terça-feira, 30 de setembro de 2025

O Mundo vê novos desdobramentos e acirramentos dos conflitos nas últimas semanas

Pessoal, tivemos alguns movimentos geopolíticos interessantes nos últimos dias. Um dos mais importantes foi o ataque de Israel a Doha, capital do Catar. Enquanto representantes do Hamas se preparavam para mais uma reunião de negociação com os estadunidenses na busca para uma paz na Faixa de Gaza, aviões israelenses atacaram o local da reunião. Mas os palestinos não foram atingidos porque haviam deixado seus celulares no local, e saíram para rezar em uma mesquita. Provavelmente houve vazamento de informação acerca da operação, mas isso não isenta o fato de mais uma vez o EUA distrair líderes do Oriente Médio com uma negociação, enquanto os israelenses se preparam e executam um ataque da chamada “decapitação”, ou seja para matar lideranças políticas e/ou militares de países e etnias da região. Muitos analistas geopolíticos, incluindo ex-militares estadunidenses, acreditam numa “participação consciente” do EUA nesses ataques. Pessoalmente eu não discordo desta análise, mas ressalvo o fato de que não há provas concretas dessa participação intencional dos estadunidenses, ainda que haja muita evidência indireta disso, até porque o próprio Presidente do EUA nos faz o favor de concordar e dar apoio a este tipo de ação, em todas as vezes que elas ocorrem, tornam esse tipo de análise extremamente plausível, ainda mais do que aquelas que apenas indicam uma participação “passiva” dos estadunidenses.

E apesar de o evento ter gerado revolta no mundo árabe, não acho que seja o estopim para uma ação concreta contra Israel pelos países da região, ao menos não neste ponto da História. Mesmo com a reunião que houve com líderes dos países da região, das muitas notas de repúdio, e de o Irã ter chamado os países da região a uma reação aos atos israelenses, o fato é que os laços que os líderes árabes têm com o Ocidente ainda são demasiado fortes para garantir uma revolta no momento, mas isso pode mudar, e para isso basta que o Ocidente não mude o modo de aproximação com eles, enquanto as novas forças seguem avançando. Por mais que tenhamos laços, por mais que tenhamos interesses, uma hora os abusos serão excessivos, e uma reação pode ocorrer, ainda mais com o enfraquecimento nítido que os ocidentais estão mostrando.

O enfraquecimento Ocidental fica claro quando o Catar cancelou uma compra junto a Boing estadunidense de USD 158 bilhões, e outra de armamentos estadunidenses de USD 42 bilhões. Os aviões podem ser substituídos por europeus, ou mesmo a Embraer brasileira, enquanto o armamento deve ser substituído por similares chineses.

Mais para a Ásia Central tivemos a derrubada do governo do Nepal, e o motivo teria sido uma proibição de uso das redes sociais virtuais Ocidentais no país. Casas de Ministros foram queimadas, membros do governo arrastados e agredidos pelas ruas, o governo caiu e um novo foi eleito com participação forte da rede social online discord. A nova primeira-ministra do Nepal, Sushila Karki, de 73 anos, fez um discurso em que diz que atenderá os anseios da chamada geração “Z”, que foi a grande responsável pelas mudanças no país. Vale ressaltar que há muitas nuances no Nepal, e as divisões religiosas, que garantem relações e influências de e nos países em volta são importantes nesta equação. O que pode ser mais impactado é a Índia, vizinha do Nepal, e em processo de tentativa de desestabilização pelos estadunidenses. Por sinal, o embaixador estadunidense no Nepal já fez um discurso de apoio e cooperação com o novo governo.

No Leste europeu tivemos um exercício militar com a presença de 100 mil soldados russos e bielorussos. Também tivemos pequenos contingentes da Índia, Irã, Congo, Burkina Faso, e Mali, além de observadores internacionais, incluindo estadunidenses. Cerca de 10.000 sistemas de armas foram usados no treinamento. Os destaques foram as simulações de uso de mísseis Iskander, Zirkon, Oreshnik e de aviões de bombardeio estratégico. O exercício fez com que a Polônia fechasse suas fronteiras com o Oriente e deslocasse 40.000 homens para as fronteiras com Kaliningrado e a Bielorússia, além de ter gerado alerta na NATO. Apesar disso não houve incidentes internacionais durante o evento, que teve um Putin vestido em uniforme militar supervisionando a última etapa do treinamento. As mobilizações do tipo feito pela Polônia são comuns de lado a lado nesse tipo de treinamento, mas um Putin em uniforme militar parece mais um recado de prontidão para a guerra, mesmo que outros canais russos peçam negociações e paz. É só lembrarmos da última vez em que Putin vestiu um uniforme militar, justamente num momento de tensão aumentada com a NATO, e na sequência tivemos uma crescente nas ações militares russas na Ucrânia. É possível que vejamos mais um aperto na ação militar contra o exército ucraniano, cujos sinais de debilidade são cada vez mais nítidos, apesar das retaliações que vez ou outra vemos em território de Novarússia, ou mesmo do território tradicional da Federação Russa. Isso parece certo já que a quantidade de mísseis e drones usados contra o território ucraniano voltou a aumentar, já ultrapassando as 800 unidades conjuntas em um único ataque.

Um desdobramento meio inesperado do treinamento das forças russas e bielorussas é que após o seu fim os poloneses anunciaram um fechamento a tempo indeterminado da fronteira com o Oriente. Essa é uma das rotas das chamadas “Novas Rotas da Seda”, ou “Iniciativa Cinturão e Rota”, que é o nome oficial dos corredores de comércio utilizando ferrovias de alta velocidade que vêm sendo desenvolvidos pelos chineses há pelo menos uma década. Na verdade, essa é a principal rota para se chegar ao Norte da Europa neste momento. O resultado é que a China está inaugurando a primeira rota comercial pelo Ártico. O navio Istambul Bridge será escoltado por quebra-gelos, e deve atingir o porto britânico de Felixstowe em 18 dias, contra uma viagem de cerca de 30 dias pelas rotas marítimas tradicionais, e de 25 pela rota ferroviária.

Além da rota comercial com um potencial incrivelmente lucrativa, o controle do Ártico ainda permite o acesso a enormes reservas de gás, petróleo, e outros minerais. Por isso a briga pelo controle da região é tão grande, e a verdade é que os Russos estão bem à frente de seus concorrentes no momento, seja pela presença efetiva na região, com bases, povoações, etc, como também com equipamentos e tecnologia adequada a adentrar e habitar num dos ecossistemas mais inóspitos do planeta.,

Outro fato inusitado foi a entrega da primeira turbina iraniana de geração de energia para os russos. A turbina é propulsionada a partir do gás, recurso vastíssimo na Rússia, e substituirá turbinas de geração alemãs fornecidas pela Siemens. As turbinas prometem ser 30% mais eficientes do que as alemãs, ou seja, proverão 30% a mais de energia elétrica com o mesmo consumo de gás.

Na sequência tanto China quanto Rússia informaram que não aceitarão e não aplicarão as sanções aprovadas pela ONU contra o Irã. Segundo ambos os países as sanções são ilegais, abusivas e injustas.

Como vemos, o mundo já está bem diferente daquele que saiu dos confinamentos gerados pela COVID-19 no final do 2.021 e início de 2022. É ainda mais diferente do que aquele que entrou nos confinamentos no início de 2020. Ainda não está consolidado, ainda tem muito o que evoluir (não no sentido de melhorar, mas de mudar), e ainda não tem sua formatação final para quando toda essa disputa se acalmar e o planetinha azul em que vivemos possa ter um pouco mais de estabilidade, mas uma coisa é certa, é muito difícil que tenhamos um retorno à estrutura que tínhamos antes de todo esse processo começar. Primeiro porque as forças que comandavam o planeta já estavam debilitadas naquela época, e essa situação apenas se acentuou para esse momento. Por fim porque temos visto muitos erros, que apenas aprofundam as debilidades que essas forças já mostravam, ou seja, tudo o que fazem para reverter a situação é em base de uma força e um poder que já não têm, e isso apenas acelera e aprofunda as mudanças em curso.

domingo, 28 de setembro de 2025

Drones russos na Escandinávia?

Pessoal, depois da Polônia, agora é a vez da Dinamarca, e até mesmo a Suécia, serem atacadas por drones russos. Pelo menos é o que dizem. Sim, na semana de 20 a 27 de setembro, os aeroportos de Copenhagen e de Oslo foram fechados durante algumas horas devido a um suposto ataque de drones russos. 

Bom, o suposto aqui se refere ao ataque e ao russos. Sim, porque nada confirma ter havido exatamente um ataque, e muito menos que os drones fossem russos, apesar de o discurso oficial ser este. Principalmente a capital dinamarquesa vem insistindo nessa possibilidade, e tal qual acorreu na Polônia, a própria população já começa a zombar com o governo, falando do perigo russo, que ataca o país com drones espiões que piscam e chamam a atenção de todos. Na Rússia essa gozação também acontece. 

Na sequência foram divulgadas imagens de uma belonave russa que está posicionada em águas internacionais próximas à Dinamarca, e junto veio a divulgação da suspeita que os drones teriam se originado deste navio. Bem, primeiro que o navio está posicionado para proteger navios mercantes russos, ou que fazem comércio com a própria Rússia. Como eu já disse, países bálticos já tentaram sequestrar unidades da frota mercante que faz comércio com os russos em algumas oportunidades, e essa é a justificativa russa para o posicionamento dessa belonave próxima à Dinamarca. 

Apesar das ridículas acusações aos russos estarem sendo derrubadas uma a uma, sempre mostrando uma situação de “false flag” por parte dos países da NATO, não me parece que queiram uma escalada da guerra imediatamente. Eles sabem que no momento, com ou sem EUA, eles não têm condições de enfrentar a Rússia, quanto mais se China e Irã se unirem. Não têm armas, pessoal ou recursos estratégicos para isso.

Mas o fechamento do regime, e um aumento da exploração das próprias populações não está descartado, além da manutenção de um status quo que é amplamente favorável a suas oligarquias. Essa guerra midiática parece ser muito mais voltada para dentro que contra os russos em si.

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

china e Rússia não irão sancionar o Irã. E o Brasil com isso?

Pessoal, em um comunicado conjunto, China e Rússia disseram ao mundo que consideram o retorno das sanções contra o Irã ilegais e injustas, e continuarão a fazer negócios com o país do Oriente Médio normalmente. Ao mesmo tempo o Irã embarcou a 1ª de 40 turbinas a gás MGT-70 compradas pela Rússia. O pacote também inclui geradores, equipamentos elétricos e o pacote de serviço para manutenção e reparo. Elas irão substituir as alemãs da Siemens V94.2 e prometem entregar 5 GW, ou 30% a mais de energia. Além disso o Irã encomendou painéis solares chineses com capacidade de produção de 7.000 MW, e assinou contrato com os russos para a construção de 8 usinas nucleares no Irã. Ao mesmo tempo a China aumentou a importação de petróleo iraniano para 1,81 milhões de barris de petróleo ao dia. 

Mais do que discurso, China e Rússia partem para a ação e aumentam seus comércios com o Irã, e o fazem num setor nevrálgico para o desenvolvimento: o energético. Ainda incluem nisso altíssima tecnologia, já que estão comercializando máquinas e equipamentos de ponta, entre os mais avançados do mundo. 

Enquanto isso os europeus, ao invés de buscarem aproximação, investimento em pesquisa, desenvolvimento, redução de custos com maior tecnologia, buscam gastar dinheiro com um absurdo rearmamento e o fomento de guerras sem sentido. Para se ter ideia do que digo, as turbinas MGT-70 são melhores que as da Siemens usadas pelos russos, mas o Irã já começa a produzir as MGT-75, ainda mais modernas e eficientes que as embarcadas à Rússia. 

A diferença entre o Ocidente e os BRICS e outros grupos parecidos, é que o Ocidente insiste numa aproximação arrogante e belicosa, numa relação de soma zero em que o Ocidente ganha o outro perde. As novas relações que se constroem por esses grupos são de soma sempre positiva, em que todos ganham. 

O Brasil está um pouco ao largo disso, já que precisa resolver problemas internos antes, principalmente ideológicos. O neoliberalismo e o financismo exacerbado precisam ser banidos do Brasil para que ele possa aproveitar. Potencial é o que não falta no gigante sulamericano, o que falta é soberania, ou luta real por ela.

domingo, 21 de setembro de 2025

Protestos nas principais cidades do Ocidente

Pessoal, a Europa segue em convulsão popular. Não, ainda não temos revoluções em andamento, mas os cidadãos europeus tomam as ruas em vários países, e isso inclui os principais países do Velho Continente. 

Na Inglaterra mais de 100 mil cercaram o Parlamento em protesto contra a péssima administração de Keir Starmer. Mais um Primeiro Ministro britânico tem o cargo ameaçado pela subserviência a um sistema falido. Não deve demorar até que ele caia, até porque esse era um dos pontos demandados pela multidão que protestou. 

Na França os protestos se sucedem. Como sempre a violência entre manifestantes e polícia se faz presente, mais um Primeiro Ministro do 2º governo Macron cai, e o Presidente francês só não está mais seriamente ameaçado porque já passa da metade de seu mandato e há um acordo tácito contra impeachment. Mas ele precisará ceder em algo, porque a pressão contra ele aumenta dia a dia. 

A Alemanha também não escapa aos protestos, com a diferença de que eles costumam ser mais pacíficos. Mesmo assim temos visto prisões, normalmente motivadas por opinião. Os protestos contra a participação germânica na Ucrânia, ou contra as ações de Israel em Gaza são os maiores motivos. Olaf Sholz caiu há alguns meses, e num país cuja estabilidade dos primeiros ministros (chanceler, como são chamados lá) é quase uma regra, com longos períodos à frente dos governos, seu sucessor, Friedrich Merz, também já balança no cargo. 

Mesmo Bruxelas, Itália e Estados Unidos também enfrentam problemas. Os estadunidenses enfrentam intervenções em algumas cidades. Além das posições geopolíticas de todos eles, e que desagradam suas populações, soma-se o fato de que todos enfrentam sérios problemas econômicos. 

Já falei várias vezes que ambas as situações estão interligadas. Talvez alguma hora entendam que o mundo mudou, seus velhos métodos já não são efetivos, e ainda se traduzem em graves crises internas. O mundo que dominaram não existe mais, mas ainda há tempo de adentrarem o mundo que surge de forma positiva. Mas eles precisam mudar suas posturas.

sábado, 20 de setembro de 2025

Espaço aéreo da Estônia violado pelos russos?

Pessoal, no dia 19 de setembro tivemos movimentações bastante tensas entre a Rússia e a NATO no Mar Báltico. A Estonia acusou a Rússia de ter invadido seu espaço aéreo por 12 min com 3 MIGs-31 armados. Os aviões deixaram o espaço aéreo estoniano e rumaram para o exclave de Kaliningrado. As defesas da região foram ativadas e foram lançados caças F-35 italianos para a interceptação. As defesas aéreas da Finlândia também entraram em estado de alerta, mas não tivemos um confronto direto, e nem mesmo há notícias de que os interceptadores tenham entrado em contato direto com os russos. Na sequência a Estônia também acionou o art. 4 do acordo da NATO, aquele que resulta numa consulta com outros membros da coalisão militar para saber quais ações devem ser tomadas para uma determinada situação. 

Por sua vez os russos negaram qualquer violação do espaço aéreo estoniano, e afirmaram que seus caças estavam sobre o corredor internacional acordado com os países do Báltico. 

Temos que lembrar 3 fatos importantes para qualquer análise. 

1-A Estônia já tentou várias vezes apreender petroleiros que se dirigiam à Rússia e passavam pelo canal internacional acordado. Essas apreensões, que estão mais para um ato de pirataria estatal, geraram invasões de espaço e tensões com forças da NATO na região. 

2- Há discursos de políticos e até autoridades dos países da NATO na região de fechar a passagem do Báltico à Rússia, e inclusive de invadirem o exclave de Kaliningrado. 

3- As violações do espaço aéreo polaco e romeno na semana passada estão cada vez mais com sinais claros de terem sido um “false flag”, o que tem gerado até mesmo piadas da população polaca sobre o fato. 

Com isso em mente podemos dizer que sim, pode ter havido uma invasão do espaço aéreo estoniano pelos russos, intencional ou não, não importa, mas o mais provável é que seja apenas mais uma false flag da NATO na tentativa de construir uma narrativa de violações russas para justificar uma retaliação e aperto interno de seus regimes. O próprio Mathew Whitaker, embaixador estadunidense na NATO, disse que a ameaça russa está sendo superestimada pelos europeus.

quinta-feira, 18 de setembro de 2025

OCS na China foi mais do que um encontro econômico

Pessoal, importantes acontecimentos tiveram lugar na China entre o final de agosto e os primeiros dias de setembro, e que fez com que o mundo voltasse seus olhos para Pequim: a China se tornou o maior ator geopolítico do momento. Começou sediando a reunião da Organização de Cooperação de Shangai, e terminou com um desfile militar que, meio que assustou o Ocidente. 

Para a reunião do OCS tivemos algumas presenças importantes desde o primeiro dia, como os Presidentes Putin da Rússia, Pezeshkian do Irã, Erdogan da Turquia, do Primeiro Ministro da India Modi, além dos outros membros da Organização e observadores. Entre os muitos trabalhos tivemos os encontros menores e paralelos, que sempre ocorrem nestes eventos. Os principais foram entre Putin e Modi, e também entre Xi Jinping e Modi. Modi fez declarações que mostram uma aproximação ainda maior com os russos, e uma busca de melhorar a relação com os chineses, e que foram acompanhadas por suas contrapartes. 

Mas o mais importante veio de Putin e Xi Jumping, que estiveram juntos em muitas ocasiões durante esse período, e ambos fizeram declarações importantíssimas para a geopolítica e a geoeconomia mundial. Putin fez alguns pronunciamentos e entre as mais importantes declarações estão o aumento importante do comércio cino-russo, o quase desaparecimento do euro e dólar nestas transações, a importância e estabilidade que as ações conjuntas cino-russas têm dado à região e ao mundo, e cobrou uma ONU fortalecida e com mais democracia, incluindo a reforma do Conselho de Segurança. Xi Jinping enalteceu a necessidade de retorno a uma governança global democrática, e anunciou a importância da OCS e investimentos num banco de fomento e nos membros do bloco. O total vai a mais de 30 bilhões de dólares. 

O evento foi fechado com um desfile militar para comemorar os 80 anos da vitória sobre os japoneses, e teve um ex 1º ministro japonês na audiência, e assombrou o mundo, com destaque para os mísseis hipersônicos, balísticos regionais e intercontinentais, além de drones e aviões de última geração. Os discursos voltados a reformas democráticas, investimentos, aproximações e crescimento comercial, soluções diplomáticas de conflito e retorno a uma ordem democrática das relações internacionais vêm acompanhados de enorme demonstração de poderio militar. Isso traduz o que chineses, e os próprios russos já disseram várias vezes: queremos conversar, diplomacia, e acordos honestos e que sejam cumpridos, mas se a opção for guerra, estamos prontos para ela.

Por isso o encontro da OCS na China ultrapassou em muito os limites de um importantíssimo encontro geoeconômico, e se tornou um dos principais encontros geopolíticos do ano.

domingo, 14 de setembro de 2025

Drones russos na Ucrânia: ataque ou falsa bandeira?

Pessoal, tivemos uma situação crítica nesta semana. Cerca de 20 drones russos invadiram o espaço aéreo polonês, e acabaram por cair no país. Mas alguns fatos precisam ser considerados antes de qualquer análise:

1- o Presidente da Bielorússia, Lukachenko, informou a Polônia e outros governos da região de que alguns drones tinham sido desviados de sua tragetória por influência da guerra eletrônica ucraniana.

2- A Rússia não negou que os drones fossem seus, afirmou que não tinha intenção de atacar o território polonês e diz que tratará o caso junto aos polacos.

3- os poloneses dizem que os drones se dirigiam ao aeroporto de Rzeszow, que serve de apoio às forças ucranianas.4- A Polônia acionou o art.4º da NATO, que serve para consultar os membros sobre motivos e ações possíveis para a situação.

5- Poucos dias antes do problema dos drones, um deputado da Suprema Rada ucraniana fez um discurso em que disse que em pouco tempo alemães, poloneses, ingleses e franceses enviariam tropas à Ucrânia para enfrentar os russos.

6- As respostas ao acionamento do art.4 da NATO indicou apenas um aumento nas defesas para evitar novos incidentes. Alguns Estados chegaram mesmo a dizer que não houve intenção russa de atacar a Polônia.

Nesse quadro é importante observar que mesmo que os russos estivessem atacando o aeroporto de Rzeszow, isso seria um alvo legítimo, porque desse aeroporto partem missões ucranianas contra os russos. Com ou sem estado de guerra declarado. Mas nada indica que os russos tenham realmente atacado a Polônia, e tudo indica um ataque de falsa bandeira na tentativa de envolver ainda mais as tropas e recursos da NATO no conflito. Só que o lado europeu da NATO dispõe de pouquíssimos recursos no momento para enfrentar os russos, e uma entrada direta no conflito seria um enorme desastre para os europeus, por isso as respostas oficiais ao acionamento do art.4º foram comedidas, ainda que alguns discursos sigam inflamados. 

Os russos não querem uma escalada no conflito, o que não significa não estarem preparados para isso. 

Por fim há um claro desespero dos grupos que apoiam e se beneficiam com o conflito no Leste europeu, já que a debacle ucraniana é cada vez mais nítida, e há risco de perdas ainda maiores do que as demandas inicialmente reclamadas pelos russos. Não apenas território direto, mas o domínio e influência sobre amplas regiões se fortaleçam para o lado russo, principalmente no Mar Negro e no Cáucaso. Sim, seguimos tendo a disputa em alguns países da região, como vemos agora mesmo na Armênia e Azerbaijão e a própria Geórgia, só que pouco a pouco todos tendem a estarem sob o guarda-chuva da influência russa na parte de segurança, mas com ampla autonomia em outras áreas. 

Já no Leste europeu, talvez tenhamos uma intervenção direta da NATO, mas isso ainda levará um bom tempo até ocorrer. Eles não estão prontos para isso.

domingo, 7 de setembro de 2025

Rússia oferece vacina contra o câncer eficaz e grátis

Pessoal, desde o final de 2024 a Rússia vem anunciando o desenvolvimento de uma vacina contra o câncer, cancro como é conhecido em Portugal. Esse assunto recrudesceu na última semana, inclusive com a informação de que a vacina estaria pronta. 

Na verdade seriam 2 vacinas, uma com o uso de 4 vírus não patológicos, mas que buscam e destroem células cancerígenas. A outra é baseada em RNA, o mesmo princípio das vacinas de combate ao Covid-19 e que trabalham a nível genético nos pacientes. 

Melhor do que uma “cura” para uma das enfermidades que mais mata atualmente, é o fato de que a Rússia prometeu disponibilizar a vacina gratuitamente para o mundo. Aí aparecem três questões concomitantes. A primeira é que o mundo Ocidental já se mobiliza para questionar a eficácia das vacinas, já que não aparecem em revistas científicas “reconhecidas” Ocidentais. 

O segundo é a própria indústria farmacêutica Ocidental, que verá um enorme filão de lucros se evadirem e é de se supor que lutarão contra isso, caso a Rússia realmente ofereça tais vacinas, e ainda mais gratuitamente.

Por último podemos citar o fato de que a disputa entre o Ocidente coletivo e as novas forças que emergem para disputar áreas de influência, rotas comerciais, mercados e acesso a recursos. A oferta de uma vacina efetiva grátis contra o câncer pode levar a mudar humores pelo mundo em favor das novas forças, e isso deve fazer as forças Ocidentais a tentarem minar tal mudança. 

Claro que tal vacina poderá até vir a ser ineficaz, e não passe de uma tentativa de propaganda russa, mas condená-la sem antes testá-la, sem antes verificar sua real eficácia, então isso não passará de propaganda criminosa e embasada em objetivos muito errados.

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Alguém iria querer fazer mal à Presidente da União Europeia?

Pessoal, esse comentário é feito em cima da enorme polêmica daquilo que tem todas as características de ser uma enorme mentira. A presidente da União Europeia, Ursula von der Leyen, acusou os russos de terem jammeado seu avião, causando um desligamento do GPS da aeronave e forçando parte da navegação e pouso serem feitas por cartas de papel antigas. Essa é a mesma pessoa que afirmou no parlamento europeu que os russos desmontavam máquinas de lavar para utilizarem os chips desses eletrodomésticos para construírem armas. 

Além do site flight radar ter demonstrado que tal evento não ocorreu, como vários meios de comunicação já replicaram, temos outros indícios de que tal realmente não ocorreu. O mais forte é a distância do território russo. Os equipamentos de jammeamento russos conhecidos talvez até chegassem a essa distância, mas não desligariam apenas o gps do avião de von der Leyen, mas todos, ou ao menos muitos gps da região. Tal evento não ocorreu. 

Para jammear e desligar apenas o equipamento de von der Leyen seria preciso um raio direcionado, ou seja, um feixe direto de rádio muito estreito que atingisse apenas seu avião. Isso teria que vir do espaço, ou de um emissor relativamente próximo ao avião, e ainda por cima, talvez ele precisasse ser móvel, para que acompanhasse o deslocamento da aeronave. Jamais tal feixe viria da Rússia, porque a curvatura da Terra impediria isso, e claro, o Kremlin nega qualquer envolvimento no ocorrido. Mas teriam os russos tal tecnologia? 

Só que a principal pergunta é: o que os russos ganhariam causando transtorno, um desastre, ou mesmo a morte de von der Leyen? 

A resposta é: nada 

No fundo ela tem um poder extremamente limitado, e é apenas mais uma russofóbica, como tantos outros espalhados pelo Ocidente. Tudo isso não significa que o avião de von der Leyen não tenha tido problemas, porque pode, mas é muito difícil que o problema tenha sido pelo motivo alegado.