quarta-feira, 9 de abril de 2025

A importância da indústria bélica

A Rússia comemorou e anunciou o lançamento se um novo submarino nuclear, o "Arcanjo". Nome sugestivo, ainda mais que o nome batiza também a nova classe de submarinos Yassen modificados, e é capaz de carregar os mais modernos mísseis do arsenal russo. Lembrando sempre que embarcações são plataformas capazes de transportar e operar armas.

E sim, o submarino significa importante acréscimo à capacidade de defesa e ataque russo, mas ele significa muito mais que isso. Seu desenvolvimento implica o desenvolvimento, domínio e aplicação de várias tecnologias, boa parte delas desenvolvidas por empresas, que em algum momento as aplicarão em soluções para usos civis, aumentando a competitividade do país em escala global. Com este pensamento o "pacifista" Trump chegou à Casa Branca prometendo muitos bilhões se dólares para o Desenvolvimento de um sistema nacional de defesa antiaéreo e de um novo caça de 6ª geração (F47). Ele sabe que o EUA perdeu a supremacia bélica, e maia que isso, perdeu a supremacia técno-científica.

Enquanto isso o governo brasileiro segue brincando de gerir país, gasta um monte de dinheiro em aquisição de novos "equipamentos", mas deixa uma empresa estratégica como a Avibras ser sucateada e destruída. Mesmo a obrigação contratual qur o Exército Brasileiro colocou na licitação de novos drones de tecnologia não dependente da estadunidense se dá por razões pontuais, e não pelo entendimento de que precisamos desenvolver nossa própria tecnologia. Na verdade nem precusaríamos estatizar a empresa. Bastava que parte dos recursos que vêm sendo mal usados realizassem encomendas de armas e pesquisa na empresa, ações de inserção internacional da mesma no comércio internacional, e ela se salva sem ferir a visão "privatista" de nossos governos dos últimos 35 anos.

Mas para isso é preciso vontade política, planejamento e soberania. Em poucos momentos de nossa História tivemos tudo isso reunidos ao mesmo tempo. Quem sabe as "tarifas de Trump" não criem um pouco mais de visão estratégica em nossos dirigentes?


‘Arcanjo’: Silencioso, com alcance ilimitado e capaz de lançar mísseis dhttps://executivedigest.sapo.pt/noticias/arcanjo-silencioso-com-alcance-ilimitado-e-capaz-de-lancar-misseis-de-cruzeiro-conheca-o-novo-submarino-nuclear-da-russia/e cruzeiro. Conheça o novo submarino nuclear da Rússia

Por Pedro Zagacho Goncalves 17:19, 15 Jan 2025

A Rússia continua a expandir as suas capacidades militares, apesar das sanções e pressões internacionais lideradas pela União Europeia, Estados Unidos e outros aliados. A mais recente demonstração desse esforço é a entrega do submarino nuclear Arkhangelsk (Arcanjo, em português) à sua Armada. A cerimónia oficial, realizada nos estaleiros de Sevmash, no mar Branco, marca mais um avanço na modernização da frota submarina russa, sublinhando a importância estratégica deste tipo de armamento no contexto global.

O Arkhangelsk, batizado também em homenagem à cidade do norte da Rússia próxima à Finlândia, é o terceiro submarino da classe Yasen-M (Projeto 885M), uma versão modernizada dos submarinos nucleares Yasen. A cerimónia de entrega, que contou com a presença de altos representantes do Ministério da Defesa russo e líderes militares, ocorreu após o lançamento oficial da embarcação, em novembro de 2023.

segunda-feira, 7 de abril de 2025

Europa numa encruzilhada. Qual caminho seguir

O conflito entre russos e ucranianos, que no fundo se dá entre os russos e a NATO com os ucranianos dando apenas o pessoal para a linha de frente, parece estar chegando ao fim. Sim, a Rússia vem avançando dia a dia, e nem lançou ainda sua grande ofensiva de primavera, que vários analistas militares dizem que está sendo preparada. Ao mesmo tempo há um nítido confronto entre os dois grandes nomes da NATO, a UE e o EUA, para saber quem ficará com os espólios restantes das riquezas ucranianas. Isso porque os dois juntos investiram cerca de 450 bilhões de euros (ou mil milhões) e agora querem recuperar o investido. Só que as principais riquezas do território que a Ucrânia ocupava agora estão em mãos russas, e ainda que a Rússia esteja disposta a negociar, ela não está nada disposta a abrir mão de suas pretensões mínimas em nome de um acordo, ainda mais porque ela vem vencendo no campo de batalha, e nada indica que os inimigos conseguirão uma virada nesta área.

Aí o problema que se apresenta e dificulta bastante os avanços de qualquer negociação é a disputa entre os principais membros da NATO. Claro, as condições internas na Ucrânia também são um entrave, e elas vêm sendo utilizadas pelos europeus para dificultar essas negociações, mas essa resistência ucraniana deverá ser rapidamente ultrapassada a partir do momento em que os principais participantes do conflito cheguem a um acordo. Acontece que a própria Europa se vê em condições bastante díspares no momento, não apenas entre membros da NATO, mas também da UE, lembrando que a lista é bem semelhante, mas não é igual.

As idas e vindas nas posições, declarações e decisões colocam muitas dúvidas do futuro do Continente, e das próprias existências, tanto da NATO quanto da própria União Européia. Fissuras e interesses muito diversos, quando não diametralmente opostos, vêm fazendo estragos na amalgama criada para a união do continente e que mantém o status quo expresso em Bruxelas.

“Vamos rearmar a Europa”. 800€ bilhões (ou mil milhões) para tal tarefa. 500€ bilhões (ou mil milhões) na Alemanha para o mesmo fim. Mas ninguém diz exatamente de onde virá o dinheiro. Na cúpula política de Bruxelas os ataques às duas maiores entusiastas de tal projeto, Ursula Von der Leyen e Caja Callas. São eurodeputados, principalmente de países do Leste Europeu, mas também alguns eurodeputados escandinavos e de outros partes da União. Se a princípio tal ideia teve boa aceitação entre os membros da NATO e da União Europeia, agora alguns Estados já começam a demonstrar reticências a um plano armamentista tão ambicioso, e às contradições que tais valores aplicados em armas criarão com os anseios sociais de suas populações.

“Vamos enviar tropas de paz à Ucrânia”. Os maiores estimuladores de tal procedimento são Macron, da França e Starmer, do Reino Unido. Mas mesmo os alemães têm ressalvas quanto ao envio de tropas europeias à Ucrânia, a Itália disse que enviaria apenas com anuência russa, e vários Estados afirmaram que não enviariam tropa alguma ao Leste europeu. O próprio Starmer já reviu sua posição, após as claras ameaças de Putin a essas ideias. Mesmo os poloneses, tão verborrágicos quando a ideia de se contrapor aos russos já mostraram aversão a essa ideia. Apenas Macron (que desfila em revista às tropas com ares de um Napoleão moderno e alguns Estados menores seguem defendendo tal ação. E não sabemos se teremos ou não tropas oficiais da NATO na Ucrânia, mas sabemos que as teremos na Lituânia, já que a Alemanha anunciou que manterá uma brigada com 5.000 homens no país para a “proteção” do país.

Esses são os maiores pontos de tensão entre os membros europeus de ambas as alianças, mas essas tensões não param por aí. Fontes de energia e de recursos naturais também são fontes de discussões acaloradas entre os membros. Aonde e como conseguir tais recursos, já que o continente europeu é bastante carente deles, é a maior discussão. A Rússia, desde a época Soviética, fornecia muitos desses recursos a preços bastante interessantes para os europeus, mas as sanções e o afastamento total da Rússia que Bruxelas e a NATO tentam impor aos Estados membros vêm gerando grandes rachas entre eles. Se os grandes Estados já enfrentam dificuldades com tais medidas, com grande quantidade de indústrias fechando e procurando outros locais para produzir (normalmente a China, mas o EUA também se beneficia em muito menor escala com isso). Essa perda de empresas e consequentemente de empregos, não se limita ao setor industrial, mas também já afeta algumas empresas do comércio e serviços.

É aqui que entramos na situação da Europa. Desde a reconstrução advinda com o Plano Marshall após o final da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha conquistou e consolidou uma liderança na Europa. Ela vinha principalmente de sua economia extremamente industrializada, dinâmica e que se projetava por todos os países do continente e várias partes do mundo. Não a toa ela era chamada de Locomotiva da Europa, mas com a crise a economia alemã descarrilou, sua liderança já não é mais tão clara, e isso abriu espaço para que o Reino Unido, e principalmente a França, venham desafiar mais uma vez essa liderança, que nunca foi muito bem aceita por esses parceiros de União Europeia. Sim, o Reino Unido já saiu do acordo, mas segue tentando influenciar Bruxelas, e a França também sempre desafiou essa liderança.


Ao mesmo tempo temos o problema da NATO, que vem tendo dificuldades para produzir armamentos e munições para abastecer a Ucrânia, e ainda mais para repor seus estoques esvaziados pelo conflito no Leste europeu. As cobranças por investimentos cada vez mais altos para a segurança tem levado vários países da Aliança a se manifestarem contra essa posição armamentista e a indicarem que não têm condições de entregar os percentuais de PIB que a NATO, e também Bruxelas, cobram para o rearmamento da Aliança. Ao mesmo tempo volta à cena a possibilidade de um exército europeu, algo que também é contestado por vários Estados membros.

Com esse quadro vários analistas vêm vaticinando o final da aliança atlântica e o final do sonho de união europeia. Eu acho que é muito cedo para afirmar suas quedas iminentes. Claro que ambas as organizações apresentam fissuras e discordâncias internas importantes; se durante décadas a liderança europeia foi contestada de forma relativamente sutil, hoje há uma disputa aberta por liderança, tanto pela parte europeia da NATO, quanto da União Europeia; as decisões sobre o futuro de ambas as organizações estão em disputa aberta também.

Com isso uma série de perguntas precisarão ser respondidas. O que fazer com a NATO e a União Europeia? Para qual fim, e como organizá-las? Quanto e como investir nelas ? Quem tomará as decisões executivas, e como elas serão cobradas dos e pelos membros? Todas são questões que estão em discussão no momento, além de outras. Essa discussão ocorre devido a derrota que ocorreu nas planícies do Leste Europeu e a debacle econômica que veio com ela, mas são questões que já estavam latentes há pelo menos três décadas, ou seja, desde que o Império Soviético ruiu e as relações internacionais tomaram uma nova dinâmica. As respostas a essas perguntas é que definirão o futuro de ambas as organizações. Se os interesses que unem esses Estados em ambas as organizações no momento serão maiores ou menores que as dissidências e diferenças de visão de mundo e interesses na participação nesses organismos é o que irá decidir o futuro delas. Quanto a tropas na Ucrânia, a escalada contra a Rússia, ou um confronto direto com eles, isso acredito que não veremos, mas as movimentações que alguns Estados europeus estão tomando é de um conflito direto no futuro, e não é um futuro tão distante assim. Mas sós esses Estados não serão capazes de enfrentar os russos, mas outros Estados não querem entrar por este caminho tortuoso. A verdade é que no momento o que aparecem são essas fissuras e dissidências, mas isso não significa que esses Estados não serão capazes de suplantá-las e manterem-se unidos. Se haverá acerto ou se haverá cisão, a ver.

sábado, 5 de abril de 2025

Tarifaço de Trump põe o mundo em chamas

Pessoal, essa semana o Presidente do EUA, Donald Trump, finalmente anunciou seu “tarifaço” geral e irrestrito. Necessário ressaltar que as taxas anunciadas não são cumulativas com taxas já existentes, e que elas são gerais. Tão gerais que ele taxou as ilhas Heard and Mcdonalds, onde vivem apenas pinguins e focas. Provavelmente isso irá acabar com a economia deles. 

Mas naquilo que precisamos levar em conta efetivamente são as tarifas, e estas vão entre 10% (vários países) a 50% (Lesoto e São Pedro e Miquelão). As reações são diversas, desde lamentações e declarações de estupor devido ao longo período de “amizade” em que se sentiam amparados, passando por retaliações imediatas, comissionamento de comissões de estudos da situação e chegando a pedidos imediatos de negociação. 

No Brasil temos uma das respostas mais inteligentes, apesar de alguns lacaios terem dito para o país apenas aceitar os ataques estadunidenses. Foi aprovada no Congresso brasileiro a chamada Lei da Reciprocidade, que já seguiu para sanção presidencial. Ela permite que, imediatamente, o governo brasileiro imponha tarifas que compense aquelas impostas pelo EUA. Além disso o Brasil promete ir à OMC contra tais medidas, e não está só nesta empreitada de pedir compensações no órgão internacional. 

Na cúpula política brasileira temos a brincadeira do policial bom e policial mau. Lula age com o fígado, pede a imediata reciprocidade e ida a OMC, enquanto o vicepresidente Geraldo Alkimin chama à calma e abertura de negociações. O Brasil não é o único que apresenta posição deste tipo, mas é um dos que mostra mais unidade na resposta, com a grande maioria da elite política unida em torno da defesa dos interesses nacionais. Se isso irá prosperar ou lograr êxito é outro ponto, e dependerá de muitos fatores, mas a unidade que essas questões criaram no Brasil, e no resto do mundo, contra o EUA, não lembro que tenha sido vista no planeta