Se as grandes redes podem, então eu também posso.
Astrónomos contra Magalhães
Está em curso uma campanha para lhes retirar o nome do navegador português, por conta do seu «violento legado colonialista».
19 de Novembro 2023 às 10:58
Natalia Sarsgård (Tsarikova) volta ao nosso blog com mais uma grande música do Nightwish, e mais uma excelente cover de sua parte. É para fecharmos bem o ano.
O artigo abaixo foi retirado do twitter do geopol.pt.
O artigo também é alto-explicativo, e se complementa com o título que eu coloquei na postagem, e pela noticia de que os iemenitas ameaçaram destruir os campos de petróleo da Arábia Saudita e do Emirados Árabes Unidos, caso estes ataquem o Iemen.
O que começou com um sequestro seguido de uma reação lenta e desastrada do Estado de Israel, pode se tornar um grande desastre, ou mesmo uma guerra generalisada na região.
LLOYD AUSTIN ANUNCIA O LANÇAMENTO DE UMA FORÇA DE PROTECÇÃO NO MAR VERMELHO
🇺🇸🇾🇪 Os Estados Unidos vão anunciar o lançamento de uma força de proteção marítima alargada, envolvendo Estados árabes, para combater os ataques Houthi, cada vez mais frequentes, a partir dos portos do Iémen, contra a navegação comercial no Mar Vermelho.
A força, provisoriamente intitulada Operação Prosperity Guardian, deverá ser anunciada pelo secretário da Defesa, Lloyd Austin, aquando da sua visita ao Médio Oriente. À semelhança da Task Force 153, que já opera a partir do Bahrein, a força de proteção de maiores dimensões destina-se a garantir às companhias de navegação comerciais que os ataques dos Houthi serão repelidos e que o mar continua a ser seguro para a navegação comercial.
Cinco grandes companhias de navegação já deixaram de utilizar o Mar Vermelho, na sequência dos ataques dos Houthis em protesto contra os esforços de Israel para eliminar o Hamas em Gaza.
O presidente da Autoridade do Canal do Suez, o tenente-general Osama Rabie, revelou também que 55 navios foram redireccionados em torno do Cabo da Boa Esperança, uma viagem duas semanas mais longa do que a que passa pelo estreito de Bab al-Mandab, a sul do canal do Suez. Mais de 20 navios registaram incidentes nos últimos meses, muitos deles em torno do estreito de Bab al-Mandab que separa a península arábica de África.
A OOCL, com sede em Hong Kong, foi a última a anunciar uma suspensão, juntando-se à francesa CMA CGM, à dinamarquesa Maersk, à alemã Hapag-Lloyd e à italo-suíça Mediterranean Shipping Co, a maior companhia de navegação do mundo.
A Maersk controla 14,8% do mercado mundial de contentores marítimos e as decisões, se mantidas, são coletivamente um golpe de martelo para a economia egípcia e para os custos globais dos transportes. O canal do Suez rendeu ao Egipto 9,5 mil milhões de dólares em 2022-23.
Os EUA estavam tentando persuadir a China a se juntar a uma força de proteção marítima ampliada que está sendo montada no Bahrein, mas alguns funcionários acreditam que garantiram o envolvimento da Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Catar, Omã, Egito e Bahrein.
O primeiro navio a ser abordado pelos Houthis apoiados pelo Irão, o Galaxy Leader, foi capturado a 19 de novembro e ainda se encontra no porto de Hodeidah, controlado pelos Houthis. Desde então, os ataques têm-se multiplicado. No sábado, o USS Carney abateu 14 drones enviados pelos Houthis em direção a Israel.
Até à data, as marinhas francesa, britânica e norte-americana abateram os drones e mísseis controlados pelos Houthi. Os Houthis afirmaram que vão atacar todos os navios que se dirigem a portos israelitas, independentemente da sua nacionalidade.
A Força Tarefa Combinada 153, liderada pelos EUA, já operou no Mar Vermelho, combatendo a pirataria somali e outras ameaças.
A ministra francesa dos Negócios Estrangeiros, Catherine Colonna, afirmou que os ataques dos Houthi "não podem ficar sem resposta".
Temia-se que a Arábia Saudita, que procura um acordo de paz com os Houthis para pôr fim à guerra civil de oito anos no Iémen, pudesse ficar de fora da força de proteção.
O ministro da defesa iraniano, Mohammad-Reza Ashtiani, afirmou que qualquer força multinacional enfrentaria problemas extraordinários para proteger a navegação no Mar Vermelho. O ministro disse: "Se os Estados Unidos tomarem uma iniciativa irracional deste tipo, vão deparar-se com problemas extraordinários. Ninguém pode fazer um movimento numa região onde temos predominância".
O porta-voz militar iemenita disse: "Se os EUA conseguirem estabelecer uma aliança internacional, será a aliança mais suja da história. O mundo não esqueceu a vergonha de permanecer em silêncio sobre crimes genocidas anteriores".
O líder do movimento Houthi, Abdulmalik al-Houthi, também avisou que irá retaliar se as linhas vermelhas forem ultrapassadas, uma das quais é a intervenção direta dos EUA em Gaza.
O que acontece com a Ucrânia neste exato momento é exatamente isso; o nosso tradicional chiste: "segura na brocha que vou tirar a escada". O texto abaixo é bastante completo, ainda que não muito longo, mas o suficiente para descrever o processo que levou a Ucrânia à beira do desastre total, mas eu não deixarei de acrescentar um fato crucial em toda essa história, e que sem ele esse desenrolar e desfecho seriam impossíveis. Nos dois próximos parágrafos.
O fator crucial, que permitiu à Ucrânia chegar à atual situação é interno do próprio país. Sim, sem que forças internas agissem de forma cega e irresponsável, não haveria promessa Ocidental, viagem de Boris Johnson que tivesse levado a Ucrânia a essa derrocada. Essa situação interna se divide em duas partes. A primeura é que uma parte significativa das elites econômicas e políticas do país eslavo preferiram ouvir o canto da sereia Ocidental à prestar atenção ao grito desesperado da razão.
A segunda parte está mais ligada ao iaginário coletivo, e foi possível graças ao alto grau de corrupção, e ao imaginário popular histórico. Esse é um ódio doentio e insano que parte da população nutre aos russos. Parte disso pode ser creditado a fatos pretéritos, mas parte é devido a uma aproximação acrítica com o bloco Ocidental, que no fundo jamais considerou seriamente uma adesão ucraniana a suas fileiras de forma autônoma e soberana. Com a debacle que se abate agora sobre o país, dificilmente ela se dará, mesmo que de forma subalterna.
Lamentável, mas cada povo colhe o que planta.
Ucrânia à beira do colapso e do abandono
Por Luis Segura @luisgonzaloseg
🇺🇸🇪🇺🇺🇦🇷🇺 Os Estados Unidos e a União Europeia (com Josep Borrell à cabeca) instigaram, encorajaram e incentivaram, quase forçaram, a Ucrânia a lutar com promessas de apoio incondicional e de adesão à União Europeia e à NATO.
Boicotaram conversações e acordos com a Rússia, tanto antes como depois da invasão.
Enviaram dezenas de milhares de milhões de euros e enormes quantidades de armamento que foram pagos pelos cidadãos e geraram enormes lucros para a indústria militar. Entretanto, os cidadãos sofreram níveis terríveis de inflação.
Centenas de milhares de pessoas foram mortas e feridas, e ainda não é possível fazer uma estimativa aproximada.
A Ucrânia sofreu enormes níveis de destruição e feridas sociais que perdurarão durante décadas. Se é que alguma vez serão ultrapassadas.
Aqueles que defenderam a paz foram rotulados de pró-russos, traidores e cobardes. Marionetas de Putin.
Os russos, e a Rússia, foram maltratados, vilipendiados e expulsos de quase todas as esferas internacionais (cultural, desportiva, social...) apenas por serem russos. Foram atingidos níveis inconcebíveis de russofobia.
Tudo isto, diziam, era pela democracia, que escasseia na Ucrânia; pelos direitos humanos, soberania e integridade territorial (os mesmos que o Ocidente espezinha na Palestina); e pela luta contra a tirania e as autocracias, apesar do grande número de alianças do Ocidente com autocracias.
Quase 700 dias depois, tanto os EUA como a UE já não apoiam incondicionalmente a Ucrânia e a ajuda está agora bloqueada. Esta situação coloca a Ucrânia a um passo do abandono e à beira do colapso.
Um colapso que, a acontecer, depois de centenas de milhares de mortos e meses de destruição, seria um cenário infinitamente pior do que as ofertas da Rússia, tanto antes da invasão como nos primeiros meses da invasão.
A realidade, depois de meses de manifestações teatrais de líderes ocidentais ou de palestras de Zelensky em meio mundo, é que a Ucrânia foi, tem sido e é, por mais duro que seja, apenas uma marioneta dos Estados Unidos (e dos seus vassalos ocidentais, que são também os grandes perdedores). «Carne para canhão» para cumprir os principais objectivos geopolíticos dos Estados Unidos na Europa: a erosão da Rússia; a rutura da relação entre a União Europeia e a Rússia (incluindo o Nord Stream); ou o aprofundamento da vassalagem europeia (e o pagamento dos custos da guerra com o aumento das despesas militares).
Quer estes objectivos sejam ou não bem sucedidos, o que só o tempo o dirá, uma vez que os EUA os tenham alcançado, ou entendam que os alcançaram (o que pode não durar muito tempo), o incentivo para sustentar a Ucrânia desapareceu.
Por todas estas razões, a Ucrânia está a um passo do colapso: já não existe em termos mediáticos (menos ainda desde o massacre da Palestina por Israel) e a ajuda económica está agora bloqueada tanto nos Estados Unidos como na União Europeia. E, quer chegue ou não, todos os intervenientes sabem que não é incondicional, que a jogada ocidental foi um bluff e que, se a Rússia resistir, embora nunca haja certezas e tudo seja possível, será muito difícil a Ucrânia não entrar em colapso.
👉 akal.com/libro/la-tramp…
O chamado "mundo civilizado" perdeu definitivamente o juízo. A mania de querer reescrever a História de forma a atender anseios e interesses modernos e atuais não é nova, mas ela está atingindo níveis alarmantes e completamente insanos. E isso é preocupante.
Não, não é preocupante por causa de Magalhães e seu impressionante feito compartilhado com Elcano. Não é preocupante pelos bandeirantes ou pelas sereias que ora são atacados. Mas sim, é preocupante porque se tenta renegar um passado, responsável por nos trazer ao momento atual, com base em valores absolutamente desconhecidos para essas figuras históricas, heroicas, e muitas vezes, lendárias.
Fernão de Magalhães não ficou famoso por ter descoberto as nuvens que levam seu nome, mas por ter sido responsável direto por um dos maiores feitos da humanidade na era das grandes navegações: a primeira viagem de circunavegação do planeta, o contato com outros povos, outras culturas, outras raças, e a descoberta (para os europeus) de inúmeras terras, passagens e acidentes geográficos. Esse feito foi conquistado com uma gigantesca e poderosa frota, composta por três minúsculas embarcações, nas quais um pescador moderno não sairia para pescar, imaginem então dar a volta ao mundo. Seus instrumentos de navegação eram precários; suas técnicas, revolucionárias para a época, quase que experimentais; sua ideologia, um misto de cavalheirismo da Idade Média, com o ímpeto de descobrir um mundo que se abria a eles.
E sim, Magalhães, como muitos outros, era um homem de seu tempo. Como citei acima, uma mistura entre um cavaleio medieval, onde a maior parte de sua ideologia residia, com um homem que via uma revolução técnico-científica, o que lhes abria um horizonte enorme, mas que apesar de tudo acabava por ser um horizonte turvo pelos dogmas que carregava em seu cerne cultural.
Sim, ele era colonialista, como o eram Cristóvão Colombo, Pedro Álvares Cabral, Vasco da Gama, o próprio Elcano - que completou a gigantesca aventura de Magalhães - e o eram todos os que abriram as portas à Modernidade, que nos trouxe ao mundo moderno. Eles eram homens de seu tempo, que conseguiram feitos impressionantes, não apenas pelas dificuldades físicas e técnicas da época, mas sobretudo pelas amarras ideológicas a que estavam ligados historicamente.
Aproximadamente 5 séculos depois, eu mesmo fiz duas voltas ao mundo pelo mar. Os veículos não foram as frágeis embarcações de madeira que levaram Magalhães e Elcano em sua aventura, mas modernos navios de aço, impulsionados por potentes motores com milhares de cavalos de potência, e posso lhes afirmar que não foi fácil, mesmo com a possibilidade de contatos com o lar, com as rotas já conhecidas, e os perigos todos mapeados. Imaginem para esses que desbravaram essas possibilidades?
O que distinguiu esses homens não foram suas ideias humanísticas, mas seus feitos concretos. Sim, a grande maioria - se não sua totalidade - era escravista, preconceituosa, com valores muito antagônicos aos propagados atualmente (e muitas vezes não cumpridos), Eles eram homens de seu tempo, agiam como homens de seu tempo, e nos legaram o mundo que temos hoje, com seus avanços, suas qualidades e defeitos. Renegar o papel fundamental deles na formação desse mundo não é resolver as contradições que temos, e nem mesmo os erros que eles cometiam, mas renegar o que fizeram de acertado, seus feitos grandiosos, seus legados que nos permitiram chegar até aqui.
Renegar o passado não é apenas renegar o que somos de ruim, é renegar o que somos de bom também. Não há como fazer essa dissociação, e quem faz isso não faz apenas algo fadado ao fracasso, mas também ridículo. O problema é que quem nos tem trazido essas ideias, supostamente, devia nos trazer ideias mais profícuas.
Precisamos parar de tentar negar o passado para justificar um presente que se constrói, e sobretudo precisamos ver os erros que temos, combatê-los efetivamente, e construirmos um mundo melhor.
Está em curso uma campanha para lhes retirar o nome do navegador português, por conta do seu «violento legado colonialista».
19 de Novembro 2023 às 10:58
O grupo Celtic Woman em mais uma magistral interpretação. Scarborough Fair fez enorme sucesso na gravação de Simon & Garfunkel, apesar de ser uma música tradicional inglesa de autoria desconhecida. Depois disso vários artistas já emprestaram suas vozes à música, e muitas interpretações foram magistrais, uma delas é essa.