quinta-feira, 23 de junho de 2016

Fundador do PSDB mostra o perigo da farsa

Quem escreveu o texto abaixo não foi o blogueiro, mas sim Bresser Pereira, um dos fundadores do PSDB, um dos partidos que está envolvido até o pescoço nas atrocidades que aconteceram no país em maio, mas que logo após quis transferir sua responsabilidade no processo exclusivamente ao PMDB. Não consegue, porque foi o verdadeiro e grande protagonista no processo.

Mas Bresser Pereira não escreveu o texto abaixo por ser de direita ou de esquerda, mas por ser acima de tudo um patriota, uma pessoa minimamente esclarecida, e acima de tudo um democrata. Existem limites para os conselhos maquiavélicos. Não há fins que justifiquem todos os meios, porque acima de tudo o príncipe deve defender seu povo, não uma pequena parcela de sua elite, muito menos de elites estrangeiras.

Mas mais uma vez nos vemos restringidos em nossa luta contra as desigualdades e pela inclusão social, por interesses estrangeiros, ligados a uma minúscula elite brasileira, que não aceita que suas decisões não sejam sempre acatadas sem contestação.

Talvez o Brasil um dia tenha solução, pois ainda vemos gente com clareza de pensamento.


Por Luiz Carlos Bresser Pereira - Que loucura!
O Brasil perdeu o rumo. Em nome do Combate à Corrupção, estamos trocando um presidente sobre o qual não há qualquer processo, por um vice-presidente envolvido sob diversas maneiras na Operação Lava Jato.

Em nome do Direito, estamos trocando um presidente que fez "pedaladas", por um vice-presidente que também as fez.

Em nome da Economia, estamos trocando um ministro da Fazenda competente, Nelson Barbosa, que está buscando retomar o investimento público e impedir a revalorização do real para enfrentar a recessão, por um ministro, Henrique Meirelles, cuja única proposta é a "austeridade fiscal", e que, enquanto presidente do Banco Central, durante o governo Lula, recebeu de FHC, em janeiro de 2003, uma taxa de câmbio de R$ 7,30 reais por dólar (a preços de hoje) e a entregou a Dilma, em janeiro de 2011, a R$ 2,20 por dólar, quando a taxa de câmbio competitiva, de equilíbrio industrial, gira em torno de R$ 3,90 por dólar. Troca então o ministro da fazenda por um novo ministro que foi, portanto, o principal responsável por tirar competitividade das boas empresas industriais brasileiras, e, assim, causar a desindustrialização brutal e o baixo crescimento do país.

Em nome da Hegemonia de capitalistas rentistas e financistas, estamos trocando uma presidente que tudo fez pelo acordo de classes, mas fracassou, por um presidente que provavelmente chegará ao poder dentro de duas semanas porque foi apoiado por grupos de direita envolvidos na luta de classes.
O novo ministro e o novo presidente "devolverão a confiança aos empresários", nos dizem os defensores desse impeachment em marcha. Na verdade, graças ao câmbio competitivo, a confiança já está retornando, e a economia já está começando a se recuperar. É para isso que está trabalhando o ministro Nelson Barbosa, procurando aumentar o investimento público e tentando impedir a revalorização do real. Mas apenas com a notícia de que Meirelles deverá ser o ministro da Fazenda, o real já voltou a se valorizar, e a recuperação durará mais, não menos tempo.

Aécio Neves, Eduardo Cunha e Michel Temer, PSDB e PMDB, a direita e a classe média tradicional venceram. Paralisaram o Brasil, desestabilizaram a democracia, tornaram o país sujeito a crises políticas sempre que a popularidade do presidente da República cair, trocaram o acordo pela luta de classes, mas satisfizeram seu desejo de poder.

Que desastre, que loucura, que irresponsabilidade!

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