quinta-feira, 29 de outubro de 2015

A concentração de capital no mercado financeiro brasileiro

Começou nos anos 90, quando os primeiros bancos apresentaram problemas e acabaram incorporados por outros, criando os primeiros mega-bancos privados brasileiros. Para isso também contribuiu a privataria dos anos 90, quando muitos bancos estaduais foram incorporados por instituições privadas. 

Mas não foi só isso, ainda nos anos 90 foi criado o Proer, que chegou a ser chamado de "A Cesta Básica do Banqueiro Brasileiro". Nessa época, o governo privatista criou o programa para evitar a quebradeira de uma série de bancos brasileiros, e consequentemente do sistema financeiro nacional. Nisso fica claramente estampada a contradição do discurso e da prática dos Neo-Liberais, que pregam uma economia livre e sem interferências do governo, mas que correm a ajudar esta mesma economia com muito dinheiro público, tão logo ela apresente problemas.

So que esse não é o cerne dessa questão, e sim a concentração do sistema financeiro nacional. Ainda nos anos 90 tivemos a entrada de váriosalguns mega-bancos extrangeiros, como o ABN-Amro, o Santander e o HSBC.

Aos poucos esses bancos vão deixando o país e suas singularidades, mesmo sendo os lucros bancários fabulosos no Brasil. Quem ainda resiste é o Santander, mas até quando?

E cada vez que um deles deixa o país, maior se torna a concentração do sistema financeiro do país nas mãos de poucos mega-bancos nacionais. É o que acontece agora com a saída do HSBC, que vende seus ativos e carteira de clientes para o Bradesco.

Isso é bom para o país? Sim e não.

Bom no sentido de termos instituições financeiras realmente grandes, e que possam vir até mesmo a competir no mercado internacional em condições de fazer frente aos grandes do setor. Mas isso, por si só, não é garantia de que sejam bem geridas e de que não irão dar problemas.

E ruim, pois num sistema financeiro já tendente à cartelização, a existencia de menos empresas no setor, e de empresas cada vez maiores, tende a dificultar qualquer tipo de regulamentação e concorrência séria no mercado.

Enquanto isso pagamos para que ganhem dinheiro com o nosso dinheiro.

Até onde sei, esse é o único país do mundo em que isso ocorre.


Quem quiser ler a reportagem completa no sítio da Folha de São Paulo é só clicar aqui.

Bradesco promete manter benefícios no exterior dos clientes do HSBC
Alastair Grant/Associated Press

Fachada de edifício do HSBC, em Londres; operação brasileira do banco foi comprada pelo Bradesco
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

03/08/2015  11h21
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O Bradesco prometeu manter inalterados os principais benefícios de atendimento a clientes do HSBC no exterior, como saques sem custo, transferências de valores e facilidades no intercâmbio entre contas. O Bradesco anunciou na madrugada desta segunda (3) a compra da filial brasileira do banco britânico.

Para o cliente do banco, nada muda neste momento pois a incorporação só começará a ocorrer após o Banco Central e as demais autoridades reguladoras aprovarem o negócio, o que só deve ocorrer em 2016.

Segundo Luiz Trabuco, presidente do Bradesco, a ideia é levar ao restante dos clientes do banco o mesmo tipo de produtos e serviços que os do HSBC já tinham. "Teremos agora a possibilidade de ampliar a capacidade de produtos e serviços que ainda não eram oferecidos por questões estratégicas", disse.

André Brandão, presidente do HSBC no Brasil, disse que o tema já foi mapeado internamente e será tratado pelas equipes que discutirão a integração dos dois bancos.

Trabuco afirmou que o próprio Bradesco, apesar de não ter uma rede de agências de presença global como o HSBC, tem os seus parceiros internacionais, além de unidades nos EUA, Europa e Ásia.

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