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As mulheres vêm mostrando capacidade, comprometimento e conquistando cada vez
mais posições e espaços, antes reservados exclusivamente aos homens.
Estive visitando navios de bandeiras estrangeiras por cerca de dez anos, tendo estado em contato com aproximadamente 1500 navios e suas respectivas tripulações. Durante esse tempo só tive a oportunidade de encontrar com uma mulher tripulando navios mercantes engajados no transporte de cargas. A situação dá uma guinada impressionante quando nos referimos aos navios de passageiros. Nessas embarcações a presença feminina é massiva, muitas vezes superando os 50% da tripulação. Mesmo assim, essas mulheres costumam estar restritas aos postos mais baixos de bordo, e, principalmente, na área de hotelaria (garçonetes, vendedoras, camareiras etc...) Aqui também elas lutam diariamente pelo respeito à sua dignidade profissional e mesmo humana.
De acordo com as estatísticas divulgadas pela Organização Marítima Internacional, a presença de mulheres como tripulantes de navios corresponde a cerca de 1% do total de trabalhadores do setor. Mesmo assim, em navios cargueiros, elas se concentram às embarcações de bandeiras nacionais (uma minoria), amparadas por legislações e acordos coletivos de trabalho que protegem não só a mulher, mas principalmente a maternidade e os primeiros anos de vida da criança gerada. Os laços entre mãe e filha são valorizados nesses países e o Brasil, que há bem pouco tempo tem incorporado mulheres no setor de forma mais ampla (e diga-se de passagem com bastante sucesso), não deveria e nem poderia ficar de fora.
As mulheres vêm mostrando capacidade, comprometimento e conquistando cada vez mais posições e espaços, antes reservados exclusivamente aos homens. A Marinha Mercante agora é mais um campo que vem se abrindo a elas. Parabéns ao governo brasileiro pela iniciativa do grupo de trabalho instituído em 06/10/2010. Boa sorte ao grupo e que encontrem soluções que protejam a presença da mulher a bordo de nossas embarcações, a gestação de nossas futuras gerações, e mantenham o respeito nas relações do setor.
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