quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Blog dos Mercantes segue apoiando a intermodalidade

O Blog dos Mercantes apoiou, apoia e sempre apoiará a intermodalidades, mas divergimos fortemente do texto abaixo, não exatamente em seu teor, mas em suas prioridades. Ferrovias são importantes, mas não são a prioridade atual para o agronegócio. Mas então qual é a prioridade?

Já dissemos várias vezes, e voltamos a repetir: a prioridade é a navegação de Cabotagem, Longo Curso, e incluindo aí o sistema hidroviário, além de um setor portuário mais inteligente e realmente moderno.

Ferrovia tem o custo de implantação mais caro de todos os meios de transporte, e seu custo de operação ganha do rodoviário, mas perde longe no aquaviário. Mas óbvio que também é importante investirmos em ferrovias, elas chegam a pontos do país onde as hidrovias não alcançam, e podem ser excelentes opções para uma expansão do comércio via terrestre para o oeste, se levarmos em conta alcançarmos portos no Pacífico e os mercados sul-americanos dessa área.

Isso que digo não significa que não devamos ou não possamos investir em novas ferrovias, ou na ampliação das atuais.

Mas volto a repetir, ainda temos uma enorme demanda por hidrovias e portos, a um custo mais baixo de implantação que o ferroviário, com prazo de entregas mais curtos e retorno dos investimentos mais rápidos.


Intermodalidade cortaria em 50% valor do frete
Paula Cristina

O primeiro passo para a intermodalidade, segundo empresários e especialistas, se daria com a ampliação da malha ferroviária, que hoje ainda é pequena no País.

Segundo consultor em logística e diretor da Trading Best Company, Roberto Jerer Fialkovits, a expansão da malha ferroviária resolveria um problema crasso da realidade brasileira. "Hoje, um terço do PIB brasileiro é proveniente do agronegócio, no entanto, há perdas enormes em todo processo de transporte do grão. Desde dentro do armazém, à espera de transporte, até no processo rodoviário e portuário", diz ele ao DCI.

Na visão do executivo, o chamado custo Brasil interfere diretamente nos planos de expansão das empresas brasileiras, somada ao grande risco que o governo ainda repassa. "Antes dos incentivos para esse setor, é preciso que o governo passe credibilidade. O risco Valec é apenas um dos pontos que intimida o investimento."

O planejamento de uma logística integrada, para Fialkovits, aparece também como de extrema importância. "Não basta o dinheiro, é preciso planejar. O governo e a iniciativa privada precisam entrar em acordos e buscar soluções enxutas. Todos os países que possuem intermodalidade tem operações concisas, com menor custo".

Operação ferroviária
No final da década de 1990, uma onda de privatizações levou à iniciativa privada cerca de 26 mil quilômetros de malha ferroviária. Segundo dados da Associação Nacional dos Transportes Ferroviários, deste montante, 22,8 mil km estão em operação e 5,5 mil é subutilizado ou não utilizado. "A média de operação é boa, o problema é que o Brasil precisaria dobrar a malha para começar a ser competitivo", afirmou o presidente da transportadora de grãos Transpoint, Carlos Brandão.

Para o executivo, com uma malha ferroviária adequada, sob os padrões apontados pelo governo, resultaria em redução de 50% o valor do frete cobrado.

"De acordo com o Programa de Investimento em Logística, anunciado pelo governo federal em 2012, as ferrovias seriam concedidas à iniciativa privada, que construiriam a malha e devolveriam à Valec, que revenderia os espaços nos vagões para transportadores. Nesse cenário, nosso custo cairia pela metade, já que atravessamos o Brasil via rodovias", explicou ainda o executivo ao DCI.

As chances de que esse programa se consolide, para Brandão, são muito baixas. "O governo não conseguiu convencer os empresários a investirem. O mundo vive em crise, o momento não é bom e o governo não repassa segurança", detalhou.

Como faz?
Um levantamento feito pelo Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos) endossa a opinião de Brandão. Segundo o estudo, o transporte no Brasil é apoiado na malha rodoviária (62% de uso), seguida da ferroviária (24,1%), aquaviária (14%). "Em um país de extensão parecido com o Brasil, como os Estados Unidos, o transporte ferroviário responde por 43% do mercado, seguido por rodovias [32%], e aquaviários [25%]", diz Rubens Feitosa, professor de engenharia civil com ênfase em logística da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

O professor, que tem sua tese de doutorado apoiada nas relações do transporte entre países como Brasil, Estados Unidos e Rússia, apontou ainda que a explicação para o ramo logístico não deslanchar no País é a malha restrita. "O PIB logístico soma, por ano, entre R$ 500 e R$ 650 bilhões e ainda sim, nos Estados Unidos e na Rússia a logística é 25% e 30% mais barata."

Além das ferrovias, o aporte em hidrovias e melhores condições de mobilidade dentro dos portos também aparecem como essencial. "A costa brasileira poderia ser muito mais bem utilizada, no entanto, a cabotagem ainda engatinha no País", disse Feitosa.


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