sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Blog dos Mercantes lamenta subutilização do potencial hidroviário brasileiro

O texto abaixo, retirado do Monitor Mercantil, mostra bem o potencial que temos de explorar nossas vias navegáveis, mas que permanece na geladeira, devido à falta de investimentos e interesses outros de nossos governos, que optam por modais mais caros, e muitas vezes mais custosos, tanto em implantação, quanto em manutenção e em seus custos operacionais. Isso tudo já é sabido por aqueles que acompanham com atenção e interesse as estratégias de desenvolvimento econômico projetadas para o país.

Se somarmos a isso a atenção secundária que o governo dedica à Navegação de Cabotagem, e a total falta de atenção à Navegação de Longo Curso, temos aí um dos fatores a aumentar decisivamente o chamado “custo Brasil”. Esta última então, praticamente inexiste, e vive de aventuras esporádicas de embarcações que vão ao exterior para obras, e aproveitam para diminuir os custos das mesmas com um frete de oportunidade.

É certo que nos primeiros anos do governo Lula, o país iniciou, ainda que timidamente, um projeto de reativação de uma frota de Cabotagem, mas para o Longo Curso nada foi feito. E mesmo esse projeto de reativação da Cabotagem, vem sendo ultimamente deixado de lado, jogando no lixo anos e bilhões de reais em investimentos em embarcações e instalações de construção e manutenção dessa frota.

E tudo isso de forma que beiraria o inexplicável, não fosse isso simplesmente uma decisão política, ainda que equivocada, mas que atende a interesses de grupos econômicos.

Nosso governo atual tem uma dura cruzada contra uma das grandes mazelas do país, e ainda que não seja exclusividade nossa, ela emperra em muito nosso desenvolvimento econômico-social: a corrupção.

Mas isso não significa que se deva deixar de lado outros projetos adequados ao desenvolvimento do país, até porque tal fato pode ser mostra dessa mesma corrupção agindo.

Seria muito importante que o governo federal voltasse a apresentar o mesmo interesse e apoio, que mostrou à navegação há poucos anos atrás. Não só como demonstração de coerência e continuidade, mas também como forma de possibilitar um futuro melhor para o país e seus cidadãos, e em tempo mais curto.




Brasil só utiliza 50% das suas hidrovias

Embora tenha uma das maiores redes hidrográficas do planeta, o Brasil ainda usa muito pouco desse potencial. Dos 63 mil quilômetros de extensão existentes no país, apenas 41.635 km são de vias navegáveis. Destas, apenas 20.956 km (50,3%) são aproveitadas para incrementar a economia.

Os dados são da Pesquisa Confederação Nacional dos Transportes (CNT) da Navegação Interior 2013. O levantamento analisa as características da infra-estrutura, a movimentação de cargas, os principais gargalos e apresenta soluções para o aperfeiçoamento do sistema hidroviário nacional. Entre os principais problemas identificados, estão a ausência de manutenção nas vias navegáveis, a falta de investimentos do governo, o alto custo de manutenção da frota e o excesso de burocracia.

Para o presidente da CNT, senador Clésio Andrade, se o modal hidroviário fosse mais usado no Brasil, a economia nacional seria fortalecida: “Esse sistema de transporte gera redução nos custos da movimentação de cargas, aumentando, assim, a competitividade dos nossos produtos. Além disso, a utilização das hidrovias aumenta a segurança e reduz o consumo de combustíveis e a emissão de gases do efeito estufa”, afirma.


quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Blog dos Mercantes pergunta: porque não temos uma frota própria?

Sobrepreços nos valores dos fretes cobrados para nossas exportações e muitas vezes importações, é um problema sobre o qual o Blog dos Mercantes já havia chamado a atenção. Muitas vezes esses sobrepreços não são nem mesmo devido a um interesse de cobrar mais do Brasil, mas devido a interesses logístico-comerciais das empresas, que acabam por levar nossa carga por caminhos mais longos, com mais operações envolvidas, e consequentemente mais custos também.

O artigo de Sergio Barreto Motta, veiculado no Monitor Mercantil, mostra que nos EUA eles fazem esse monitoramento e interferem no mercado, quando constatada a existências de cartéis ou monopólios. Mas lá eles têm uma frota própria na qual eles podem intervir.

E aqui? Vamos dizer para a Maersk ou a Hamburg Süd qual rota devem seguir, ou o quanto devem cobrar? Eles vão rir da nossa cara.

O Brasil precisa de uma frota mercante de Longo Curso. Existem mecanismos para diminuir os custos que ela gera, e torna-la competitiva. Só está faltando interesse político.



Fretes investigados

Por Sergio Barreto Motta

O diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) Fernando Fonseca revelou que o governo decidiu monitorar os sobrepreços cobrados no frete, como tarifa de manuseio de contêineres (THC) e adicional por demora no transporte (demourrage). Em relação à praticagem, comentou secamente: “Os preços serão regulados”.

Embora todo o comércio externo esteja a cargo companhias estrangeiras, Fonseca disse, com clareza, que o governo tem meios de exigir dados mais claros sobre os fretes cobrados de exportadores brasileiros. Especialistas garantem que, nos Estados Unidos, a Comissão Marítima Federal (FMC) tem estudos profundos sobre os fretes cobrados por empresas nacionais e estrangeiras e, quando considera que há cartéis operando, age para garantir o interesse da sociedade norte-americana. O déficit anual de fretes do Brasil é estimado em US$ 20 bilhões.


sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Blog dos Mercantes pergunta: porque não temos uma frota própria?

Sobrepreços nos valores dos fretes cobrados para nossas exportações e muitas vezes importações, é um problema sobre o qual o Blog dos Mercantes já havia chamado a atenção. Muitas vezes esses sobrepreços não são nem mesmo devido a um interesse de cobrar mais do Brasil, mas devido a interesses logístico-comerciais das empresas, que acabam por levar nossa carga por caminhos mais longos, com mais operações envolvidas, e consequentemente mais custos também.

O artigo de Sergio Barreto Motta, veiculado no Monitor Mercantil, mostra que nos EUA eles fazem esse monitoramento e interferem no mercado, quando constatada a existências de cartéis ou monopólios. Mas lá eles têm uma frota própria na qual eles podem intervir.

E aqui? Vamos dizer para a Maersk ou a Hamburg Süd qual rota devem seguir, ou o quanto devem cobrar? Eles vão rir da nossa cara.

O Brasil precisa de uma frota mercante de Longo Curso. Existem mecanismos para diminuir os custos que ela gera e torná-la competitiva. Só está faltando interesse político.


Fretes investigados

Por Sergio Barreto Motta

O diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) Fernando Fonseca revelou que o governo decidiu monitorar os sobrepreços cobrados no frete, como tarifa de manuseio de contêineres (THC) e adicional por demora no transporte (demourrage). Em relação à praticagem, comentou secamente: “Os preços serão regulados”.

Embora todo o comércio externo esteja a cargo companhias estrangeiras, Fonseca disse, com clareza, que o governo tem meios de exigir dados mais claros sobre os fretes cobrados de exportadores brasileiros. Especialistas garantem que, nos Estados Unidos, a Comissão Marítima Federal (FMC) tem estudos profundos sobre os fretes cobrados por empresas nacionais e estrangeiras e, quando considera que há cartéis operando, age para garantir o interesse da sociedade norte-americana. O déficit anual de fretes do Brasil é estimado em US$ 20 bilhões.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Blog dos Mercantes comemora aumento da Cabotagem, mas ainda temos espaço para mais!

Segundo o Guia Marítimo, é o segundo ano consecutivo que se constata aumento na tonelagem transportada por contêineres no país. E o melhor é que esse aumento não é necessariamente devido a pequenas partidas de carga a granel, que migraram para o transporte em contêineres, mas sim de carga bastante diversificada, indo desde eletrônicos até alimentos.

Vencidos os gargalos que ainda persistem em aumentar custos no transporte feito por navios, a tendência é que a Navegação de Cabotagem ainda cresça por alguns anos, não apenas na tonelagem absoluta de carga transportada, mas também na participação do modal no transporte nacional, frente a outros modais, e também no valor agregado das cargas transportadas.

O Brasil agradece, e seria bom que nosso governo começasse a olhar com carinho por uma frota de Navegação de Longo Curso também, além de trabalhar com mais afinco para desenvolver o modal na Cabotagem. Não é de hoje que o Blog dos Mercantes anuncia as vantagens em manter um bom transporte marítimo.


Cabotagem deverá crescer pelo segundo ano consecutivo

Segundo Abac transporte de cargas em contêineres por meio de cabotagem deverá crescer acima de 20%.

Pelo segundo ano consecutivo, o transporte de cargas em contêineres por meio da cabotagem, deverá crescer acima de 20% em 2013, segundo a Abac (Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem). No ano passado, o volume de toneladas transportadas em contêineres avançou 24,97%, de acordo com dados da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários).

Segundo Cleber Lucas, presidente da ABAC, a alta em 2013 será puxada, sobretudo pela movimentação de bens de consumo, como eletrônicos, alimentos e produtos de higiene. Além disso, o setor enfrenta dois gargalos que, para ele, se superados, poderiam colaborar para uma ampliação maior. O primeiro deles é a assimetria no custo do combustível em relação ao diesel que abastece os caminhões. O outro ponto é a burocracia.


A Brasil Kirin, que aderiu à cabotagem neste ano, já movimenta 16% de sua carga por esse meio. Para o presidente Gino Di Domenico é uma boa alternativa [para o transporte] entre o Sudeste e as regiões Norte e Nordeste.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Mettalica - Nothing Else Matters

O Mettalica é uma banda representante do tão controvertido Heavy Metal, fundada em 1981, e que alcançou enorme sucesso em todo o mundo entre os amantes do gênero, e eventualmente por admiradores de outros estilos de rock n`roll, ou mesmo musicais. Com seus mais de 110 milhões de álbuns vendido, é provavelmente a banda de metal mais bem sucedida comercialmente do mundo.

A banda continua ativa até hoje, e inclusive já possui sua própria gravadora. Algo muito interessante quanto aos componentes do Mettalica, é que já teve muitos integrantes, com apenas dois que permanecem desde o começo até os dias de hoje. O primeiro é James Hetfield, vocalista e guitarrista, e o outro é Lars Ulrich, bateirista.

A música escolhida foi a terceira do álbum Mettalica, lançado em 1992, alcançou o 11º lugar na Billboard Mainstream Rock Tracks, e já foi regravado por mais de 40 outros artistas.

E para quem acha que bandas de metal são sinônimo de barulho e muita pancadaria musical, escutem Nothing Else Matters, e estejam prontos a mudar de ideia.


quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Blog dos Mercantes quer saber se armadores estrangeiros estão operando no Brasil irregularmente.

Essa aí saiu no sítio Porto Gente, e é importantíssima para a Marinha Mercante Brasileira. E tem toda essa importância porque existe grande possibilidade de que, ao menos 22 grandes armadores estrangeiros estejam operando no Brasil em rotas internacionais de forma irregular. Pior que isso, de vez em quando temos denúncias de acordos entre empresas armadoras estrangeiras, com o sentido de manipular e aumentar oferta de linhas e preços de fretes.

O texto abaixo é auto-explicativo, e até onde o Blog dos Mercantes tem conhecimento, qualquer acordo internacional, convenio internacional, ou convenção internacional, mesmo que ratificada pelo país, precisa antes ser referendado pelo Congresso Nacional e transformar-se em lei no país. Diferente de outras nações, em que a ratificação já transforma a norma internacional em lei.

Talvez algum advogado que acompanhe nosso Blog possa nos dar alguma explicação mais detalhada sobre tal tema.

Enquanto isso nossa bandeira está fora do tráfego internacional de mercadorias há anos, e o Brasil encontra enorme dificuldade para intervir nesse serviço, que é fundamental para que o país possa comercializar com outros países de forma competitiva e direta.

O Sr. André de Seixas é diretor de uma empresa de logística, e provavelmente tem seus próprios interesses quando começa a remexer nessa questão. Mas isso não nos impede de aproveitar a deixa para cobrarmos o ressurgimento de nossa Marinha Mercante de Longo Curso. Mesmo porque, aos poucos, os próprios empresários que trabalham com exportação estão percebendo os problemas que a falta dela traz aos negócios.

Para ver a lista de empresas sob suspeita de operar irregularmente clique aqui

Para ver a primeira petição enviada à Antaq clique aqui.

Para ver a segunda petição enviada à Antaq clique aqui.


http://portogente.com.br/colunistas/andre-de-seixas/queremos-ver-as-autorizacoes-dos-armadores-estrangeiros-80521
Quarta, 08 Janeiro 2014 12:16
Queremos ver as autorizações dos armadores estrangeiros
·             
escrito por André de Seixas, editor do site dos Usuários dos Portos do Rio de Janeiro
O tema é extremamente importante, porém é necessário esclarecer que estamos apenas em busca de informações. Isso porque que não encontramos no site da Antaq as outorgas de autorizações para que as 22 empresas de navegação estrangeiras por nós relacionadas nas plabvras-chaves ao final do artigo possam operar na navegação de longo curso brasileira. 
Nos dias 19/12/2014 e 06/01/2014 protocolizamos duas petições junto à Antaq requerendo as outorgas de autorização de 22 empresas armadoras estrangeiras, especializadas em contêineres, pudessem prestar serviços de transporte na nossa navegação de longo curso, porque o nosso marco regulatório, estabelecido pela Lei 10.233/2001 e pelo Código Civil, determinam que essas empresas devam ter autorizações outorgadas pela agência reguladora em questão para prestarem serviços no Brasil.
Clique aqui e veja a lista com as 22 empresas cujas outorgas de autorização não foram encontradas;
Clique aqui e veja a primeira petição protocolizada em 19/12/2013 e aqui para ver protocolo;
Clique aqui e veja a segunda petição protocolizada em 06/01/2014 e aqui para ver protocolo.
Aqui cabe um parêntese, pois precisamos esclarecer que o critério para seleção dessas 22 empresas se deu pelo atendimento à massa de exportadores e importadores, pelo fato de algumas delas omitirem sucessivamente os portos do Rio de Janeiro e por outros motivos tão conhecidos de todos os usuários, principalmente os ligados aos casos de cobranças abusivas realizadas por algumas delas. 
Antes de protocolizarmos as petições, nos demos ao trabalho de fazer uma pesquisa ampla nos órgão de governo, especialmente no site da Antaq. Analisamos mais de três mil resoluções, que são os atos através do quais a Antaq deveria outorgar as autorizações, e nada encontramos. Analisamos a página do site onde informam às empresas que estão autorizadasa operar na navegação de longo curso brasileira e nada encontramos sobre essas 22 armadoras estrangeiras. Também verificamos os acordos bilaterais estabelecidos entre o Brasil e 13 países e nada encontramos.

Foto: Arquivo Portogente
Usuários dos Portos do Rio querem informações sobre armadores estrangeiros

Realmente é muito estranha a falta de informações no site da Antaq sobre essas 22 empresas, justamente, em um local onde até atas de reunião são publicadas, que prima pelo detalhamento da informação, que faz questão de destacar a Lei de Acesso à Informação. Por que essas autorizações não estão no site? Será que, simplesmente, não foram colocadas? Será que as outorgas de autorização não foram dadas? Precisamos de respostas! Nesse sentido, é muito importante destacar que não estamos acusando a Antaq de permitir que armadores estrangeiros trabalhem de forma irregular no Brasil. Estamos apenas querendo informações, pois, se soubéssemos as respostas, jamais teríamos nos dado ao trabalho de fazer petições. 
Pelos absurdos que estamos vendo na nossa navegação de longo curso, podemos ter tudo, menos regulação e fiscalização. Precisamos partir do princípio de que, para regular e fiscalizar, é necessário saber quem são, onde estão, e o que fazem no escopo das suas atividades aqueles que devem ser regulados e fiscalizados. Não é somente a opinião dos usuários desse modal, mas um direito que vem sendo sonegado.
Então, se realmente ficar constatado que tais outorgas de autorização não foram dadas pela Antaq, aí sim estaremos diante de um grande problema, porque evidenciará que jamais houve regulação e fiscalização sobre essas 22 empresas, por menor que seja. 
Temos um Marco regulatório claro e objetivo, que obriga a Antaq autorizar as empresas estrangeiras de navegação a prestarem seus serviços de transporte no nosso longo curso. A Lei 10.233/2001 não deixa margens para discussões ou interpretações. 
Seja como for, acreditamos que essas empresas estejam trabalhando de forma regular no Brasil e que a Antaq nos enviará as autorizações, nos termos da nossa legislação. Não acreditamos que a nossa agência reguladora seja capaz de cometer uma omissão tão grave assim, capaz de comprometer a soberania do Brasil, o comércio exterior, as finanças do País, além de prejudicar em demasia as empresas brasileiras de navegação que são obrigadas a cumprir diversas exigências e a oferecer diversas garantias para ganhar o direito de operar seja na cabotagem, seja no longo curso. 


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Blog dos Mercantes: hidrovias em alta no estado economicamente mais desenvolvido do país

Nos últimos anos o governo paulista vem voltando seus olhos à ampliação e melhoria da Hidrovia Tietê-Paraná. Essas iniciativas já demonstraram a correção da opção e o aumento da eficácia no transporte pelo interior do estado, bem como na queda de custo que isso promove. Mais uma vez essa hidrovia vem receber atenção pública, no sentido de melhorar e facilitar ainda mais seu uso.

Mas o Blog dos Mercantes vem lembrar que as hidrovias não servem apenas para melhorar e baratear o transporte em áreas economicamente desenvolvidas. Elas servem também, e muito, para levar o progresso a áreas que ainda não estejam em estado de desenvolvimento econômico muito avançado, possibilitando um melhor aproveitamento do interior e de outras áreas do país.

Em áreas aonde o desenvolvimento econômico já seja considerável, as hidrovias aparecem sempre como forma de torna-lo mais competitivo e eficiente.

Hidrovias e Navegação de Cabotagem. Uma dupla mais do que afinada, para qualquer estágio econômico.


Governo Federal repassa R$ 134 milhões para obras na Hidrovia Tietê-Paraná

O ministro dos Transportes, César Borges, e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, presidiram nesta última quarta-feira (23/10) em Brasília, a assinatura de cinco termos de compromisso para investimentos em obras na hidrovia Tietê-Paraná. Os acordos possibilitam o repasse de R$ 134 milhões para a realização de projetos e melhorias na hidrovia, como parte do montante de R$ 1,5 bilhão previsto no protocolo de intenções assinado entre os dois governos em 2011.

O ministro dos Transportes, César Borges, destacou os benefícios dos investimentos na hidrovia. “Nós vamos fazer essa interligação logística de forma a diminuir o custo do frete e a fazer mais rápido esse transporte. É o Brasil se modernizando por meio dos modais mais adequados para o transporte de carga: hidroviário e ferroviário”, assegurou. No pacote de investimentos, R$ 900 milhões são provenientes do Governo Federal, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2), e R$ 600 milhões do governo estadual.

Participaram da assinatura o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Jorge Fraxe, o senador Eduardo Suplicy, o secretário de Logística e Transportes de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, e parlamentares. “Estamos aqui assinando agora compromissos efetivos de investimentos em cinco obras e dando mais operacionalidade e rapidez no trânsito e no uso da hidrovia Tietê-Paraná”, completou o ministro César Borges.

Obras - Os investimentos visam a eliminar gargalos e permitirão movimentar cerca de 11,5 milhões de toneladas de cargas para a hidrovia, o que representa o dobro da movimentação de hoje, que é de 6 milhões de toneladas. Além disto, o aumento no uso da hidrovia irá gerar, por consequência, menor emissão de poluentes e redução no número de acidentes em rodovias. Os documentos assinados preveem obras no Canal do Anhembi; ampliação do vão da ponte ferroviária Ayrosa Galvão; execução das obras de dragagens para desassoreamento do canal de navegação, no trecho entre o quilômetro 72 e o quilômetro 89 do reservatório de Barra Bonita; execução das obras do atracadouro de espera da eclusa de Bariri; proteção de pilar na ponte SP-595 e dragagem do Canal sob a ponte SP-425.

Projeto Hidrovia Tietê-Paraná - O protocolo de Intenções assinado no dia 13 de setembro de 2011, em Araçatuba (SP), que contempla investimentos em obras na hidrovia Tietê-Paraná, administrada pelo Departamento Hidroviário do Estado de São Paulo (DH), abrange a extensão da navegação nos rios Tietê e Piracicaba e implantação de terminais na hidrovia. Além disso, estão previstas a construção da barragem de Santa Maria da Serra, que permitirá ampliar a navegação em 55 km até o distrito de Artemis, em Piracicaba, e os projetos de engenharia para ampliar a extensão navegável em mais 200 quilômetros, entre Anhembi e Salto. Neste trecho, dentro do presente programa, será construída uma barragem, com eclusa, no município de Anhembi, que possibilitará a passagem das embarcações até Conchas.

Investimentos – Os investimentos que serão aplicados pelo governo federal representam o principal repasse de recursos na área de transporte hidroviário no país, que irá garantir maior segurança e confiabilidade na utilização da hidrovia.

PAC 2


Com os investimentos aplicados no programa há projeção de incremento nos setores da indústria naval, indústria da construção civil, e em capacitação de fluviários. Além disso, os recursos do PAC 2 na hidrovia trarão melhorias aos municípios de São Simão (GO), Três Lagoas (MS), Piracicaba (SP), Andradina (SP), Araçatuba (SP), Rubinéia (SP), Pereira Barreto (SP), Promissão (SP), Pederneiras (SP), Anhembi (SP), Igaraçu do Tietê (SP), Ibitinga (SP), Barra Bonita (SP) e Salto (SP).

sábado, 11 de janeiro de 2014

Blog dos Mercantes na música: "Jeremy", Pearl Jam

Continuamos nos anos 90 e trazemos hoje a banda de Rock Alternativo norte-americana, Pearl Jam. O quinteto foi formado exatamente em 1990, e alcançou o sucesso rapidamente, tendo seu primeiro álbum Ten explodido nas paradas de sucesso apenas um ano depois. Até hoje já vendeu mais de 60 milhões de cópias, tendo ultrapassado a maioria das bandas de sua época. Isso mostra sua popularidade, além de talento, já que a revista especializada Rolling Stones já definiu a banda como "tendo gastado muito da última década tentando destruir sua imagem". Seja como for o Pearl Jam permanece ativo, e praticamente com sua formação original, tendo tido apenas a troca de seu baterista. 

Falando em formação, a banda começou com  Eddie Vedder ( vocais, guitarra rítmica), Jeff Ament (baixo), Stone Gossard (guitarra rítmica) e Mike McCready (guitarra solo). O primeiro baterista da banda foi Dave Krussen, mas em 1998 Matt Cameron assumiu a bateria e permanece até hoje no grupo.

A música escolhida Jeremy foi sucesso e incluída em seu primeiro álbum Ten. Interessante que, embora tenha sido lançada em 1991, a música só alcançou o sucesso em 1995, quando foi relançada e finalmente chegou ao Billboard Hot 100. A canção ainda foi relançada em uma coletânea da banda, que cobriu os anos de 1991 a 2003, e ainda remixada no relançamento do álbum Ten, em 2009.



quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Blog dos Mercantes comenta Acordo Comercial Global

O acordo comercial acertado em Bali, no final do último ano, foi muito menos abrangente do que as metas previstas em Doha, mas sua assinatura acabou sendo sucesso, tais as dificuldades que apareceram durante as negociações do acordo.

O Itamaraty diz que o acordo traz grande potencial para as exportações brasileiras, já que tradicionalmente nosso país é grande exportador de commodities, mas para isso precisamos de uma série de avanços em nosso sistema de transporte, que passa por melhorias em ferrovias e estradas, aumento da extensão e uso de hidrovias, melhoria de portos – não só os existentes, mas a construção de portos mais modernos e bem localizados – e seria muito bom que tivéssemos uma Marinha Mercante, capaz de levar nossos produtos aos destinos que interessam ao país, e com o custo que também seja de nosso interesse.

O Blog dos Mercantes vem mostrando algumas vantagens de termos uma frota mercante suficientemente grande, tanto na Cabotagem, quanto no Longo Curso, como forma de melhorar o transporte doméstico de mercadorias, e de auxiliar o país a disputar mercado no exterior e até melhorar nossa balança de pagamentos. Com certeza não é um processo fácil e barato, mas US$ 10 Bi anuais, que são expatriados na forma de fretes marítimos, poderiam muito bem ajudar a financiar esta empreitada.

Frota Mercante brasileira, uma ideia que precisa ser discutida com seriedade e com marítimos brasileiros.

OMC conclui primeiro acordo comercial global em quase 20 anos
RAQUEL LANDIM
ENVIADA ESPECIAL A BALI (INDONÉSIA)
Os ministros de 159 países concluíram hoje o primeiro acordo comercial global em quase 20 anos na conferência realizada em Bali, na Indonésia. É um pacote modesto quando comparado com as ambições iniciais da Rodada Doha e abrange menos de 10% do que estava previsto. Ainda assim, representa um fôlego importante para a credibilidade da Organização Mundial de Comércio (OMC).

O acordo só foi fechado após uma maratona de quase seis dias de negociações, que se estendeu pelas madrugadas, conduzida pelo diretor geral da OMC, Roberto Azevêdo. Com três meses e meio no cargo, o brasileiro deu um novo ritmo para a entidade e viabilizou o acordo.

"Pela primeira vez na história, a OMC entregou. Estamos de volta", disse Azevêdo, que fez um discurso emocionado na cerimônia de encerramento e foi aplaudido por todos os presentes.


Esse é o primeiro acordo da história da OMC, que foi criada em 2001, substituindo o antigo Acordo Geral de Tarifas e Comércio (Gatt, da sigla em inglês). O último acordo comercial global foi a Rodada Uruguai, concluída em 1994. A OMC está sob forte pressão, enfrentando a concorrência dos mega acordos regionais em negociação pelos Estados Unidos com a União Europeia e com os países da Ásia.

O pacote de Bali contém dez textos, divididos em três grandes temas: desburocratização do comércio, agricultura e promoção do desenvolvimento dos países pobres. De acordo com a Câmara Internacional de Comércio, o acordo pode gerar um incremento do comércio global de US$ 1 trilhão, reduzindo entre 10% e 15% os custos de transação entre as empresas, e pode criar 21 milhões de empregos no planeta.

Busca de consenso

Cuba, com apoio de Venezuela, Bolívia e Nicarágua, quase colocou tudo a perder ao insistir que não era possível discutir facilitação do comércio global enquanto os Estados Unidos mantém o embargo contra o país. Na OMC, os acordos só são aprovados por consenso e um país pode bloquear tudo. Mas, após atrair as atenções e enfrentar de frente os EUA, Cuba acabou cedendo.


O grande duelo do acordo foi entre Índia e Estados Unidos sobre os programas de segurança alimentar dos países pobres. O governo indiano enfrenta eleições em quatro meses e não poderia "abandonar" 600 milhões de pequenos produtores rurais que dependem da compra de arroz e grãos pelo Estado. Já os EUA queriam garantias que os programas não se tornariam um "cheque em branco" para subsidiar.

Os indianos, que resistiram às pressões internacionais, venceram o embate com os americanos. A cláusula de paz --uma espécie de "trégua" para que os programas de segurança alimentar já existentes das nações em desenvolvimento não sejam questionados na OMC --vai durar até que os países cheguem a uma solução permanente, que será negociada nos próximos quatro anos. Os EUA, no entanto, conseguiram outras vitórias, como um compromisso vinculante dos países em desenvolvimento em adotar as medidas para facilitar o comércio.

O pacote de Bali, no entanto, representa um retrocesso importante num dos temas mais sensíveis: subsídios à exportação agrícola. Em Hong Kong, em 2005, os membros da OMC tinham acertado eliminar esses subsídios até o fim de 2013, o que não ocorreu. Dessa vez, o máximo que conseguiram foi uma declaração política se comprometendo, novamente, a acabar com essa distorção, mas sem data definida.

Outro ponto importante do pacote agrícola, que favorece o Brasil, é a melhora na administração das cotas de importação de alimentos dos países ricos.

"O acordo de Bali reforçou o sistema multilateral e deu destaque novamente para temas de nosso interesse como agricultura", disse Luiz Alberto Figueiredo, ministro de Relações Exteriores do Brasil.

Os países também se comprometeram a estabelecer uma agenda de trabalho sobre a Rodada Doha dentro de 12 meses. Nas futuras negociações em Genebra, terão que definir como retomar o restante da Rodada e quais temas serão discutidos.


"O pacote de Bali cria oportunidades, mas temos que traduzir isso em mudanças concretas", disse o comissário europeu de Comércio, Karel De Gutch.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Blog dos Mercantes e a entrevista do presidente do Sindmar à TV norueguesa

Quando iniciamos nossas postagens, uma de nossas posições foi de que o Sindmar era uma das referências internacionais no sindicalismo em geral, e no sindicalismo marítimo em particular. Tal fato era referendado pelos conhecimentos que o blogueiro adquiriu ao exercer seus cargos na Federação Internacional de Trabalhadores em Transportes, e pela experiência adquirida pelas atividades a ela relacionadas. De fato era um conhecimento empírico, muito mais fruto de observação e comparação com o sindicalismo pelo mundo afora, do que simplesmente um estudo ou estatística (até porque esses podem ser direcionados para determinados resultados).

Mas hoje temos a oportunidade de mostrar o porquê de nossas afirmações. O presidente do Sindmar, Severino Almeida, deu uma entrevista para a TV norueguesa, e o tema é a tentativa dos sindicatos noruegueses que pretendem usar uma estratégia semelhante à do Sindmar, na busca de recuperar os postos de trabalho perdidos em suas embarcações.

O vídeo não é longo, mas é bastante esclarecedor quanto à situação da Marinha Mercante Brasileira, e a fragilidade de marítimos de nações desenvolvidas, mesmo aquelas com longa tradição marinheira em sua história. De forma rápida, também mostra muitas nações (quase todas desenvolvidas) do mundo, já tomaram providências para preservar seus marítimos e um mínimo de sua Marinha Mercante, opção que é claramente necessária como estratégia de segurança nacional.

Mas ao mesmo tempo em que o Blog dos Mercantes afirma que estamos bem em relação a marítimos de outros países, lembramos aos leitores que não podemos descansar e deitar em "berço esplêndido", pois por melhor que seja nossa situação, ela é constantemente atacada e de forma alguma podemos negligenciar a defesa de nossos direitos conquistados com luta e mobilização.

De qualquer forma não deixe de dar uma olhada, não chega a 2 min de vídeo.


segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Blog dos Mercantes indica seleção da Transpetro

A Transpetro abriu seleção pra 602 vagas para marítimos em vários níveis. E isso se dá basicamente pelo aumento da frota da empresa, mas também pela necessidade de repor Oficiais e Guarnição, que por vários motivos distintos, acabam por deixar a empresa.


Tendo já conversado com vários marítimos que deixaram a empresa nos últimos anos, o Blog dos Mercantes acredita que seria muito interessante, para a própria Transpetro, que ela melhorasse algumas cláusulas sociais de seus Acordos Coletivos, principalmente aquelas ligadas ao repouso do pessoal embarcado, diminuindo a diferença entre o tempo a bordo e o tempo em casa, e principalmente, se preparando para cumprir estas cláusulas.

Um pequeno aumento nos salários também ajudaria bastante a manter o pessoal na empresa.

Lembrando sempre, que ter uma equipe de tripulantes habituada ao tipo de operação de determinada empresa, é sempre importante no sentido de melhorar e aprimorar tais operações, a manutenção das embarcações, e aumentar a produtividade e o lucro da empresa.

Saudações Marinheiras!

sábado, 4 de janeiro de 2014

Blog dos Mercantes e a boa música - Duran Duran - Come Undone

Duran Duran é uma banda de rock inglesa, formada em Birminghan, e que fez muito sucesso nos anos 80 com o New Wave e o rock Romantico. Tendo 14 singles na Top 10 Britânica e 21 na Bilboard hot 100, a banda já vendeu mais de 100 milhões de cópias por todo o mundo, o que mostra a popularidade que alcançaram, principalmente nos anos 80. Unindo arte, música, sensualidade, elegância e moda, o Duran Duran foi apelidado de "os bonitinhos do rock"

Após algumas mudanças o Duran Duran fechou sua formação original, aquela com a qual conheceria o sucesso.  Andy Taylor (guitarra), John Taylor (baixo), Nick Rhodes (teclados), Roger Taylor (bateria), e Simon Le Bon (vocal). A Banda subiu vertiginosamente até 1985, quando deu uma parada e seus integrantes fizeram alguns trabalhos paralelos. Ao voltar a gravar, em 87, o som da banda havia mudado, e seus fãs já não eram os mesmos. A Banda perdia espaço na preferência do público. Isso fez com que ocorressem alguma mudanças nos membros da Banda, que agora parecia fadada a estar num plano secundário.

Mas como quem tem talento está sempre pronto a ressurgir tal qual Fênix, em 1993 a Banda lançou seu segundo álbum auto-intitulado, e voltou às paradas de sucesso, primeiro com Come Undone, e logo após com Too Much Information. Nessa época a Banda também saiu em sua maior turnê mundial, mas não esteve no Brasil.

Em meados da década de 90 a Banda sofreu outra redução em seus membros, para novamente reunir sua formação original no início dos anos 2000. Nessa época chegaram a gravar um álbum álbum quase completo, que deveria se chamar Repourtage, mas divergências no estilo musical a ser seguido impediram sua finalização por anos, e em 96, com a saída definitiva de Andy Taylor, esse projeto foi abandonado.

Até hoje o Duran Duran está em atividade, gravando álbuns e fazendo suas turnês. Nesse ínterim já retornou ao Brasil, e lançou mais outros álbuns de estúdio, alem de coletâneas e DVDs de seus shows. O último ábum de estúdio, intitulado All You Need Is Now alcançou relativo sucesso, e tem como carro chefe música de mesmo nome. Foi também o primeiro lançado de forma independente pela Banda, sem o apoio de nenhum grande estúdio.

O Blog dos Mercantes escolheu para hoje a música Come Undone, e com isso permanecemos nos anos 90.


quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Blog dos Mercantes e a possibilidade de o Brasil ter saída pelo Pacífico



Há cerca de dez anos, esse blogueiro participou em um evento no Copacabana Palace no Rio de Janeiro, onde estiveram presentes várias autoridades brasileiras e estrangeiras, e muitos representantes de empresários, transportadores, produtores rurais e afins. O tema do evento era exatamente interligar a América do Sul, independentemente da existência da Cordilheira dos Andes, em cinco pontos distintos. Um pelo norte do país, que através da Venezuela nos levaria ao Caribe; o segundo, um pouco mais ao sul nos ligaria ao Pacifico pelo Peru; o terceiro é esse descrito na reportagem do Valor Econômico abaixo, e ainda teríamos outro que nos ligaria ao Chile, passando pelo Paraguai; e o último nos ligaria mais ao sul do Chile, passando por Uruguai e Argentina.

Boa parte desses caminhos já existe, necessitando de investimentos em melhorias e adaptações dos mesmos ao transporte maciço de carga.

Pelo que vemos aos poucos isso vai deixando o papel, e tomando forma na realidade de nossa economia Latino-americana. Que possamos ver nossas economias ainda mais próximas, através dos laços que o aumento do comércio pode criar.

Agora imaginem se tivéssemos uma frota mercante para auxiliar na distribuição de nossos produtos?


Brasileiros testam novo 'sonho' para o Pacífico

Era 2003 quando Jorge Soria ficou plantado no saguão de um hotel aguardando a comitiva do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mal o ex-metalúrgico chegou, Sória, prefeito da cidade portuária chilena de Iquique jogou em suas mãos o plano de uma rota unindo dois oceanos do continente sul-americano através da Bolívia, seu sonho "há mais de 40 anos". O traçado, anunciado no mesmo ano pelos presidentes dos três países envolvidos, se tornou realidade no início de 2013 quando foi asfaltado o último trecho da estrada entre Puerto Quijarro e Santa Cruz de La Sierra, obra financiada pelo BNDES.

Iniciativa de produtores e transportadores do Mato Grosso do Sul, que para fugir dos problemas com o escoamento da safra de grãos no país tentaram ver a viabilidade da saída pelo oceano Pacífico, a rota precisa de ajustes para ser usada em larga escala. Durante oito dias, uma expedição de 27 caminhonetes ocupadas por produtores rurais, empresários do ramo da logística e donos de concessionárias do Estado, mais dois mecânicos, um coronel boliviano, um assessor econômico da presidência do Paraguai e um vereador de Iquique - acompanhada pela reportagem do Valor, percorreu os 2,7 mil quilômetros do caminho. Sem ter muita ideia do que encontrariam pela frente, o grupo saiu de Campo Grande, passou por Corumbá, as cidades bolivianas de Santa Cruz de La Sierra, Cochabamba e La Paz e as chilenas Arica e Iquique, onde existem dois portos subutilizados e com tarifas baixas.

A "nova" rota para o Pacífico dobra o caminho do Centro-Oeste até um porto marítimo (de 1,2 mil quilômetros para 2,7 mil), mas permitiria uma redução de cerca de 30% no frete da soja e diminuiria em 7 dias (de 32 para 25) a viagem de navio até a China, em estimativas preliminares dos envolvidos na operação.

A estrada está pronta e asfaltada, mas o tempo de demora nas aduanas de Chile e Brasil com a Bolívia, a falta de sinalização e de acostamentos em alguns trechos e a inexistência de posto de abastecimento de diesel em dois trechos de cerca de 400 km cada são desafios que impedem um caminhão brasileiro, de tonelagem mais alta que a permitida pela legislação dos vizinhos, fazer o trajeto. Animais na estrada são uma constante no trecho do pantanal até a subida da cordilheira. Bois, vacas, porcos e até um javali passearam, soltos, no asfalto. Feiras à beira da estrada após Cochabamba também aumentam a insegurança para a jornada, pelo risco de acidentes.

Como os empecilhos maiores se concentram em solo boliviano, uma alternativa foi costurada com o sindicato de transportadores do país: terceirizar o transporte com mão de obra e caminhão locais quando a carga passar pelo país. Na Bolívia, o transporte de cargas é feito por autônomos, o que facilita a negociação para as empresas brasileiras e pressiona o governo de Evo Morales para regulamentar o transporte trilateral, que ainda carece de regras uniformes.

Os caminhões bolivianos, muitos da década de 1970 e que as vezes rodam a 15 km/h, vão mais devagar que os brasileiros, mas conseguem passar pelos Andes. Os motoristas, que ganham a metade do salário de um caminhoneiro brasileiro - na média em dólares - também aparecem como vantagem competitiva. O litro do diesel, subsidiado pelo governo local, custa metade do cobrado no Brasil. Hoje, o frete da tonelada da soja de Campo Grande a Paranaguá sai por R$ 200, em média.

Para Claudio Cavol, presidente do sindicato dos transportadores do Mato Grosso do Sul, inicialmente, "os empresários se assustaram", principalmente com o sinuoso trecho de 492 km entre Santa Cruz e Cochabamba, quando se deixa o Cerrado e se entra na floresta amazônica para iniciar a subida à cordilheira. "Terceirizando a mão de obra podemos colocar, dentro de seis meses, cerca de cem caminhões no trecho como teste. Havia desconfiança dos bolivianos em relação às nossas intenções, mas os chilenos foram receptivos desde o princípio", diz Cavol.

Apesar de a rota não passar pela capital boliviana e seguir por Oruro, a expedição foi a La Paz para encontro com autoridades, onde essas questões foram colocadas.

O estrangulamento dos portos de Santos e Paranaguá é uma das forças que levaram os atores do agronegócio do Mato Grosso do Sul a enfrentar uma cordilheira de 4,7 mil metros de altura. Os custos com transporte e a espera para o escoamento dos caminhões fazem parte das reclamações sobre a infraestrutura brasileira. No pico da escoamento da soja do Estado, um caminhão pode ficar até dez dias esperando em Paranaguá. Fora dessa época, a média é de três dias.

No Chile, o escoamento é agendado. Vice-presidente de finanças da Scania para a América Latina e presente na expedição, Frederik Wrange diz que os chineses estão dispostos a pagar mais caso os grãos cheguem mais rápido e, acima de tudo, com maior previsibilidade. "Há mais gana por rotas com menos dificuldades."

Esse novo comprador tem peso. Em 2002, a China foi o destino de 27% das exportações da soja brasileira. Ano passado, de cada dez dólares obtidos com a venda do grão ao exterior, sete vieram dos chineses, que tomaram o lugar dos europeus, antes principais clientes. Nesse meio tempo, as divisas que ingressaram no país com os embarques de grãos multiplicaram por cinco. Para este ano, a previsão da produção da soja sul-matogrossense é de 6 milhões de toneladas. Há dez anos, ela foi de 4 milhões.

Produtor sul-matogrossense de soja, Milton Pickler nota que a mudança do comprador internacional pesou na decisão de fazer a expedição. Atualmente, segundo ele, o frete chega a custar 15% do que ele recebe por cada saca do grão. "A produção para a exportação sempre esteve perto da costa. Na última década é que ela se deslocou em peso para o Centro-Oeste e a infraestrutura não conseguiu acompanhar esse processo", afirma.

Foi estudada a viabilidade de um segundo traçado: cruzar o Paraguai, o sul da Bolívia e terminar em Iquique (ver mapa). Apesar da distância menor - total de 1,7 mil km - há um grande trecho, de 280 km, na região do Chaco, sem asfalto. Uma ponte ligando Porto Murtinho, cidade brasileira na fronteira com o Paraguai, também precisaria ser construída.

Prefeito de Porto Murtinho, Heitor Miranda (PT) ajudou a desenhar em 1999 as duas rotas que passam pela Bolívia. No ano seguinte elas foram incorporadas à Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (Iirsa) e chamadas de Corredor Bioceânico Central. Assim como Soria, Miranda espera desde a década retrasada uma ligação com asfalto entre os países vizinhos. Apesar de lenta, ele vê evolução na interligação do continente. "Hoje há empresários interessados na rota. Antes eram apenas governos. A integração é um processo lento."


Depois de a expedição descer o lado oeste da cordilheira pelo deserto do Atacama, onde também encontrou estradas pouco utilizadas, ela foi recepcionada por motoqueiros iquiquenhos na entrada da cidade. Com todos os movimentos gravados pela televisão local, houve uma recepção com pompas no porto, com o longo discurso do "alcaide" recebendo transmissão ao vivo. Soria, prefeito da cidade há 21 anos e que já tem um de seus filhos como vereador, estava em franca campanha por outro filho na disputa por uma vaga de deputado regional por Tarapacá a ser disputada mês que vem. Emocionado, disse que esperou a vida inteira pelos brasileiros.