Imagem ilustrativa. Para ler o texto "Escassez de marítimos", clique aqui.
O jornalista Sergio Motta publicou artigo amplamente reproduzido nos sites especializados da net, mas tendencioso ao extremo e, embora tenha citado estudo do Sindmar, não foi capaz de consultar nenhum dirigente sindical brasileiro, seja ele dos oficiais, das guarnições ou da Federação para se pronunciar sobre o tema. Ao contrário consultou o sindicato patronal, e expressou suas posições de forma que parecem verdades absolutas, mas não são. Assim não poderia deixar de ser: o assunto veio distorcido e com várias incongruências. Mesmo sendo a primeira afirmação a de que querem enfrentar o problema pragmaticamente, será a última a ser contestada. Partindo do pressuposto de que o Syndarma está certo, vamos a elas:
1- Faltam no momento 200 oficiais para tripular embarcações brasileiras. Com contas rápidas, considerando oito oficiais por barco, teríamos 25 navios de grande porte parados por falta de oficiais. Se considerássemos como embarcações off-shore, a situação seria ainda mais dramática. Gostaria, portanto, de conhecer a lista dos navios parados. Ela não existe, porque se existisse já teria sido noticiada em todos os telejornais brasileiros, tamanha a gravidade do problema. O que há é equilíbrio no mercado de trabalho e má-gestão de pessoal marítimo pelas empresas, o que causa problemas pontuais.
2- As mulheres não se adaptam e evadem a profissão com mais frequência que os homens. Ora, homens e mulheres evadem qualquer profissão o tempo todo. Conheço médicos, advogados, jornalistas, historiadores etc que trabalham em áreas completamente distintas de suas formações universitárias ou técnicas. Por que com os marítimos teria que ser diferente? As mulheres se adaptam a bordo tão bem quanto qualquer homem e gostam do trabalho, ou não, exatamente como qualquer homem. O que elas - e ninguém aceita - é ter seus direitos humanos básicos violados, como o direito à maternidade, à dignidade e outros. Esperamos que o grupo de trabalho, instituído pelo Diário Oficial da União, possa elaborar sugestões que venham a resolver estas questões o antes possível.
3- Pragmatismo: a forma mais pragmática, rápida e eficiente de resolver os problemas que o jornalista coloca é de conhecimento geral e de fácil aplicação. É só as empresas melhorarem salários, condições de embarque, diminuir o tempo de permanência a bordo e, principalmente, tratarem os marítimos com RESPEITO, que, tenho certeza, os índices de evasão vão se aproximar do zero.
No mundo inteiro armadores reclamam o mesmo que o Syndarma: evasão de marítimos. O engraçado é que os únicos que não o vi fazerem são aqueles que aplicam o item 3 acima. Esses armadores também seguem investindo, encomendando embarcações novas, eficientes para operar e confortáveis para os tripulantes. Em minhas visitas a navios, também não vi os marítimos dessas empresas dizerem que queriam procurar outras empresas ou profissões, por estarem descontentes com as atuais. Mas o contrário também é verdadeiro.
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