sábado, 4 de novembro de 2023

A polêmica do déficit zero

Na última semana levantou-se no Brasil uma polêmica estúpida; a do déficit zero nas contas públicas. Sim, a polêmica é mais do que estúpida, é liderada pelo agente do mercado financeiro colocado à frente da economia brasileira, o sr. Fernando Haddad, que mais uma vez é timidamente enfrentado por seu "chefe". Essa situação nos faz pensar em quem realmente é o chefe de quem, mas isso é uma outra história.

De qualquer forma a polêmica que se cria em torno da busca do déficit zero no fundo não tem razão de ser. O agente do mercado estar tomando ação atrás de ação que beneficia seus verdadeiros patrões, muito bem auxiliado pelo Congresso, enquanto dificulta cada vez mais a vida da Classe Média e da população mais pobre do Brasil, com aumentos de impostos e pressão sobre salários e condições de trabalho no país, além de seguir cortando as condições de o país retomar um desenvolvimento industrial autônomo e se reintegrar no processo de avanço civilizacional do país.

Sim, mas não há como ele conseguir a meta do déficit zero em tão pouco tempo sem causar uma catástrofe no país real. Sim, o país da Faria Lima é uma fantasia que corre na linguagem binária dos computadores. Há muito que a bolsa de valores não é usada como forma de capitalização das empresas, e apenas serve como cassino de ricos, em que os pequenos investidores são os únicos que realmente correm riscos, já que os grandes são protegidos por Leis, estratagemas e ações corretivas dos governos, que costumam assumir eventuais grandes perdas ocorridas no "mercado".

E essa catástrofe ocorre porque o governo é, no fundo, o único agente de grande porte da economia que não tem por objetivo a acumulação de capital. Todos os outros só investem com a perspectiva de lucro, e por conseguinte, é o único agente econômico realmente capaz de incentivar a economia, ainda mais quando esta patina ou se retrai, que é exatamente o que ocorre no Brasil atual.

O agronegócio é ótimo para trazer divisas, é ótimo para projetar poder e influência, mas não gera os empregos necessários, e muito menos os empregos de alta qualificação necessários para a manutenção de uma Classe Média pujante, e de uma classe operária ativa nos centros urbanos. 

Os setores econômicos capazes de sustentar essas duas classes sociais são a indústria, e essa vem sendo destruída dia a dia, e os serviçoes de alta complexidade, como a construção civil de grandes projetos, ou os setores das novas tecnologias da informação. Todos esses setores necessitam de políticas públicas para enfrentarem a concorrência internacional, já que seus concorrentes costumam se beneficiar dessas políticas, mesmo quando já atingiram capacidade e maturidade técnico-financeira para enfrentar seus concorrentes.

Apesar de algumas das ações desse governo serem parte de um pacote que tenderia a incentivar o crescimento desses setores, elas carecem de conectividade objetividade, e de outras complementares, que tenderiam a levar o país a um novo surto de investimentos nos setores produtivos de maior complexidade tecnológica. 

Mas da forma que estão sendo tomadas, essas ações tendem a apenas desestruturar e dificultar ainda mais as condições para as empresas que ainda resistem nesses setores, e tornam quase impossível a criação de novas. Esse quadro levará a uma maior necessidade de fundos assistenciais governamentais, à diminuição da arrecadação e a dificultar ainda mais o fechamento das contas públicas.

Ou seja, está se discutindo uma situação cuja realização é praticamente impossível, salvo algum milagre que venha de fora. E o tempo deverá vir a comprovar que mais uma vez haverá déficit. A questão é saber de quanto?

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