A reportagem veiculada pela Folha de São Paulo é atual, mas iguais a ela já vimos muitas. Em momentos de crise, quando o governo comete seus erros movidos a atendimento de politicagens baratas, a conta recai sobre a população. Isso irremediavelmente vem na forma de aumento de impostos e nas últimas duas décadas, de reforma da previdência também.
O interessante é que poucos países do mundo conseguem conviver bem com cargas tributárias altas como as brasileiras. Normalmente essa "exceção" mundial acontece em países cuja consciência de sociedade já atingiu níveis realmente altos, onde são raros os politiqueiros e abundam políticos engajados com o bem da sociedade a qual se empenham em defender.
Não é o caso no Brasil, infelizmente.
Sendo assim, o governo Dilma perde fantástica oportunidade de apresentar soluções criativas e sérias, que pudessem iniciar uma verdadeira mudança na mentalidade do país, como um choque de gestão eficiente, e a tramitação de leis que levassem a um controle e operação mais eficientes da máquina pública.
O trem da história segue passando por essa estação, sem que ninguém embarque.
Por reformas e CPMF, presidente vai negociar com PT e centrais sindicais
Pedro Ladeira-2.fev.2016/Folhapress | ||
A presidente Dilma Rousseff na sessão de abertura dos trabalhos do Legislativo |
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A presidente Dilma Rousseff orientou sua equipe a iniciar negociações logo depois do feriado do Carnaval para convencer o PT a mudar sua posição contrária à reforma da Previdência Social e àrecriação da CPMF.Em sua avaliação, sem o apoio de seu partido, ficará impossível aprovar as medidas consideradas por ela essenciais para garantir a estabilidade econômica em curto e longo prazos.
Em conversa com interlocutores, a presidente disse que, se o PT ficar contra elas, acabará "contaminando o resto da base" aliada, o que representaria um fracasso da pauta lançada pelo governo na reabertura dos trabalhos do Poder Legislativo neste ano.
O Planalto foi avisado por partidos governistas, principalmente o PMDB, que não será possível abraçar a pauta sem o apoio oficial do PT a favor da aprovação tanto da recriação da CPMF como da reforma da Previdência.
O mesmo recado tem sido dado, dentro do Congresso, pela oposição. Segundo líderes oposicionistas, eles até aceitam negociar e votar estes projetos, desde que, antes de qualquer negociação, o PT assuma posição favorável às medidas.
MOVIMENTOS SOCIAIS
Em outra frente, diante da insatisfação dos movimentos sindicais, a presidente Dilma Rousseff pretende fazer gestos mais enfáticos de reaproximação e reforçar o discurso de que a mudança não afetará direitos adquiridos.
A preocupação é de que a tensão criada por causa da proposta enfraqueça a mobilização das centrais sindicais em defesa de seu mandato.
Para reduzir a tensão, a petista deve comparecer com o ministro Nelson Barbosa (Fazenda) à reunião do Fórum sobre Políticas de Emprego, Trabalho e Previdência, no dia 18 de fevereiro. A equipe da petista articula também encontros privados com dirigentes de centrais sindicais.
Antes de convencer o PT e as entidades trabalhistas, porém, Dilma terá de unificar o discurso dentro de seu governo. Segundo assessores, ela até compreendeu, mas não gostou das declarações do ministro Miguel Rossetto (Trabalho e Previdência) sobre a reforma previdenciária.
Na terça (2), Rossetto disse que o governo não poderia tratar o tema com "pressa" e que o assunto teria de passar antes pelo fórum de trabalhadores e empresários.
Segundo assessores, Dilma está decidida a enviar a proposta de reforma ainda neste semestre ao Congresso e fará isto mesmo que os trabalhadores não aceitem fechar uma proposta consensual com o governo.
Encarregada pela presidente de fechar uma proposta, a equipe econômica quer fixar uma idade mínima de aposentadoria e unificar as regras de Previdência no país: homens e mulheres, setor público e privado e trabalhadores urbanos e rurais.
A ideia da Fazenda é que a reforma seja implementada de forma "lenta e gradual", num período de 20 a 30 anos, com transição.
Rossetto é visto dentro do governo como contrário à proposta que está sendo fechada pela Fazenda e não gostaria de enviar uma reforma em ano eleitoral.
O ministro, segundo interlocutores, diz que vai apoiar a posição que for adotada pela presidente Dilma.
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