Muita polêmica no chamado "campo progressista" quanto a próxima eleição para a Presidência da Câmara dos Deputados. A eleição se dá quando se inicia nova legislatura, e após considerável mudança na composição da casa. A renovação que houve deixa a reeleição do atual Presidente, Rodrigo Maia, em xeque. Não que ela seja exatamente difícil, mas como o pleito deverá ser secreto, não se conhecem todos os novos membros, o Presidente da República é novo e de uma nova linha política, as forças partidárias na Casa também são distintas e, além de mais fragmentada, está com partidos expoentes diferentes. Com tudo isso, o que já é sempre uma "dúvida", agora tem ares de disputa política mesmo.
Rodrigo Maia não será pule de 10, mas acredito que será reeleito, até porque alguns partidos peso pesados já se articulam para garantirem essa recondução de Maia ao terceiro cargo em hierarquia no país.
Ao mesmo tempo o PT, dando uma de maluco vai lançar uma candidatura de oposição a Maia. Ora, pelo lado da democracia é interessante, mas convenhamos, Marcelo Freixo tem tantas chances de se tornar o presidente da casa neste momento, quanto o Pelé de voltar a jogar futebol profissionalmente. Ou seja, é uma candidatura que já nasce morta.
E por que tanta polêmica no "campo progressista"?
Simples, porque o blocão formado por PDT, PCdoB e PSB ameaça apoiar Maia, e não Freixo. Além de o "grande" PT já ter voltado suas baterias contra o bloco em várias oportunidade, e voltar a fazê-lo agora, também uma parte considerável dos apoiadores de ambos os blocos progressistas também está se digladiando pelo país.
Não sou um grande conhecedor dos meandros da Câmara, mas não é preciso sê-lo para saber que Freixo não se elege. Ao mesmo tempo, segundo vários relatos, Maia administrou a Câmara de forma bastante democrática, não isolando os partidos que o apoiaram durante esse seu primeiro mandato.
A tática do blocão é, com o apoio a Maia, tentar cargos e posições importantes dentro das diversas comissões que existem dentro da Câmara, e que analisa Projetos de Leis e Constitucionais. A ideia é poder influir de forma mais efetiva nas discussões, e praticar a política de diminuição de danos, já que o Governo tentará aprovar várias reformas que têm possibilidades de serem extremamente danosas aos trabalhadores e às pessoas comuns.
A tática do bloco petista é simplesmente marcar posição contra. Ele sabe que Freixo não se elege, mas ele quer se mostrar oposição a tudo.
O blocão tem uma tática que poderá ter mais eficácia dentro da política interna da Câmara, já o PT poderá ter mais eficácia junto a eleitores mais inflamados, que são oposição sistemática ao atual Governo e que, num primeiro momento, veem na posição petista a "resistência" às mudanças.
Qual está certa?
Apenas o tempo e os desdobramentos dirão. Primeiro porque o blocão ainda não fechou o apoio a Maia; segundo porque mesmo que feche não há nenhuma garantia de conseguir os cargos que almeja, terceiro porque mesmo que consiga os cargos, teremos que avaliar o quanto esses cargos ajudaram a diminuir os danos.
A tática do PT depende exclusivamente da falha da tática do blocão. Se o blocão não conquistar seus objetivos, então o PT venderá o peixe de que é a verdadeira oposição, e que o blocão apenas se vendeu e buscou vantagens pessoais e partidárias. Se a tática do blocão der certo, o PT aparecerá como o patinho feio, que não sabe defender os interesses da população. Isso aliado a todas as bobagens feitas por Dilma Roussef, que culminaram com sua deposição, e o PT pode sofrer um revés muito sério.
Saberemos em breve. Mas a militância poderia parar de analisar as coisas com o fígado e começar a usar mais o cérebro.
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