Deu no "Brasil Econômico": "Países competem pela mão de obra qualificada". Algo que o Blog dos Mercantes já citou algumas vezes, agora aparece de forma mais clara e inteligível através da pesquisa elaborada pela Consultoria Hays, em parceria com a Oxford Economics, ligada à Universidade Oxford da Inglaterra. Nela se concretizam números e tendências no mercado de trabalho e sua demanda por profissionais especializados.
Nesse contexto o Brasil insere-se de forma destacada no senário mundial, devido ao forte crescimento que apresenta em setores que demandam mão-de-obra altamente especializada.
A melhor maneira de o Brasil enfrentar este desafio é realmente com o investimento em educação, não só na sua massificação e ampliação, mas também na qualidade do ensino ministrado no país.
Mas o Blog dos Mercantes faz uma ressalva e alerta: a sugestão feita pela matéria veiculada pelo site "Brasil Econômico" tem que ser encarada com muito cuidado. O Brasil vem utilizando a imigração como forma de atender à demanda excessiva e temporária de alguns setores, e assim deve continuar. A facilitação para a importação de mão-de-obra pode ser utilizada como forma de precarizar as relações de trabalho, com enormes prejuízos aos trabalhadores, principalmente brasileiros.
Mais uma vez vimos enfatizar que o crescimento que o país vem apresentando deve beneficiar prioritariamente a seus cidadãos, e ser usado como meio de alavancar o Brasil para assumir posições mais altas.
Leia a íntegra da matéria publicada no "Brasil Econômico":
Países competem até pela mão de obra qualificada
Mercado de trabalho sem fronteiras levará empresas a adotarem mais atrativos para reter talentos, e a valorizar profissionais de mais idade
Uma grande reviravolta na oferta de força de trabalho está se configurando para as próximas duas décadas e os países em desenvolvimento lideram esse movimento. Nos próximos 20 anos, 18,4 milhões de brasileiros vão ingressar no mercado, colocando o país na 11ª posição na lista das nações que terão maior crescimento nesse quesito até 2030. Globalmente, a projeção é de um avanço de 931 milhões de indivíduos na população em idade ativa-crescimento que ocorrerá integralmente nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, da Índia e da China. Ao mesmo tempo, os países desenvolvidos enfrentarão redução de 1 milhão de indivíduos nesse grupo.
Os dados constam do relatório "Criando empregos em uma economia global", elaborado pela Hays, consultoria especializada no recrutamento de profissionais para alta e média gerência, em parceria com a Oxford Economics, ligada à Universidade de Oxford, na Inglaterra.
De acordo com Luiz Valente, diretor da Hays no Brasil, a primeira implicação desse quadro é que ele afetará fortemente o eixo do poder econômico mundial, fortalecendo os países em desenvolvimento. Segundo o levantamento, o Brasil será o 11º colocado entre as nações que terão forte expansão da construção civil - com previsão de crescer em média de 6% nos próximos 20 anos -, atrás de Índia (18%), China (17%) e Rússia (14%), mas superior a países como Canadá (5,1%) e Reino Unido (2,7%).
O estudo aponta ainda avanço significativo da globalização nos próximos anos, o que elevará a competição por mercados consumidores e consequentemente aumentará as exigências sobre as qualidades dos produtos e pela redução dos custos de fabricação. "A implicação disso é que a produção, assim como o emprego, migrará cada vez mais das economias na quais o seu custo é elevado para mercados com menor custo de produção", diz Valente. Com isso, os países em desenvolvimento se tornarão cada vez mais industrializados, fortalecendo as economias dessas nações.
Outro aspecto é que a transferência da produção para esses países provocará também transferência de tecnologia e elevará a necessidade de mão de obra qualificada. Ou seja, um problema já enfrentado por países como o Brasil se tornará ainda mais agudo. "A oferta de qualificação está nos países desenvolvidos.
Isso significa maior movimentação da mão de obra dos países desenvolvidos para os países em desenvolvimento", afirma o diretor da Hays, acrescentando que os avanços tecnológicos acentuarão a polarização entre profissionais especializados e qualificados e a mão de obra de baixa qualificação.
Idosos na ativa Para que empresas e governos possam se preparar para esse processo demelhoria da qualificação profissional, uma das sugestões apresentadas pela consultoria diz respeito à importância de se manter as pessoas de mais idade ativas, isto é, trabalhando.
"Isso é algo que já observamos no mercado brasileiro. Esse tipo de demanda tem crescido de modo significativo", afirma Valente. "Na própria construção civil e em todos os projetos ligados à infraestrutura, o profissional com idade avançada é muito demandado".
Outra recomendação é que os investimentos em educação sejam intensificados para que o crescimento da população de pessoas em idade ativa resulte em expansão da mão de obra especializada.
Esse item se relaciona diretamente com mais uma sugestão: governos e empresas precisamse esforçar para criar empregos.
O relatório da Hays aconselha ainda que os países mantenham suas fronteiras abertas para a movimentação de mão de obra qualificada. "O Brasil não é considerado o país mais difícil em termos de legislação ligada a questões migratórias, mas certamente não é considerado o mais liberal", diz Valente.
"Por isso é necessário revisar a legislação, especialmente em função da necessidade de alguns setores pontuais." Nessa mesma linha, a consultoria indica que se estabeleça um código internacional para facilitar a migração de funcionários dentro das empresas multinacionais.
A produção juntamente com os empregos, migrará cada vez mais das economias na quais seu custo é elevado para mercados com menor custo de produção Luiz Valente Diretor da Hays no Brasil.
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