segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Não é desdolarização, mas mudança no sistema de pagamento

Mais do que desdolarização, o que se busca nos BRICS é um novo sistema internacional de pagamentos e transferências financeiras. Claro, em certa medida isso desdolariza, porque permite contornar o uso do dólar nas transações entre países, barateando, facilitando, e dando mais garantias ao usuários do sistema.

Essa busca ocorre porque o sistema de pagamento ora em uso, o SWIFT, é controlado pelo Ocidente, e usado como arma de guerra e manipulação geopolítica extrema. As sanções, a retirada de países do sistema de pagamento, e a interferência pelo Ocidente com a alegação de estarem usando suas moedas em transações que não lhes agradam dão o tom da necessidade da criação de tal sistema de pagamento alternativo. Além disso o sistema facilita o comércio internacional, já que um país não é obrigado a ter dólares (ou moeda coligada) para participar no comércio internacional. 

Se você ler o último paragráfo do artigo abaixo, verá que algumas outras medidas são perseguidas pelos BRICS. Essas medidas têm como objetivo o fortalecimento do sistema de pagamentos, maior independência dos países do bloco frente as instituições criadas e manipuladas pelo Ocidente, bem como a facilitação ainda maior do comércio mundial, contornando os mecanismos de controle, manipulação e especulação criados pelos ocidentais.

Claro que isso tudo mina profundamente a hegemonia ocidental no planeta, porque impedirá os ganhos absurdos que os países que controlam os atuais sistemas conseguem obter, mesmo que não sejam eles que trabalhem e gerem as riquezas comercializadas.

O novo sistema que está sendo gestado também abre a possibilidade de maior pluralidade e democracia, já que as decisões podem contornar os sistemas ora estabelecidos (como eu disse, controlados pelo Ocidente), e Estados, e até empresas, poderão negociar e estabelecer os preços para os próprios produtos.

Mas nem tudo são flores. O novo sistema também tende a punir com severidade maus negociadores,l; a gerar uma certa anarquia pelo planeta, já que não teremos mais decisões tão centralizadas; e guerras (já as estamos tendo), ao menos em sua fase de implantação,  uma vez que o sistema que cai tende a defender seus privilégios de todas as forma. E isso é normal quando temos a substituição de sistemas estabelecidos por novos.




🇷🇺🇧🇷 O volume de liquidações financeiras em moedas nacionais no comércio dentro do grupo BRICS é de cerca de 65%, disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov.

“O trabalho em novas plataformas de pagamento foi iniciado no BRICS sob a presidência russa e será continuado pelos nossos sucessores brasileiros durante a sua presidência em 2025”, sublinhou o ministro no simpósio internacional Criando o Futuro. Lavrov observou que a Rússia continuará a desempenhar o seu importante papel neste processo.

A questão dos sistemas de pagamento alternativos estará entre as prioridades da presidência brasileira no grupo BRICS. A este respeito, o alto diplomata russo recordou que foi o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva que colocou a questão dos sistemas de pagamento alternativos em cima da mesa em 2023, durante a cimeira dos BRICS em Joanesburgo. “Os progressos são evidentes, mas devemos levá-los à sua conclusão lógica para que existam mecanismos prontos a utilizar”, observou.

Por sua vez, Moscovo espera continuar a trabalhar em iniciativas propostas pela Rússia no âmbito dos BRICS, como uma bolsa de cereais, uma plataforma de investimentos, um cluster de transportes, bem como a medicina nuclear, antecipou o ministro dos Negócios Estrangeiros russo.

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