sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Um reflexão sobre as expectativas de crescimento do setor naval


Os dois textos publicados no "Jornal do Commercio" de Pernambuco e reproduzidos ao final deste artigo do Blog dos Mercantes merecem uma reflexão.

A quantidade de negócios gerados pelo setor naval em nosso país, notadamente o ligado ao petróleo, segue aumentando e criando enormes expectativas em todos aqueles que de alguma forma têm ligação com o setor.

E isso se dá porque a demanda por máquinas, equipamentos e embarcações está extremamente aquecida pela exploração do ouro negro em nossas águas.

Mas ainda que estejamos criando toda essa infraestrutura produtiva e de manutenção com a finalidade primeira de atender nossas necessidades oriundas da exploração das várias bacias petrolíferas, não podemos nos esquecer de planejar nosso futuro e buscar destino distinto para nossos portos, estaleiros e trabalhadores no futuro, caso a extração de nosso petróleo entre em declínio.

E ainda que tal futuro esteja relativamente distante para uma vida humana, ele está muito próximo para a vida de um país.

Então que nossa sociedade comece a pensar já no destino de tudo isso, para evitarmos o sucateamento e abandono dos esforços produzidos hoje.

Pois exemplos já começaram a aparecer.

E talvez o pior deles seja o desemprego que já enfrentam muitos de nossos companheiros que foram formados para um mercado restrito e que agora são substituídos por trabalhadores estrangeiros. Sob a complacência daqueles que deveriam proteger seus direitos.

Leia abaixo na íntegra:

Novo fôlego para estaleiros

Fundo de Marinha Mercante vai liberar R$ 7,4 bilhões para o setor naval. Parte da verba será usada pelo Promar, de Suape

O Conselho Diretor do Fundo de Marinha Mercante (FMM) aprovou R$ 7,4 bilhões em financiamentos para o setor naval, em sua 21ª reunião realizada este mês. Os recursos serão utilizados na implantação e modernização de estaleiros e na construção de embarcações, totalizando 60 projetos. Na lista de empreendimentos beneficiados está um pedido de suplementação da Transpetro para o navio João Cândido, construído no Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Suape. O Promar S.A, que também constrói um estaleiro em Suape, ganhou prioridade na aprovação de recursos para a construção de duas embarcações, com valor estimado em R$ 1,3 bilhão.

O Fundo da Marinha Mercante financia até 90% do valor total do projeto. O percentual depende do conteúdo nacional de cada projeto e do tipo de embarcação. O FMM priorizou a construção de 50 embarcações e a implantação de quatro novos estaleiros, sendo três no Rio de Janeiro e um em Santa Catarina (veja arte ao lado). A próxima reunião do Conselho Diretor do Fundo está prevista para o dia 18 de dezembro.

Entregue à Transpetro em maio deste ano, com 2 anos de atraso, o projeto do navio João Cândido teve uma suplementação de R$ 33,7 milhões aprovada pelo FMM. Por meio de sua assessoria de comunicação, a Transpetro explica que o pedido é referente à correção monetária prevista em contrato. O valor inicial do petroleiro contratado ao Atlântico Sul foi de R$ 300 milhões e o desembolsado ficou em R$ 363 milhões. O Fundo suplementa o equivalente ao percentual financiado.

A Transpetro explica que todo o custo adicional na construção do navio será bancado pelos empreendedores (Camargo Corrêa e Queiroz Galvão). A demora de quase 4 anos para construir o petroleiro fez o preço inflar em 53%. Pelos números publicados no balanço do EAS de 2011, o navio custou R$ 495 milhões. A embarcação começou a ser construída em setembro de 2008 e só foi entregue no ano passado. Problemas de gestão, erros de projeto e necessidade de reparos aumentou o tempo do João Cândido dentro do estaleiro. A Transpetro faz questão de destacar que o pedido de suplementação ao FMM não é para compensar o aumento de custos.

O EAS venceu licitação de uma encomenda de 22 navios da Transpetro (R$ 7 bilhões) dentro do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef). Desses, 16 estão com contratos suspensos, aguardando a análise das exigências feitas pela estatal e apresentadas pelo estaleiro no mês passado.

Com construção adiantada em Suape, o Estaleiro Promar espera cortar as primeiras chapas de aço de seu navio nº 1 em maio de 2013 e lançar a embarcação ao mar em abril de 2014. O empreendimento tem contrato com a Transpetro para construir oito navios gaseiros, com valor de US$ 536 milhões. O investimento na construção do estaleiro está estimado em R$ 205,1 milhões. Desse total, R$ 129 milhões foram aprovados pelo FMM e serão repassados pelo Banco do Brasil.


Estaleiro de R$ 4,8 bilhões de Eike tem 88% de crédito público

Por Lucas Vettorazzo

A OSX, empresa de construção naval de Eike Batista, obteve R$ 1,5 bilhão de financiamento do FMM (Fundo de Marinha Mercante).

O valor é complementar a outro financiamento do fundo, de R$ 2,7 bilhões, e será usado na construção da UCN (Unidade de Construção Naval) Açu, estaleiro no porto do Açu, em São João da Barra, no norte do Estado do Rio.

A conclusão do estaleiro está prevista para o segundo semestre de 2014.

A soma dos dois financiamentos -R$ 4,2 bilhões- representa 87,5% do valor total do projeto, orçado em R$ 4,8 bilhões. As regras do FMM permitem que até 90% do empreendimento seja financiado com dinheiro do fundo.

O FMM foi criado no fim da década de 1950 para fomentar o desenvolvimento do setor naval no Brasil. Sua principal fonte de recursos sempre foi o AFRMM (Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante), pago por toda embarcação que trafega em águas brasileiras.

No governo Lula, porém, o Tesouro Nacional passou a ser a maior fonte de recursos do fundo.
O empréstimo ocorre no momento em que circulam rumores de que a OSX estaria sendo vendida para a Sete Brasil, empresa criada pela Petrobras e outros sete sócios para construir sondas de perfuração de poços de petróleo que serão depois alugadas pela própria Petrobras. As empresas negam.


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