quarta-feira, 27 de maio de 2015

Até Quando?

Após a desnecessária, absurda, e covarde agressão aos professores paranaenses, que pacificamente protestavam contra a retirada de direitos por eles conquistados, agora temos mais uma denúncia contra o governo paranaense. Mais uma denúncia contra a administração Beto Richa. Dessa vez atinge diretamente sua esposa e uma ONG na qual tem assento e que é intimamente ligada à administração estadual. 

Até agora tal denúncia não foi comprovada, mas não deixa de preocupar que governos de uma partido que tanto acusam a administração federal de atos ilícitos, apareçam frequentemente na mídia justamente devido esses atos. Seja os desvios no metrô de São Paulo, seja as bárbaras repressões a qualquer manifestação contrária a seus interesses (São Paulo e Paraná são exemplos), ou desvios e corrupções, como é o caso da atual denúncia paranaense, o fato é que os problemas se acumulam contra os grandes acusadores nacionais.

É mais que óbvio que tais fatos não isentam a administração federal de culpa e/ou responsabilidade sobre suas próprias faltas - inclusive tais denúncias não se limitam à administração federal -, mas é preocupante que a moralidade e cuidado com a coisa pública impere nos discursos de ambos os partidos, maiores protagonistas da atual política nacional, enquanto que suas práticas deixem tanto a desejar.

Como também é triste perceber que os dois partidos são vítimas e algozes da estrutura carcomida da sociedade brasileira, e em sua perpetuação, que geração após geração assiste o Estado Brasileiro ser ocupado e "privatizado" por grupos mais interessados em atender a seus interesses financeiros diretos que às necessidades da Nação. Tal situação seria digna de uma comédia pastelão, não estivesse o "Reino de Avelã" tão presente na vida de milhões de brasileiros.

A internet e as mídias sociais são um novo fator de peso nesse jogo, e de esperança para milhões de pessoas que até pouco também eram levadas de um lado a outro pelos discursos bonitos e práticas horrorosas, com pouco ou nenhum espaço para protesto. Mas essas novas ferramentas precisam ser usadas, antes de tudo, para defender e lutar por uma mudança cultural na sociedade, depois podemos discutir se as privatizações darão liberdade total ao arrendatário (dono?), ou se serão controladas.

Enquanto isso não acontecer, nenhuma forma de governo será boa.



http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/05/1634165-auditores-do-pr-tem-metas-para-ajudar-primeira-dama.shtml

Auditores do PR têm metas para ajudar primeira-dama


Responsáveis pela arrecadação de impostos estaduais, auditores fiscais do Paraná têm metas anuais para doar a uma ONG vinculada à mulher do governador Beto Richa (PSDB), Fernanda Richa.
A campanha de arrecadação é promovida desde 2011 pelo sindicato da categoria, o Sindafep. O dinheiro é destinado à entrega de cobertores para famílias carentes do Paraná, em parceria com o Provopar (Programa do Voluntariado Paranaense).
Nos últimos três anos, os auditores arrecadaram R$ 3,7 milhões, segundo o Sindafep. O R$ 1,5 milhão alcançado em 2014 corresponde a um terço da receita da ONG, segundo a Folha apurou.
Os valores estão na mira do Ministério Público. Uma denúncia anônima sustenta que Fernanda Richa exigiu doações ao Provopar e à campanha do marido em troca da promoção de auditores, em 2014. Reportagem da Folha mostrou que auditores doaram quase R$ 1 milhão ao tucano e seus aliados em 2014.
O inquérito corre sob sigilo. Até agora, não há provas que corroborem a suspeita.
A corrupção entre auditores também é investigada. Quinze deles foram denunciados por anular dívidas de empresas em troca de propina, em Londrina. Há indícios de que o esquema exista em outras regionais.
O Sindafep diz que tem forte atuação social e que ajuda diversas entidades.
LAÇOS
O Provopar foi fundado como braço de assistência social do Estado em 1980. Três anos depois, desvinculou-se do governo, mas seu estatuto prevê que toda primeira-dama tenha assento no conselho.
A doação de cobertores é a mais importante ação da ONG. Fernanda Richa a impulsionou como primeira-dama de Curitiba, de 2005 a 2010. Em parceria com empresas, ela multiplicou as doações.
Em 2010, ela foi condenada pela Justiça por pedir votos ao marido durante um evento de distribuição de cobertores. Está recorrendo.
Hoje, o Sindafep é o principal parceiro da campanha no Provopar. Doou metade dos cobertores distribuídos nos últimos três anos.
Para chegar a esse número, o sindicato estabelece metas de arrecadação para cada regional. Em reuniões mensais, cobra resultados e celebra metas atingidas.
OUTRO LADO
O Sindafep diz que tem forte atuação na área social e financia campanhas de várias entidades. "Temos um viés social muito forte, mas participação política, nenhuma", disse o presidente do sindicato, José Carlos Carvalho.
Segundo ele, as doações à ONG são espontâneas. Procurado nesta terça (26), Carvalho não se manifestou sobre as metas de arrecadação.
Presidente do Provopar, Carlise Kwiatkowski diz que a parceria com os auditores é "lícita e transparente".
Fernanda Richa, em nota, disse que a denúncia contra ela é um "atentado". Diz que jamais interferiu em temas administrativos e que atua com ação social "por dever de solidariedade humana".

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