Existem duas realidades distintas, mas estritamente ligadas
e relacionadas. A primeira é a construção de navios, embarcações de apoio,
plataformas etc. E a segunda é a formação de profissionais voltados
exclusivamente para o exercício de suas funções no setor marítimo.
A construção e incorporação de novas unidades produtivas à
frota brasileira não têm chegado nem próximo da previsão exagerada de armadores
e operadores que atuam no Brasil, tendo cumprido em alguns casos menos de 20%
da projeção feita para os dias atuais, como são os casos relatados abaixo pelo
presidente do Sindmar.
Mas, note-se bem, em nenhum caso a incorporação de novas
unidades alcançou as projeções feitas, e por larga margem.
Por outro lado o aumento na formação de marítimos em geral
tem aumentado na forma programada para atender a uma demanda que nem de longe
se confirma.
O resultado, ainda agravado pela enorme quantidade de
autorizações para estrangeiros trabalharem em nossas águas territoriais, se
reflete no crescente desemprego de boa parte desses profissionais recentemente
formados, e já para alguns formados há mais tempo.
E aí temos nossas realidades distintas e interligadas, já
que a pressão pelo enorme aumento na formação de marítimos se deu por parte
daqueles que não cumpriram suas promessas de aumento de frota.
Vamos mais uma vez vermos as necessidades de nossa população
ser posta de lado, dessa vez em prol de armadores estrangeiros?
Fica a pergunta para nossa sociedade, e governo.
Leia o texto na íntegra:
Severino lamenta falta de navios
Armadores incorporam menos unidades do que previsto
Por Sérgio Motta Barreto
O presidente do Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante
(Sindmar), Severino Almeida, afirma que o ritmo de construção de navios está
muito abaixo do alardeado nos últimos anos.
- A esta altura, deveríamos ter 14 navios, encomendados pela
Transpetro, em plena operação. Na verdade, apenas um ou dois estão em operação,
da nova safra – diz, dessa forma salientando que as projeções sobre necessidade
de marítimos estariam distantes da realidade. Admite que têm sido encomendados
e construídos barcos de apoio, porém, mesmo nesse segmento de grande sucesso,
em ritmo inferior ao previsto.
No entanto, segundo Almeida, a grande frustração é o projeto
EBN - de Empresa Brasileira de Navegação, da Petrobras. Por esse projeto, a
estatal faria contratos de longo prazo com armadores e, com base nessa receita
certa, eles encomendariam mais de 39 navios a estaleiros nacionais. O sistema é
inteligente, mas não está funcionando. Pelo projeto, os primeiros 19 navios
seriam entregues entre 2011 e 2014 e os restantes 20, entre 2013 e 2017. Ao que
se saiba, apenas uma empresa, a Kingfish, fez encomendas a um estaleiro. Foram
três navios...a um estaleiro que ainda está sendo construído, o OSX, de Eike
Batista, no Norte fluminense. Outros 36 navios continuam como projeto.
Sem dúvida, até agora, o projeto EBN se mostra um fracasso.
A Petrobras deveria vir a público dar explicações sobre o problema e fixar
novos prazos. A presidente Graça Foster, que criticou o planejamento da estatal
nos últimos oito anos, com metas não cumpridas, pode incluir o projeto EBN
entre os itens não cumpridos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário