A Câmara Alta brasileira teve eleições no último sábado, e elegeu Davi Alcolumbre (DEM-AP) para a presidência pelos próximos dois anos. Com isso um dos partidos que mais tem seus membros envolvidos em denúncias e processos de corrupção assume as presidências das duas casas legislativas. Seria ruim se fosse apenas isso, mas é pior, porque ambos congressistas estão envolvidos com denúncias, algumas comprovadas, outras ainda não investigadas, mas já há até condenação sobre atos ilícitos envolvendo o negócio público.
O caso de Alcolumbre, que o espirituoso Reinaldo Azevedo já começou a chamar de "Aldeslumbre", é bastante intrigante. O próprio Reinaldo já sugere que as pautas do governo poderão estar muito ameaçadas nessa Casa Legislativa (ora, sem ela não se aprovam projetos no país). Isso porque muitos dos votos de Alcolumbre teriam sido dados pelo anti-voto. Um princípio que já norteou algumas de nossas últimas eleições no país, inclusive a última para presidente.
Mas não é apenas isso. A eleição do Senado não parece ter sido apenas um apoio a Alcolumbre, e muito menos um apoio ao Governo, mas muito mais a falta de uma candidatura que realmente representasse interesses dos Senadores, ou ao menos, respeito geral. Além de negociar, porque o Governo está muito longe de ter maioria nas Casas Legislativas, e no Senado isso pode ser mais problemático.
A eleição de um Presidente do Senado, feita com pressão do Ministro Chefe da Casa Civil, apenas abre rusgas com os Senadores. Ora, quem acha que muitos dos votos em Alcolumbre foram uma subserviência ao governo, ou um apoio irrestrito ao novo Presidente da Casa, talvez quebre a cara, porque tem muita gente que não gostou disso, e a contagem de 42 votos não garante nem mesmo apoio irrestrito a Alcolumbre, quanto mais ao Governo. Basta lembrar que são 81 senadores, e para passar qualquer PEC são necessários no mínimo 48 ou 49 votos. Aí sim, podemos pensar que alguns dos votos em Alcolumbre foram anti-Renan, o que significa que não há 39 Senadores na oposição, provavelmente esse número é maior, e as pautas podem emperrar por bastante tempo na Casa. Se pensarmos que são dois turnos de votação, isso pode inviabilizar o Governo, que já vive se equilibrando num arame mal amarrado.
Isso não se dá por pressão, mas por negociação, e por respeito.
Algo que claramente faltou em boa parte da própria eleição de Alcolumbre.
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