O texto abaixo foi veiculado no sítio do Cargo News. O texto vem corroborar com tudo aquilo que o Blog dos Mercantes vem dizendo ao longo dos anos. Em rápidas palavras vem lembrando os problemas macro-econômicos que possibilitaram um absurdo aumento do custo Brasil, como a absurda supervalorização do dólar frente ao real, e aludindo a incongruência e ambiguidade da grande imprensa brasileira, que não defende ideias, mas tão somente interesses econômicos.
E foi assim que Roberto Marinho escreveu um editorial dizendo que 20 anos de ditadura, torturas, perseguições políticas e outros desatinos mais se deram para defender a democracia. Por favor, conte-me outra.
Mas se não bastasse esse disparate, ainda ovacionou as realizações econômicas e políticas do período ditatorial brasileiro. Só não entendo como agora o mesmo jornal vem a público dizer que isso tudo foi errado.
Sim, tudo. Porque foi o cerne da política econômica do governo ditatorial.
Porque agora essa mesma imprensa ataca de forma insistente as posições que defendiam ardentemente até pouco tempo atrás.
Seria isso um "mea culpa"?
Na opinião deste blogueiro não passa da defesa de interesses outros que não o de determinados grupos econômicos. Algo que passa, frequentemente, longe dos interesses maiores do país, e mais ainda de seus cidadãos.
Para os de memória curta, nos anos 90, sob os auspícios desse pensamento econômico, a dívida pública duplicou, a externa disparou; vendemos a grande maioria das estatais a preço de banana e em negociações altamente suspeitas; desempregamos, subempregamos ou acabamos com as aspirações de boa parte da população brasileira, fazendo dos anos 90 a verdadeira década perdida no país.
Mas mesmo com tudo isso não deixamos de ter uma série de denúncias de corrupção, todas devidamente abafadas e engavetadas, com pouca ou nenhuma investigação.
E tendo feito esse rápido adendo ao excelente texto que se pode ler abaixo, gostaríamos de lembrar que, por compartilharmos com todas as posições citadas abaixo, achamos por bem trazê-lo ao Blog dos Mercantes.
A mesma coluna do Cargo News ainda trás as preocupações de Severino Almeida quanto ao futuro da Marinha Mercante no país, dado ao retrocesso que vimos observando nas ações da maior armadora brasileira.
Preocupações que o Blog dos Mercantes também vem expressando há algum tempo, e com as quais compartilha totalmente.
Quem quiser acessar a coluna é só clicar
aqui no link.
CargoNews.com.br – Reportagem – 11/12/2014
CONTEÚDO A PERIGO
A idéia de se construir navios e plataformas no Brasil gera emprego e renda no país, mas desagrada muita gente. Com o sucesso do projeto, as críticas eram limitadas ao Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás (IBP) e apareciam lamúrias em um ou outro grande jornal. Com o escândalo Petrobras, no entanto, resolveram dar a partida para um retrocesso, que poderá implicar compra ou aluguel desses itens no exterior. É bom lembrar que o preço de uma plataforma está em torno de US$ 1 bilhão, ou seja, dá margem a muitas comissões para intermediários nas importações.
Nos oitos anos de governo do PSDB, a Petrobras lançou o programa Navega Brasil, que sequer implicou a construção uma única unidade no país, enquanto dois navios usados, com nomes típicos brasileiros, foram importados da Coréia do Sul: Ataulfo Alves e Cartola. Seus nomes eram, respectivamente, Mega Eagle e Mega Hawk. O que é melhor, fazer esses navios no país, pagando o Custo Brasil – onerado com política cambial que supervalorizou o real – ou simplesmente comprá-los na Ásia?
Em editorial recente, com o título de “Monumento ao desperdício do dinheiro público”, O Globo chama o conteúdo local de “programa anacrônico de substituição de importações”, no “figurino da ditadura militar”. Qualifica a Sete Brasil de empreendimento-símbolo de dirigismo estatal, embora seja obrigado a citar que dela participam gigantes privados, como Bradesco, Santander e BTG Pactual. Garante que apenas cinco das sondas começaram a ser montadas.
No próprio jornal, um anúncio da Sete Brasil corrige números e fatos. Diz que 29 sondas serão usadas no pré-sal, únicas no mundo a atender aos requisitos de conteúdo local. Em vez de cinco, estão em construção 16 sondas, sendo que duas 80% prontas. Explica que os pagamentos iniciais seriam prática usual, para compensar gastos em projeto e encomendas a subfornecedores. Informa Sete Brasil que está em curso processo de auditoria interna, para apurar ligações com a operação Lava Jato. Querem aproveitar um escândalo para minar, a qualquer custo, um projeto de pleno sucesso, que é a política de conteúdo local.
Sobre o período militar, citado com duras críticas no editorial, nunca é demais lembrar que, a 7 de outubro de 1984, no fim da era militar, Roberto Marinho, em corajoso editorial por ele assinado, confirmou que deu seu apoio do início ao fim do regime de exceção, de forma inequívoca: “Participamos da Revolução de 1964, identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada”. E ainda: “Volvendo os olhos para as realizações nacionais dos últimos 20 anos, há que se reconhecer um avanço impressionante”.