Um dos temas mais importantes, e que será seriamente debatido a partir de hoje em Davos, será o sério risco de mais uma grave crise econômica mundial que se avizinha. Esse risco já vem sendo anunciado por vários economistas sérios, e não é novidade para ninguém, já que o modelo econômico adotado no planeta desde os anos 80 foi responsável por todas as crises do Séc XIX e do início do XX, incluindo a Grande Depressão de 1929, e fator fundamental do início da Primeira Grande Guerra.
Não bastasse isso, esse risco também teve influência decisiva no início da Segunda Guerra Mundial, e parecia enterrado, quando nos anos 80 alguns lunáticos ressuscitaram isso na chamada "escola de Chicago". É verdade que o fim da União Soviética e do Bloco Socialista contribuiu decisivamente para a propagação dessas ideias toscas, e também é verdade que isso foi fortemente impulsionado e patrocinado por uma grande burguesia que não tem mais onde enfiar dinheiro, mas que nunca está satisfeita com a absurda concentração de renda que já existe, e da qual são a grande beneficiária.
Esse absurdo pseudocientífico é o tal liberalismo econômico. Mas como História não se repete, no Séc. XIX e início do XX as crises eram basicamente de produção, agora são basicamente financeiras, mas acabam por refletir pesadamente na produção.
Isso é propiciado pela brutal transferência de renda do muitos pobres que pouco têm, para os poucos ricos que muito têm, através do mau uso do Estado, que se torna apenas um catalizador desse processo, desonerando os ricos de impostos, e ainda com subsídios, e sobre-onerando os pobres com impostos e duplo pagamento porque os Estados não oferecem os serviços que deveriam. Aonde esse processo é mais lento? Nos países em que o Estado ainda não está totalmente cooptado. Aonde é mais acelerado? Naqueles em que ele foi cooptado. Entre esses últimos está o Brasil, e desde os anos 90, tendo essa cooptação passado incólume, inclusive durante os governos petistas.
Isso aconteceu, em parte, porque a chamada esquerda se rendeu aos pensadores econômicos neo-liberais, passando a se ocupar mais por temas importantes, mas não centrais, que são os temas identitários, e esquecendo que o mais importante é garantir boas condições sócio-econômicas a todos os cidadãos.
A próxima crise ou é evitada agora, ou será muito mais difícil de ser superada. E para que se tenha ideia, ainda que alguns países já tenham retornado ao PIB pré 2008, não é verdade que a crise tenha sido debelada, porque não se retornou à distribuição de renda da época, os empregos são mais precários e mais mal remunerados, e essas economias estão muito mais vulneráveis a outro problema econômico profundo.
E com todo esse quadro, Bolsonaro vai a Davos dizer que o Brasil vai aderir de vez a esse sistema destruidor de sociedades saudáveis. Para tentar resolver isso ele logo logo deverá editar um decreto autorizando a venda de metralhadoras e bazucas.
Para quem acha que é exagero meu, clique aqui e veja a reportagem do Diário de Notícias de Portugal.
E como sempre, para a reportagem completa do El País, basta clicar no título da matéria abaixo.
Para quem acha que é exagero meu, clique aqui e veja a reportagem do Diário de Notícias de Portugal.
E como sempre, para a reportagem completa do El País, basta clicar no título da matéria abaixo.
Bomba da dívida mundial ameaça explodir
Um nível de endividamento jamais visto desde a Segunda Guerra Mundial ameaça inocular o veneno da próxima crise
Você e eu estamos sentados em uma montanha de dívida pública e privada. A cota para cada habitante do planeta é de 21.866 euros, ou 95.554 reais. Uma bola de neve gigantesca e voraz. A fatura total chega a 164 trilhões de dólares (608 trilhões de reais), quantia equivalente a 225% do PIB mundial. Viver a crédito foi a saída natural da crise financeira. Os empréstimos permitiram cobrir os desequilíbrios das contas públicas e reanimar o crescimento. Mas convém não ultrapassar determinadas linhas vermelhas. Um nível de endividamento jamais visto desde a Segunda Guerra Mundial é uma bomba-relógio que pode explodir a qualquer momento. Argentina e Itália são dois exemplos recentes de como ressuscitam facilmente os fantasmas mal enterrados.
“Os altos níveis de dívida e os elevados déficits públicos são um motivo de preocupação”, adverte o Fundo Monetário Internacional (FMI) em seu último Monitor Fiscal. As nações com um grande endividamento, lembra esse organismo, são mais vulneráveis a um endurecimento das condições globais de financiamento, que poderiam dificultar o acesso aos mercados e colocar pressão sobre a economia. “A experiência demonstra que os países podem sofrer notáveis e inesperados choques em sua proporção entre dívida e PIB, o que aumenta a possibilidade de haver problemas em cadeia”, concluem esses especialistas.
A China é o país que mais contribuiu para o aumento do volume total na última década. Mas não é o único. As economias desenvolvidas devem o equivalente a 105% de seu PIB em média. Para as nações emergentes, a proporção já é de 50%, uma fronteira ultrapassada pela última vez nos anos oitenta, o que causou uma grave crise em muitas delas. “Por enquanto, o crescimento global é robusto, o desemprego está diminuindo e as taxas de juros continuam baixas. Todo isso faz com que o aumento da dívida seja manejável, mas se houvesse uma desaceleração inesperada ou um rápido aumento do preço do dinheiro, esta situação agradável se apagaria instantaneamente”, afirma Pierre Bose, estrategista do Credit Suisse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário