O texto de Alex Lombello Amaral é muito bom, irretocável diria eu, não fossem algumas visões, que em minha humilde opinião, são distorcidas. Isso é explicado por ser um texto escrito por alguém que se auto-proclama marxista, mas que, pelo que escreve, mostra ter total consciência de que não haverá revolução que leve a uma nova ditadura do proletariado, como ocorreu na extinta União Soviética.
Amaral é feliz ao apontar que não existe esquerda no sentido clássico no país, salvo alguns esqueletos (indivíduos) com cheiro de naftalina, que ainda rondam em esferas periféricas da política, mas de onde praticamente nada apitam, apesar das siglas "agressivas" de partidos aos quais pertencem, como PT, PCdoB, PSB, PDT, PSOL, etc. Mas apesar disso, quando Amaral diz que a proposta do "recall" é revolucionária, na verdade ela não é, e passa apenas pela reforma da democracia burguesa. Essa reforma é democrática, algo que as burguesias nacionais buscam eliminar na forma de disfarces, algo como a atual "democracia" brasileira.
Outro equívoco me parece ser quando fala dos sovietes como sendo a "democracia extrema". Analisando-se todo o período soviético, não consigo vislumbrar nenhum momento democrático no mesmo, apesar de alguns lampejos pálidos dessa prática. Isso se entendermos democracia como tendo conceitos básicos como respeito aos direitos individuais, ao patrimônio, etc. Isso porque a URSS surgiu de uma revolução, onde o poder e os meios de produção foram tomados à força. Os exílios, as execuções, as perseguições políticas e os excessos aconteciam a todo momento. Esse período inicial foi seguido de lutas internas pelo poder, de onde Stalin saiu vencedor e impôs algumas décadas de ditadura ao país. Os governos que vieram na sequência, apesar de não tão sanguinários, mantiveram as práticas de controle sobre direitos individuais, à liberdade de expressão, e as perseguições a adversários políticos. Não me parece que isso seja democrático, até porque a participação popular na construção do poder foi rapidamente colocada de lado, e em seu lugar surgiu uma estrutura burocrática, hierarquizada e restrita ao controle de poucos. Na teoria seria lindo, de uma democracia invejável e realmente extrema, na prática foi ditatorial, e tão nefasta a sua população, quanto o é o neoliberalismo para os países que o adotam.
Amaral é feliz ao apontar que não existe esquerda no sentido clássico no país, salvo alguns esqueletos (indivíduos) com cheiro de naftalina, que ainda rondam em esferas periféricas da política, mas de onde praticamente nada apitam, apesar das siglas "agressivas" de partidos aos quais pertencem, como PT, PCdoB, PSB, PDT, PSOL, etc. Mas apesar disso, quando Amaral diz que a proposta do "recall" é revolucionária, na verdade ela não é, e passa apenas pela reforma da democracia burguesa. Essa reforma é democrática, algo que as burguesias nacionais buscam eliminar na forma de disfarces, algo como a atual "democracia" brasileira.
Outro equívoco me parece ser quando fala dos sovietes como sendo a "democracia extrema". Analisando-se todo o período soviético, não consigo vislumbrar nenhum momento democrático no mesmo, apesar de alguns lampejos pálidos dessa prática. Isso se entendermos democracia como tendo conceitos básicos como respeito aos direitos individuais, ao patrimônio, etc. Isso porque a URSS surgiu de uma revolução, onde o poder e os meios de produção foram tomados à força. Os exílios, as execuções, as perseguições políticas e os excessos aconteciam a todo momento. Esse período inicial foi seguido de lutas internas pelo poder, de onde Stalin saiu vencedor e impôs algumas décadas de ditadura ao país. Os governos que vieram na sequência, apesar de não tão sanguinários, mantiveram as práticas de controle sobre direitos individuais, à liberdade de expressão, e as perseguições a adversários políticos. Não me parece que isso seja democrático, até porque a participação popular na construção do poder foi rapidamente colocada de lado, e em seu lugar surgiu uma estrutura burocrática, hierarquizada e restrita ao controle de poucos. Na teoria seria lindo, de uma democracia invejável e realmente extrema, na prática foi ditatorial, e tão nefasta a sua população, quanto o é o neoliberalismo para os países que o adotam.
Apesar desses equivocos o texto é primoroso ao analisar erros da passagem petista pelo poder, erros esses que seus correligionários não conseguem enxergar.
Apesar disso o texto traz boas consideração quanto a candidatura de Ciro Gomes. Até agora o mais lúcido em suas observações e análises sobre a atual conjuntura político-econômica do país. Também é muito lúcido em análises sociais, e sincero ao dizer que ainda estuda formas de como melhorar situações como a violência.
Mas apesar de todos os predicados de Ciro, e de Amaral achar que ele é o mais democrático por suas propostas de reforma política, eu acho que o pré-candidato do PDT é o mais democrático por falar (e fazer) duas coisas. A primeira é o investimento maciço em educação, e isso é comprovado pelo que seu grupo político faz no Ceará, que quando Ciro se elegeu era um dos estados mais pobres do país, e que evoluiu muito desde então. Outros estados da região começam a seguir seus passos, como o Maranhão (quem diria?).
Mas Ciro também mostra democracia ao tentar levar ao povo entendimentos de que economia não é global, ainda que exista um indexador global (o dólar). A propósito, ele também quer que o povo entenda que, ainda que submetidos ao indexador, não o temos para bancar o estilo de vida moderno que queremos, então temos que conquista-lo, e isso só se faz de maneira saudável se for através de produção, e com capital nacional majoritariamente. Sem isso um montão de gente vai continuar achando que basta ter uma ideia e vontade de trabalhar que vai ficar rico. Não vai.
Alguém que tenta "socializar" essas ideias e ideais só pode ser uma pessoa democrática. Muito mais do que aqueles que querem entregar todas as riquezas ao grande capital nacional e pior, estrangeiro. Ou àqueles que acham que tudo se resume a tiros e desrespeitos.
Ciro Gomes - Recall: A verdadeira esquerda ressurge
Como historiador não consigo usar os termos “esquerda“ e
“direita” de forma oposta ou muito diferente do que eram quando surgiram, na
Revolução Francesa, quando os deputados que apoiavam o Rei, os poderes da
monarquia, simpáticos ao Antigo Regime, às coisas velhas, os conservadores
portanto, sentavam-se à direita do presidente do parlamento, e os que queriam a
República, maior participação popular, reduzir os poderes do Rei,
transformações políticas, ajuntavam-se à esquerda.
Outra Revolução, a Soviética, deu nova camada de significado
a esses conceitos, pois desde então “direita” passou a ser sinônimo de defesa
do capitalismo, e “esquerda” de defesa do socialismo. Note-se, porém, que esses
novos significados estavam então ligados aos primeiros – A Revolução se chamou
Soviética porque o poder foi tomado para os Soviets, ou seja, para a democracia
extrema, em que todos podiam participar diretamente das decisões, depor
governantes etc.
Desse ponto de vista, há muitos anos o Brasil não tem uma
verdadeira esquerda! Em seus 14 anos de governo, ao invés de ampliar a participação
popular, o Pt continuou, como desde antes de assumir o governo, a tentar
limitá-la! Criou uma Lei de banalização do Terrorismo, que se volta contra os
movimentos sociais; Tentou criar um Conselho censor da imprensa; Não distribuiu
rádios aos Sindicatos e Universidades, mas continuou distribuindo-os entre
políticos corruptos; Continuou tentando eliminar os Sindicatos locais, de base,
engolindo-os com sindicatos nacionais ou estaduais que são mais fáceis de
aparelhar e impossíveis de controlar pela base; Internamente substituiu a
democracia participativa congressual por eleições diretas, ou seja, pela
“democracia” do dinheiro; Nos DCEs e Sindicatos é contra substituir a
democracia burguesa por formas mais participativas; Quando cria conselhos
municipais nas cidades que administra, fazem questão de que a maioria dos
membros sejam controlados pelo prefeito. Em resumo, pelo critério da Revolução
Francesa o Pt e seus partidos anexos são de direita.
Também a “esquerda” não-petista está longe de ser esquerda
pelos padrões da Revolução Francesa. Da boca para fora prega a ampliação da
democracia, cada seita dando a isso um nome que lembra as Revoluções
Socialistas, como o PCB, que defende o “poder popular”. Mas defendem para um
futuro distante, depois da Revolução, e defendem dessa forma vaga, fluida.
Morfologicamente “democracia” e “poder popular” são sinônimos, o que então
defende o PCB e similares? Defendem que aguardemos a Revolução perfeita, e que
até lá nos resignemos ao regime político que temos. Reformá-lo seria inútil ou
impossível. Lembram muito as religiões, que pregam a resignação, a
impossibilidade de mudar o mundo real, e que se aguarde o Paraíso. O resultado
prático, como com nas religiões, é conservador, é de direita.
A última vez que uma esquerda de verdade existiu (com força
histórica) no Brasil foi quanto uma imprensa alternativa, cuja folha mais forte
era o Pasquim, enfrentou a ditadura e defendeu reformas democráticas. Desde
então só tivemos conservadores! Uns pintados de vermelho, outros de azul, uns
pedindo voto em nome da justiça social, outros liberalóides, mas ninguém tem
proposto reformas democráticas plausíveis, realizáveis.
Nesse contexto surge a candidatura de Ciro Gomes. Surge,
porque é nova, apesar dos 37 anos de carreira política sem manchas de Ciro
Gomes. Muitos cabos eleitorais de Ciro Gomes estão perdendo tempo buscando
provar a coerência de Ciro, porque não são historiadores acostumados ao debate
recente sobre biografias. Os biógrafos de até poucos anos atrás tentavam tornar
seus biografados “coerentes” em toda a sua vida, e isso sempre exige forçar a
barra, esconder ou supervalorizar episódios, porque seres humanos evoluem! Ciro
é hoje muito mais preparado, mais bem informado, mais avançado em termos de
política econômica do que em sua época de ministro de Itamar, há 20 anos atrás!
De fato, tentar provar que qualquer pessoa é a mesma hoje que há 20 anos atrás
é duvidar da inteligência dessa pessoa. Se águas passadas não movem moinhos, em
política é pior, é perigoso o apego ao passado, pois Eunício de Oliveira e
Dilma não são mais guerrilheiros, Lula não é mais sindicalista, Mussolini um
dia foi do Partido Socialista Italiano!
Ciro Gomes não propõe o socialismo! Ele não é um proletário,
nem representa o proletariado. Ele não propõe o “poder popular” nem nada
similar aos soviets. Mas ele defende o recall, ou seja, a revogabilidade dos
mandatos. É uma velha bandeira do proletariado revolucionário, a mais
interessante da Comuna de Paris, incorporada pelos Soviets, e que a pretensa
“esquerda” brasileira, seja ela petista ou não-petista, teme! Não aplica nem
aos Sindicatos e DCEs que dirige. Um candidato a presidência da República,
forte nas pesquisas, propor o recall é a coisa mais avançada que eu já vi em
todas as eleições presidenciais. Para quem tem dúvidas, está na página oficial
dele: https://todoscomciro.com/reforma-politica/
Claro que o Brasil precisa de diversas outras reformas
políticas, e Ciro não está falando de todas elas, mas ele teve o mérito de
propor logo a mais importante, a mais avançada, o que facilita o caminho para
todas as outras. É sabido que ele tem ou teve simpatias pelo parlamentarismo,
por exemplo, que seria, ao contrário da choradeira ignorante dos petistas, um
grande avanço democrático para o Brasil – os parlamentos deixariam de ser a
lixeira pública e se tornariam minimamente sérios, porque os eleitores teriam
que votar pensando em quem elegeriam para primeiro ministro, ao invés de votar
no “candidato da região”, ou no “macaco Simão”.
Pode-se confiar em Ciro? Pode-se confiar em qualquer político?
Os políticos importam o discurso que fazem! Não se pode adivinhar o que as pessoas
realmente pensam, muito menos o que pensarão nos anos seguintes, então nosso
modelo político pseudo representativo é sempre um exercício de adivinhação (daí
a importância do Recall). Por que votar então? Vota-se no discurso, do qual o
candidato é somente um vetor. Então se Ciro Gomes tiver 30% dos votos no
primeiro turno, pense ele o que ele pensar, estará dito ao mundo que 30% dos eleitores
concordam com as propostas dele. Ele queira ou não a revogabilidade dos
mandatos no íntimo, na prática 30% dos eleitores terão apoiado publicamente o
recall (revogabilidade).
Os pseudomarxistas brasileiros, se chegaram a esse ponto do
artigo, devem estar enfurecidos, pois pensam que marxistas não devem se
preocupar com reformar a democracia burguesa. Ainda não entenderam o que
realmente é o poder, o que realmente é luta de classes! São estranhos
“marxistas” que não estudaram as lutas entre patrícios e plebeus em Roma, nem
mesmo leram que para Marx o movimento mais revolucionário dos operários
ingleses foi o Cartismo, em que os operários só pediam direito ao voto; que
deputados ganhassem salários (se não nunca poderiam ter um deputado operário);
que os mandatos fossem anuais (similar ao recall) e reivindicações econômicas
como jornada de 10 horas diárias. Na verdade, para nossos pseudomarxistas Marx
seria um pelego, porque não era utópico, não era blanquista, apoiava (lede
Manifesto) qualquer avanço democrático burguês.
Como marxista, notando que a era petista terminou, eu
buscava uma saída que acarretasse o mínimo de prejuízos para o proletariado
(historicamente os períodos socialdemocratas geram enormes prejuízos na forma
de reações da direita). Como a direita brasileira tem um projeto colonial e escravocrata
(duas coisas diferentes mas que sempre andaram juntas – é difícil manter
colônia um país de pessoas livres, e difícil escravizar pessoas de um país livre),
Ciro Gomes já era uma opção pois continua apontando para o progresso, a
soberania nacional (da qual os petistas e troskistas nunca foram muito
afeitos), o desenvolvimento econômico. Mas com a proposta do Recall Ciro foi
além, oferecendo ao povo brasileiro um novo poder, muito maior do que eleger.
Na prática, a proposta mais revolucionária que está na mesa!
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