terça-feira, 17 de dezembro de 2024

China contra-ataca

Interessante a queda de braço entre o globalismo financeiro e o nacionalismo produtivista. Essa disputa se acirra e acelera mês a mês, e coloca o mundo numa encruzilhada. 

Como eu disse, a disputa vem se acirrando nos últimos anos, mais notadamente nos últimos meses, quando após absorver alguma tecnologia já ultrapassada, mas que alguns dos países que representam setores produtivos ainda não detinham, estes passaram a desenvolver a própria tecnologia, e hoje dominam a maioria das pesquisas e são líderes na maioria das áreas de alta tecnologia.

O capital financeiro abutre quer tomar parte nos ganhos que tais tecnologias podem vir a proporcionar, mas entra em choque com o fato de que essas tecnologias não estão sob o domínio dos países que eles controlam, e que os países que dominam as novas tecnologias não se deixam dominar pelos capitalistas financeiros abutres.

O resultado é conflito aberto, seja ele militar, seja ele econômico. Militarmente a maior expressão desse conflito se dá na Ucrânia, e comercialmente se dá na disputa comercial entre China e EUA.

As acusações entre o bilionário Soros e os chineses dão bem o tom dessa disputa comercial. Sim, ela hoje já é acrescida de sanções de ambos os lados, tentativas vãs de asfixia financeira, ou declarações acusatórias dos tipos que vemos abaixo.

A questão aqui é sabermos até quando ficaremos apenas nas disputas retóricas e comerciais, e se e quando passaremos a confrontações bélicas? Lembrando sempre que quando apenas um não quer brigar, então essenum apanha.

CHINA QUALIFICA SOROS DE «TERRORISTA ECONÓMICO GLOBAL»

🇨🇳🇺🇸 O porta-voz do jornal estatal chinês em língua inglesa Global Times, rotulou o bilionário americano nascido na Hungria, George Soros, de “Terrorista Económico Global”, numa troca de palavras que sublinham o aumento da temperatura nas relações entre os EUA e a China.

Num artigo publicado em setembro, a publicação nacionalista chinesa acusava o gestor de fundos judeu de financiar o proprietário de um jornal preso em Hong Kong, Jimmy Lai, para apoiar os protestos contra Pequim em 2019.

Pouco depois, Soros escreveu um artigo de opinião para o Wall Street Journal em que afirmava que o recente investimento de cerca de mil milhões de dólares do fundo mútuo da BlackRock, com sede em Nova Iorque, na China, tinha sido um “erro trágico” e que provavelmente perderia dinheiro para os clientes do gestor de activos. Soros escreveu que o investimento da BlackRock “põe em perigo os interesses de segurança nacional dos EUA”.

Segundo ele, os índices, incluindo o ACWI da MSCI, o ESG Leaders Index e o ESG Aware da BlackRock, “forçaram efetivamente centenas de milhares de milhões de dólares pertencentes a investidores norte-americanos a entrar em empresas chinesas, cuja governação empresarial não cumpre as normas exigidas – o poder e a responsabilidade são agora exercidos por um homem (Xi) que não é responsável perante nenhuma autoridade internacional”.

O bilionário instou o Congresso dos EUA a aprovar legislação que limite os investimentos dos gestores de activos a “empresas cujas estruturas de governação sejam transparentes e alinhadas com as partes interessadas”. Relatórios anteriores referiam que o Hedge Fund de Soros tinha alienado toda a sua exposição a activos chineses no início deste ano.

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