Lula mais uma vez age como ombudsman do próprio governo. Sim, apesar de estar bastante correto nas críticas (não de todo), ele está absolutamente errado na forma de fazê-las. Vamos entender melhor isso.
Para começar o Ibama não é um órgão de governo, mas de Estado. Há diferenças entre os dois, mas a principal é que um órgão de governo busca a realização dos interesses políticos deste, enquanto um órgão de Estado busca os interesses do Estado e da sociedade, da Nação.
Difícil de entender, porque os dois às vezes se misturam, e com certeza se conectam em muitas esferas. Para começar é bem comum que os governos aparelhem órgãos de Estado, já que suas lideranças costumam ser indicadas politicamente pelos governos. Por isso muitas vezes os interesses de Estado são escanteados por interesses de ocasião dos governos.
E daí vêm muitas confusões mais, já que decisões podem ser tomadas que desencontram laudos técnicos bem fundamentados, ou desafiam regras e Leis estabelecidas. O contrário também pode ocorrer.
O problema de Lula não é o Ibama, nem Marina Silva; o problema de Lula é Lula. Sim já que ele mobilizou uma frente ampla absolutamente desnecessária. Não que ele não necessitasse de apoio, mas ele juntou apoio em forças que são antagônicas, outras que nada têm a ver com os interesses do Brasil, e muito menos eram necessárias para sua eleição. Marina Silva é um desses casos. Mas não o único.
Só que a solução está nas mãos do próprio Lula. Ele precisa tomar as rédeas de seu governo nas mãos, mudar radicalmente os rumos de seu governo.
Essa mudança poderia começar com essa reunião com o Ibama, e já que ele a considera tão importante, então que convoque o presidente do órgão, da Petrobras e a própria Ministra do Meio Ambiente. E que ele resolva isso sem essa palhaçada de ficar expondo publicamente os erros acumulados há décadas.
Sim, quem passa o tempo todo entregando tudo sem resistência e a quem quer que seja, quem passa o tempo todo fazendo um discurso diametralmente oposto à própria prática, quem passa o tempo todo tentando terceirizar a própria culpa, bem, esse não pode esperar nada diferente de perder o poder que tem.
Só que ele tem como reverter isso. Precisa tomar as rédeas do próprio governo nas mãos, colocar gente comprometida com avanços pro país e pro povo, atender interesses desde que esses sejam gerais ou promovam real crescimento do país.
A propósito, ele poderia incluir nesse pacote a recuperação real do controle da Petrobras, da Eletrobras e de outras empresas absolutamente estratégicas. Isso é algo que ele prometeu fazer, criticou, ou ele mesmo entregou, mas quando tem a oportunidade ele prefere agir como sw não fosse o Presidente do país.
Há tempo de mudar e salvar sua biografia e credibilidade, mas até agora ele não fez nada por isso.
Ante o naufrágio de seu governo, Lula atira Marina ao mar
A convicção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que a ministra do Meio Ambiente Marina Silva representaria um trunfo para o seu governo parece estar abalada. Na verdade, a impressão é que ele se prepara para atirá-la figurativamente ao mar, na disputa sobre a concessão da licença ambiental à Petrobras para a perfuração de um poço exploratório no litoral do Amapá, que se arrasta sem solução desde o início de seu governo.
Em uma entrevista a uma rádio de Macapá, na quarta-feira 12, Lula disparou um duro ataque ao Ibama, cuja protelação na concessão da licença só pode ser descrita como uma sabotagem à exploração de hidrocarbonetos, em linha com a conhecida oposição de Marina aos combustíveis fósseis. Disse ele: “Na semana que vem, ou esta semana ainda, vai ter uma reunião da Casa Civil com o Ibama e nós precisamos autorizar que a Petrobras faça a pesquisa. É isso que nós queremos, se depois a gente vai explorar, é outra discussão. O que não dá é para a gente ficar nesse lenga-lenga. O Ibama é um órgão do governo, parecendo que é um órgão contra o governo.”
Ora, a posição antidesenvolvimentista do Ibama contra projetos de desenvolvimento e infraestrutura é notória e antiga, mas Lula já leva mais de dois anos no governo e tem coonestado por omissão todas as decisões arbitrárias do órgão, e não só na exploração da Margem Equatorial Brasileira, a nova fronteira petrolífera do país.
E não se diga que o Ibama é um órgão “técnico”, pois decisões como as dificuldades para a exploração da Margem Equatorial Brasileira, a dragagem do rio Paraguai, o derrocamento do Pedral do Lourenço no rio Tocantins, o asfaltamento da rodovia BR-319, a renovação da licença de operação da usina hidrelétrica de Belo Monte e numerosas outras, nada têm de técnicas, mas são ostensivamente ideológicas e políticas.
Na verdade, Lula nunca quis contrariar Marina, que até agora vinha sendo uma fiadora de seu governo junto aos governos de Joe Biden nos EUA e à União Europeia (UE), para os quais o apoio à agenda verde e à poderosa ministra constituía um eficiente instrumento político para manter o Brasil enquadrado na agenda globalista.
Com a chegada de Donald Trump e sua firme agenda “antiverde” à Casa Branca e as reações cada vez maiores às pautas verdes e identitárias na UE, reduziram-se consideravelmente as chances de que Lula possa capitalizar o seu compromisso com a agenda da “descarbonização” da economia mundial e do “desmatamento zero” na Amazônia, para a qual a conferência climática COP30, em Belém (PA), em novembro próximo, deveria ser a consagração. O veto à exploração no Amapá era ponto de honra para Marina e seus prosélitos da “Igreja Fundamentalista do Santuário Amazônico”.
Lula contava com tudo isso para atrair os bilionários “investimentos verdes” com os quais acenavam os globalistas. Agora, diante do indisfarçável esvaziamento da agenda verde-identitária, das pressões políticas para a liberação da exploração petrolífera e dos problemas crescentes do seu governo, ele se vê compelido a atirar ao mar a sua outrora intocável sumo-sacerdotisa verde, em uma tentativa de evitar um naufrágio catastrófico.