Pessoal, tivemos uma situação crítica nesta semana. Cerca de 20 drones russos invadiram o espaço aéreo polonês, e acabaram por cair no país. Mas alguns fatos precisam ser considerados antes de qualquer análise:
1- o Presidente da Bielorússia, Lukachenko, informou a Polônia e outros governos da região de que alguns drones tinham sido desviados de sua tragetória por influência da guerra eletrônica ucraniana.
2- A Rússia não negou que os drones fossem seus, afirmou que não tinha intenção de atacar o território polonês e diz que tratará o caso junto aos polacos.
3- os poloneses dizem que os drones se dirigiam ao aeroporto de Rzeszow, que serve de apoio às forças ucranianas.4- A Polônia acionou o art.4º da NATO, que serve para consultar os membros sobre motivos e ações possíveis para a situação.
5- Poucos dias antes do problema dos drones, um deputado da Suprema Rada ucraniana fez um discurso em que disse que em pouco tempo alemães, poloneses, ingleses e franceses enviariam tropas à Ucrânia para enfrentar os russos.
6- As respostas ao acionamento do art.4 da NATO indicou apenas um aumento nas defesas para evitar novos incidentes. Alguns Estados chegaram mesmo a dizer que não houve intenção russa de atacar a Polônia.
Nesse quadro é importante observar que mesmo que os russos estivessem atacando o aeroporto de Rzeszow, isso seria um alvo legítimo, porque desse aeroporto partem missões ucranianas contra os russos. Com ou sem estado de guerra declarado. Mas nada indica que os russos tenham realmente atacado a Polônia, e tudo indica um ataque de falsa bandeira na tentativa de envolver ainda mais as tropas e recursos da NATO no conflito. Só que o lado europeu da NATO dispõe de pouquíssimos recursos no momento para enfrentar os russos, e uma entrada direta no conflito seria um enorme desastre para os europeus, por isso as respostas oficiais ao acionamento do art.4º foram comedidas, ainda que alguns discursos sigam inflamados.
Os russos não querem uma escalada no conflito, o que não significa não estarem preparados para isso.
Por fim há um claro desespero dos grupos que apoiam e se beneficiam com o conflito no Leste europeu, já que a debacle ucraniana é cada vez mais nítida, e há risco de perdas ainda maiores do que as demandas inicialmente reclamadas pelos russos. Não apenas território direto, mas o domínio e influência sobre amplas regiões se fortaleçam para o lado russo, principalmente no Mar Negro e no Cáucaso. Sim, seguimos tendo a disputa em alguns países da região, como vemos agora mesmo na Armênia e Azerbaijão e a própria Geórgia, só que pouco a pouco todos tendem a estarem sob o guarda-chuva da influência russa na parte de segurança, mas com ampla autonomia em outras áreas.
Já no Leste europeu, talvez tenhamos uma intervenção direta da NATO, mas isso ainda levará um bom tempo até ocorrer. Eles não estão prontos para isso.
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