é furada eventualmente, a de Israel praticamente não existe mais em alguns lugares. Ambos os países buscam atacar a infraestrutura energética do outro, e ambos conseguiram atingir depósitos de munição do outro. 

Em termos de apoio Israel recebeu apoio moral de Macron da França, e de Merz da Alemanha, enquanto Starmer do Reino Unido disse que enviaria caças para auxiliar Israel. Israel também pediu a intervenção direta do EUA, mas até agora não houve resposa. Shin-Bet, chefe da inteligência interna de Israel se demitiu. 

Enquanto isso o Irã recebeu apoio do Paquistão, e da Coreia do Norte. O Paquistão disse claramente que se houver interferência de qualquer potência externa eles entraram no conflito também, e qualquer ataque nuclear ao Irã será respondido da mesma forma em Israel. A Coreia não afirmou isso, mas garantiu apoio junto com uma foto de um de seus mísseis nucleares e Kin Jon-Un garantiu que responderá a qualquer ameaça ao Irã. A China também afirmou apoio ao direito de o Irã perseguir seus justos interesses e responder a uma agressão injusta, além de garantir apoio. Há várias manifestações no mundo árabe e islâmico em apoio ao Irã. 

Também corre a informação de que Israel teria pedido ao Emirados Árabes Unidos que pedisse ao Irã que abandonasse seu programa nuclear e voltasse a negociar com o EUA, ao que os persas responderam que se Israel não tinha condições de manter uma guerra, que não a tivesse começado. Por último o Irã ameaçou todos os apoiadores de Israel de retaliação se houvesse ajuda direta no conflito, e já estuda o ataque às bases estadunidenses na área. O presidente estadunidense, Donald Trump, disse que se o Irã atacar qualquer base americana sofrerá todo o peso do poder bélico dos ianques. 

Pode não parecer, mas apesar do apoio Ocidental, Israel está encurralado. Uma intervenção direta tem potencial de desencadear eventos que trariam outros países, de outras regiões e o conflito apenas se alastraria. Como eu disse que tinha esse potencial.

sábado, 14 de junho de 2025

Israel ataca, Irã contra-ataca.

Pois é pessoal, Israel atacou o Irã na noite de 12 para 13 de junho. Eu já sabia de aviões israelenses no ar, mas esperava apenas que fizessem mais um ataque a Gaza, talvez Líbano, mas não, atacaram o Irã. Teerã e outras cidades foram alvejadas. Uma instalação nuclear de enriquecimento de urânio, instalações militares. Algumas unidades israelenses infiltradas inutilizaram baterias antiaéreas estratégicas, o que facilitou o trabalho. Hoje atacaram um porto e dois aeroportos. Nesse período 3 militares do alto-comando iraniano foram mortos, e 2 cientistas nucleares também, acompanhados de dezenas de civis, já que prédios residenciais foram o alvo. 

A reação demorou um pouco, mas veio. Logo cedo a bandeira vermelha foi erguida na mesquita Jamkaran, significando vingança, e durante o dia as ruas de Teerã estiveram cheias de manifestantes pedindo a retaliação. No início da noite de 13 para 14 (o Oriente Médio está algumas horas à frente) o Irã finalmente retaliou. Uma chuva de mísseis caiu sobre Tel Aviv e outras cidades israelenses. Estima-se em mais de uma centena de mísseis, e quase todos atingiram os alvos. Há notícias de que a sede das IDF foi destruída, entre outras instalações. Ao menos 3 levas de mísseis já foram relatadas, e a última teria atingido a usina nuclear de Dimona (informação ainda não confirmada). A maioria dos mísseis foi lançado do próprio Irã, mas, segundo o governo iraniano, alguns foram lançados de navios, o que mostra que o Irã está mais preparado para o confronto do que se imaginava. Durante o dia ao menos dois caças israelenses foram derrubados.

Um dos motivos do ataque de ontem foi o fato de o Irã não ter revidado o ataque de alguns meses atrás. Outro eu já havia colocado no short de ontem e tem a ver com a necessidade de Netanyahu conseguir um conflito de larga escala para se manter no poder e escapar de uma série de problemas que tem na justiça. Por falar em escapar, ele e parte de seu governo escaparam, de acordo com a imprensa, em direção à Grécia, deixando o país e se colocando em segurança. Também temos a irresponsabilidade de um certo presidente há poucos meses empossado, que agiu de forma tosca apoiando a ação, enquanto dizia buscar a paz. Da Grécia, Netanyahu entrou em contato com vários líderes europeus, além de Trump e Putin. O russo condenou fortemente a ação israelense e ofereceu para mediar conversas de paz. Posição parecida foi adotada pelos chineses, que condenaram o ataque e pediram conversas de paz. Os iranianos disseram que aceitam conversar, mas antes irão retaliar com força. Segundo eles o ataque de hoje foi só o começo. 

Tudo isso enquanto uma caravana com dezenas de milhares de muçulmanos se aproxima de Gaza com ajuda humanitária. Isso tem tudo para se tornar um enorme banho de sangue, e escalar para muito mais do que um conflito regional entre Israel e Irã.

quinta-feira, 12 de junho de 2025

Oriente Médio em risco de confronto bélico de grandes proporções

Pessoal, a situação está muito complicada no Oriente Médio. As negociações sobre o programa nuclear iraniano, que ocorre de forma indireta no Omã, estão prestes a falharem, e o EUA ameaça diretamente um bombardeio aos persas. O ataque viria junto com Israel, que há bastante tempo busca pressionar os estadunidenses a entrarem juntos numa guerra contra o Irã. Vamos a alguns desenrolares dessa história que foram divulgados muito recentemente, e que indicam que é muito possível que comecem hostilidades entre as partes.

1- O EUA desviou cerca de 20 mil mísseis que iriam para a Ucrânia para suas bases no OM e Israel,

2- A Agência Internacional de Energia Atômica diz que o Irã não cumpre obrigações de inspeção. O Irã diz que essa acusação vem de pressões israelenses e estadunidenses.

3- O Irã transferiu boa parte de suas instalações de enriquecimento de urânio para locais extremamente protegidos e está aumentando o grau e a quantidade do urânio enriquecido.

4- Netanyahu sobreviveu por muito pouco a um pedido de dissolução do parlamento israelense, mas sua situação segue sendo extremamente delicada na política israelense, e uma guerra em grande escala garantiria sua sobrevida por um bom tempo.

5- O EUA iniciou evacuação de funcionários civis, diplomatas e familiares de militares que servem na região. Trump diz que a região pode deixar de ser segura em breve.

6- O Irã voltou a afirmar que destruirá todas as bases americanas na área caso suas instalações nucleares sejam atacadas, e que revidará também nas instalações nucleares de Israel.

7- Israel voltou a afirmar que está preparando um ataque às instalações nucleares do Irã junto com o EUA.

8- O Irã divulgou uma série de documentos que diz ter conseguido através de espionagem junto à inteligência israelense, e que informa instalações nucleares secretas de Israel, além da íntima relação de Israel com a Agência Internacional de Energia Atômica. Inclusive teria sido a agência que informou o nome de cientistas nucleares iranianos assassinados pela inteligência israelense.

A próxima rodada de negociações indiretas entre os dois lados está marcada para o próximo domingo em Omã, e esperemos que tenhamos avanços. Um conflito entre Israel e Irã tem o potencial de se reverter num problema mundial muito rapidamente, arrastando as superpotências e potências regionais em apoio aos lados, e talvez até mesmo em intervenções diretas. Seria um desastre econômico, com alto potencial de se tornar desastre ainda mais grave.

terça-feira, 10 de junho de 2025

Conflito na Califórnia espalha por outras áreas do EUA

A Califórnia há décadas é uma espécie de Eldorado para os fãs dos EUA, e é cantada em verso e prosa por várias obras artísticas, mas desde o último final de semana a Califórnia vem sofrendo com fortes protestos a favor da imigração. Na verdade eu diria que esses protestos são contra a política de deportações da forma como o governo Trump a vem executando. 

E tudo começou com uma manifestação pacífica, em que a polícia interferiu, e acabou em confronto. As manifestações cresceram, Trump acabou por deslocar a Guarda Nacional para Los Angeles, a violência também aumentou, e já chegamos ao ponto de Trump ter movido tropas dos fuzileiros navais (os famosos mariners) para a região. 

Desde o início dos confrontos já foram detidos bem mais de 100 pessoas, e o governador da Califórnia, o democrata Gavin Newson, divulgou carta em que solicita ao governo Trump que retire as forças de repressão do estado, imputa a esta interferência o crescimento da violência no estado, e acusa o governo central de interferir indevidamente na Califórnia, interferindo na autonomia do estado. Ele também afirma que o estado irá processar o governo federal por esta interferência indevida. O diretor do serviço de imigração do governo Trump, Tom Homan, afirmou que todos que se colocarem em oposição às políticas trumpistas para imigrantes serão considerados criminosos e serão presos. Newson afirmou que ele era contra, e que Homan sabia onde encontrá-lo, em claro desafio ao governo central. A violência das forças de repressão, que usam balas de borracha, gás lacrimogênio contra as concentrações de manifestantes tem sido respondida a altura, com paus, pedras e agora o uso coquetel molotov. Dezenas de carros, com predominância dos da polícia e da guarda nacional já foram depredados e queimados.

Mas tudo isso já era esperado. A absoluta incompetência dos sucessivos governos em atender demandas de qualidade de vida populares, aliadas a distorções da realidade apresentadas por propagandistas disfarçados de analistas que pululam na mídia tradicional e alternativa trouxeram a uma profunda divisão do país. Os distúrbios da Califórnia já se espalham e há notícias de que o manifestações contra as políticas imigracionais de Trump no Texas e no Novo México, Carolina do Norte e até em Nova Iorque. Mas a violência segue sendo na Califórnia. “Garota eu vou pra Califórnia”? Vou não.


sexta-feira, 6 de junho de 2025

Ataques russos são duros, mas não são a retaliação

EPessoal, desde o último final de semana, quando houve o ataque a alguns campos de pouso na Rússia com a destruição e avaria de alguns aviões da frota estratégica nuclear russa, e tivemos uma série de atentados terroristas no país euro-asiático, Putin ordenou o retorno ao ataque a infraestruturas ucranianas. São unidades de geração e transmissão de energia, fábricas, unidades de reparação de aeronaves, de produção de drones, campos de treinamento militar, quartéis e unidades militares, e unidades de residência de militares e mercenários. 

Os ataques são todos efetuados com armas “tradicionais”, principalmente drones e mísseis, sendo o mais avançado o Iskander. Eles acontecem principalmente durante a madrugada, mas as horas diurnas não estão isentas desses ataques. E se os ataques russos tinham se retraído às áreas em disputa e à buffer zona que os russos buscam criar na falta de um acordo mais claro, agora elas se estendem por toda a Ucrânia, chegando ao extremo Oeste do país, até mesmo próximo às fronteiras com países que já pertencem à NATO. Até agora a defesa anti-aérea cedida pelo Ocidente foi totalmente ineficaz contra drones e mísseis, sendo que algumas baterias anti-aéreas também já foram destruídas no processo. Estas informações têm sido divulgadas pela mídia russa, e confirmada pela mídia alternativa ucraniana. 

Também esta semana houve mais um longo telefonema entre Putin e o presidente estadunidense Donald Trump, e o presidente russo disse que estava preparando uma resposta a altura aos ucranianos. Segundo Trump ele tentou dissuadir Putin dessa ação, mas foi incapaz disso. 

Ou seja, o aumento desses ataques já é muito duro, mas não é a retaliação russa. Podemos esperar um ataque realmente duro, e segundo vários analistas ele deve vir este final de semana. Eu já tinha dito que a Ucrânia era um país destruído, mas se continuar nesse ritmo se tornará um país medieval, sem energia, sem água, e sem condições de alimentar sua população. Os europeus da NATO claramente não se importam com isso, mas essa situação refletirá por todo o continente, que vem perdendo qualidade de vida de forma acelerada.

terça-feira, 3 de junho de 2025

Entre ataques e contra-ataques russos e ucranianos realizam a 2ª sessão de negociações na Turquia

Pessoal, apesar da série de ataques e contra-ataques de ontem, a segunda rodada de negociações ocorreu ontem entre ucranianos e russos na Turquia. Sim, ontem, dia 2 de junho, após mais de 3 anos de conflito pesado, com baixas militares com números bem acima de um milhão de pessoas, um país devastado (Ucrânia), pois é, apesar disso tudo, tivemos essa segunda rodada de negociações. 

E como esperado as negociações mostraram um enorme impasse, ainda que um avanço tenha ocorrido. Não vou aqui relatar todos os impasses, mas vou apenas colocar dois como exemplo, porque todos os itens levam a um impasse. Os que escolhi mostrar como impasse são relacionados a condições militares da Ucrânia. Enquanto a Rússia exige neutralidade dos ucranianos, que eles não integrem nenhuma coalizão militar de nenhum tipo, os ucranianos querem que os russos reconheçam e permitam à Ucrânia integrar a coalizão Ocidental, a NATO, ou qualquer outra coalizão que eles resolvam aderir. 

Outro ponto é que os russos querem limitar as forças armadas ucranianas em número de homens, e quantidade e tipos de armamentos que poderiam operar, enquanto os ucranianos querem que os russos reconheçam o direito da Ucrânia em se armar e organizar suas forças armadas da forma que lhe bem aprouver. E todos os outros pontos mostram impasses desse tipo. 

Mas três pontos foram acertados, e eles têm a ver com mortos, prisioneiros e feridos de guerra. Os russos disseram que devolverão todos os restos mortais dos soldados ucranianos e esperam o mesmo da outra parte. Foi acordada a troca de todos os prisioneiros com ferimentos graves, independentemente do número que cada lado tenha. Por fim foi acordada uma comissão mista que será responsável em analisar e avaliar as condições dos prisioneiros de ambos os lados, principalmente no que se refere aos feridos. 

Da paz ainda estamos longe, mas alguns passos são dados.

segunda-feira, 2 de junho de 2025

Ataques e contra-ataque entre Ucrânia e Rússia

Pessoal, a Rússia sofreu sérios ataques a bases militares e a uma linha férrea. Foram ao menos 4 bases aéreas atacadas, inclusive pelo menos uma é parte do sistema estratégico nuclear russo, e alguns bombardeios estratégicos tupolev foram destruídos. A linha férrea teve uma ponte explodida exatamente na hora em que passava um trem de passageiros com civis. 

As bases são a de Olenya no oblaste de Murmansk no Círculo Polar Ártico; Irkutsk na região da Sibéria ao Norte da fronteira com a Mongólia; Belaya no oblast de Irkutsk, próximo a fronteira com a Geórgia, e a base de Ivanovo Severny. A ponte explodida passava por cima da linha férrea, o que causou o acidente. Ela se localiza na região de Bryansk e o ataque já teve confirmadas a morte de 7 pessoas além de 47 pessoas feridas, incluindo 3 crianças, todos hospitalizados. Uma criança de 8 meses foi transferida para Moscou por via aérea. Há notícias também de que a base de submarinos nucleares russos está sob ataque, mas isso não foi confirmado até o momento.

Até agora autoridades russas tinham reconhecido apenas 2 bases aéreas como tendo sido atacadas por forças ucranianas, ainda que haja imagens de todos os ataque circulando nas redes sociais. Os ataques se deram com drones que foram levados até próximo dos alvos por caminhões, e segundo as primeiras informações teriam sido operados com auxílio do sistema starlink (essa informação segue sob investigação). Além disso, segundo autoridades ucranianas, o governo estadunidense havia sido informado do andamento do ataque, e declarações do próprio presidente Trump dão a entender que ele sabia previamente do que estava sendo preparado. 

Dos motoristas dos ao menos 5 caminhões utilizados para perpetrar os ataque se tem notícias de que há ao menos 1 preso, e outro teria sido morto pela população civil revoltada. Em TVs de canais fechados russos já correm programas em que se pede que Putin endureça seu coração e aumente os ataques à Ucrânia. Isso vai no encontro com os sentimentos da população russa, que está revoltada com o acontecido. 

A Rússia já executou um contra-ataque de retaliação que atingiu alvos por toda a Ucrânia, e segundo fontes russas, todos alvos militares. Na minha visão Putin será obrigado a deixar a Operação Militar Especial e entrar efetivamente em guerra. Com isso o atual contra-ataque será apenas um reflexo condicionado, e poderemos esperar ataques muito fortes por toda a Ucrânia nos próximos dias, além de que deveremos aguardar um pronunciamento muito duro contra a NATO e o Ocidente coletivo.

domingo, 1 de junho de 2025

Leão XIV é eleito e tem desafios enormes

É isso pessoal, a Igreja indicou um novo Papa teve a duração média das últimas indicações, e presenciei alguns Conclaves durante minha vida. As sucessões de Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II, Bento XVI e Francisco I. Todos eles duraram aproximadamente 2 dias, e este último não foi diferente. Mas o tempo de se tomar uma decisão mostra muito mais uma tendência hegemônica dentro do alto clero, e a tendência que a Igreja tem, independente das opções do Papa que deixou seu reinado. Esta última escolha não foge a essa regra.

Então vamos entender quem é Leão XIV, que até pouco antes era conhecido como Robert Francis Prevost em 14 de setembro de 1955 e fez seus votos solenes em 1981. Sua entrada na Igreja se deu pela ordem Agostiniana, e Prevost fez uma carreira nesta ordem. Formou-se em Matemática, Filosofia, estudou Direito Canônico na Pontifícia Universidade São Tomás de Aquino em Roma, e durante sua vida na ordem de Santo Agostinho exerceu vários cargos de responsabilidade, lecionou sobre Direito Canônico, foi Juiz de Tribunal Eclesiástico Regional, foi prior geral dos agostinianos, Diretor de Formação no Convento de Santo Agostinho em Chicago. Foi ordenado Bispo em 2014 e Arcebispo em 2023. Logo depois, ainda em 2023, foi ordenado Cardeal, ganhando o direito de participar do Conclave.

O caminho para o papado tinha sido realmente iniciado nesse mesmo ano de 2023, quando em janeiro, Francisco I o nomeou Prefeito do Discatério para os Bispos. O Discatério acompanha uma série de ações da Igreja, entre elas acompanha o trabalho dos Bispos, o que aproxima bastante seu Prefeito dos Bispos de todo o mundo, além de organizar a Igreja territorialmente e pessoalmente, fazendo indicações, incluindo dos capelães militares. A velocidade com que passou de Bispo a Cardeal mostra o interesse de Francisco I em apoiar o então Robert Prevost. Sim, sei que o tempo não é fixo para esse crescimento na hierarquia da Igreja, mas não costuma ser tão rápida a ascensão.

Em seu primeiro discurso o agora Leão XIV trouxe a saudação de Cristo, e desejou que a Paz esteja com todos. Falou sobre a Paz no mundo, desejou a Paz para o mundo, e falou do papel da Igreja em levar essa Paz, em construir pontes, em dialogar. Essa ligação da Paz ao mundo é feita claramente quando fala de Paz desarmada, desarmante e humilde. Para isso fala na união da Igreja, e através dessa união avançar nesses objetivos. E não deixou de fazer a alusão ao seu tempo no Peru, e na comunidade que o apoiou durante seu tempo como Padre e Bispo por lá. Aqui um resumo já analisado do que disse Leão XIV, e é isso que o mundo precisa no momento.

Só que nem tudo foram flores na vida de Robert Prevost. No final dos anos 80 e 90 do Séc. XX e início do XXI explodiram várias denúncias de relações, digamos, inconvenientes entre alguns Padres e menores de idade no EUA. Essas denúncias custaram à Igreja Católica do EUA muitos milhões de dólares em indenizações às vítimas, além de muitas horas de escândalo televisivo e muita tinta em quilômetros de papel que divulgava o mesmo teor. O então Padre Robert Prevost atuava como Provincial da Província Agostiniana de Chicago, quando autorizou um desses Padres a residir num convento da ordem em que funcionava uma escola Católica. Foi designado um monitor a este Padre, mas a escola não foi informada de sua presença. O caso ganhou repercussão ao chegar à mídia, e logo depois a Igreja adotou regras mais rígidas para este tipo de caso, sendo o Padre retirado para outra residência. Outro caso que gerou polêmica foi sua posição contra homossexuais.

Devido este episódio que se deu no início dos anos 2000, a nomeação do agora Leão XIV veio acompanhada de protestos de associações dessas minorias e de vítimas de abusos vindas de membros do Clero.

Mas não podemos esquecer que a Instituição que Leão XIV está liderando não é apenas religiosa e espiritual, mas também é um Estado. E é um Estado que estende tentáculos por todo o mundo, já que a religião Católica está presente na maioria dos países do mundo, sendo extremamente significativa na América Latina, no Mediterrâneo europeu, e importante em outros países, incluindo Rússia, EUA (país de nascimento do Papa), Irlanda, e tem presença também no Oriente Médio e alguns países Orientais.

Muitos analistas consideram Leão XIV como um centrista da Igreja. Ele estaria apto a conversar tanto com os reacionários, conservadores, e também com a ala mais progressista da Igreja, tendo assim capacidade de proporcionar aquela união da Igreja, que ele comenta em seu discurso, e que é fundamental para que a Igreja possa interferir em favor da paz nos processos de confronto que temos visto se espalharem pelo mundo nos últimos anos.

A posição dele também será importante para sedimentar um importante trabalho ecumênico iniciado por Francisco I, que procurou reaproximar a Igreja Católica da Ortodoxos e de outras religiões, tanto cristãs, quanto de outras matizes, estreitando laços e buscando boas relações, tentando influir num mundo em que o diálogo prevaleça sobre a violência.

Mesmo em pontos onde é criticado o então Robert Prevost tem sua razão. Um exemplo é ele não ser exatamente contra os homossexuais, mas os considera pecadores. Ora, Prevost é um religioso, ele fala por e de dentro de uma doutrina religiosa. Suas posições são impregnadas de dogmas e posições pré conceituadas. Seu primeiro discurso deixa clara a busca de incluir a todos, isso não significa que todos os comportamentos são considerados “normais” dentro da doutrina da própria Igreja.

Essas posições já começam a aparecer em suas redes sociais. São várias as manifestações pela paz, são várias as manifestações por definições mais "retrógradas" do papel social das pessoas, mas pregando o respeito pelo diferente. E isso se traduz, por exemplo, no fato de Leão XIV ter oferecido o Vaticano como local para se discutir a paz na Ucrânia. Ou seja, ele coloca as forças e potenciais da Igreja em apoio a paz, e mesmo que só isso não seja suficiente para alcançá-la, é mais uma força que se une fortemente para isso.

Com esse ângulo você for olhar o histórico de Leão XIV pelas fontes oficiais do Vaticano, então você verá um Santo, um homem totalmente devotado ao bem. Se você for olhar com um viés mais profano, então você verá um homem, e esse homem tem erros e acertos. O fato de ele ter virado Papa não o tornou um Santo, mas suas ações de agora podem torná-lo um grande homem, alguém que efetivamente pode colaborar por um mundo melhor, por aproximar povos e nações, com respeito mútuo e fraternidade.

Não, não é um mundo globalista. Respeitar e ser fraterno não é gostar. Respeitar é justamente aceitar a diferença, e ser fraterno não é tentar ser igual aos outros. Talvez Leão XIV tenha muito a contribuir por um mundo onde respeito e fraternidade se sobreponham às tentativas de imposição de ideologias e comportamentos. Aí teremos um mundo capaz de encontrar a Paz de que ele falou em seu primeiro discurso.

Russos mostram o poder de seus novos submarinos

Pessoal, os submarinos são a plataforma de armas mais temida na atualidade. Isso se deve à sua capacidade de transporte de grandes quantidades de armas e sua grande furtividade, que se exponenciou pelas novas tecnologias empregadas nessas embarcações e que as tornaram stelth, ou seja, quase impossível de deteção por radares e sonares inimigos. Estas características permitem aos submarinos se aproximarem da costa e de embarcações inimigas de forma furtiva e realizarem ataques rápidos e devastadores.

Essa semana o submarino russo Krasnoyarsk, da classe Yasen-M 885M, e que carrega todas as características descritas acima, fez o lançamento de um míssil supersônico Kalibr a um alvo em terra numa distância de 1100 km, e o míssil acertou seu alvo. O treinamento se realizou durante os exercícios da frota russa no Pacífico, e além do lançamento do Kalibr, autoridades russas informaram que foi simulada a caça e anulação de um submarino inimigo, que o Krasnoyarsk também executou com êxito. Vale ressaltar que essas informações são divulgadas por autoridades russas.

Já os submarinos dessa classe Yasen-M 885M têm capacidade de lançamentos de mísseis de cruzeiro, torpedos e os temíveis Tzirkon, que são mísseis hipersônicos e para os quais ainda não há defesa. Além disso carregam minas. Já tem alguns anos que a Rússia vem atualizando e alterando submarinos mais antigos, quando aplicável, e aumentando sua frota dessas embarcações com a construção de novas e modernas unidades. Mas apesar da demonstrada capacidade de ataque a alvos em terra como demonstrado no exercício, os submarinos dessa classe são projetados prioritariamente para a caça de outros submarinos, como completou o exercício.

Tais exercícios, ainda mais quando se executam ações reais como o lançamento do míssil Kalibr, têm dois objetivos principais, além de secundários. O primeiro é manter tripulações aptas a realizar as operações necessárias de operação das embarcações e seus sistemas, incluindo de armas. O segundo é dar um aviso a seus potenciais e reais inimigos, incluindo populações: não se metam conosco, porque vejam o que nós podemos fazer. Apesar disso, e apesar de hoje os russos estarem à frente na corrida armamentista, eles não são os únicos a terem condições de causar sérios danos a potenciais inimigos.

sábado, 31 de maio de 2025

Impasse na mesa de negociações do conflito no Leste europeu

A agência britânica Reuters divulgou o que seria o vazamento de algum oficial do governo russo, que diz que Putin estaria pronto para a paz. As condições básicas são:
1- que a Ucrânia não entre na OTAN e garanta seu não alinhamento;
2- que a NATO para seu avanço para o Leste, o que inclui países como a Geórgia e Moldávia, mas não só;
3- a Rússia não abre mão da integralidade territorial das 4 províncias incorporadas à Federação Russa através de plebiscito;
4- a proteção das populações russas que habitam o território do que sobrar da Ucrânia, com garantias ao uso da língua, entre outras garantias;
5- tudo isso precisaria estar no papel, assinado, carimbado e com chancela internacional.


Por outro lado a Ucrânia insiste em que não aceita que a Rússia diga o que ela pode ou não fazer, e a própria NATO não abre mão de dizer, e muito menos repudiar oficialmente uma possível adesão de novos membros.


Essa situação mostra o impasse, mostra que as condições russas apenas aumentaram de 3 anos para cá, porque em 22 não havia a integração da chamada Novo Russia à Federação Russa, e agora essa exigência é um fato. Enquanto isso a Ucrânia e a NATO seguem insistindo nos mesmos pontos também.


Como venho dizendo o impasse persiste, e ele só será removido quando um ou outro lado prevalecer amplamente no campo de batalha. Tudo indica que esse lado será o russo, mas guerras às vezes nos reservam viradas inesperadas.
De qualquer forma, mesmo que um acordo seja conquistado pelos russos no conflito atual, tudo também indica que a NATO partirá para um segundo round, com ou sem acordos no papel, assinados, carimbados e com chancela internacional. Historicamente é da natureza deles, e as movimentações de rearmamento dos europeus mostram que essa natureza segue viva.


Uma pena, porque com negociações sérias, bons acordos cumpridos por todas as partes, todos tinham muito a ganhar, e pouquíssimo a perder.


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sexta-feira, 30 de maio de 2025

Segredos nucleares russos vazados?

Pessoal, surgiu como uma bomba a informação divulgada pela imprensa alemã, mais especificamente pelo Der Spiegel e pelo Danwatch, de que 2 milhões de documentos ultra-secretos russos teriam vazado e exposto todo o programa nuclear do país euro-asiático. Informações como desenvolvimentos técnicos, quantidade de armas, mísseis, localização dos mesmos, e até a localização de uma base ultra-secreta, a Yasny, teria sido vazado, e nela estão armazenados os terríveis Avangard, que são planadores hipersônicos capazes de transportar cargas nucleares e convencionais. Por sua vez os Avangard são carregados por mísseis balísticos, e fazem sua reentrada na atmosfera em velocidades hipersônicas, a partir de Mach 27, o que os torna praticamente impossível de serem parados pelas armas de defesa Ocidentais. Outras armas russas de ponta também estavam incluídas no vazamento. 

O problema é que esse tipo de informação é secreta para nós, mas os governos e suas agências de inteligência costumam ter conhecimento bastante profundo dessas informações, inclusive a Rússia as têm de outros países também. Com isso estipula-se que, devido as últimas movimentações do governo alemão, e o grau de atrito entre este e o governo russo, tal vazamento tenha vindo de Berlin. O que não se sabe ainda é se Moscou irá retaliar da mesma forma, até porque não houve pronunciamento de autoridades russas sobre o ocorrido até o momento.

quinta-feira, 29 de maio de 2025

Fala de Herói da Rússia assusta Ocidente Coletivo

Pessoal, no dia 27 de maio saiu uma entrevista no news.ru com o Tenente-general Sergey Lipovoy, antigo Comandante das tropas de elite russas e que ostenta o título de Herói da Rússia. Na entrevista o General Lipovoy sustenta que a Rússia estaria preparando um grande ataque com armas que o chamado Ocidente Coletivo não tem defesas, e a Ucrânia tampouco.

Ele se refere a armas hipersônicas. Mísseis como o Kinzhal, Zircon, ou Avangard, que voam a velocidades acima de Mach 10 e conseguem manobrar, ou seja, mudam suas tragetórias durante o voo. E ele não citou a mais avançada de todas, o Oreshniki, que além das características acima, ainda leva vários mísseis secundários em sua cabeça, tornando-o extremamente letal, já que pode atacar vários alvos de uma só vez. Especialistas militares estimam que os russos teriam pelo menos mais 3 ou 4 novos armamentos que ainda não foram apresentados ao mundo, e se isso for realidade, então os russos, que já estão ao menos 2 décadas à frente do Ocidente Coletivo em armamentos, então estaria ainda mais avançado. 

Para concluir a fala do General, ele afirma que se a Rússia não oblitera o sistema militar ucraniano com essas armas é devido a uma enorme paciência de Moscou, que espera que Kiev perceba a inutilidade e o erro de persistir no conflito com a Rússia. 

Apesar de parte disso ser real, parte ser especulação, a verdade é que essas declarações de Lipovoy aparecem mais como propaganda, e claro, como forma de tentar pressionar Kiev à paz. O próprio Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança Russo, também fez declarações recentes com este sentido, embora com outras alegações, e os ataques feitos essa semana pelos russos em várias cidades ucranianas dão respaldo a essas declarações. 

Como eu já disse, os russos aumentam a pressão no campo de batalha e esperam que os ucranianos cedam a isso. A questão é que por uma série de motivos parece que os ucranianos ainda não estão prontos.

domingo, 25 de maio de 2025

Brasil precisa se pronunciar sobre Natal e Fernando de Noronha

Pessoal, circulou nos meios de comunicação, tanto na grande mídia impressa, quanto na mídia alternativa, a informação de que o EUA está buscando se apossar de Fernando de Noronha e de Natal. Sim, porque a partir do momento que eles colocam uma base em algum lugar, até as Leis do país que os recebe deixam de ser aplicadas, e não só na base, mas quase sempre aos atos de seus militares fora dela. São vários casos de crimes hediondos cometidos, e que os países não podem punir devido esses acordos escusos. Em alguns casos chegam mesmo a definir quem pode ou não transitar por esses territórios, e isso incluí autoridades governamentais locais. Ou seja, os países simplesmente perdem a soberania pelos territórios em que estão as bases e seus arredores, e mesmo para punir crimes cometidos pelos militares que nelas servem.

E as alegações para pleitearem utilizar tais territórios são absolutamente pueris, lembrando a fábula do lobo e do carneiro tomando água no riacho. Vejamos:

1ª- investimentos feitos há quase 80 anos, pela WWII. Como se não tivesse sido um acordo feito à época e cumprido por ambas as partes. 

2ª- Seria um direito do EUA de reativar um acordo em que houve financiamento por parte do EUA, de acordo com interesse e necessidade deles. Isso simplesmente não existe, caso não esteja expresso no próprio acordo, e não está.

3ª- São acordos que não se aplicam, que o próprio EUA nunca respeitou, e que já não existem mais, como de apoio interamericano.

Ou seja, nenhuma das justificativas deles de dar um ar legal à tentativa de tomar território brasileiro se sustenta. Mas tem gente que diz que para algo assim precisa de aval do Congresso. Ou seja, ou o governo brasileiro age fortemente contra tal absurdo e detém esse avanço colonial e imperialista, ou perderemos ainda mais soberania. Até agora não vi posicionamento sério do governo.