Vejam mais uma tentativa de inverter a realidade. Embora Temer tenha sido espinafrado pelo Primeiro Ministro japonês, aquele mesmo que se fantasiou de Mario Bros, no encerramento da Olimpíada do Rio, e que Temer fez questão de não ir, a Folha tenta reverter falando em ganho de imagem por causa da forma educada com que foram feitas as fotos públicas do encontro.
Vejam bem, até mesmo árabes e judeus, quando fazem reuniões de cúpula, apertam as mãos e se tratam de forma respeitosa e cordial. Isso não significa nada além do praxe de tais encontros, e é necessário, porque ninguém alcança resultados positivos se engalfinhando publicamente.
Então, o que a Folha deturpa como "ganho de imagem", nada mais é do que a praxe em encontros de alto nível, e em qualquer lugar minimamente civilizado.
O que fica realmente do encontro de Temer com Shinzo Abe e Keidanren (presidente da federação das indústrias japonesas), foi a grande, enorme banana, ao pires estendido por Temer, após uma crise absurdamente inflada por ele mesmo e seus asseclas, na busca sem limites de alcançar o poder sem voto e sem agenda aprovada pela população.
Os estragos que eles fizeram ao país foram imensos, e têm a tendência de aumentar ainda mais, porque a estúpida agenda econômica/fiscal/trabalhista que querem implantar não melhorará o país em nada, mas a médio prazo tem grandes possibilidades de mergulhar o Brasil num enorme caos social e econômico.
E fiquem atento, porque mais deturpações são feitas todos os dias.
Apesar de ganhos de imagem, viagem ao Japão deixa saldo misto para Temer
Ao embarcar no Airbus A319CJ presidencial às 22h30 desta quarta (19), no horário local, Michel Temer encerrou a visita ao Japão com uma vitória e meia.
A batalha da comunicação foi ganha. O presidente foi recebido pelo imperador Akihito e sua gestão foi elogiada publicamente pelo presidente da federação nacional das indústrias, o Keidanren, e pelo primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe.
Os esforços da Embaixada do Brasil em Tóquio fizeram notícias da visita chegar às páginas de grandes jornais como o "Asahi" e o diário econômico "Nikkei" e aos principais sites noticiosos em inglês.
A assinatura de um memorando de cooperação na área de infraestrutura, ainda que de pouco efeito prático, garantiu a presença da mídia japonesa no anúncio, e os Jogos Olímpicos foram mencionados em 100% dos discursos de brasileiros ou japoneses durante a estadia do presidente em Tóquio (sede da Olimpíada de 2020).
Como saldo, o Brasil minorou o mal-estar causado pelos cancelamentos e atrasos da ex-presidente Dilma Rousseff, e Temer encerrou sua primeira viagem internacional com o endosso expresso da terceira maior economia do mundo.
Mas, embora as fotos oficiais mostrem um cordial aperto de mãos entre os chefes de governo dos dois países, a portas fechadas a tentativa de restaurar a confiança dos japoneses ficou pela metade.
A própria declaração de apoio de Abe à nova política macroeconômica brasileira no discurso pós-reunião com Temer teve tom não de elogio, mas de crítica à crise instaurada pela política anterior.
A Folha apurou que, na reunião de trabalho com Temer, que ocorreu sem a presença da imprensa, o primeiro-ministro foi bastante direto e duro.
As queixas se concentram nos prejuízos bilionários sofridos por empresas japonesas que investiram em projetos do então governo petista em áreas como indústria naval, óleo e gás e energia, todos afetados pela
operação Lava Jato.
A Kawasaki, maior fabricante de navios, trens e outros maquinários pesados do Japão, declarou perdas de R$ 760 milhões com o Estaleiro Enseada, em que tem sociedade com as empreiteiras Odebrecht, OAS e UTC.
Grandes indústrias dentre as 700 que se instalaram no Brasil também perderam com a mudança de regras do setor elétrico brasileiro, que encareceu o custo da eletricidade.
A derrocada do modelo baseado em consumo e crédito subsidiados golpeou também a indústria automotiva, na qual os japoneses investiram US$ 7 bilhões entre 2003 e 2006.
COBRANÇAS
Ainda que o potencial do mercado brasileiro abra o apetite dos japoneses, eles relutam em atender a um novo chamado para "ajudar no crescimento do Brasil".
Consideram que, como o governo federal provocou boa parte dos prejuízos, deveria agora agir para mitigá-los —mesmo que seja outro o presidente do momento.
No caso da indústria naval, por exemplo, a empresa Sete Brasil, que cancelou encomendas levando os estaleiros à derrocada, havia sido criada com promessa de um empréstimo de R$ 9 bilhões do BNDES que nunca se realizou.
Não por acaso, Temer e os ministros que vieram apresentar o plano de concessões em infraestrutura repetiram dezenas de vezes as expressões "segurança jurídica", "previsibilidade" e "regras de mercado" e declararam repúdio à intervenção do governo nos negócios.
Enquanto as cobranças de Abe ficaram em âmbito reservado, as dos empresários foram públicas, tanto no seminário da terça-feira (18) quanto no almoço desta quarta (19).
O governo brasileiro se esforçou para frisar que deixará a cargo do mercado o cálculo da relação risco/retorno nos leilões de infraestrutura, para os quais espera atrair R$ 24 bilhões apenas no próximo ano.
Mas os investidores japoneses responderam, de diversas formas, que hesitam em correr de novo esses riscos até terem certeza de quais são as regras dos contratos, e de que elas não serão quebradas.
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