Os dois textos publicados no "Jornal do Commercio" de Pernambuco e reproduzidos ao final deste artigo do Blog dos Mercantes merecem uma reflexão.
A quantidade de negócios gerados pelo setor naval em nosso
país, notadamente o ligado ao petróleo, segue aumentando e criando enormes
expectativas em todos aqueles que de alguma forma têm ligação com o setor.
E isso se dá porque a demanda por máquinas, equipamentos e
embarcações está extremamente aquecida pela exploração do ouro negro em nossas
águas.
Mas ainda que estejamos criando toda essa infraestrutura
produtiva e de manutenção com a finalidade primeira de atender nossas
necessidades oriundas da exploração das várias bacias petrolíferas, não podemos
nos esquecer de planejar nosso futuro e buscar destino distinto para nossos
portos, estaleiros e trabalhadores no futuro, caso a extração de nosso petróleo
entre em declínio.
E ainda que tal futuro esteja relativamente distante para
uma vida humana, ele está muito próximo para a vida de um país.
Então que nossa sociedade comece a pensar já no destino de
tudo isso, para evitarmos o sucateamento e abandono dos esforços produzidos
hoje.
Pois exemplos já começaram a aparecer.
E talvez o pior deles seja o desemprego que já enfrentam
muitos de nossos companheiros que foram formados para um mercado restrito e que
agora são substituídos por trabalhadores estrangeiros. Sob a complacência
daqueles que deveriam proteger seus direitos.
Leia abaixo na íntegra:
Novo fôlego para
estaleiros
Fundo de Marinha Mercante vai liberar R$ 7,4 bilhões para o
setor naval. Parte da verba será usada pelo Promar, de Suape
O Conselho Diretor do Fundo de Marinha Mercante (FMM)
aprovou R$ 7,4 bilhões em financiamentos para o setor naval, em sua 21ª reunião
realizada este mês. Os recursos serão utilizados na implantação e modernização
de estaleiros e na construção de embarcações, totalizando 60 projetos. Na lista
de empreendimentos beneficiados está um pedido de suplementação da Transpetro
para o navio João Cândido, construído no Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em
Suape. O Promar S.A, que também constrói um estaleiro em Suape, ganhou
prioridade na aprovação de recursos para a construção de duas embarcações, com
valor estimado em R$ 1,3 bilhão.
O Fundo da Marinha Mercante financia até 90% do valor total
do projeto. O percentual depende do conteúdo nacional de cada projeto e do tipo
de embarcação. O FMM priorizou a construção de 50 embarcações e a implantação
de quatro novos estaleiros, sendo três no Rio de Janeiro e um em Santa Catarina
(veja arte ao lado). A próxima reunião do Conselho Diretor do Fundo está
prevista para o dia 18 de dezembro.
Entregue à Transpetro em maio deste ano, com 2 anos de
atraso, o projeto do navio João Cândido teve uma suplementação de R$ 33,7
milhões aprovada pelo FMM. Por meio de sua assessoria de comunicação, a
Transpetro explica que o pedido é referente à correção monetária prevista em
contrato. O valor inicial do petroleiro contratado ao Atlântico Sul foi de R$
300 milhões e o desembolsado ficou em R$ 363 milhões. O Fundo suplementa o
equivalente ao percentual financiado.
A Transpetro explica que todo o custo adicional na
construção do navio será bancado pelos empreendedores (Camargo Corrêa e Queiroz
Galvão). A demora de quase 4 anos para construir o petroleiro fez o preço
inflar em 53%. Pelos números publicados no balanço do EAS de 2011, o navio
custou R$ 495 milhões. A embarcação começou a ser construída em setembro de
2008 e só foi entregue no ano passado. Problemas de gestão, erros de projeto e
necessidade de reparos aumentou o tempo do João Cândido dentro do estaleiro. A
Transpetro faz questão de destacar que o pedido de suplementação ao FMM não é
para compensar o aumento de custos.
O EAS venceu licitação de uma encomenda de 22 navios da
Transpetro (R$ 7 bilhões) dentro do Programa de Modernização e Expansão da
Frota (Promef). Desses, 16 estão com contratos suspensos, aguardando a análise
das exigências feitas pela estatal e apresentadas pelo estaleiro no mês
passado.
Com construção adiantada em Suape, o Estaleiro Promar espera
cortar as primeiras chapas de aço de seu navio nº 1 em maio de 2013 e lançar a
embarcação ao mar em abril de 2014. O empreendimento tem contrato com a
Transpetro para construir oito navios gaseiros, com valor de US$ 536 milhões. O
investimento na construção do estaleiro está estimado em R$ 205,1 milhões.
Desse total, R$ 129 milhões foram aprovados pelo FMM e serão repassados pelo
Banco do Brasil.
Estaleiro de R$ 4,8 bilhões de Eike tem 88% de crédito
público
Por Lucas Vettorazzo
A OSX, empresa de construção naval de Eike Batista, obteve
R$ 1,5 bilhão de financiamento do FMM (Fundo de Marinha Mercante).
O valor é complementar a outro financiamento do fundo, de R$
2,7 bilhões, e será usado na construção da UCN (Unidade de Construção Naval)
Açu, estaleiro no porto do Açu, em São João da Barra, no norte do Estado do
Rio.
A conclusão do estaleiro está prevista para o segundo
semestre de 2014.
A soma dos dois financiamentos -R$ 4,2 bilhões- representa
87,5% do valor total do projeto, orçado em R$ 4,8 bilhões. As regras do FMM permitem
que até 90% do empreendimento seja financiado com dinheiro do fundo.
O FMM foi criado no fim da década de 1950 para fomentar o
desenvolvimento do setor naval no Brasil. Sua principal fonte de recursos
sempre foi o AFRMM (Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante),
pago por toda embarcação que trafega em águas brasileiras.
No governo Lula, porém, o Tesouro Nacional passou a ser a
maior fonte de recursos do fundo.
O empréstimo ocorre no momento em que circulam rumores de
que a OSX estaria sendo vendida para a Sete Brasil, empresa criada pela
Petrobras e outros sete sócios para construir sondas de perfuração de poços de
petróleo que serão depois alugadas pela própria Petrobras. As empresas negam.
Nenhum comentário:
Postar um comentário