segunda-feira, 30 de novembro de 2020

2º turno comprova tendências nas capitais

De modo geral as eleições municipais refletiram as tendências que tínhamos no primeiro turno, e que o blogueiro aqui indicou como resultado final. Claro que os números não foram exatos, e mais claro ainda que tivemos uma ou outra surpresa (ambas as situações mais do que esperadas), mas fato é que o resultado final não se alterou tão profundamente, apenas não tendo sido alcançado da forma que se esperava.

Batidos?

São Paulo - A previsão inicial era Covas 55% x Boulos 40%, e o resultado final foi Covas 60% x Boulos 40%. Não houve grande discrepância, apenas que Boulos não conseguiu reverter nada da rejeição inicial com que partiu na disputa, e que ela era ainda maior do que indicavam as pesquisas.

Rio de Janeiro - A previsão era Paes 60% x Crivella 30%.  Resultado Paes 64% x Crivella 36%. Também dentro do esperado.

Manaus - Não tinha feito previsão, mas o resultado foi David 51% x Amazonino 48%. Como eu disse era apertado. Vamos ver se o Avante seguirá o que diz, ou apenas aproveitará para ganhar espaço que não tinha no partido de onde saiu, o PTB.

Porto Alegre - Previsão Sebastião 54% x Manuela 46%. Deu Sebastião 55% x Manuela 55%. Quase batido.

Belém - Não fiz a previsão em números, mas dei favoritismo a Edimilson, com dificuldade. Resultado Edmilson 51% x Eguchi 48%. Como eu disse, a chance existia, mas era apertada. De qualquer forma o Podemos conseguiu uma capital importante.

Goiania - Previsão de Vilela 55% x Cardoso 40%. O resultado Vilela 53% x Cardoso 47%. Um pouco mais apertado, mas dentro da normalidade.

As surpresas. E são no Nordeste

Recife - A surpresa não foi a eleição de Campos frente a Marília, até porque a tendência estava bem indefinida, mas a eleição com Campos 56% a 44%. Esperava uma diferença bem mais apertada, fosse para um lado ou para o outro. E no final a briga de família tendeu a mostrar a aposta em quem já estava no poder.

Fortaleza - A previsão era Sarto 65% x Wagner 35%. A surpresa foi Sarto 51% x Wagner 48%. Ou seja, Sarto levou, mas foi apertado, e isso na base eleitoral dos Ferreira Gomes. Não a toa Ciro chamou gente do interior do estado para ajudar na reta final de campanha, porque embora as pesquisas oficiais mostrassem ampla vantagem do candidato cirista, ele sabia que estava apertado.

As forças políticas

A extrema direita - Perdeu espaço. Apesar de alguns lampejos, como em Vitória, é nítido que o bolsonarismo e seus excessos perderam espaço nessa eleição. Isso não significa que Bolsonaro seja carta fora do baralho para 2022, mas é nítido que se ele seguir nessa linha, dificilmente irá se credenciar como concorrente sério na reta final, mesmo com chances de segundo turno. A exceção é se o adversário for o PT. Aí a coisa é duvidosa.

A direita extrema - O que a galera chama de centro direita, eu chamo de direita extrema. É uma direita absolutamente direita, que não descarta golpes de estado (lembram de 2016), ainda que mantenha um discurso democrático, e busque manter a aparência de democracia. Assim finge conversar, finge escutar, mas decide apenas de acordo com seus interesses pessoais, ou de seus patrocinadores. Eles cresceram.

Petismo - Se já tinha regredido em 2018, essa tendência se agudizou agora. Verdade que teve algumas vitórias pontuais, e até recuperou algumas prefeituras históricas, mas no todo o partido de Lula regrediu, assim como o próprio Lula. Já foi dito aqui, mea-culpa em política não é ir a público elencar seus erros e pedir perdão, mas sim mudar de postura, mudar de rumo durante um tempo, deixar de buscar o protagonismo total, e reposicionar suas peças no tabuleiro político. Ou o PT revê suas posições, ou vai regredir ainda mais em 2022, e arrisca levar o campo progressista consigo para o buraco.

Pedetismo - Parece que Ciro precisa fazer alguma correção de rumo, porque a busca de ser anti-Bolsonaro e anti-PT já deu o que tinha que dar, e agora a coisa tende a perder efeito, talvez até a ter efeito contrário. Apesar de o PDT e o PSB terem tido um bom desempenho em termos nacionais, ficando os dois à frente do PT. Mesmo assim é preciso abrir o olho, porque o resultado de Fortaleza reflete a saturação dessa postura, e mostra que Ciro precisa rever alguns de suas posições. A primeira é que precisa diminuir os ataques ao PT, e isso parece já estar acontecendo. 

Mas Ciro também precisa diminuir os elogios ao DEM e a alguns de seus caciques. É mais do que sabido que esses partidos são de ocasião, de que estão do lado de quem estiver no poder, e que seus posicionamentos municipais não estão nem perto de se refletir em nível nacional. Uma coisa é conversar, outra, muito diferente é ficar tecendo loas aos atuais representantes do maior partido de apoio aos 20 anos de ditadura, que a propósito, correram a apoiar Bolsonaro em 2018, e apoiam todas as pautas anti-povo do governo do Capetão.

Para 2022

Três situações têm que ser levadas em conta para as próximas eleições presidenciais. A primeira é que, mesmo unido, o campo progressista dificilmente leva no primeiro turno, mas desunido arrisca não ter ninguém no segundo (como no Rio de Janeiro). Então é preciso levar em conta uma união desde o primeiro turno, com vista a criação de uma frente ampla do campo, e que viabilize a presença de um candidato competitivo no segundo turno.

A segunda situação a se levar em conta é que o anti-petismo segue na crista da onda, e a ele se une o anti-bolsonarismo. Isso abre espaço para a criação de uma chapa competitiva da direita extrema. No momento tentam viabilizar Huck e Moro, mas eles têm dois anos, e ainda pode aparecer outro nome para viabilizar uma chapa desse campo. E esse é quem mais põe em risco as candidaturas do campo progressista.

A terceira é que Bolsonaro vive seu momento PT. Ele deve chegar ao segundo turno, mas não terá fôlego para conseguir uma reeleição, situação que muda se seu opositor for um petista, porque aí a eleição fica indefinida, e vai depender de quem tenha a maior rejeição no momento.


domingo, 29 de novembro de 2020

Segundo turno 2020

Em 57 cidades com mais de 200k habitantes, o povo voltará às urnas para escolher entre os dois mais bem colocados do primeiro turno das eleições municipais 2020. Em muitas dessas cidades a população tem nas mãos a chance de mudar os rumos que a política municipal tem reservado para suas vidas, mas em algumas, como o Rio de Janeiro, a população vai se limitar a escolher entre o ruim e o pior.

Mas isso também foi opção da população.

Como o resultado que sairá das urnas hoje também será opção da população.

E mesmo que sobrem suspeitas de fraudes nas eleições brasileiras, chegando ao ponto de dizerem que os resultados são pré-determinados, gostaria de lembrar a todos, que votações massivas em candidato A ou B se tornam difíceis de serem manipuladas em contrário, porque a discrepância se faz sentir com facilidade. Ou alguém acha que as eleições argentinas, bolivianas, etc, não foram fraudadas?

Então encha-se de sua convicção, vá as urnas, e mude o destino de sua cidade, ou o mantenha, se você acha que ele está bom.

E lembre-se que as eleições são a "festa da democracia", mas a democracia é feita de participação diária.

Bom voto, e boa sorte às 57 cidades que ainda não têm seus destinos definidos.


quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Recife pega fogo

É mais uma complementação de ontem. As acusações contra a prima, que de maioria não eram criminosas, e que uma é digna de uma investigação, agora se voltam contra o primo, que teria pedido a seu partido, que use diretamente a máquina pública, para que se engaje em sua campanha. Se tínhamos algo a investigar contra a prima, agora também o temos contra o primo.

No fim das contas isso não passa de briga de família, pelos espólios de dois falecidos.

Triste a política feita dessa forma. Mais triste ainda é que esse tipo de política se espalha por vários pontos do país. Existe limite para acusações infundadas, e mais ainda para o uso de máquinas partidárias e públicas.

Acredito realmente que ambos os lados precisam ser investigados, porque pior até do que as acusações serem feitas, é elas serem verdade e não serem punidas.

São Paulo

Na maior capital do país, a tendência é que Covas se reeleja. Não sem ter apelado para ataques baixos, mas a verdade é que a diferença era muito grande. De qualquer forma, o resultado mostra que, rapidamente, a população vem revendo algumas posições. O fato de Boulos ter chegado ao segundo turno, e o fato de ele lentamente estar se aproximando de seu adversário, mostram que alguém que tinha ampla rejeição, começa a reverter essa imagem. Uma virada é difícil, mas não impossível

Porto Alegre

Na capital gaúcha Manuela se aproximou mais decisivamente de seu adversário. Apesar de ainda estar atrás nas pesquisas, a diferença diminuiu muito, e uma virada pode realmente ser possível. 

PDT deve emplacar duas capitais

Fortaleza e Aracaju são as capitais onde o PDT deve fincar a bandeira do campo progressista. Ambos os candidatos têm boa frente em relação a seus adversários.

Avante pode conseguir uma capital

Em Manaus o pequeno Avante, dissidência do PTB, pode conseguir a prefeitura frente o tradicional Amazonino Mendes. Vale lembrar que a dissidência se deu pela recusa em aderir à linha de fisiologismo barato que o PTB seguiu depois da redemocratização.

PT em 15 cidades

Apesar de a única capital onde disputa o segundo turno ser Recife, o partido de Lula busca a prefeitura em outras 14 cidades com mais de 200.000 habitantes. Algumas delas são bem importantes devido sua influência econômica e/ou política regional como Contagem, Cariacia, Santarém, Juiz de Fora, Caxias do Sul, Pelotas, Diadema, Guarulhos, Feira de Santana, e Vitória da Conquista.

Apesar disso

Mesmo com essa situação, mesmo com alguns partidos do chamado campo progressista terem conseguido algum avanço, mesmo com tudo isso, o que vimos foi um encolhimento desse campo em particular. Na verdade, se partidos como PSOL, PDT, e PSB cresceram, outros encolheram, mas dentro do próprio campo, e o campo em si, também encolheu.

Claro que também vimos um encolhimento de Bolsonaro, mas não da direita. Partidos como o DEM e o PP cresceram substancialmente, e outros como PSDB e MDB mantiveram um bom desempenho municipal. Para lembrar, o DEM era PL, que era PFL, que era PDS, que era ARENA, o partido sustentáculo dos 20 anos de período militar no Brasil.

Mas apesar disso, também é verdade que as eleições municipais servem para dar ideia, mas nem de longe são definitivas para as eleições nacionais que ocorrerão daqui dois anos. Mas cabe ao campo progressista começar a se posicionar de forma mais inteligente. Conversar faz parte da democracia, fazer acordos idem, mas alianças eleitorais com partidos que pensam de forma diametralmente oposta já não é pragmatismo, mas estupidez, porque você descaracteriza seu discurso, e ainda valida um discurso que não apoia.

O contrário não é verdadeiro, porque não são esses partidos que procuram os outros em busca de apoio, mas sim são procurados na busca desse apoio. Ou seja, eles passam uma imagem de força, de fiel da balança, quando no fundo não passam de defensores de seus interesses pessoais.

Ou o campo progressista sai dessa armadilha ou, quem quer que seja próximo representante eleito desse campo, irá apenas reproduzir a fragilidade do início do governo Lula, e a total incapacidade de governar de Dilma.

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Situação complicada em Recife

Na briga intestina familiar pelo poder na terceira maior capital nordestina a coisa pega fogo. As pesquisas indicam 54% para Marília Arraes, e 46% para seu primo João Campos. Mas a questão lá não é a pesquisa, que indica que Campos tem uma pequena chance de virada, e que Arraes tem uma vantagem, que se não está consolidada, é difícil de ser batida.

Isso acontece por dois fatores principais. O primeiro é que tanto o PSB parece ter se desarticulado internamente após a morte de Eduardo Campos, como também parece haver um certo cansaço da população recifense e pernambucana na forma do partido governar. Pode ser algo pontual, mas é inegável que tal situação existe.

Aliado a isso temos a "guerra" de narrativas que os dois lados estão impondo a suas campanhas. De um lado Campos tenta jogar evangélicos e católicos fundamentalistas contra Arraes, além de sugestões de rachadinha e apropriação indébita de verbas públicas (com direito a uma gravação), e que Túlio Gadelha, partícipe da conversa, diz ter sido manipulada e descontextualizada.

Não tenho notícias de ataques desse tipo do outro lado. A questão é se eles não acontecem por princípio, ou porque tem a liderança nas pesquisas?

Atenção que a pergunta não é um ataque, mas um chamamento à reflexão, porque temos visto esse tipo de ataques vindos de várias correntes políticas, inclusive da corrente que está na frente das pesquisas no Recife.

Os ataques a potências estrangeiras

O Presidente Bolsonaro teve um momento de profunda estupidez - até mesmo para seus miseráveis padrões - quando se dirigiu, em tom de ameaça, ao presidente eleito da ainda mais forte potência militar e econômica do planeta. Falar em pólvora, numa alusão a uma possível disputa bélica com os EUA é de total falta de noção, até mesmo para ele.

Mas a família não estava satisfeita, e Eduardo Bolsonaro, o 02, voltou a atacar a China de forma irresponsável, ameaçando de forma inegável os interesses de boa parte da base de apoio que o pai ainda tem no governo: o agronegócio. 

Sim, porque se no primeiro ataque irresponsável do filho inconsequente do Presidente, a China protestou, mas não ameaçou de nenhuma forma, apenas aludindo a uma possível deterioração nas relações bilaterais entre os dois países, e à boa relação bilateral sino-brasileira, dessa vez eles foram mais longe, e não só aludiram falaram desses pontos, como ameaçaram com retaliações, lembraram da importância da China, principalmente nas exportações brasileiras, e ainda foram claros que quem mais perde é o Brasil.

Não importa se o irresponsável apagou o twitter depois, o que importa é que a China está diversificando seus fornecedores de alimentos e matérias primas, e depende cada vez menos do Brasil. O mesmo não se pode dizer do país comandado por Bolsonaro e o incompetente Guedes.

Alô centrão, fisiologísmo tem limites.

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Biden e as primeiras críticas

O Presidente eleito dos EUA, Joe Biden, começa a enfrentar as primeiras críticas a um seu governo que, de fato, nem mesmo começou. E é este o motivo de eu ser contra coligações exageradamente amplas num primeiro turno de eleição. Explico:

Biden conseguiu agregar em torno de si amplos setores da sociedade americana, não apenas dos democratas, mas também dos republicanos. Acontece que o bipartidarismo americano é um grande saco de gatos, algo como o MDB da ditadura, em que todos que eram contra o governo se aglutinavam em uma mesma legenda - no caso lá, são duas legendas. Além desses, Biden ainda conseguiu conquistar uma parte pequena de republicanos que estavam extremamente descontentes com a liderança de Trump. 

Acontece que a aliança em torno de Biden não foi em torno de projetos, porque mal costurada e feita no frigir dos ovos, numa busca apenas de derrubar o governo Trump. Atingiu seu objetivo, mas deixou um enorme legado de incertezas, porque apenas derrubar um governo não é pauta suficiente para uma oposição, por isso é imprescindível que aconteçam muitas conversas antes, e que os acordos eleitorais sejam claros e precisos.

Não fosse isso e Biden não estaria sendo cobrado antes mesmo de assumir o governo. Tal tipo de cobrança se dá quando uma aliança eleitoral não é feita com a devida clareza.

Esse é o motivo de eu ser contra alianças exageradamente amplas num primeiro turno de eleição no Brasil. Não dá para colocarmos progressistas e direita extrema na mesma chapa eleitoral no nível nacional. Localmente até podem se acertar em determinados casos, mas numa eleição federal os interesses e objetivos são exageradamente divergentes para propiciar uma aliança minimamente sólida. Num segundo turno, ainda mais dependendo da resposta eleitoral que cada agente político teve no primeiro turno, é mais fácil de contabilizar o peso que cada um terá numa aliança, e até onde cada negociador pode chegar. Aí, nessa situação, o objetivo de derrubar um governo é o principal, e há possibilidade de se contabilizar o que cada lado pode agregar nessa equação, deixando claro a parcela de poder que cada agente político levará. Mas também é preciso levar em consideração duas partes importantes nessa equação eleitoral em dois turnos. A primeira é a viabilidade num primeiro turno, e a segunda é a do segundo turno, e para isso é importante atentar para as simpatias, que são bem mais importantes no primeiro turno, e antipatias, que são muito mais importantes num segundo turno.

A eleição estadunidense não permite tal engenharia, mas a brasileira sim.

A eleição estadunidense obriga a entendimentos rasos como o abaixo, a brasileira pode trabalhar melhor as articulações políticas, e sair com candidaturas mais sólidas. Mas para isso é preciso que as forças oposicionistas se posicionem mais em prol do país, e menos por seus projetos de poder.

“Querido Biden: estás a brincar comigo?” Nomeações do novo Presidente para a área do ambiente geram críticas

Tanto Cedric Richmond, representante do Louisiana no Congresso que foi nomeado conselheiro de Joe Biden, como Michael McCabe, escolhido para fazer parte da equipa de transição da Agência de Proteção Ambiental norte-americana, têm um passado de ligações à indústria de combustíveis fósseis ou outras altamente poluentes. Um grupo de jovens ativistas que lutam pela defesa do clima disse-se mesmo “traído” face a uma das nomeações

Joe Biden já escolheu parte da equipa com quem irá trabalhar nos próximos quatro anos na Casa Branca mas nem todas essas escolhas foram unânimes. É o caso de Cedric Richmond, deputado do Louisiana que vai abdicar do seu lugar no Congresso para assumir o cargo de conselheiro do novo Presidente norte-americano e de director do Gabinete da Casa Branca para o Compromisso Público.

Richmond terá sob a sua responsabilidade vários dossiês relacionados com as alterações climáticas — também acompanhará de perto a resposta da nova administração norte-americana à pandemia de covid-19 e à recuperação económica —, e precisamente por isso vários ativistas pelo clima manifestaram reservas quanto à sua escolha para o cargo, dada as ligações de Richmond às indústrias de combustíveis fósseis.

De acordo com uma investigação publicada em 2019 pelo “The Guardian”, o congressista fez grandes subvenções a indústrias químicas e ligadas à exploração de gás e ao petróleo, mantendo-se “indiferente”, como escreve o jornal, a questões relacionadas com a poluição local.

Robert Taylor, líder de uma iniciativa local na área do ambiente, afirmou ao jornal britânico estar “cautelosamente otimista” com a nomeação Cedric Richmond. “Acho que, neste momento, está numa posição em que pode servir melhor os eleitores do seu distrito. Fico contente que tenha sido escolhido mas espero que use isso para nos ajudar. Gostaria de vê-lo responsabilizar as indústrias químicas que estão a causar tantos danos à região”.

O Movimento Sunrise, grupo de jovens ativistas que lutam pela defesa do clima, foi menos cerimonioso nas palavras, e referiu-se à nomeação de Richmond como uma “traição”. “Sentimo-nos traídos hoje, porque a primeira nomeação que o Presidente Biden faz é a de uma pessoa que aceitou mais doações da indústria de combustíveis fósseis durante a sua carreira do que qualquer outro democrata”, referiu o diretor-executivo da organização, Varshini Prakash, citado por vários meios de comunicação internacionais. O responsável acusou ainda o novo conselheiro de Biden “de ficar em silêncio e ignorar os encontros com as organizações da sua própria comunidade enquanto esta era afetada pela poluição e o aumento do nível das águas do mar”.

Foi na terça-feira desta semana que Joe Biden anunciou os principais membros da equipa da Casa Branca, já depois de ter nomeado o seu conselheiro Ron Klain como chefe de gabinete. Mike Donilon, conselheiro e confidente de Biden será o assessor principal, e Steve Ricchetti, um dos diretores de campanha, será um dos conselheiros do presidente, conforme noticiou o “The Guardian”. A diretora de campanha, Jen O'Malley Dillon, será chefe de gabinete adjunta e a conselheira jurídica da campanha Dana Remus assumirá o cargo de conselheira do Presidente.

Além de Cedric Richmond, há outra escolha polémica de Biden na área do ambiente. É a de Michael McCabe, escolhido para fazer parte da equipa de transição da Agência de Proteção Ambiental norte-americana. Num artigo de opinião intitulado “Dear Joe Biden: are you kidding me?” (“Querido Joe Biden: estás a brincar comigo?”, numa tradução livre em português), publicado no referido jornal, Erin Brockovich, ativista pelo clima, lembra que McCabe trabalhou como consultor da muito conhecida e poderosa DuPont numa altura em que “a empresa tentava a todo o custo obter uma licença para a utilização do C8”, ou PFOA-C8 - ácido perfluorooctanóico, inventado em 1945 nos EUA.

“Trata-se de um produto tóxico e que é usado em tudo, desde roupas impermeáveis, tecidos resistentes às manchas, embalagens para alimentos e frigideiras antiaderentes, e que está associado a problemas de fertilidade, cancro e lesões no fígado”, escreve a ativista, recordando que ainda esta semana um reputado professor de saúde pública norte-americano avisou que a utilização de certos químicos, em que se inclui o C8, pode diminuir a eficácia da vacina contra a covid-19.










domingo, 22 de novembro de 2020

Um túnel do tempo

A cidade de Pompeia, na Itália, já foi filme, já foi lenda, mas no fundo é um grande tesouro arqueológico. A aproximação com outras ciências nos dá a chance de ver e saber como eram alguns dos hábitos de vida e relacionamento, que conjugados com textos da época, não dão uma visão muito mais ampla de como viviam as sociedades antigas. A cidade foi soterrada por uma enorme erupção do vulcão vesúvio, onde até hoje repousam os restos do que um dia foi uma próspera cidade da Bota.

A cidade se relacionava com Roma já há aguns séculos, mas só foi realmente incorporada e submetida em 89 a.C., quando após uma derrota das cidades do Sul da Bota, o Gen. Lucius Cornélio Sula a ocupou, submeteu, e impos definitivamente o modo de vida romano, com a incorporação definitiva ao império, quando a cidadania romana foi extendida aos cidadãos da Bota, e da Gália Cisalpina.

Na época da erupção que soterrou a cidade, e a preservou para a posteridade, Pompeia era um importante e próspero entreposto comercial, além de estar na região onde os ricos romanos da capital do império mantinham suas vilas de férias, e ainda ser recuperava de um grande terremoto que destruíra boa parte da cidade apenas alguns anos antes.

A cidade se manteve oculta por cerca de 1600 anos, e foi redescoberta por acaso em 1748. Hoje Pompeia é um dos mais importantes sítios arqueológicos para o estudo e compreensão dessa fase do desenvolvimento da humanidade, e para conhecermos alguns pormenores do cotidiano romano da época, já que quando foi eternizada, ela estava plenamente romanizada.


Um senhor rico e o seu escravo. A última descoberta em Pompeia

O arqueólogo chefe das ruínas da cidade italiana considera esta descoberta como "extraordinária". Pompeia ficou "congelada" no tempo e tornou-se uma fonte inesgotável de conhecimento depois de ser soterrada pelas cinzas projetadas pela erupção do Vesúvio há quase 2000 anos.


Os restos mortais de dois homens que morreram na erupção vulcânica que destruiu a antiga cidade romana de Pompeia há quase 2000 anos foram descobertos por arqueólogos, noticiou a BBC.

Um dos corpos pertenceria a um homem de alto status social e o outro a um dos seus escravos, anunciaram as autoridades do parque arqueológico de Pompeia.

Os dois homens "talvez estivessem à procura de refúgio" da erupção "quando foram arrastados", acrescentou o diretor, Massimo Osanna.

Pompeia foi engolida por uma erupção vulcânica do Monte Vesúvio em 79 DC. A erupção enterrou Pompeia em cinzas, "congelando" a cidade e os seus residentes no tempo e tornando-a assim uma muito rica fonte de investigação e conhecimento para os arqueólogos.

A última descoberta foi feita este mês durante uma escavação numa grande residência senhorial ("villa") nos arredores da cidade antiga.

Os arqueólogos estimam que o senhor rico teria entre 30 e 40 anos. Vestígios de um manto de lã quente foram encontrados junto ao pescoço

O outro homem teria entre 18 e 23 anos. Vértebras esmagadas indicam que seria um escravo que fazia trabalho braçal. Foram criados moldes usando impressões que os corpos das vítimas fizeram nas cinzas endurecidas.

"Foi uma morte por choque térmico, como também revelam os seus pés e mãos fechados", disse Osanna aos jornalistas.

O investigador descreveu a descoberta como "um testemunho incrível e extraordinário" da manhã em que ocorreu a erupção.

Os trabalhos de escavação continuam no sítio arqueológico, localizado perto de Nápoles, mas presentemente fechado aos turistas por causa das medidas de combate à pandemia de coronavírus.

sábado, 21 de novembro de 2020

Courtney Hadwin -America's Got Talent

Courtney Hadwin assustou os jurados apresentando uma interpretação impressionante de Janes Joplin. Mas a menina não é só cover, e na mesma competição voltou a impressionar o juri com Pretty Little Thing, uma música de própria autoria.


sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Putin loves Bolsonaro?

O erro no inglês foi proposital, assim como o erro dos analistas políticos de plantão, todos afinados com um discurso liberal patético. Vamos analisar o fato como ele precisa ser analisado.

Putin é o líder de uma grande potência. Economicamente a Rússia não tem uma importância tão grande, mas militar e estrategicamente é inegável que representa muito e, se valendo disso, acaba por aumentando sua influência em outros setores. Bolsonaro, coitado, tem muitas e sérias necessidades de reconhecimento por parte de outros políticos, da população, etc, embora seja medíocre ao máximo, no pior sentido da palavra. 

Putin tem total domínio da situação acima. As acusações de "ditador", "populista", "truculento", etc, podem caber ou não ao líder russo, mas nenhum dos analista de cunho liberaloide de nossa imprensa tem em mente o que eles tanto pregam: o respeito a outras culturas, e a genialidade alheia. A cultura russa não é a dessa democracia ocidental carcomida em suas entranhas por corrupção e fisiologismo, mas está muito mais tendente a objetivos coletivos, e a estados fortes. Isso é cultural, e eles não tentam exportar ou impor aos outros suas maneiras de pensar, eles respeitam. Então, respeitem eles também.

Putin também é uma raposa política, extremamente bem assessorado, e que trabalha muito, se prepara muito, e está sempre atento para se e quando as oportunidades aparecerem. Ora, Bolsonaro é um fraco, covarde, mas precisa o tempo todo tentar provar o oposto. Trump fazia isso, massageava o ego de Bolsonaro, e em troca ganhava a submissão canina de um ser patético. Lembram do "I love you"? Pois é. Trump também ganhava vantagens econômicas enormes, em detrimento de todo e qualquer interesse legítimo do povo brasileiro.

Pois bem, a derrota de Trump deixou um Bolosonaro abandonado, perdido. e Putin, com sua assessoria, detectou isso perfeitamente, e reagiu rápida e precisamente à situação (como é característica da administração russa). Uma aproximação com o incapaz Presidente brasileiro pode não gerar uma situação de subserviência como aconteceu o o ídolo norte-americano, mas pode minar a influência dos ianques sobre o continente americano, e diminuir as pressões sobre Venezuela, Bolívia, Argentina, e outros governos latino-americanos que têm tendências a uma maior aproximação com a Rússia, e que voltam a se formar no continente. De quebra pode gerar alguns lucros econômicos também.

A jogada de Putin foi de mestre, ainda mais num momento em que a situação interna dos americanos deixa Biden numa sinuca de bico. Se apoia as ações de Bolsonaro, perde apoio de sua base interna e de aliados internacionais importantes, se vai contra as ações do brasileiro agrada seus apoiadores internos e externos, mas abre espaço para a aproximação russa. 

Encontros com o DEM

Ciro Gomes se encontrou com Rodrigo Maia: "Que crime!". Conversou com Lula: "Tem que se ajoelhar". O PT recebeu apoio de bolsonarista: "Traidor!". O PT se aliou ao PSDB: "PT é direita". O PCdoB apoiou projeto tal: "Vendidos!". E por aí vai.

Enquanto um monte de reformistas do capitalismo brigam para saber quem é "menos" direita", as últimas eleições municipais mostraram que essa briga só faz atrapalhar o próprio campo de atuação desses partidos. Não é que o povo não compartilhe de muitas de suas ideias, mas claramente os mútuos ataques está fazendo com que a população fique extremamente ressabiada, e que o campo perca força. Isso se traduz no que vou falar abaixo.

Progressismo regride

Se Bolsonaro e o Bolsonarismo regrediram, seus mais ferrenhos opositores também. Apesar de o PDT ter repetido a posição de maior partido do campo em número de vereadores, e ter sido o que mais conquistou prefeituras, fato é que os números são inferiores ao último pleito municipal. Nesse campo quem se destacou percentualmente foi o PSOL, que aumentou 59% sua bancada municipal, mas em números foi apenas de 56 para 89 vereadores eleitos.

Em número de prefeituras conquistadas esse quadro também fica claro, mesmo que o campo ainda concorra no segundo turno de algumas cidades. Se somarmos todo o campo não devemos chegar a 30% de governos municipais conquistados.

Como eu disse quem cresceu foi a direita extrema. Aqueles partido absolutamente fisiológicos, que estão com Bolsonaro em tudo, menos em seus arroubos agressivos e autoritários. Mas as pautas contra os trabalhadores e a população têm seu aval, e às vezes até mesmo interferem para aperfeiçoar os retrocessos.

Verdade que a derrota de Bolsonaro foi importante, mas ela teve o efeito colateral de reduzir ainda mais o campo progressista, e de ter fortalecido o fisiologismo. Não que ele fosse fraco em nível municipal, mas ele cresceu, e se disfarçou nos novos partidos que substituem aqueles que já vinham apresentando sinais de desgaste.

Isso não significa que o Brasil vai eleger um "Biden" em 2022, mas, mais do que nunca, quem se eleger não governará sem "os Biden". E o impeachment, ou a cassação da chapa, não serão opções descartadas pelos bravos democratas do "não importa quanta farinha tenha, ela tem que ser toda minha".

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

As frentes amplas do campo progressista

Em São Paulo já temos uma frente progressista, que inclui PSOL, PDT, REDE, UP, e PCdoB. O psolista também aumentou cerca de 9 pontos percentuais a intenção de votos, em relação aos votos efetivamente recebidos no primeiro turno. A frente é muito importante, até porque abre caminho para conversas mais sérias em 2022, caso o campo progressista consiga colocar alguém no segundo turno, e principalmente, que o campo progressista opte por colocar alguém no segundo turno que tenha chances reais de ser eleito. 

Quanto ao aumento na intenção de votos, este já era esperado, e não foi exclusivo ao psolista, tendo Covas também tendo tido aumento expressivo.  Lembram do que eu disse, que a tendência era de 40% Boulos e 55% Covas. Pois é, está aí embaixo a pesquisa.

Claro que esses números ainda vão se acomodar, e até uma virada é possível, mas o antipatia que o eleitor paulista carrega do PSOL, e a idolatria que prestam aos discutíveis governos tucanos no estado, fazem esse cenário ser bastante improvável.

E na lista acima lamento a ausência do PSB, mas acredito que isso possa ser reverter ainda hoje.

Considerando apenas os votos válidos, Covas teria 58% e Boulos, 42%.

Porto Alegre repete a dose?

Ainda não, mas já temos a adesão à campanha de Manuela d´Ávila de alguns partidos, como o PDT,o PSOL, PT, Rede já apoiam a candidatura de Manuela d'Ávila para a capital gaúcha e, tal qual em São Paulo, o PSB também deve aderir ao grupo essa noite. Também tal qual em São Paulo, a tendência é que o candidato do MDB alcance a maioria dos votos, mas uma virada é menos improvável que em São Paulo.

Fortaleza

Em Fortaleza a tendência de união do chamado campo progressista também é clara. O PT já anunciou apoio ao candidato pdetista, assim como o PSOL. REDE, e PSB. Até pela distribuição dos votos entre as legendas no primeiro turno, é esperado que o candidato pedetista alcance a eleição com folga sobre o candidato do PROS, mas como já comentei, toda atenção, porque lá o risco é de elegerem um bolsonarista convicto.

Em outras cidades essas frentes também se configuram, como em Aracajú, onde as chances do candidato pedetista também são grandes. E ainda que nem em todos os lugares essas frentes venham a ser vitoriosas, isso é um início importante para que o campo progressista volte a dialogar, e comece a buscar melhores escolhas, tendo em vista a eleição como um todo, e não apenas a chegada a um segundo turno.




quarta-feira, 18 de novembro de 2020

O segundo turno

A partir de agora temos pouco menos de 2 semanas para o segundo turno, mas as negociações por apoio andam aceleradas para garantir maior representatividade e chances de vencer o adversário. Algumas são bastante lógicas, por afinidade mesmo, e têm sido feitas pelos próprios militantes nas redes sociais (e nesse caso são levadas em conta apenas visões e anseios pessoais dos militantes), mas nos apoios oficiais são levadas em conta, além de afinidades ideológicas, as negociações que garantam fatias do poder conquistado nas urnas.

Para quem não sabe, o nome disso é POLÍTICA. 

E as redes sociais aumentaram o poder de pessoa que não fazem parte das cúpulas partidárias - e às vezes nem de partidos políticos - de influenciarem no processo

Vejo o campo progressista com 3 pontos nevrálgicos, que podem influenciar decisivamente para as eleições de 2022: São Paulo, Porto Alegre, e Fortaleza. Nas cidades do Sudeste e Sul a disputa está tendente aos adversários, com a grande vantagem de que não são de cunho fascista, ainda que sejam de direita, e que não tenham a tendência de atenderem os anseios da população mais pobre. Mas apesar disso, os candidatos do campo progressista terminaram em segundo, e terão dificuldades de ultrapassar o índice de rejeição que carregam desde o início de suas campanhas, rejeição essa que acompanha seus próprios partidos, PCdoB e PSOL. Mas vale muito a luta

Já em Fortaleza a situação é mais complicada, menos pela dificuldade do candidato do campo progressista em aglutinar os votos que lhe faltam, mas muito mais pela ameaça que é o candidato de tendências fascistas que alcançou a vaga no segundo turno, e com votação bem próxima. Foi quase um empate técnico. com prevalência do candidato do PDT.

Mas se o candidato do PDT terá maior facilidade em conquistar os votos que lhe faltam, também temos que atentar que não pode haver erro nesse processo, porque qualquer deslise que leve a eleição do candidato do PROS será um retrocesso enorme para a capital cearense, além de abrir portas para um processo perigosíssimo que corre a passos largos no país.

Claro que temos outras capitais e cidades em que teremos segundo turno, e onde temos esses embates, mas as 3 aí de cima são fundamentais, pela importância que têm no imaginário regional, e até nacional, além de, se apesentarem boas gestões, terem possibilidade de influenciarem importantes contingentes dos eleitores. Com isso as 3 cidades são cruciais no processo para que o campo progressista recupere sua importância em nível nacional.


segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Direita "democrática" cresce nos municípios

A grande verdade é que os campos progressista e de extrema direita tomaram uma bela surra nessas eleições municipais, ao menos no que toca as capitais e cidades mais importantes. Verdade que em alguns locais pontuais eles levaram, cresceram, mas a esmagadora maioria dos votos foram, ou tendem a ser em prol de candidatos que representam o chamado "centro", ou "direita democrática". Vamos aos números e análise das principais capitais.

São Paulo - 2º turno entre Covas (32,86%) e Boulos (20,24%). Além de uma vantagem consistente já no primeiro turno, as votações dos outros candidatos indicam que Boulos deve alcançar algo em torno de 40% dos votos válidos no 2º turno, e Covas algo em torno de 55%.

Rio de Janeiro - Paes (37,01%) e Crivella (20,90%). Quando observamos o desempenho dos outros candidatos, a tendência é que Paes alcance em torno de 60% dos votos, e Crivella 30%.

Fortaleza - Sarto 35,72% e Wagner 33,32%. A tendência é que Sarto alcance em torno de 65% dos votos, e Wagner tem pouco a crescer ficando com uns 35%.

Manaus - Amazonino Mendes (33,91%) e David Almeida (22,36%). Aqui é a disputa mais difícil, porque os dois candidatos são da chamada "direita democrática", e a diferença entre eles é muito pequena. Qualquer um pode ganhar.

Porto Alegre - Sebastião Melo (31,01%) e Manuela (29%). A tendência é que Sebastião termine em torno de 54% e Manuela com 46%.

Belém - Edmilson Rodrigues (34,22%) e Eguchi (23,06%). Apesar da vantagem importante de Rodrigues, ele precisará de pelo menos mais 16% dos votos válidos, e esses foram todos na direção da "direita democrática". É possível sua eleição, mas não é certa, e isso devido ao velho problema da rejeição.

Goiania - Maguito Vilela (36,02%) e Vanderlan Cardoso (24,67%). A tendência é que Vilela chegue aí aos 55%, e Cardoso aos 40%.

Recife - João Campos (29,17%) e Marilia Arraes (27,95%). Aqui é briga de primos, que gerou a dissidência de Marília do PSB, passando para o PT. Eleição indefinida, e a única capital onde dois representantes do campo progressista foram ao segundo turno.

As demais capitais, tiveram eleições já definidas no primeiro turno, ou não chegam a ter influência em nível nacional, e mesmo nelas a grande tendência foi de levarem candidatos da chamada "direita democrática" ao segundo turno.

A se comemorar é que a onda de extrema-direita parece estar arrefecendo. A péssima é que o campo progressista mostra não ter aprendido nada, e segue defendendo nichos ideológicos, em detrimento dos verdadeiros anseios da sociedade. Isso se reflete nas urnas, onde, se sua derrota não foi tão ampla quanto a da extrema-direita, tampouco representou uma reação, e em algumas cidades importantes vimos perda significativa de espaço político.

domingo, 15 de novembro de 2020

Eleições Municipais 2020

O Brasil hoje vai às urnas para eleger Prefeitos e Vereadores. Apesar de parecer absolutamente secundária, as eleições de hoje são cruciais para indicar tendências para as próximas eleições nacionais e estaduais. É assim, se o campo progressista mostrar capacidade de reação, de levar algumas capitais importantes, e de se organizar minimamente, então teremos esperanças de deter essa onda reacionária (sim, porque ela não é conservadora, ela é reacionária, algo muito mais nefasto), que vem destruindo o país e seus avanços civilizatórios. Mas se os progressistas forem varridos nas urnas, então o futuro para o país se tornará cada vez mais sombrio, e dificilmente uma reviravolta ocorrerá em 2022.

Mas vejam, as eleições brasileiras, não são uma corrida de turno único, e diferente do que diz o ex-Presidente Lula, se o povo prefere votar em fulano, então é vontade do povo, porque o objetivo não é levar ninguém ao segundo turno, mas de levar a tomar as rédeas de uma cidade, estado, país, ou de uma cadeira nas câmaras legislativas. Então, mais do que sua preferência pessoal em A ou B, o voto precisa ter em mente o objetivo a ser alcançado, porque no segundo turno conta muito mais a rejeição a um candidato, do que a preferência por ele.

No Brasil o voto não pode ter por base o coração ou o fígado, mas o cérebro e a razão.

Em 2018 já perdemos uma eleição por não pensar assim, e os resultados têm sido catastróficos. Vamos insistir no mesmo erro?

Bom voto!

"Estão destruindo a economia do Brasil, mas tem solução!" Ciro no Datena

Muito boa entrevista de Ciro Gomes ao jornalista José Luiz Datena.

sábado, 14 de novembro de 2020

Bohemian Rhapsody – Pentatonix

Você gosta de grupos a Capella? Pois bem, Pentatonix é um desses grupos, e ele dá show, e uma sonoridade excepicional a Bohemian Rhapsody. Uma das maiores composições da história do Rock n'Roll, com um grupo que lhe dá uma nova vida.

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Juca Kfuri esqueceu

O jornalista Juca Kfuri fez um resumo e concatenou os arroubos verborrágicos do Presidente do Brasil, que num só dia chama seus concidadãos de maricas, e depois ameaça o país mais poderoso do mundo com uma guerra. O jornalista conclui dizendo que as frases do Presidente são típicas de quem precisa de internação, e "que os maricas, segundo ele, veja bem, que votaram nele, se alistem para invadir os Estados Unidos", e em outro parágrafo, "E façam boa viagem".

Mas Juca Kfuri parece ter perdido o jeito, porque esqueceu de dizer: e fiquem por lá.


quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Vejam que interessante

Interessantíssima a descoberta feita na Catedral de Santiago de Compostela. A prática de pedreiros medievais se retratarem nas trabalhadíssimas construções da época, em que o labor de esculpir pedras e madeira era muito comum em construções públicas, religiosas, ou da nobreza era algo quase obrigatório, mostrando importância, poder e riqueza, mas ainda assim os mais desafortunados conseguiam se fazer representar.

Não há limites para a criatividade humana.


Há um autorretrato escondido há 900 anos na catedral de Santiago de Compostela

Imagem foi descoberta entre os capitéis durante um levantamento pormenorizado de todo o edifício. Jornal 'The Guardian' descreve a obra como uma "selfie em pedra".

Uma historiadora de arte britânica descobriu no topo de uma coluna da catedral de Santiago de Compostela um autorretrato de um dos pedreiros que trabalhou na construção do edifício no século XII.

"Encontramos isto nos edifícios medievais", disse Jennifer Alexander ao Observer, o suplemento de domingo do jornal The Guardian, que fala de uma "selfie em pedra".

"Estão normalmente em cantos escuros, onde apenas outro pedreiro poderia encontrá-lo. Este está numa parte do edifício onde precisavas ser um pedreiro para estar lá em cima e ver. Está escondida entre um conjunto de capitéis (o topo de uma coluna) que são simples", acrescentou.

A figura foi descoberta pela historiadora da Universidade de Warwick durante um levantamento minucioso da catedral, que foi construída entre 1075 e 1211 e é património da Humanidade da UNESCO. A ideia é analisar o edifício pedra a pedra, procurando estabelecer a sequência em que foram colocadas, num projeto financiado pelo governo da Galiza.

Foi durante o estudo dos capitéis, 13 metros acima do solo, que a historiadora descobriu a figura. "É uma adorável imagem de um homem pendurado no meio do capitel, como se a sua vida dependesse disso. É numa fileira de capitéis idênticos, construídos em granito -- 'precisamos de mais 15 com este desenho' e de repente há um que é diferente. Por isso achamos que é o próprio pedreiro", disse Alexander.

O trabalho de construção era anónimo, pelo que esta seria a forma mais próxima de o assinar. Os aprendizes aprendiam a trabalhar a pedra com os mestres, em oficinas, sendo que os que se destacavam podiam aprender também geometria e ter acesso a outras ferramentas para desenharem os planos ou gerirem o local de construção.

A figura, que está a sorrir, tem cerca de 30 centímetros e está esculpida até à cintura.

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Eleições Municipais - Principais capitais

Uma análise rápida e só do primeiro turno. Não analiso projeções para o segundo turno, porque são várias hipóteses as hipóteses.

São Paulo

O atual prefeito, Covas, lidera com muita folga e 32% dos votos. A folga é tanta, que ele está tecnicamente empatado com a soma dos 3 candidatos (Boulos, Russomano, e França) que o seguem, que por sua vez também estão tecnicamente empatados.

Rio de Janeiro

No Rio a situação é bem semelhante a de São Paulo, e o ex-prefeito, Paes, lidera com muita folga,  mas não tecnicamente empatado com os 3 que vêm a seguir (Crivella, Martha Rocha, e Benedita da Silva). Crivella e Martha Rocha estão tecnicamente empatados na segunda e terceira posição respectivamente.

Belo Horizonte

Na capital mineira o atual prefeito, Kalil, tem ampla vantagem sobre os 3 candidatos que vêm a seguir, e está virtualmente reeleito em primeiro turno, já que, no momento, conta com a projeção de 62% dos  votos válidos. Claro que pode haver uma reviravolta, mas é improvável.

Salvador

Situação semelhante a de Belo Horizonte, em que Bruno Reis aparece com 61% dos votos, e virtualmente eleito no primeiro turno. Major Denice, o segundo colocado, vem distante, com apenas 13% dos votos.

Porto Alegre

Manuela d'Ávila mantém a ponta, empatada com a soma dos dois segundos candidatos (Marchezan, e Fortunati). Brizola vem muito longe em quarto, e não mostra chances de ir ao segundo turno.

Fortaleza

Sarto virou nas pesquisas, e aparece em primeiro, mas tecnicamente empatado com Wagner. Liziane vem em terceiro, tecnicamente empatada com Liziane. Os outros candidatos não apresentam chances de chegar ao segundo turno.

Recife

Campos vem em primeiro, com 33% dos votos, seguido por Arraes com 21%, Mendonça Filho com 17%, e Patrícia com 12%. A tendência é dar um segundo turno entre Campos e Arraes.

Curitiba

Rafael Greca vem muito longe na primeira posição, com 46% dos votos, e todos os outros candidatos perdem para os brancos e nulos (11%). A eleição na capital paranaense tem chance de ter segundo turno, tem até chance de virada, mas é muito difícil que isso ocorra, e talvez Greca leve essa eleição ainda no primeiro turno.

Todos os dados foram tirados do Ibope, ou do G1.

terça-feira, 10 de novembro de 2020

A eleição de Biden nos EUA

Já me posicionei sobre a diferença entre Biden e Trump, e até sobre alguns dos reflexos que a eleição do democrata teria no mundo. A verdade é que ele irá melhorar um pouco o relacionamento com os aliados mais importantes dos EUA e deverá mudar a forma como combate o crescimento da China, algo que já se tornou absolutamente inevitável por vias externas.

Também dei uma pincelada do que poderia se passar na relação bilateral EUA-Brasil, e como isso influencia na política interna brasileira, e agora vamos explanar um pouco mais essa situação, lembrando sempre que é um exercício de futurismo.

Já dissemos que a política externa americana é imperialista, e que usam de todos os meios possíveis para influenciar outros países, e isso inclui a compra de políticos e funcionários públicos, a promoção de campanhas que sejam de seu interesse, e até o uso da força.

Com todo esse quadro os americanos vão intervir mais uma vez, mas com objetivos um pouco diferente dos atuais. Trump tinha o claro objetivo de impulsionar as exportações americanas, e Bolsonaro (que mostra claros indícios de que teve apoio americano em sua eleição) se portou sempre de forma subserviente, o que atendeu interesses internos e externos. A única contrapartida que teve foi a inação dos americanos quanto a abusos sucessivos que seu governo vem promovendo internamente, com a conivência de setores importantes, tanto econômico, quanto numérico, da sociedade brasileira.

Acontece que agora o quadro muda um pouco, porque Biden precisa intervir em alguns aspectos do governo Bolsonaro, não apenas por causa de suas posições políticas, mas também porque parte importante de seus apoiadores e aliados se importam, ou são afetados por isso. Essa questão perpassa, principalmente, a política ambiental brasileira, mas pode não se limitar a isso. 

Aqui vem o primeiro ponto de conflito: Biden vai articular campanhas internacionais para reduzir drasticamente as queimadas que vêm sendo promovidas no Pantanal e na Amazônia, o que irá conflitar com parte importante do apoio interno de Bolsonaro, que é a parte predatória do setor agro-industrial.

Outro ponto que Biden deve atacar é a postura de Bolsonaro, que comumente ataca e desrespeita partes da sociedade, e até mesmo de cidadãos e líderes estrangeiros. A pressão por uma mudança da postura de Bolsonaro ocorrerá, o que criará o conflito com outra parte dos apoiadores internos do Presidente.

Por último Biden deve alterar a política de exploração que os EUA tem para com o Brasil. Enquanto Trump tinha por objetivo incentivar a produção interna americana, e suas exportações, Biden deve buscar uma exploração mais local, com a compra de ativos brasileiros, algumas vezes com o objetivo de destruí-los, outras com o de explorá-los diretamente. Isso deve fatalmente conflitar com um terceiro setor de apoio da Presidência de Bolsonaro, que são interesses de investidores nacionais, até porque Biden poderá não querer abrir mão do mercado ganho por Trump, embora isso não seja inegociável.

Como eu já disse, Bolsonaro é como uma geleca, uma ameba política, que se adapta ao ambiente a sua volta, mas que sempre tem por objetivo sua satisfação pessoal, ainda que ao custo da destruição desse ambiente. Ele tentará resistir aos novos movimentos americanos, e retornará. Vejam, já disse que Trump não era tão importante (mesmo depois do "I Love You"), e tentou falar com Biden, ainda antes do resultado eleitoral, no que foi rechaçado. Sua reação foi voltar atrás, e não parabenizar o presidente americano eleito.

O problema é que Biden não voltará atrás, nem os apoiadores de Bolsonaro. O Presidente brasileiro estará finalmente numa situação que necessitará de capacidade de articulação, muito mais do que de sua capacidade de mobilização. O problema é que, até agora, Bolsonaro foi mestre na segunda, mas mostrou nenhuma capacidade na primeira.


sábado, 7 de novembro de 2020

Beethoven Sinfonia 5

Talvez a maioria que acompanha o Blog dos Mercantes não goste, mas as músicas clássicas costumam ter uma sonoridade, e transmitir uma energia que arrepiam. A sifonia 5 de Beethoven é uma delas.

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Eleições americanas

Os EUA foram às urnas ontem, e renovaram 1/3 do senado, toda a câmara de deputados, e elegeram seus delegados para a eleição presidencial. Em alguns estados também houve plebiscito. As pesquisas indicavam uma vitória democrata, mas a verdade é que a apuração não começou muito boa para o partido de Bidem, já que na Flórida, um dos chamados estados pêndulo, a vitória foi de Trump. Isso de forma alguma significa tendência para um lado ou para outro, mas tão somente que a eleição deve estar muito mais acirrada do que as pesquisas indicavam. E na apuração temos uma idiossincrasia dessa eleição, que são os votos pelo correio. Não que eles sejam uma novidade no sistema eleitoral americano, mas jamais houve tantos em uma eleição, e isso devido a pandemia. O problema disso é que a apuração demorará muito mais que o normal, deixando a eleição indefinida por mais tempo.

Essa é a situação, e muita gente está torcendo por Biden, enquanto outro tanto torce por Trump. A verdade é que, apesar de Trump ser o presidente americano menos militarmente belicoso dos últimos tempos (talvez da História), ele é extremamente pernicioso ao mundo. Biden provavelmente o será também, mas de outra forma. O que interessa realmente nessa eleição é interno dos americanos, porque ela realmente influencia na situação da população americana, mas muito pouco para o resto do mundo, já que o EUA, de uma forma ou de outra, tentará sempre exercer seu imperialismo, e influenciar outros países de acordo com seus interesses.

No Brasil isso também pode ter repercussão, muito menos pelos interesses do Tio San em nosso território, e muito mais pelo posicionamento canino do presidente do país em relação a Trump, ou irresponsável em temas como meio-ambiente, e posicionamentos diplomáticos. Trump vencendo o Brasil tende a permanecer caninamente subserviente, e não haverá necessidade de grandes sanções por parte dos norte-americanos, porque eles têm conseguido tudo que querem.

Com Biden a coisa muda um pouco de figura, já que, em vários pontos, há divergências interessantes entre o presidente brasileiro e o democrata. Sanções mais sérias podem ocorrer. Mas no final Bolsonaro não passa de uma geleca política, e apesar de seu discurso belicoso, está sempre disposto a se adaptar subservientemente aos ventos, desde que preserve seus interesses pessoais.

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Absurdo!

Hoje não ia ter postagem, mas não teve como não se posicionar sobre o absurdo que foi essa sentença dada por Juiz de Santa Catarina.

#estuproculposonãoexiste

#justiçapormariferrer

Não há mais meias palavras

A reportagem do Jornal GGN data de 08 de março de 2019, e se refere a um editorial do Estadão do mesmo dia. 

Sabem o que mudou daquele dia para hoje?

Nada.

Sem meias palavras, Estadão detona Bolsonaro em editorial

'Em Davos, precisou de seis minutos para mostrar sua incompetência administrativa. Com os fuzileiros navais, não precisou de mais de quatro minutos para revelar sua face autoritária e sua ignorância cívica’

Jornal GGN – Intitulado com ‘Quebrando louças’, o editorial de hoje do Estadão não traz boas notícias para o presidente Jair Bolsonaro. Já começa dizendo que um país vai mal quando seu ‘presidente claramente não entende qual é seu papel, especialmente quando não consegue dominar os pensamentos que, talvez, lhe venham à mente’. A grita bolsonariana vai ser geral depois disso.

Mas este é só o começo. Diz que o esforço de comentaristas para dar sentido às destrambelhadas manifestações de Bolsonaro, como sendo algo estratégico ou fizessem parte de um plano nacional de comunicação, é comovente. E tarefa inglória.

O editorial massacra o personagem desde o ‘grotesco discurso de posse, atulhado de arroubos e bravatas ginasianas’, que demonstra que ele nunca foi talhado para ocupar o cargo de chefe de Estado, já que não sabe medir palavras ou gestos. Ao contrário, diz o texto, seu comportamento grotesco e indecoroso faz perceber que ele se considera acima do cargo que ocupa, dispensando-se dos rituais e protocolos ‘próprios de tão alta função’.

E crava o esperado: a disseminação de pornografia pelas redes sociais é uma tarefa que ele se encarregou, ‘para estupefação nacional e internacional’.

Para o Estadão, a única estratégia possível é deixar o País apreensivo a cada novo tuíte ou discurso, ‘pois nunca se sabe o que virá’. O jornal afirma que o personagem foi eleito e, na sua concepção, isso o libera para dizer o que lhe vem á cabeça, sem se importar com a onda de estragos vindas na esteira. E daí seus assessores que se virem para tentar reduzir os prejuízos.

Mas, e o mais não ajuda Bolsonaro, há casos em que nem mesmo o mais habilidoso ministro é capaz de remendar. E cita o discurso de ontem feito no Corpo de Fuzileiros Navais do Rio quando ele disse, com todas as letras, que ‘democracia e liberdade só existem quando as Forças Armadas assim o querem’. É textual. Segundo o jornal, será preciso um grande malabarismo retórico para tirar a pecha de um pensamento irremediavelmente autoritário, ‘de quem acredita que a democracia é apenas um favor dos militares aos civis’. E se conclui que, para o presidente da República, ‘a democracia e a liberdade seriam meramente circunstanciais’, pois dependeriam dos humores dos quartéis.

E o golpe de misericórdia do Estadão, quando diz que um país vai mal quando seu presidente não entende qual é seu papel, principalmente quando não consegue dominar os pensamentos que, talvez, lhe venham à mente. Diz que Bolsonaro, como chefe de Estado, tem obrigação de saber que todas e qualquer uma de suas palavras, nortearão o debate político nacional, seja no Congresso ou nas ruas, e terão consequências no campo da economia. ‘O presidente deve ter consciência de que não é mais candidato, condição que lhe permitia incorporar o personagem histriônico e falastrão que seus fanáticos seguidores apelidaram de “mito”’, diz o texto. E que sua retórica violenta é péssima para agregar apoio político para um governo que começa sem base no Congresso. Pelo menos base visível.

Sua atuação no Carnaval, antagonizando foliões nas redes sociais, divulgando vídeo pornográfico a título de ‘verdade’, não trará votos para os projetos ‘de real interesse do País’.

E finaliza, e aqui vai todo o texto: ‘O bom senso sugere que não se deve esperar que Bolsonaro de repente compreenda seu papel e se transforme num estadista, capaz de, em poucas palavras, guiar as expectativas do País. Diante disso, a ala adulta do governo parece ter decidido trabalhar por conta própria, tentando reparar os danos da comunicação caótica e imprudente de Bolsonaro – desde os prejuízos econômicos causados pelo despropositado antagonismo público do presidente em relação à China e aos países árabes, até a dificuldade de arregimentar apoio a uma reforma da Previdência na qual Bolsonaro parece não acreditar. Pelo que se viu até aqui, todo o esforço que alguns de seus auxiliares estão fazendo para que o presidente desastrado não quebre toda a louça será inútil. Bolsonaro está ficando cada vez mais rápido e certeiro. Em Davos, precisou de seis minutos para mostrar sua incompetência administrativa. Com os fuzileiros navais, não precisou de mais de quatro minutos para revelar sua face autoritária e sua ignorância cívica’.



domingo, 1 de novembro de 2020

Privatização do SUS?

Essa semana tivemos calorosas discussões sobre um Decreto de Bolsonaro, que permitia a privatização das UBSs. Isso seria feito através de uma parceria público-privada, mas isso também causou enorme reação contrária nas redes sociais. Logo depois de publicada, Bolsonaro revogou o Decreto, mas não sem dizer que voltará a carga, e ainda citou o mais médicos de Dilma para "justificar" sua ação com Guedes.

Isso é irresponsável, é inconstitucional, e criminoso. Mas estranhamente foi um ato tomado quando o Brasil começava a falar do tópico aí abaixo

Reuniao criminosa?

Essa semana chegamos a ter comentada uma reunião encabeçada por Bolsonaro, e da qual participaram os advogados de Flávio Bolsonaro, e órgãos de segurança e inteligência do Estado Brasileiro. A GSI e a ABIN participaram, e isso foi confirmado por Augusto Heleno, chefe do GSI, que disse que foi uma reunião "informal".

Vamos a dois pontos mais importantes que são fundamentais sobre essa reunião. O primeiro é que não existe reunião "informal" nesse tipo de atividade, ainda mais quando falamos que essas reuniões teve a presença dos chefes de dessas agências de inteligência, e foram chamadas pelo próprio Presidente da República, e onde o assunto foram as investigações contra o filho do próprio Presidente da República.

O segundo ponto é que, nenhuma das agências, tem como finalidade esse tipo de investigação, já que suas atuações são ligadas aos interesses do Estado, e jamais aos interesses particulares do Presidente da República, e muito menos de seus filhos.

A reunião conjuga num só ato três crimes. O de responsabilidade do Presidente, o de desvio de função promovido pelo próprio presidente, e pelos chefes presentes, e o crime de prevaricação.

Guaraná rosa é para gay, ou o problema é o apoio político empenhado?

Como uma estupidez apenas não é suficiente, na mesma semana o Presidente faz live apoiando candidatos a prefeituras, e atacando outros, inclusive se utilizando de acusações infundadas, e mentiras. No mesmo dia, e em duas oportunidades, o Presidente aproveitou para fazer mais uma de suas "brincadeiras" homofóbicas, na vã tentativa de depreciar um produto, ou talvez uma população inteira, de um estado da Federação, que é governado por um seu opositor, ou talvez ele apenas tentasse ser engraçado, vai saber,

Bem, a posição homofóbica, que no fundo apenas tenta depreciar outros seres humanos através de suas condições de gênero, não é nova. E ela persiste porque o sujeito jamais foi exemplarmente punido, ou seja, as instituições brasileiras jamais foram capazes de coibir e impedir a ascensão de alguém como ele. Não foi a primeira vez, não foi a última, e isso seguirá a acontecer enquanto não se tomarem medidas sérias e severas, que mostrem o absurdo dessas atitudes, e que deixem claro que a sociedade brasileira não irá mais tolerá-las. 

A outra questão é um pouco mais sutil, mas a mim me parece tão clara quanto a primeira, que é a interferência direta nas eleições, e os ataques que o Presidente da República vem promovendo àqueles que são seus opositores políticos, ou que ele considera que sejam. Nisso se incluem os atuais candidatos às prefeituras de várias cidades. E nesse ponto é importante ressaltar que há uma enorme diferença entre um Presidente da República falar bem de alguém, e de atacar alguém, ainda mais se esse ataque é acompanhado de mentiras. 

Vejam, quando alguém assume um cargo de alto nível na administração pública, ou em instituições públicas de alto nível, deixa de existir a dicotomia entre o político/funcionário público, e o político/pessoa. Ele é o tempo todo político/funcionário público, ou seja, quando alguém chega ao cargo de Presidente da República, o cidadão deixa de existir enquanto ele ocupar o cargo, e isso durante todo o período e a qualquer momento em que ele(a) estiver no cargo. 

E existem atitudes que um governante não pode ter, porque simplesmente recaem na mesma situação do tópico acima, porque emprestam a suas ações, a dignidade do cargo no qual está investido. Uma dessas atitudes é o ataque a adversários políticos, ainda mais se valendo de mentiras e boatos.