terça-feira, 24 de outubro de 2023

O Negociador de Ouro, mas para a Europa

Ontem eu estava vendo o programa Massa Crítica, no canal Disparada do youtube, e qual não é minha "surpresa" que o Presidente da República do Brasil estaria disposto a aceitar um acordo com a União Européia em que os produtos industrializados vindos da metrópole em franca decadência moral e econômia em troca de 12 bilhões de euros. Esse dinheiro viria carimbado para o combate ao desmatamento e às mudanças climáticas.

Ora, vamos por partes, porque isso é muito sério. E começaremos a destrinchar o parágrafo acima do final para a frente. Com isso começaremos sobre os 12 bilhões de euros e sua destinação. A primeira coisa é que 12 bilhões de euros é uma mixaria frente ao que se entrega, que no fundo é o futuro do próprio país. Esqueçam essa bobagem de que se enche um navio de soja e se traz um navio de hondas. Em média você tem que encher uns 30 navios de soja para encher um de hondas. Sim, nos momentos de grandes altas no valor das commodities isso diminui, mas esses períodos são geralmente rápidos e distantes uns dos outros. Para completar o carimbo desse dinheiro apenas servirá para pagar a ONGs, que a princípio já são pagas por verbas européias e americanas, e nada se conseguirá de efetivo no combate às mudanças climáticas, já que essas são características do próprio planeta, ainda que a ação humana interfira no processo de forma local, e com alguma possibilidade de acelerar ou atrasar o processo, mas essas duas últimas hipóteses são muito tímidas frente ao poder da própria Gaia.

O acordo, ainda que se façam algumas alterações que o tornem menos draconianos ao Brasil, tem o potencial de destruir qualquer chance de o país progredir. Sim, com a estrutura financista e neoliberal que impera no Brasil, as poucas indústrias e cadeias produtivas que ainda resistem no país desaparecerão em curto ou na melhor das hipóteses, médio prazo, acabando de vez com a Classe Nédia, e atrasando em muitas décadas qualquer possibilidade de esse país sair do lamaçal econômico em que está metido.

E com toda alteração que torne o acordo menos draconiano em relação ao mercado de nosso agronegócio, isso não significa que esse acordo venha a ser cumprido. Basta ver que a praxe desse pessoal é não cumprir acordos, e o farão sob as mais patéticas desculpas e artifícios. Sim, e lembremos que pode nem ser a UE, mas seus países membros, que serão acionados pela UE judicialmente que levará anos para decidir algum descumprimento por parte de seus membros, e nisso o Brasil já terá perdido o mercado, perdido a oportunidade, e talvez até mesmo a produção.

Acordo tem que ser realmente bom para ambos, e esse não será absolutamente nada bom para o Brasil. 12 bilhões de Euros não são nada perto dos valores envolvidos e nas benesses que os europeus terão com um acordo desses.

Mas isso é o que se pode esperar do Negociador de Ouro, que sempre pediu migalhas para os trabalhadores e entregou banquetes para os patrões. Agora parece querer repetir a dose em termos geopolíticos. Assim ele conseguirá uns 15 nobels da paz seguidos, e quem pagará por eles com mais miséria e desesperança é o povo brasileiro.

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