Com a ebulição política do país, muita coisa tem sido relegada a segundo plano. E coisas que deveriam estar em primeiro plano, mesmo com todos os problemas criados por uma oposição que não aceita a derrota democrática.
Uma dessas coisas são os planos para o crescimento do país, que devem necessariamente passar por discussões com a sociedade, mas serem fomentadas e incentivadas pelos governos (sejam eles de que ideologia forem).
Mas o que menos se tem discutido no país é o seu futuro. Antigamente por absoluta falta de interesse e visão político-estratégica de nossos valorosos governantes. Hoje porque se tornou mais importante atingir o poder a qualquer custo, e atender a interesses particulares do que aos da Nação.
E o povo brasileiro mais uma vez se vê às portas do retrocesso e da escassez.
Valor Econômico – Reportagem – 14/04/2016
Para ANP, país precisa de novas refinarias e portos
Embora o consumo de combustíveis tenha entrado em rota de declínio desde o ano passado, o mercado deve se recuperar no longo prazo e as importações brasileiras de derivados podem até quadruplicar até 2030, segundo estimativas da Agência Nacional de Petróleo (ANP).
Diante desse cenário, a diretora-geral do órgão regulador, Magda Chambriard, apresentou ontem a executivos um pacote de investimentos que a agência entende ser prioritário e disse que o país precisará de novas refinarias e portos para evitar gargalos logísticos na próxima década.
Segundo ela, o Brasil precisa se planejar logo e buscar alternativas para suprir a redução da atuação da principal companhia do mercado, a Petrobras. "Temos que saber quem vai meter a mão no dinheiro para fazer o que o Brasil precisa e em que condições. Essa é a grande discussão do ano", disse Magda, durante evento no Rio.
De acordo com a ANP, as importações brasileiras de combustíveis devem atingir entre 1,14 milhão e 1,2 milhão de barris/dia até 2030, a depender da conclusão ou não da refinaria do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj). Esse cenário, segundo Magda, demandará a construção de duas novas refinarias, para além da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e do Comperj, para que o país atinja a autossuficiência no fornecimento de derivados no longo prazo.
Na avaliação da ANP, a melhor localização para os projetos seria o Maranhão, para atender os mercados do Norte e Nordeste, e o Triângulo Mineiro ou Goiás, para abastecimento do oeste de Minas e Centro-Oeste. Se não optar pelo aumento da capacidade de refino, ainda segundo a ANP, serão necessários investimentos em sete novos portos, incluindo a construção de tancagem em Vila do Conde (PA), Pecém (CE) e São Francisco (SC).
Independentemente da escolha, a diretora disse que os investimentos precisam começar a ser discutidos no mercado neste ano para que os projetos avancem a partir de 2017. "Temos duas vertentes possíveis: sermos autossuficientes em derivados, como já fomos, ou não construir nenhuma refinaria e importar tudo o que for preciso. Certamente vai acontecer alguma coisa no meio, vai ser um mix entre as duas [vertentes]. Essa é discussão que temos que travar ao longo deste ano", disse.
Diretor do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), José Augusto Nogueira, destacou que o governo precisa criar um ambiente de segurança para investimentos em infraestrutura, num setor que é altamente concentrado na Petrobras. "O que não pode é termos esse cenário de incertezas", disse.
Segundo um executivo de uma distribuidora, é essencial que o governo defina a política de preços dos combustíveis, atrelada aos preços internacionais. Sem isso, não há quem invista em refino, nem em tancagem para receber volumes importados, já que haveria nesse caso um risco constante de que a Petrobras volte a praticar preços abaixo do mercado.
Embora a retração econômica não elimine a necessidade de investimentos em infraestrutura no longo prazo, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), por sua vez, já vê sinais de uma forte desaceleração do mercado nos próximos anos. A estatal começou a contabilizar os impactos da crise econômica sobre o mercado e já trabalha com a previsão de que o déficit de alguns derivados pode ser bem menor que o previsto até então.
Diretor de estudos do petróleo, gás e biocombustíveis da EPE, Gelson Serva disse que dados preliminares do plano decenal de energia 2016-2025 já indicam que a média do consumo de gasolina pode se manter estável ao longo dos próximos dez anos, influenciado pelo menor crescimento da frota de veículos leves. "Já vislumbramos uma estabilização da demanda."
No último planejamento da EPE, havia uma expectativa de crescimento de 1,3% ao ano no consumo do combustível. Ainda segundo o diretor, um eventual crescimento do consumo de combustível pelos veículos leves seria suprido pelo mercado de etanol.
O novo PDE deve projetar, ainda, uma redução no ritmo de crescimento do diesel A (sem biodiesel). O último plano da EPE previa uma alta de 2,5% ao ano.
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