sexta-feira, 2 de junho de 2017

Por que não surpreende?

Seria cômico, não fosse triste.

A tristeza aumenta ainda mais porque agora se está celebrando o fim da depressão econômica, embalada pelo crescimento de 1% do PIB, em relação ao trimestre imediatamente anterior. Fato o ser celebrado, e que leva o governo Temer a suspirar aliviado.

Mas essa celebração tem pontos absolutamente frágeis, que com um olhar mais atento nos leva a ter muitos pés atrás ao comemorar tal fato.

O primeiro está ai embaixo. O governo tem manipulado os dados econômicos, de forma a inflar os índices, e os compara com índices anteriores não inflados.

O segundo é o fato de que o crescimento foi em relação imediatamente anterior, mas se o compararmos ao primeiro trimestre de 2016, ainda temos uma recessão de 0,4%. É bastante em um trimestre, e comparamos um trimestre analisado pela metodologia antiga, com outro inflado pela nova metodologia de análise.

O terceiro é o fato de que o trimestre também foi inflado com uma safra agrícola extremamente generosa no Sul. Mas isso é fator sazonal, e mesmo assim o PIB não conseguiu ser maior que o do mesmo período do ano passado.

Em quarto temos o fato de que os outros setores da economia não apresentaram crescimento, podendo ficar essa safra agrícola generosa, perdida na depressão geral, que ainda atinge a economia brasileira.

Cuidado com determinadas informações repassadas por esse governo. Eles assumiram com uma mentira.


Tudo o que a imprensa criticava – com razão – na manipulação dos índices estatísticos do governo Cristina Krischer, começa a ser praticado pelo governo Michel Temer.

Esta semana, o governo acenou com três boas notícias: a melhoria no índice PMC (Pesquisa Mensal de Comércio) e PMS (Pesquisa Mensal de Serviços), medidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central).

O fato foi saudado em manchetes de todos os jornais e ajudou a reforçar a ideia de que o país está à beira da recuperação, e esse movimento poderá ser comprometido pela não votação da reforma da Previdência.

Trata-se de uma manipulação que compromete a imagem do órgão, presidido pelo economista Paulo Rabello de Castro.

A pesquisa se baseou em estudos que alteraram as ponderações dos diversos segmentos de comércio e serviços. O correto seria refazer as duas séries a partir de 2014, com a nova metodologia. Seria a maneira correta de calcular as variações de janeiro e fevereiro. 

Em vez disso, o órgão só refez 2017. Trata-se de manipulação ampla, anti-científica. Comparam-se dados de 2017, com a nova metodologia, com dados de 2016, com a metodologia antiga. É o mesmo que comparar maçãs e laranjas. E tudo isso sem avisar ninguém, sem apresentar os dados. Apenas hoje, terça, haveria uma coletiva para anunciar as mudanças.

Como os dois índices entram na composição do IBC-Br, este índice também sofreu os efeitos da manipulação. 

Como há técnicos sérios no IBGE, provavelmente começaram a trabalhar na reconstrução das séries a partir de 2014. 

Leve-se em conta que é a terceira instituição pública, de produção de dados e analises, a sofrer manipulação por parte de dirigentes colocados pelo esquema Temer. A segunda é o IPEA. A terceira, a EBC, com esse jornalista inacreditável, Laerte Rímoli.



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