Ao terminar a Segunda Guerra Mundial a Alemanha se rende incondicionalmente à Tríplice Entente, mesmo que tivesse fôlego para mais muitos meses, talvez anos de guerra. A rendição incondicional foi seguida do Tratado de Versalhes (1919), que impôs pesadíssimas condições aos "derrotados", que muitas delas foram solenemente ignoradas por Hitler (mas isso é outra História). Bem, essas condições deixaram a Alemanha e seu povo em condições absolutamente deploráveis no pós-guerra, e isso foi um dos fatores que possibilitaram a ascensão do Nazismo, e a todo o desdobramento advindo desse fato. Esse período da História alemã, que durou cerca de 5 anos, ficou conhecido como República de Weimar (o termo foi difundido pelo Bigodinho).
E porque eu entrei nessa introdução rápida de fatos que aconteceram a quase 100 anos atrás?
Simples. O mesmo pensamento idiota que propiciou a criação da República de Weimar impera novamente na Alemanha. Sim, um enorme sentimento de culpa e decisões absolutamente estúpidas, que levaram à pior guerra já vivida pela humanidade está novamente controlando as rédeas do poder por lá. Isso já se espalhou por outros países importantes também, e há sério risco de que essa estupidez acabe novamente em uma guerra generalizada, ainda que ela venha a ser absolutamente desnecessária.
O que vale é que até agora o que muitos têm comparado ao líder alemão mais nefasto da História têm sido muito mais próximos do equilibrismo de Chamberlain do que do radicalismo que saiu da Alemanha e de alguns outros países.
LIKES CONTRA ISRAEL NAS REDES SOCIAIS PODEM DITAR EXPULSÃO DA ALEMANHA
A ministra do Interior alemã, Nancy Faeser, a socialista conhecida por em tempos ter escrito artigos para panfletos do movimento Antifa, apresentou na passada quarta-feira um projeto para a deportação de imigrantes após a divulgação de uma única infração terrorista.
Assim, a difusão de conteúdos, na acepção do projeto, inclui não só a criação de tais conteúdos, mas também, por exemplo, a rotulagem de uma publicação através de um “like” nas redes sociais como o YouTube, o Instagram ou o TikTok.
O plano do governo alemão é justificado como resposta às “mensagens de ódio publicadas na internet” contra Israel e o “crescimento do antissemitismo” nos últimos meses.
No entanto a lei não é clara e parece ter somente como denominador comum a crítica a Israel, justificada ou não. Desta forma, um 'like' a qualquer acção da resistência palestiniana ou libanesa, mesmo que seja somente contra o presente genocídio em Gaza, poderá vir a ser considerado uma “divulgação terrorista”, se a lei é aprovada.
O presidente do Grupo de Trabalho sobre Direito de Migração da Ordem dos Advogados Alemã (DAV), Thomas Oberhäuser, considera que o projeto agora aprovado pelo Conselho de Ministros não é oportuno. “É preciso ter muita imaginação jurídica para definir a publicação de um 'like' como divulgação”, afirma o advogado.
Oberhäuser acrescenta que seria “completamente insano” acreditar que as autoridades de imigração seriam capazes de verificar as mensagens marcadas com 'like' nas redes sociais em grande escala no futuro. Seria melhor se alguém aplaudisse um ato de terrorismo online e usasse isso como uma oportunidade para um representante das autoridades de segurança falar com o estrangeiro "para determinar se ele é perigoso".
“O facto de o ministro do Interior, Faeser, estar agora aparentemente a planear a deportação de pessoas por causa de um post nas redes sociais” é o culminar preliminar de um desenvolvimento preocupante, diz Clara Bünger, porta-voz de política jurídica do Partido da Esquerda no Bundestag. Quando se trata de estados autoritários, como a Turquia ou a Rússia, os políticos alemães ficam, com razão, indignados com o facto de as pessoas poderem ser perseguidas ou mesmo presas por causa de um 'like' nas redes sociais – “no entanto, a própria Alemanha há muito que caminha nessa direção”.
O vice-chanceler Robert Habeck (dos Verdes), por outro lado, tem uma visão positiva do plano. “É uma grande conquista e força do nosso país que as pessoas perseguidas possam encontrar proteção na Alemanha. No entanto, quem troça da ordem básica liberal, aplaudindo o terrorismo e celebrando assassínios, perde o direito a ficar. É por isso que o direito de residência está agora a ser alterado em conformidade. “O Islão pertence à Alemanha, o islamismo não”, acrescentou o vice de Olaf Scholz.
A vice-presidente do grupo parlamentar CDU/CSU, Andrea Lindholz (CSU), teria preferido uma reforma mais abrangente. “Tendo em conta o antissemitismo em massa e as manifestações do califado nas ruas alemãs, todas as ofensas anti-semitas e anti-democráticas devem levar regularmente à deportação”, afirmou.
O presidente do Sindicato Federal da Polícia, Jochen Kopelke, congratulou-se com a decisão do governo, que descreveu como um sinal claro para os simpatizantes do terrorismo. No entanto, disse que a polícia e todas as outras autoridades também devem ser equipadas de forma a que se possa criar uma pressão notável para a ação penal.
O mais preocupante é que a ministra sempre foi defensora da política de portas abertas a todos durante décadas, e já depois do ataque do Hamas a Israel e da brutal reação israelita sobre os civis de Gaza, permitiu abertamente que se dessem pelo menos três manifestações de grupos radicais salafistas apoiantes do Estado Islâmico, que apelavam à formação do Califado.
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