Saiu no Jornal do Brasil online (ver notícia mais abaixo): a Petrobras e outras empresas investem em capacitação e treinamento para poder ter mão de obra local apta a trabalhar nas empresas que se instalarão no Complexo Petroquímico de Itaboraí, além da própria refinaria que se está construindo no município.
E o que tem a ver esse empreendimento com a Marinha Mercante? O principal elo que nos une é a necessidade de mão de obra altamente especializada e qualificada para trabalhar nas empresas de ambos os setores. Mas só por aí, porque se é um fato que preocupa mundialmente, a falta de gente qualificada para ocuparem postos de trabalho em empresas cada vez mais tecnologicamente avançadas, é um fato também que na Marinha Mercante brasileira o mercado de trabalho vem apresentando um equilíbrio muito saudável nos últimos anos, com uma leve tendência a termos um pequeno excesso de tripulantes em futuro próximo.
Esse cenário só se alteraria com uma mudança muito abrupta das condições reinantes, e previstas para o setor marítimo brasileiro. A solução momentânea para esse tipo de problema pontual já existe na legislação nacional e já é aplicada. Qualquer alteração que leve ao desequilíbrio desse sistema só terá duas consequências óbvias: a primeira será a deterioração das condições de embarque dos tripulantes brasileiros, o que levará fatalmente à segunda: a migração maciça desses tripulantes para trabalhos em terra.
A lógica capitalista prevê a exploração máxima do trabalho, mas a lógica humanitária prevê o tratamento digno dos seres humanos. Antes de sermos trabalhadores, somos todos humanos. Que a lógica humanitária prevaleça nas relações de trabalho no Brasil. Não precisamos copiar outros países naquilo que não nos interessa, ao contrário, precisamos nos proteger dessas soluções que levam ao empobrecimento de uma vasta gama de trabalhadores.
Soluções para os problemas da Marinha Mercante brasileira existem, e a proposta apresentada não é uma solução, apenas criará um outro problema bem mais sério, não só aos trabalhadores da Marinha Mercante e à mesma como setor econômico, mas ao país como um todo, que deixará de atender à necessidade de trabalho e renda de seus cidadãos, abrirá mão de sua soberania em um setor sumamente estratégico, em prol do enriquecimento desmedido de alguns estrangeiros.
Abaixo o texto na íntegra publicado no site do JB.
Jornal do Brasil – Reportagem - 18/04/2011
Complexo Petroquímico do Rio investe m treinamento para enfrentar falta de mão de obra qualificada
Rio de Janeiro - Representantes da Petrobras, da Secretaria de Trabalho e Renda do estado do Rio e dos 13 municípios que fazem parte do Consórcio Municipal do Leste Fluminense (Conleste) se reuniram na última sexta-feira (15) para discutir a falta de mão de obra local especializada para trabalhar na construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). O encontro ocorreu na prefeitura de Itaboraí, município onde está localizado o empreendimento.
De acordo com o secretário municipal de Trabalho e Renda de Itaboraí, Saíde Abrão, dos quase 10 mil postos de trabalho abertos em 2011 para as obras do Comperj, 60% não foram preenchidos pelos trabalhadores da região. Ele ressaltou que, se não houver qualificação, os moradores de Itaboraí e dos municípios vizinhos não poderão ocupar os postos de trabalho disponíveis. “Isso faz com que as empresas tragam trabalhadores de outros estados. E isso promove degradação e inchaço no nosso município. Essas pessoas não moram aqui, não consomem aqui e, na realidade, só nos trazem problemas porque utilizam tudo do nosso município e não dão nada”.
Ainda de acordo com o secretário, a Petrobras está participando da qualificação dos profissionais de acordo com as necessidades das empresas que atuam no canteiro de obras, facilitando assim as contratações. A representante da Petrobras, que é gerente setorial de Responsabilidade Social do Comperj, Nailda Marques, informou que, para garantir e elevar a qualidade da mão de obra, a empresa se comprometeu a monitorar e acompanhar os cursos de capacitação. Os cursos serão promovidos em parceria com o Ministério do Trabalho e a Secretaria Estadual de Trabalho e Renda, por meio do Plano Setorial de Qualificação (PlanSeQ).
“A Petrobras se comprometeu a monitorar e acompanhar esses cursos. Nós temos uma meta de qualificar 30 mil pessoas. Hoje, já qualificamos 6 mil e, em um ano, vamos qualificar mais 7 mil. E 77% deles já estão empregados na área de influência do empreendimento”, disse Naílda
Segundo o subsecretário estadual de Qualificação e Capacitação Profissional, Charbel Zaib, a perspectiva é que 100 mil pessoas sejam qualificadas para atender toda a demanda do complexo petroquímico. “Além das empresas que vão se instalar diretamente no Comperj, você tem uma gama de outras empresas que vão se instalar no entorno e que vão fornecer para o Comperj, vão trabalhar de forma complementar ao próprio Comperj. Então a nossa perspectiva de necessidade de qualificação, para os próximos sete anos, é de 100 mil pessoas”, disse o subsecretário.