Aquilo que o Blog dos
Mercantes já vem detectando e denunciando há alguns meses é também discurso
oficial do Sindmar: o desemprego de marítimos.
Em matéria na revista "Portos e Navios" o presidente da representação dos oficiais mercantes denunciou
a possibilidade de desemprego daqueles que optam por uma carreira no mar, e ao
mesmo tempo cobra das autoridades pelo fato de não terem dado mais crédito à voz dos trabalhadores do setor.
Na verdade o Blog dos
Mercantes já vem alertando para tal possibilidade há tempos, tendo como base as
afirmações do próprio presidente Severino Almeida e as observações que fazemos
de companheiros que vêm encontrado enormes dificuldades em conseguirem
colocação nas empresas de navegação brasileiras, seja na navegação de cabotagem
tradicional, seja no offshore.
Outra questão também tratada
na matéria é a dos navios de cruzeiro marítimo, que todos os anos têm chegado à
nossa costa em busca de altos lucros em uma atividade que está pouco
regulamentada. Este fato único tem causado transtornos inaceitáveis já que,
ainda que voltada para o turismo, a atividade fundamental desta atividade é a
navegação, e o não cumprimento das regras relacionadas a ela causam problemas
que vão da poluição marítima e constantes quebras das regras referentes à
segurança da navegação, até o mau atendimento dos usuários do serviço, que
muitas vezes vêm seus direitos negligenciados pelos operadores do sistema, e
não têm a quem recorrer.
Esperemos que desta vez
nossas autoridades deem mais atenção às denúncias do representante dos
trabalhadores, e tomem ações efetivas que possam proteger os trabalhadores e
cidadãos brasileiros.
Leia abaixo a matéria com o Severino na "Portos e Navios":
Presidente do Sindmar, Severino Almeida
lamenta lento crescimento da frota
Há alguns anos, diante das perspectivas
de construção em massa de navios, falou-se na possibilidade de apagão marítimo
e, para se resolver o problema, foi levantada a possibilidade de contratação de
estrangeiros. Após alguns anos, o presidente do Sindicato dos Oficiais de
Marinha Mercante (Sindmar), Severino Almeida, afirma que a razão estava com
ele. “Cadê o apagão marítimo?”, pergunta, e acrescenta que a maior contratante
de navios, a Transpetro, que encomendou 46 embarcações, só recebeu quatro. E
ironiza: “Corre-se o risco é de desemprego de marítimos, pois a Marinha do
Brasil elevou efetivamente a formação de pessoal”.
Segundo Severino, a Transpetro merece os
parabéns pelas encomendas, mas não foi acompanhada por armadores privados, com
exceção da Log-In, a única empresa que encomendou navios para atuar na
cabotagem – nas linhas externas não há navios brasileiros em operação. O fluxo
de entrega de navios à Transpetro está bem inferior às previsões otimistas,
feitas por volta de 2007. Salienta também que a Petrobras passou mais de um ano
sem contratar barcos de apoio a plataformas de petróleo, o que, felizmente foi
reiniciado, com 24 barcos e anúncio de mais 23, em junho.
Em relação à Medida Provisória 595,
Severino se coloca a favor dessa norma, destacando a proibição para que
armadores tenham mais do que 5% de terminais de contêineres. Severino informa
que está em contato com diversos senadores, entre os quais Paulo Paim (PT-RS),
no sentido de impor mudanças na lei da navegação, a 9.432. O dirigente sindical
quer que os cruzeiros marítimos passem a ser regulados pela Agência Nacional de
Transportes Aquaviários (Antaq).
– Hoje, por uma exceção inaceitável, os
transatlânticos não precisam obedecer à Antaq e estão subordinados ao
Ministério do Turismo, que não tem conhecimento nem interesse em vigiar a
atuação desses navios – diz Severino. Frisa que, nos últimos anos, houve uma
série de problemas com transatlânticos, sem fiscalização por parte do governo.
Acrescenta que as empresas do setor, baseadas em paraísos fiscais, usam os
clientes brasileiros e nada dão em troca ao país.