segunda-feira, 12 de março de 2012

Dilma X Merkel: ambas estão certas, ambas estão erradas


Deu no site do UOL: "Dilma leva a Merkel "recado" de emergentes contra ajuda a bancos".

Debate interessante travado entre Dilma Rousseff e Angela Merkel. Ambas estão certas, ambas estão erradas. O valor de 4,7 trilhões já lançados à economia pelos países desenvolvidos já derrubou o valor do dólar e do euro. Ao mesmo tempo é uma forma dessas economias buscarem a saída da crise em que estão.

Na verdade esse debate já iniciou há algum tempo. O Mininstro da Fazenda do Brasil, já fez várias declarações nesse sentido, inclusive aludindo à possibilidade de uma “guerra cambial”, algo que poderia ser bastante danoso para a economia mundial como um todo.

Porque as economias emergentes têm recursos para evitar a excessiva valorização de suas próprias moedas, a questão é se vão usá-los.

O potencial de suas economias, que não detêm uma tecnologia tão avançada quanto a dos países desenvolvidos, e a movimentação social que a valorização de suas moedas tem promovido; são questões a serem analisadas antes de qualquer coisa. Ou seja, o custo político pode ser grande.

Esperamos que os países ocidentais, desenvolvidos e emergentes, possam se entender e evitar a disputa pelo câmbio mais favorável.

Abaixo a íntegra da matéria publicada no site do UOL:

Dilma leva a Merkel "recado" de emergentes contra ajuda a bancos

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A presidente Dilma Rousseff se reúne na noite desta segunda-feira com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, levando consigo um recado dos países emergentes contra as políticas recentes dos países europeus no combate à crise econômica.
Dilma está em Hannover, na Alemanha, para participar da abertura da CeBIT, a maior feira de tecnologia do mundo, que neste ano terá o Brasil como país parceiro.
As duas chefes de governo, apontadas no ano passado pela revista Forbes como a primeira e terceira mulheres mais poderosas do mundo, se reúnem em um encontro privado marcado para as 21h30 (17h30 de Brasília), logo após a cerimônia de abertura da feira e de um jantar oferecido pelo governo alemão à delegação oficial brasileira.
Na última semana, Dilma criticou, em um discurso, a decisão do Banco Central Europeu (BCE) de elevar em 530 bilhões de euros o montante de recursos oferecidos a bancos europeus em dificuldades a juros baixos. Em dezembro, outros 489 bilhões de euros já haviam sido oferecidos aos bancos.
Na avaliação do governo brasileiro, esse volume de recursos representa uma política monetária expansionista ao mesmo tempo em que os países europeus mantêm uma política fiscal de aperto, com ajustes e cortes de gastos.
Isso provocaria uma migração de recursos aos países em desenvolvimento, no que a presidente brasileira chamou de "tsunami financeiro", provocando uma valorização das moedas desses países em relação ao dólar e ao euro.
O Brasil, segunda maior economia emergente, atrás somente da China, vem sendo o principal porta-voz das críticas aos efeitos negativos das medidas anticrise adotadas pelos países desenvolvidos.
Explicações
Mesmo antes do encontro desta segunda-feira, Merkel procurou desfazer o mal-estar adiantando que dirá a Dilma que os recursos liberados pelo BCE deverão ser absorvidos rapidamente pelo sistema financeiro europeu e não deverão gerar uma onda de entrada de divisas estrangeiras em países emergentes.
Merkel afirmou ainda que esta deverá ser a última vez que os recursos disponibilizados aos bancos serão elevados. O governo brasileiro apontou que, desde o início da crise de 2008, os países desenvolvidos (incluindo Estados Unidos e Japão) já teriam oferecido US$ 4,7 trilhões ao sistema financeiro.
Segundo Merkel, os países europeus querem evitar novas bolhas na economia global. "O excesso de liquidez é justamente o que queremos evitar", afirmou.
A Alemanha, maior economia da Europa, é a principal defensora das medidas de ajuste fiscal com cortes de gastos como forma de aplacar a crise das dívidas na zona do euro.
O governo brasileiro, porém, defende que a crise seja combatida com medidas que estimulem o crescimento, não com cortes de gastos que contraem ainda mais as economias europeias.
Mais poder no FMI
Além da reclamação sobre o aumento dos recursos do BCE aos bancos, Dilma pretende ainda discutir com a premiê alemã o desejo dos países emergentes por mais poder no Fundo Monetário Internacional (FMI).
Há duas semanas, durante a reunião de ministros das Finanças do G20, no México, o ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, condicionou uma possível ajuda dos países emergentes às economias europeias em dificuldades a uma maior participação das nações em desenvolvimento no FMI.
A atuação do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo, diante da crise europeia deverá também fazer parte da agenda do encontro.
Dilma e Merkel deverão ainda discutir a relação bilateral, fortalecida em 2002 pelo estabelecimento de uma parceria estratégica.
A Alemanha é atualmente o quarto maior parceiro comercial do Brasil. Em 2011, o volume de comércio entre os dois países chegou a US$ 24 bilhões, com um aumento de 17,6% em relação ao ano anterior.
A presidente brasileira pretende ainda abordar durante o encontro a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio +20), que será realizada em junho no Rio de Janeiro.

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