segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

A retroescavadeira e as balas

Semana passada tivemos o episódio surreal de policiais amotinados atacarem a população, outros colegas policiais, espalharem o terror, e depois se entrinchirarem num quartel local. Um Senador da república se deslocou até lá para negociar e trazerem as coisas de volta a normalidade, até porque não havia nenhum motivo legal, lógico,ou mesmo justificável, para os crimes praticados pelos policiais. Sim, porque foram crimes, e muitos.

Pois bem, o Senador agredido, tomou de uma retroescavadeira, que eu não sei o que fazia ali, e derrubou o portão. Alguns amotinados atiraram nele. Dois tiros acertaram seu peito, e pasmem, saiu sangue.

O resultado disso tudo foi um imediato endurecimento do governo estadual quanto as ações dos amotinados, um desbaratamento imediato e duro do movimento e, segundo consta, a morte no nascedouro de outros movimentos que se iniciavam em outras unidades da federação.

Quem está certo? Quem está errado?

Ora, a conta disso é muito simples. O Senador da República não lidava com profissionais em greve - o que já seria uma ilegalidade, e um crime militar, já que a Constituição os veda tal direito - mas também lidava com pessoas que aterrorizavam uma cidade (não foi a única), que obrigavam comerciante a fecharem as portas, que destruíram patrimônio público, que destruíram patrimônio privado, que ameaçaram as vidas de pessoas, e de policiais. Em outras palavras, bandidos, terrroristas.

Num caso desses cabe à sociedade e seus líderes reagirem a altura, com os meios, e com a força necessária para que cessem os atos de vandalismo, de destruíção, e ameaça à população.

Foi o que o Senador da República fez.

E os criminosos aumentaram seus crimes com uma clara tentativa de assassinato. Não houve nenhuma ação de legítima defesa por parte deles, já que quem cometia crimes eram eles, quem ameaçava as pessoas eram eles, quem depredava patrimônio eram eles, quem provocou toda a situação foram eles. 

A legítima defesa é um artifício que pode e deve ser utilizado para impedir que alguém cometa um crime contra você, e deve ser exercida dentro de limites razoáveis de força, que sejam suficientes para impedir o dano. Ela não se aplica quando você provoca a situação.

O Senador da República talvez não fosse a autoridade, ou o agente competente para tomar a atitude tomada, mas não se via nenhum outro agente agindo para que se parassem as tresloucadas ações dos marginais.

Para quem não entendeu, o Brasil não está em normalidade institucional ou democrática. As últimas eleições foram claramente fraudadas, seja com o uso abusivo do poder econômico, seja com o disparo em massa de mensagens nas redes sociais, seja pela retirada de um candidato da corrida presidencial através de uma sentença dada a toque de caixa, cheia de vícios, sem nenhuma prova. O país segue convivendo com decisões estapafúrdias por parte do poder Judiciário, com juízes legislando em cima de questões há muito consolidadas, que insistem em mudar o entendimento e a base do Direito brasileiro, de forma muitas vezes criminosa.

Talvez uma parte da classe média goste disso, mas a população em geral vem sendo vilipendiada, saqueada, desrespeitada, e vê seus direitos e conquistas ruírem dia a dia. Já passou da hora de alguém colocar um freio nessa avalanche de absurdos que vêm ocorrendo no Brasil. O resto são filigranas de uma direita e de uma esquerda que pensam que o esgoto a céu aberto que corre no país se resolve com um pouco de perfume.


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