quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Blog dos Mercantes pergunta: houve falhas de gestão no setor portuário?


Vamos analisar com um pouco de cuidado a reportagem abaixo, publicada na Folha de S. Paulo.

Antes de tudo temos que averiguar se houve descaso da Cia. Docas do Rio de Janeiro, responsável pela administração e processos de licitação nos portos do estado do Rio de Janeiro, ou se o descaso se deu nos órgãos responsáveis por emitir as licenças e pareceres para que o novo terminal entrasse em operação, o que obviamente beneficiou outros terminais; todos privados, diga-se.

Porque se o país é sério e democrático, a legislação é igual para todos, e tendo havido descaso, os responsáveis devem ser punidos, já que administram patrimônio de todos.

E encontrados os responsáveis pelo descaso, também devemos determinar se ele se deu por irresponsabilidade, incompetência, intencionalmente; ou se foi por uma mistura das causas anteriores. Assim podemos tomar medidas para evitar ou minorar tais fatos no futuro.

Porque o modelo de gestão não é ruim em si, mas sim mal executado, o que é totalmente diferente.

Leiam na íntegra:

Falhas de gestão fazem menina dos olhos do setor portuário virar "mico"
Por Dimmi Amora

Um patrimônio público avaliado em mais de R$ 300 milhões, que já foi a menina dos olhos do setor portuário brasileiro, poderá virar um mico para o governo.

Por falhas de planejamento e gestão, o processo de licitação de um terminal de minério de ferro no porto de Itaguaí (RJ) já se arrasta há quase uma década. Nesse tempo criou-se uma superoferta de terminais do gênero na região, o que tende a reduzir o interesse pela concorrência.

O caso tem sido apresentado como exemplo dos problemas gerados pelo modelo atual de gestão do setor.
O anúncio do pacote de medidas para os portos, que já sofreu vários adiamentos, não tem data prevista.

No início da década passada, o governo deu início a estudos para arrendar uma área capaz de movimentar, por ano, pelo menos 24 milhões de toneladas de minério --um dos principais produtos da pauta de exportações.

A chamada Área do Meio fica entre dois terminais então já existentes no porto de Itaguaí, da Vale e da CSN.

A área era apontada como a saída para escoar a produção vinda de Minas.

Mas somente em 2005 a licitação foi autorizada. E apenas em 2009 a Companhia Docas do Rio obteve da agência reguladora do setor outra permissão exigida. A essa altura, o estrago já estava feito.

No ano que vem a CSN terá a capacidade de seu terminal aumentada de 45 milhões para 89 milhões de toneladas.

O governo também autorizou a construção de um novo porto privado para a MMX, de Eike Batista, projetado para movimentar 50 milhões de toneladas ao ano, podendo ser ampliado para 100 milhões.
Com isso, mesmo sem a Área do Meio, Itaguaí já poderá exportar 165 milhões de toneladas de minério de ferro por ano --o triplo do que foi exportado região em 2011.

Se todos os projetos para a região forem efetivados, teria capacidade de escoar 100% do minério de ferro exportado em 2011: 310 milhões de toneladas. Contudo, apenas 25% do minério saiu por ali, porque as maiores áreas de produção são distantes ou conectadas a outros portos.

Questionada sobre o atraso, a companhia Docas do Rio respondeu que somente em 2010 conseguiu a licença ambiental junto ao órgão estadual. Ainda de acordo com a empresa, a licitação ainda não pode acontecer porque a licença venceu e está em processo de renovação. O órgão estima que o novo terminal esteja funcionando em 2015.

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