terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Terrorismo eleitoral com Lula?

Sim, é verdade, a Folha, que Paulo Henrique Amorin chama de "Fel-lha", veiculou um artigo que afirmava o próximo apocalipse financeiro no caso de nova eleição de Lula. Ora, o que há de novo nisso? Nada, absolutamente nada. Na primeira eleição de Lula o dólar chegou a bater os R$ 4,00, e isso foi há 15 anos atrás.

Não acho que Lula seja o melhor candidato para a próxima eleição, contudo, também não é motivo para estarmos apavorados com a perspectiva de que seja presidente pela terceira vez. Na verdade, me assusta muito mais a eleição de um Henrique Meirelles, um Dória, ou qualquer outro ligado diretamente ao mercado financeiro, responsáveis diretos pela recessão profunda pela qual passa o país, em nome da acumulação de uns poucos.

Isso se não inventarem formas de reduzir a importância da próxima eleição, ou mesmo de evita-la.



dom, 26/11/2017 - 09:15
Atualizado em 26/11/2017 - 11:06
Foto: Ricardo Stuckert
Jornal GGN - Bernardo Mello Franco publicou na Folha deste domingo (26) um artigo lembrando de como o mercado fez terrorismo eleitoral em todas as últimas eleições, sempre colocando Lula como o candidato do caos para os investidores. Ele observou que o lulômetro já está em campo para 2018, evidente em estudos encomendados por setores da economia interessados em alavancar a candidatura de alguém do PSDB - de preferência, Geraldo Alckmin.
Por Bernardo Mello Franco
Na Folha
Uma vitória de Lula pode derrubar a Bolsa e levar o dólar a R$ 4. A estimativa foi divulgada pela corretora XP, que disse ter ouvido 211 investidores. É a volta do terrorismo de mercado, que sempre tenta ditar o resultado das eleições.

Em 1989, o presidente da Fiesp anunciou que 800 mil empresários deixariam o país se Lula fosse eleito. A frase facilitou a vitória de Fernando Collor, que confiscou a poupança e deixou a economia em frangalhos.

Em 2002, o Goldman Sachs lançou o "lulômetro" e projetou um câmbio nas alturas. O megainvestidor George Soros disse que o Brasil teria que escolher entre o tucano José Serra e o caos. O petista assumiu com o dólar a R$ 3,52 e voltou para São Bernardo com a cotação a R$ 1,66.

O novo estudo da XP sugere que a vitória de Lula em 2018 faria a Bolsa despencar para 55 mil pontos. A moeda americana poderia bater os R$ 4,10. O cenário muda da água para o Romanée-Conti em caso de vitória de Geraldo Alckmin ou Luciano Huck. O mercado fica ainda mais eufórico com a hipótese João Doria. O prefeito murchou nas pesquisas, mas ainda é o queridinho da Faria Lima.

Há muitas formas de se fazer terrorismo eleitoral. Em 2014, a propaganda do PT espalhou que a comida sumiria do prato dos pobres se Dilma Rousseff fosse derrotada por Marina Silva. A petista se reelegeu e produziu a maior recessão do pós-guerra.

No terrorismo de mercado, o truque é substituir a opinião de milhões de eleitores pelo desejo de um punhado de financistas. É um jogo em que a banca sempre vence. Mesmo que caia no ridículo, a profecia ajudará alguns espertos a enriquecer.

Outro dado divulgado na sexta-feira mostra como o mercado costuma confundir análise com torcida. Para 46%, Alckmin será o eleito. Pode ser que isso aconteça, mas hoje o tucano tem apenas 8% das intenções de voto. Se os investidores ouvidos pela XP acreditassem no que dizem, não se esforçariam tanto para lançar Doria e Huck no caldeirão de 2018.

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