Tenho visto o chamado Campo Progressista se digladiando em quem é mais agressivo, quem propaga fakenews, quem é vítima, quem é bandido. e ainda que até se unam às críticas a Bolsonaro, não avançam no diálogo com a população, porque perdem seu tempo a se destruírem mutuamente.
Verdade que o PDT e o PSB cresceram, assim como o PSOL e alguns outros partidos, mas o fizeram canibalizando legendas do próprio campo progressista, notadamente o PT, que segue com uma retórica alucinada de que cresceu, que está muito forte, etc.
Mas os outros não ficam muito atrás nessa retórica, quando comemoram seus crescimentos feitos com base na canibalização do próprio espectro político, e com esse espectro tendo tido uma retração em relação à ultima eleição municipal. Se contarmos as duas últimas, essa retração foi ainda mais sensível.
Ora, mas se está tão ruim, qual a solução? Antes de tudo, parem com as críticas mútuas desnecessárias. Algumas podem ser feitas, mas exclusivamente a portas fechadas, não em público, porque elas não levam absolutamente a nenhum avanço. Isso não significa não poder criticar, mas simplesmente criticarem o que é efetivamente relevante, não floreios.
Outro ponto que precisa ser entendido é que as redes sociais são importantíssimas, são realmente fundamentais, mas isso ainda não é substituto do contato direto com o povo. O crescimento da direita vem muito desse trabalho que é feito pelas igrejas pentecostais nos lugares mais pobres. Essa entrada foi facilitada porque os partidos de esquerda deixaram um espaço vago, e ainda perderam o espaço dos sindicatos, cada vez menos representativos dos trabalhadores, não pela baixa adesão sindical (que é histórica no Brasil), mas porque as maiores aglomerações de trabalhadores organizados vinham das indústrias, setor que perde cada vez mais o protagonismo na vida nacional.
Então é preciso que os partidos de esquerda consigam novamente se aproximar da população. Se não há mais a organização dos sindicatos, que criem outras formas de aproximação e/ou de organização de trabalhadores dentro da nova realidade brasileira.
Outra coisa é que é preciso ser pragmático dentro da própria esquerda. Claro que chegar ao segundo turno é passo fundamental para qualquer eleição, acontece que qualquer candidato de uma esquerda unida hoje em dia chegaria ao segundo turno, a questão vai a além, porque o já dizem os grandes especialistas, que o primeiro turno é uma corrida de preferência, mas o segundo é de anti-rejeição, ou seja, ganha o que consegue ensejar menos rejeição nos eleitores. A esquerda tem ferramentas para buscar uma chapa que consiga ser reamente competitiva no segundo turno, e ou se faz isso, ou existe a possibilidade de nem se chegar a essa etapa. Para isso os interesses dos partidos precisam ser suplantados pelos interesses nacionais e da população.
Por último esqueçam aliança de primeiro turno com partidos de direita. Mesmo que os programas sejam acordados numa aliança eleitoral prévia, eles não serão respeitados durante os governos, e a culpa recairá em cima de qualquer liderança de esquerda que esteja numa chapa com esse tipo de acordo, porque tal situação avaliza tais políticos como afinados com as políticas do líder da chapa, e com o partido que a encabeça. Vocês lembram do processo de impeachment de Dilma? Pois é, um vice de um partido fisiológico do centrão, com um monte de deputados que se elegeram com o aval da própria Dilma e do PT, e que votaram com suas conveniências de momento, esquecendo qualquer acordo eleitoral que tenha sido feito previamente.
Por último é preciso deixar claro para a população, que se ela vota num presidente, governador, ou prefeito de esquerda, não adianta votar num deputado, senador, ou vereador de direita, porque ela estará minando as condições de governabilidade de seu candidato, e criando a necessidade de acordos para a simples estabilidade de governo, e praticamente impedindo qualquer reforma estrutural que viesse a beneficiar a população.
Nada disso é fácil, mas é preciso começar a ser feito o quanto antes, porque quem cresceu nas últimas eleições foi o a direita, e até a extrema direita, mesmo que Bolsonaro em si tenha minguado. Ou o Campo Progressista muda radicalmente sua tragetória, ou corremos o rico de ter o Rio de Janeiro 2020 refletido em 2022, com dois candidatos de direita (talvez os dois de extrema direira) na disputa do segundo turno.
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