O Blog dos Mercantes tem feito coro com outros meios de comunicação na busca de soluções para os problemas criados por uma série de equívocos em nossa política econômica. Esses equívocos, cedo ou tarde, acabam por provocar problemas, que como sempre costumam atingir aos que têm menos condições de se contrapor a eles.
A reportagem veiculada pela Folha de S. Paulo (ler abaixo) é emblemática quando põe a mostra os resultados nefastos que problemas não enfrentados podem causar na vida das pessoas. Normalmente esse tipo de situação passaria despercebido, afinal não é uma megaempresa demitindo milhares de trabalhadores de uma só vez, mas são milhares de microempresas demitindo milhares de trabalhadores. Algo um tanto mais difícil de ser detectado.
Nem por isso menos importante ou problemático.
Temos atacado, pontualmente, problemas que são gerais e crônicos. Ao invés de corrigir as distorções criadas por políticas econômicas equivocadas, o governo vem criando protecionismo a determinados setores de nossa economia. Setores importantes, sem dúvida, mas combate-se um equívoco com outro.
A proteção e incentivo à produção nacional são válidos e importantes, mas há que se ter cuidado, pois pode levar a uma acomodação e defasagem da indústria nacional, além de mais uma vez punir o consumidor brasileiro, que estará comprando um produto defasado, por um preço muito mais alto do que o praticado no exterior.
Precisamos dar a devida importância a problemas como custo Brasil, taxa de câmbio, concorrência internacional, e outros do gênero, ou corremos cada vez mais riscos de uma estagnação econômico-tecnológica.
O país não pode se dar ao luxo de perder outro trem em sua história.
Leia abaixo a reportagem da Folha.
Micro e pequenas indústrias começam a demitir
As micro e pequenas indústrias do Estado de São Paulo começaram a demitir, segundo o Simpi-SP (sindicato do setor). Levantamento da entidade aponta que, entre 400 empresas consultadas com até 50 funcionários, 55 precisaram demitir no último ano. O número de postos de trabalho sacrificados supera os 400, de acordo com Joseph Couri, presidente do sindicato, que atribui a crise à concorrência desleal de produtos importados.
"Isso dá entre sete e oito funcionários demitidos por empresa", afirma. Mais de 40% dos empresários citaram práticas desleais de concorrência. "E não estou falando só de China", diz. Entre as que ainda não começaram a dispensar trabalhadores, 70 tinham possibilidade de contratação, mas abandonaram os planos. "Na crise de 2008, foram as micro, pequenas e médias empresas que mantiveram e geraram empregos enquanto as grandes demitiam, frente ao cenário globalizado."
Couri afirma que "se quem gerou começa agora a demitir, isso significa que o governo deve se preocupar". O estudo também indica que o peso da folha de pagamento no total de despesas das empresas consultadas ficou em 27,7% em média e que 33% buscaram financiamento no último ano.
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