quarta-feira, 31 de julho de 2013
Offshore: onde a criança chora e a mãe não ouve
sexta-feira, 26 de julho de 2013
Blog dos Mercantes e a verdade sobre a MP 595
Há dias que estava para comentar essa matéria publicada no Globo. Fato raro, aliás, esse jornal veicular texto com conteúdo de denúncia tão forte quanto às manobras para
reduzir salários e retirar conquistas de trabalhadores, principalmente quando
essas denúncias são referentes a um grupo de trabalhadores historicamente tão
contestado, como são os portuários. Mais estranheza me causou pelo texto ter
sido escrito por um parlamentar de origem sindical, caso de Paulo Pereira da
Silva.
E o texto abaixo é
corretíssimo, mas incompleto. Os portuários brasileiros estão sendo alijados de
seu trabalho não só por estarem restritos ao sistema do “porto organizado”, mas
também no art. 28 da MP:
Art. 28. É
dispensável a intervenção de operadores
portuários em
operações:
I – que, por seus
métodos de manipulação, suas
características de
automação ou mecanização, não requeiram a
utilização de mão
de obra ou possam ser executadas
exclusivamente pela tripulação das
embarcações
O trecho acima deveria
ser muito mais específico, com a relação das operações e embarcações que estariam
sujeitas a tal interpretação. Porque em outras palavras a MP é muito mais
lesiva aos portuários, uma vez que, sendo interpretativa, tal artigo abre a
possibilidade de se substituir portuários pelas já sobrecarregadas tripulações:
abram os olhos portuários e marítimos.
Além disso, a MP
continua atacando apenas um lado do problema (talvez o menor), como forma de
diminuir custos de nossas cargas, e de forma errada, buscando redução de custos
precarizando as condições dos trabalhadores, quando na verdade a maior parte
desses custos são causados pela deficiência de nosso sistema intermodal
(principalmente rodovias, ferrovias antiquadas e mal mantidas, e o modal
terrestre escolhido como principal no país: rodoviário), burocracia,
posicionamento dos principais portos (ex.: Santos é um porto dentro de um rio,
e é extremamente cara sua manutenção e ampliação para receber os grandes navios
atuais).
De bom apenas a
restrição a armadores de serem proprietários de terminais portuários, limitando
sua participação a 5%.
Quem quiser consultar o texto completo da MP antes dos vetos, clique AQUI.
De resto leiam abaixo o texto
de Paulo Pereira da Silva, ele resume nosso pensamento.
Titanic do Planalto
Tema em discussão: Modernização dos
Portos
Por Paulo Pereira da Silva
A MP dos Portos é um Titanic brasileiro.
A medida irá destruir nosso sistema portuário, precarizar as condições de
trabalho nos portos e ampliar o processo de privatização de um setor
estratégico, beneficiando grandes empresários e resultando em enormes prejuízos
para o país.
Um dos mecanismos mais perversos da MP
impacta diretamente no trabalho portuário e prejudica os trabalhadores, já que
portos privados não serão obrigados a contratar os trabalhadores inscritos no
OGMO (Órgão Gestor de Mão de Obra), o que vai resultar em perdas de direitos,
desemprego e prejuízos para as cidades portuárias.
Para evitar esse desastre, propus nas
reuniões com o relator da MP, senador Eduardo Braga - que acolheu, mas
estranhamente não incluiu no texto final -, a obrigação de utilização dos
trabalhadores registrados nos OGMOs nos portos privados. Com a rejeição da
medida no texto, os portuários ficaram prejudicados. E mais. Não há dúvidas: os
portos públicos vão quebrar, não terão como competir com os privados, que
contarão com uma série de benefícios - não pagarão outorga e não terão a
burocracia dos estados -, e os trabalhadores vão perder muitos direitos. É um verdadeiro jogo de cartas marcadas!
Infelizmente, todo o processo da MP foi
marcado pela intransigência do governo, que evitou dialogar e estabelecer um
debate democrático com as entidades do setor. Nossa luta incluiu mobilizações,
panfletagens e greves. Tivemos que invadir um navio chinês para mostrar ao país
que chineses estão ilegalmente ocupando trabalho dos nossos portuários. E foi
com esta luta e pressão que conseguimos algumas conquistas, como a manutenção
da guarda portuária, o estabelecimento de uma renda mínima e uma aposentadoria
especial para os trabalhadores em portos.
Mas também chegamos ao ponto de ser
tratados como adversários do governo a serem fulminados. Só para lembrar, como
fomos críticos ao modelo proposto na MP dos Portos, sofremos espionagem da Abin
(Agência Brasileira de Inteligência), realizada com objetivo de nos intimidar e
amordaçar o movimento sindical.
O governo usou a máquina para divulgar a
falácia de que o atual modelo de portos estava alavancando o chamado
"custo Brasil". Ora, vamos aos fatos. Só para citar um exemplo,
nossos portuários de Paranaguá (PR) recebem apenas 17 centavos para embarcar
carros que valem R$ 200 mil. Isso mesmo, 17 centavos por carro embarcado! E o
sistema funciona desta forma: o portuário pega o veículo, dirige cerca de um
quilômetro, embarca, sobe as escadas do navio de volta, caminha o mesmo
quilômetro e começa tudo de novo. Pense: 17 centavos, no valor de um bem de R$
200 mil.
Enfim, podemos definir a MP dos Portos
como um Titanic porque é algo grandioso lançado com estardalhaço e que deixará
muitas vítimas pelo caminho - no caso, a sociedade brasileira, especialmente os
trabalhadores portuários."
quarta-feira, 24 de julho de 2013
Justiça condena cinco por naufrágio do cruzeiro Costa Concordia: julgamento ou caça às bruxas?
Semana passada tivemos
o início do julgamento dos acusados pela tragédia do Costa Concordia, ocorrida
em janeiro de 2012, quando encalhou em uma pedra e virou com mais de 4.000
pessoas a bordo, matando 32.
Agora foram condenados
cinco dos acusados, mas o Comandante da
embarcação permanece como réu aguardando o desenrolar de escaramuças judiciais,
na tentativa de reduzir a pena de sua já provável condenação.
E é sobre as
condenações que queremos nos posicionar.
Neste primeiro
julgamento tivemos quatro tripulantes e
o Diretor da Unidade de Crise da empresa condenados. Não conhecemos os termos
exatos que levaram o tribunal a emitir tais sentenças, mas estranha que não
tenhamos outros funcionários de terra acusados pela tragédia.
E isso porque com as
novas tecnologias de comunicação, boa parte da administração, e mesmo da
operação dos navios, se dá desde seus escritórios em terra. E isso na grande
maioria das empresas. A Costa não foge a esse comportamento.
A pressão sobre o
Comandante e outros Oficiais é grande, mesmo para que se executem operações
arriscadas e fugindo às regras de navegação e segurança.
Também estranha a
condenação do timoneiro, cuja única função é levar a proa da embarcação ao rumo
ordenado pelo Oficial de Serviço ou Comandante, simplesmente substituindo
equipamentos eletrônicos. Dificilmente é alguém que tenha conhecimento
suficiente para perceber determinados riscos.
O Blog não é, de forma
alguma, contrário à condenação dos culpados, desde que se façam as devidas
investigações, e que estas apontem os mesmos de forma conclusiva e definitiva.
Porque dos cinco condenados até o momento, nenhum deve
cumprir pena, já que na Itália penas inferiores a dois anos foram suspensas.
Portanto, ao que
parece, estão tentando jogar toda a culpa sobre o Comandante do Costa
Concordia, que mesmo sem uma investigação mais profunda, pode ser acusado de
muitas faltas, mas não é justo fazer com que pague sozinho por elas, pois todas
são compartilhadas, e mesmo resultado da pressão de superiores.
Como disse um dos
advogados envolvidos no caso, as condenações que até agora foram feitas não vão
agradar aos parentes das vítimas.
E aqui vai a pergunta
que não cala: nós vamos à Justiça para analisar e discutir provas, definir
culpados, e puni-los; ou vamos para satisfazer aos parentes de vítimas?
Olhando de longe e
acompanhando apenas pela imprensa, o julgamento do Costa Concordia está
parecendo mais com um tribunal medieval, daqueles que condenavam por bruxaria.
E quando se condena por bruxaria, muitas escapam, algumas são condenadas sem
serem bruxas, mas pelo menos uma vai para a fogueira, porque o público tem que
ter sua sede por sangue aplacada.
E seria bom que as
autoridades brasileiras olhassem com atenção esse caso, porque as empresas que
operam no Brasil são exatamente as mesmas que operam lá fora, com a diferença
que aqui a navegação de cruzeiro está completamente desregulamentada. E os
métodos de operação e administração das embarcações são os mesmos, às vezes
piores, pois falta o marco legal e a respectiva fiscalização.
Incidentes, mais ou
menos sérios, vêm ocorrendo todos os anos. Então os riscos que corremos de
termos uma tragédia aqui, também são grandes. Seria bom agirmos antes que isso
acontecesse.
Quem não leu sobre o julgamento indicamos a matéria publicada no site do UOL. Clique AQUI.
segunda-feira, 22 de julho de 2013
Blog dos Mercantes na revista do Sindmar
Como divulguei semana passa aqui no próprio blog, o pessoal da revista Unificar, do Sindmar, fez uma reportagem sobre blogs na edição que acaba de ser publicada, e fui um dos blogueiros marítimos entrevistados. Abaixo, para vocês terem uma ideia, as páginas da reportagem. Quem não tiver olho de águia e quiser ler é só ir no site do Sindmar. A revista impressa pode ser obtida no próprio Sindicato.
Aproveitamos para agradecer de público, ao Sindmar, pela oportunidade da divulgação em sua revista e para desejar sucesso em suas empreitadas.
Aproveitamos para agradecer de público, ao Sindmar, pela oportunidade da divulgação em sua revista e para desejar sucesso em suas empreitadas.
domingo, 21 de julho de 2013
Uma boa música é para sempre: "You are the voice", John Farnham
O australiano John Farnham construiu uma carreira pop recheada de sucessos, iniciada nos anos 60 como ídolo pop adolescente. A partir dos anos 90 sua carreira se restringiu a Austrália, onde permanece como um de seus grandes intérpretes, mas nos anos 70 e 80 teve grande repercussão internacional. Um dos maiores sucessos foi alcançado com o álbum Whispering Jack, lançado em 1986. Tendo sido premiada em 1987 com o Aria Award, YOU ARE THE VOICE.
sexta-feira, 19 de julho de 2013
Blog dos Mercantes e os problemas reais nos Portos
Deu na Folha; "Burocracia sobrevive à MP dos Portos". Como o Blog dos
Mercantes já havia dito, a MP dos porto é falha, insuficiente e atinge apenas
aos interesses de alguns endinheirados que atuam no Brasil, sejam eles pessoas
privadas ou físicas. Um exemplo claro disso
é a reportagem veiculada um pouco depois da aprovação da MP 595 (MP dos Portos)
e que fala em infraestrutura logística, burocracia e falta de interesse de
autoridades em melhorar e agilizar o atendimento ao público e as operações de importação
e exportação. Os detalhes já foram
varias vezes comentados pelo Blog, mas podem ser relembrados no texto abaixo.
Burocracia sobrevive à MP dos Portos
MARIO CESAR CARVALHO
AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO
AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO
O comandante de um navio de bandeira estrangeira que
chegue ao Brasil precisa entregar 190 informações para as autoridades do
governo brasileiro. Às vezes, a mesma informação segue em documentos diferentes
para a Receita, a Marinha, a Anvisa e a Polícia Federal.
Para sair do país, a situação não é
diferente: dos 13 dias da jornada de um contêiner rumo à exportação, seis são
gastos com papelada no porto, segundo o Banco Mundial.
Cingapura, que tem o
melhor desempenho nesse ranking, gasta um dia; os Estados Unidos, dois.
Essa é uma das razões pelas quais o preço
para exportar um contêiner no Brasil é mais do que o dobro do cobrado na
Europa: US$ 2.215 aqui; US$ 1.028 lá.
Apesar do caos logístico para entrar e
sair dos portos, a burocracia ainda é o principal problema dos portos
brasileiros, segundo pesquisa com usuários feita pelo Ilos (Instituto de Logística
e Supply Chain).
Nenhum desses problemas, porém, foi
atacado pela MP dos Portos, proposta aprovada depois de uma batalha política no
Congresso Nacional.
O PAPEL DO PORTO
Implantado em 34 portos desde 2010, o
programa Porto Sem Papel acabou criando mais burocracia. "Como os órgãos
do governo não aderiram, as empresas são obrigadas a inserir as informações no
sistema eletrônico e entregar fisicamente em papel. Ficou pior", diz Luis
Resano, presidente do Syndarma (Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima).
Resano conhece o assunto. Entre 2007 e
2010, ele ocupou a diretoria de sistemas de informação da Secretaria Especial
de Portos e foi um dos responsáveis por construir o programa, que não funciona.
O Porto Sem Papel cria uma rede em que
todos os órgãos do governo podem acessar as informações dos navios, dos
tripulantes e da carga. A Receita, no entanto, não utiliza esse sistema.
MEDIDA MILAGROSA
O governo exagerou ao transformar a MP dos
Portos na salvação do setor, diz o engenheiro Paulo Resende, professor de
logística da Fundação Dom Cabral.
"A MP é um marco modernizante porque
vai aumentar a concorrência entre portos público e privado. Mas porto é só
origem e destino", diz Resende.
Logística, segundo ele, requer abordagem
integrada entre porto, rodovia, ferrovia e armazenagem -e isso passou longe da
MP.
O caos que voltou a tomar conta dos
rodovias que dão acesso ao porto de Santos, entre quinta e sexta-feira, é a
demonstração de que a falta de planejamento é crônica.
A infraestrutura também é precária. A
Anchieta, principal acesso ao maior porto da América Latina, é praticamente a
mesma estrada desde que a primeira pista foi inaugurada em 1947, segundo
Resende. É hoje a única estrada para os caminhões chegarem até os portos.
As ações do governo para melhorar tanto o
desempenho interno dos portos quanto o acesso permanecem tímidas ou
equivocadas, afirma Paulo Fleury, diretor-geral do Instituto Ilos.
Ele menciona dois exemplos de programas
ineficientes: o Porto 24 Horas e a ligação dos portos com ferrovias. O Porto 24
Horas foi criado às pressas pelo governo como resposta às filas de caminhões em
Santos, provocada pela supersafra de grãos.
"Em 48 horas o governo criou o Porto
24 horas, mas esqueceu de contratar gente para a Receita, Anvisa. Eles não
trabalham de madrugada. O operador de terminal fica esperando a burocracia
acordar", diz Fleury.
A construção de ferrovias conectadas aos
portos é um dos alvos do Plano Nacional de Logística. O governo prepara
concessões para construir 10 mil quilômetros de ferrovias, com investimento de
R$ 91 bilhões em 30 anos.
"O governo não tem um estudo sério
sobre onde vão ser os terminais das ferrovias. Se o terminal estiver mal posicionado,
o transporte por ferrovia fica mais caro do que por rodovia", afirma
Fleury.
OUTRO LADO
O governo não vai recuar do Programa Porto
24 horas. Em entrevista recente à Folha, Leônidas Cristino,
ministro dos Portos, disse que o governo vai contratar gente e equipamentos
para fazer funcionar os órgãos de fiscalização em período integral.
Sobre os problemas com o programa Porto
Sem Papel, o ministério não fez comentários. A Codesp (Companhia Docas do
Estado de São Paulo) afirma, como administrador, que exige seis documentos das
companhias de navegação e dos importadores.
A lista se multiplica com informações
exigidas por outros órgãos, como Polícia Federal, Capitania dos Portos,
Vigiagro (Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional), Anvisa e Receita.
Procurada, a Receita não quis comentar as
críticas para o fato de não aderir ao programa Porto Sem Papel.
A EPL (Empresa de Pesquisa e Logística)
também não quis se pronunciar sobre os atrasos no programa de concessões
ferroviárias e sobre a falta de estudos sobre terminais nos projetos de
ferrovias que fazem parte do Plano Nacional de Logística.
quarta-feira, 17 de julho de 2013
Blog dos Mercantes pergunta: quem foi que disse que o mercado regula?
Deu no "Valor Econômico": "Governo tolera, mas não usa o mercado".
O texto abaixo nos traz alguns fatos e várias falácias sobre a atual situação do país.
O texto abaixo nos traz alguns fatos e várias falácias sobre a atual situação do país.
É certo que temos os
fatos listados no primeiro parágrafo, com as ressalvas de que todas as decisões
tomadas (juros baixos, crédito público etc.) são remédios usados mundialmente
para incentivar a economia (via consumo e aumento de investimentos), e a moeda
não foi desvalorizada artificialmente, mas foi antes valorizada
artificialmente.
E dizemos isso porque
taxa de câmbio não é um indicador resultado do mercado, mas sim um instrumento
de política industrial, comercial e econômico.
Infelizmente o Brasil
não tem uma economia tão consolidada, e nem domina tecnologia o suficiente para
manter uma taxa de câmbio sobrevalorizada.
Desde a década de 90
do século passado o país vem ensaiando uma desindustrialização, que foi
fortemente aumentada na primeira década do novo século. Nesse período o país
apostou suas fichas no extrativismo e na produção agrícola, dando as costas a
uma política industrial, salvo setores específicos, notadamente ligados à
metalurgia e extrativismo.
Com a crise econômica
que assola Europa e EUA há cinco longos anos (os americanos cortaram seus
incentivos diretos à economia há pouco tempo), e a consequente diminuição do
crescimento do leste asiático, nossas comodities desvalorizaram, o consumo
continua aquecido (prioritariamente produtos importados), e o resultado é o
desequilíbrio de nossa balança comercial.
Ou seja, temos
demanda, mas não temos indústrias para atendê-la, porque hoje boa parte de nossas
indústrias migrou para a China e outros mercados com mão de obra barata. E o
Brasil está caro, inclusive pelo câmbio, que permanece sobrevalorizado.
Com isso, o câmbio
sobrevalorizado que fez a alegria da classe média e que possibilita viagens ao
exterior, está cobrando seu preço agora.
E, ao contrário do que
afirma o texto abaixo, estamos agora pagando pelo erro de o governo não ter
intervindo na economia quando ainda tínhamos indústrias e uma balança de exportações
muito mais diversificada.
Aliado a isso temos a
crise que permanece forte na Europa, e um excedente de sua mão de obra
qualificada, que devido a outro erro grotesco de nosso governo, vem admitindo a
entrada desses trabalhadores no país, desempregando brasileiros e não
contribuindo em nada para a melhoria de nossas relações trabalhistas, pois os
estrangeiros frequentemente chegam com salários mais altos que os nossos
nacionais, que vêm seus ganhos achatados e suas chances de conseguir empregos e
cargos melhores muito comprometidas. Fora isso a maior parte de seus salários
(quando não todo ele) é paga fora de nossa folha de pagamentos, não gerando
IRRF, recolhimento de INSS, etc.
E nisso tudo em que o
México ganha do Brasil? Ora, ganha em muitos pontos na visão do empresariado. O
México é vizinho fronteiriço da maior economia do planeta e diretamente
dependente dela; apresenta mão de obra barata; baixos impostos; uma razoável
infraestrutura para exportação; está sempre disposto a se curvar às vontades
norte-americanas; mantém seu câmbio desvalorizado, favorecendo a exportação;
não pratica juros extorsivos.
Mas acima de tudo o
México continua se contentando em manter sua economia como satélite e
complementar à dos países mais desenvolvidos, posição que o Brasil tem mudado
ao longo da última década.
O Brasil tem mudado
muito nos últimos anos, e tem muito mais a avançar. O bom de nosso país é que
podemos fazer isso com nossas próprias forças, incentivando a produção e
consumo internos. Mesmo com os avanços dos últimos anos ainda temos um enorme
mercado potencial.
Para isso basta um
pouco mais de olhos voltados para nossa indústria e mercado internos.
Leia o texto na íntegra:
Governo
tolera, mas não usa o mercado
Por Claudia
Safatle
Juros reais
próximos de zero, metas fiscais flutuantes, desvalorização cambial induzida e expansão
da oferta de crédito público foram os diques abertos simultaneamente pelo
governo que levaram a economia a sancionar os aumentos de preços - numa
indicação de que ele não estava disposto a ceder em nada para conter a
inflação.
O Banco
Central, ajudado pela cobrança da sociedade, começou a aumentar os juros. Ele
sabe que o IPCA vai cair nos próximos três meses, mas começa a subir novamente
a partir de agosto, embora de forma mais moderada do que no segundo semestre do
ano passado. De maio a julho a inflação mensal cai, mas não a acumulada em doze
meses. Daí em diante, a esperança é de que o IPCA de doze meses comece a ceder
e encerre o exercício na casa dos 5,7%. Sem a ajuda da tarifa de energia, da
isenção de impostos da cesta básica e outras intervenções oficiais, porém, a
inflação rondaria 8%.
Os primeiros
dados de maio sustentam a expectativa do BC. O IPCA-15 foi de 0,46% e o índice
de difusão veio mais razoável - caiu de 74% em março para 61% agora. A queda
dos preços dos alimentos no atacado, porém, está demorando a chegar ao varejo.
O BC suspeita que isso decorra do encarecimento do frete.
Não há razão
para o México ser mais atraente que o Brasil
Há, nessa
composição, portanto, um grave problema de logística que remete às crônicas
deficiências da economia pelo lado da oferta, principalmente de infraestrutura.
Nos últimos dez anos as concessões na área de logística foram vacilantes.
Resultaram num modelo frágil e na ausência de cumprimento dos compromissos
assumidos nos contratos. Esse é o caso de várias rodovias que foram passadas
para a iniciativa privada entre 2008 e 2009.
Para
recuperar o longo tempo perdido, este governo tentou correr com uma nova rodada
de concessões. Mas o cronograma original já está comprometido. O objetivo era
licitar todos os trechos de rodovias até abril. Não conseguiu licitar nenhum.
As regras dos editais já foram alteradas duas vezes para tentar atrair
investidores. No caso das rodovias, eles não concordavam com a limitação da
taxa de retorno e com o volume de obras que deveriam ser entregues nos
primeiros cinco anos. O governo fez mudanças, mas estas pouco agradaram.
É intrigante
constatar que os investidores e a imprensa internacional estão mais
interessados, hoje, no México do que no Brasil. Lá o sistema político não é
plural, a distribuição da renda é ruim e a economia é fortemente dependente da
americana. E não há uma carteira de bons projetos para investimentos como há no
Brasil. Provavelmente, o México atrai os olhares e os interesses mais pelos defeitos
do Brasil do que por seus próprios méritos. Por que?
"Temos
um governo que apenas tolera o mercado e, ao contrário do que sugeria Adam
Smith, não usa o mercado como instrumento de governo", comentou um
empresário, arriscando uma resposta. Esse mesmo interlocutor, que acompanha
atentamente o desenrolar das concessões, conta que assistiu por 12 horas as
discussões sobre a Medida Provisória dos Portos, na semana passada, no
Congresso Nacional. "Como aprovada, a MP vai na direção correta, mas tal
como ocorreu com o setor elétrico, o governo não cuidou bem da transição entre
o velho e o novo modelo. Os que entrarem agora nas concessões dos portos terão
mais vantagens do que os que já estão lá".
Mais
importante do que concessões de subsídios - que podem ser retirados a qualquer
momento - o que leva o setor privado a investir é a confiança nas regras
vigentes e na expectativa de bons resultados. Para isso, é importante que o
sistema de preços funcione.
Em um
encontro de empresários em São Paulo, ontem, discutiu-se custos de produção da
indústria. Dados apresentados na conversa apontaram que nos últimos seis anos
os custos para a indústria teriam aumentado 1% nos Estados Unidos, 18% na
Coreia e 65% no Brasil, dentre outros, contou um dos presentes. Mesmo com toda
a desoneração de impostos, esse quadro não mudou. "A desoneração é uma
gota nesse oceano", disse.
Um dos
motivos do salto nos custos da indústria doméstica teria sido o aumento do
salário real, nesse período, sem qualquer correspondência no aumento da
produtividade. Com um mundo que produz mais barato do que aqui, a demanda da
economia brasileira está vazando para o exterior.
Há indícios
de que no mercado de trabalho - que até agora não sentiu os tropeços da
atividade - a situação também pode estar mudando. Segundo o IBGE, a taxa de
desemprego teve um ligeiro aumento, de 5,7% em março para 5,8% em abril. Houve
um elevado número de demissões e de contratações. Isso pode significar que os
empregados estão tomando a iniciativa de trocar de emprego para melhorar os
salários. Mas é mais provável que seja o contrário: um sinal de que as empresas
estão demitindo os salários altos e contratando a um preço menor.
Nesse quadro,
o destino da taxa Selic no curto prazo ganha ainda maior relevância. Na próxima
semana o Comitê de Política Monetária (Copom) deve aumentar os juros, mesmo
ciente de que a inflação reflete a escassez de oferta. O mercado se divide nas
apostas de uma alta de 0,25% ou 0,50%.
A combinação
simultânea de políticas fiscal, monetária e de crédito expansionistas, mais a
desvalorização forçada da moeda no ano passado, como citado, geraram um
ambiente de pressão inflacionária e não produziram crescimento econômico. O
mesmo empenho que levou o governo do PT a promover a legítima distribuição da renda
deveria ser aplicado, agora, na melhoria da eficiência da economia, com ganhos
de produtividade e de competitividade. Sem isso, o futuro dificilmente será
melhor do que o passado.
terça-feira, 16 de julho de 2013
Blog dos Mercantes é tema de reportagem na revista Unificar do Sindmar
A revista Unificar do Sindmar fez uma reportagem sobre Blogs e o Blog dos Mercantes é um dos destaques. Abaixo um pequeno trecho da minha entrevista. Aviso quando a revista sair e disponibilizo aqui no nosso Blog a entrevista na íntegra.
Para ler trecho da entrevista clique na imagem
sábado, 13 de julho de 2013
13 de julho, Dia do Rock and Roll
No dia 13 de julho é comemorado o Dia Mundial do Rock and Roll. Para comemorar a data, o Blog dos Mercantes ataca com dois vídeos que são verdadeiros hinos do estilo. De décadas diferentes, mas com a mesma força, energia e vibração características de um bom Rock and Roll.
A primeira é de Joan Jett & The Blackhearts, "I Love Rock and Roll". Música dos anos 80 que até hoje mexe com aqueles que gostam de dançar ou simplesmente viajar nos acordes.
A segunda é do inesquecível Nirvana, "Smells like Teen Spirit". Dos anos 90, banda e música até são hoje cultuados pelos fãs do gênero.
sexta-feira, 12 de julho de 2013
Marítimos protestam nas redes sociais
E tome protestos e passeatas pelo Brasil. Ontem foram diversas. E nós, marítimos, estamos juntos.
O Blog dos Mercantes
selecionou uma série de mensagens postadas por marítimos, e pessoal embarcado
em geral. Todas foram retiradas da página “Marítimos” do Facebook e mantidas
tal qual encontradas na rede social, inclusive mantendo-se o nome dos companheiros
que as postaram.
As opiniões contidas
nas postagens abaixo não necessariamente refletem as opiniões do Blog, mas mostram
uma série de ideias que passam pela cabeça de parte do nosso pessoal embarcado.
Até por isso o Blog
não irá comentá-las, deixando aos que nos acompanham analisá-las e compará-las
com as posições assumidas por nós durante os anos em que vimos analisando e
opinando sobre várias situações vividas pelo país e particularmente pela nossa
Marinha Mercante.
Tampouco o Blog busca
criar qualquer tipo de conflito com os autores das postagens, limitando sua
intenção a demonstrar a diversidade de visões que existem sobre nossa
profissão, e embora os modernos meios de comunicação tenham amenizado, ainda
permanece uma profissão em que isolamento e confinamento estão muito presentes.
Josemberg Lemos de Macêdo
É, nosso governo está dando prioridade aos estrangeiros em
todos aspecto, nosso Pré-sal segundo o governo Brasileiro é dos Brasileiros, o
que a gente vê mais é estrangeiros trabalhando nas bacias petrolíferas em todo
território nacional, empresas demitindo Brasileiros e contratando estrangeiros
do mercosul, fora Europeus, Americanos e asiáticos onde está a fiscalização
cade o cumprimento da RN-72? Fica a pergunta meus amigos. Não quero ser egoísta
mais o governo teria de dar prioridade aos Brasileiros depois aos estrangeiros.
(A cada dia Cresce o Desemprego de Marítimos Brasileiro).
Douglas Leal
Estamos sendo invadidos por portugueses, espanhóis,
italianos etc. sendo recebidos como gênios da administração enquanto mal
conhecem a realidade brasileira. Não esqueçamos dos chineses que também estão
dominando o mercado de trabalho. Será que a formação de nossos profissionais
está tão carente que vamos trazer os gênios de fora? Vamos voltar ao status das
décadas de 40/50/60 que os cargos de chefia e administração eram reservados
para os estrangeiros? E o nosso mercado de trabalho? como fica? Esses
profissionais que estão chegando é porque não encontram trabalho em seus países
que se encontram em crise econômica. E COMO FICAMOS
!!!!!!!!?????????????????????????
Faraday Paiva
Trabalhadores Offshore & Marítimos. A vítima das
agressões cometidas pelo estrangeiro JOHN SHANE HERPE encarregado de sonda TOOL
PUSHER do navio de perfuração Deepsea Metro II da empresa Odfjell arrendado
para PETROBRAS, através de contato telefônico nos relatou o ocorrido, pois a
empresa não ofereceu qualquer tipo de apoio, mesmo sabendo que a vitima
precisava de cuidados médicos mandou que retornasse para casa aguardasse que
entraria em contato. “Realmente a empresa entrou em contato com a Vítima
fazendo seguinte pedido” Deixa isso pra
La! Vamos esquecer o que aconteceu!!!! A vítima já está recebendo apoio moral e
jurídico e sendo encaminhada a autoridades competentes para prestar depoimentos
do fato ocorrido. Prezados Colegas Trabalhadores
Offshore & Marítimos Não podemos deixar que isso aconteça dentro de nossa
própria casa!
Faraday Paiva
Sidney Sampaio Coelho
Boa noite a todos!!
Gostaria de saber se é verdade que a presidente Dilma fez
uma MP este mês ou mês passado para liberar estrangeiros para trabalhar na
Marinha Mercante.
Desde já muito obrigado.
Geison Bento
SERÁ QUE ESSA MODA VAI PEGAR TBM?
Adriano Oliveira da Silva
Marítimos e amigos de todo o Brasil vamos exigir uma
petrobras 100% brasileira, perdi meu emprego para um Filipino, ou seja os
navios da mercante do Brasil estão lotados de gringos que tomam nossos lugares,
em quanto o os trabalhadores marítimos brasileiros estão na pedra. O sindicato
do cozinheiros e taifeiros do Brasil não me representa. Sou CZA e perdi meu
emprego para um estrangeiro Filipino. Estou no Piaui e aqui começamos a
manifetar na rua. Adriano (CZA desempregado por um Gringo )
Alvaro Mendes
E ai cambada, quando vai ser nosso protesto por um trabalho
mais seguro e de qualidade? Quando a gente vai poder trabalhar sabendo que a
empresa vai honrar nossos direitos? Quando as empresas vão deixar de contratar
mão de obra qualificada pra pra empregar gente de outros países por um prato de
comida e sem direito trabalhista? Quando sairemos às ruas lembrando ao povo que nós marítimos
existimos!!!
segunda-feira, 8 de julho de 2013
O Blog dos Mercantes e a greve nos portos
Já temos uma greve de
portuários marcada para quarta e quinta. As demandas são
mudanças na MP 595, que da forma que foi finalizada quando da sanção da
Presidência da República, prejudica enormemente os trabalhadores do setor.
O Blog dos Mercantes espera que
nossos companheiros portuários consigam reverter as decisões tomadas pela MP
595. Assim como o trabalho marítimo, o trabalho portuário também é altamente
especializado, perigoso e exige treinamento adequado, experiência e comprometimento
para que seja executado de forma eficaz e segura.
Da forma como foi
aprovada, e com os vetos presidenciais, a tendência é que tenhamos novos portos
e terminais fora do chamado “porto organizado” aonde trabalhadores serão
contratados levando-se em conta puramente o fator custo, sendo que não haverá
nenhuma obrigatoriedade de treinamento ou capacitação dos mesmos.
O resultado disso é
conhecido: o aumento no número de acidentes, muitas vezes fatais ou
incapacitantes, piorando a já complicada situação das famílias desses
trabalhadores.
Algo que a Marinha
Mercante conhece há muitos anos, com a Bandeira de Conveniência, e que tem
apresentado constantemente situações como essas, com a utilização de
trabalhadores pouco capacitados, sobrecarregados, o que gera um alto índice de
acidentes.
Desastrosa a decisão
ora tomada.
Leia abaixo a reportagem publicada no G1:
Estivadores recorrem ao Supremo para
mudar emenda da MP dos Portos
Artigo permite empresas a contratar
trabalhadores com carteira assinada. Trabalhadores de Santos, SP, não descartam
possibilidade de greve.
O Sindicato dos Estivadores de Santos,
no litoral de São Paulo, é contra a MP 595 que muda a contratação de
trabalhadores para os novos terminais portuários, e decidiu nesta segunda-feira
(20) recorrer ao Supremo Tribunal de Justiça. Ainda de acordo com o sindicato,
a possibilidade de greve da categoria não está descartada.
Os estivadores vão recorrer ao Supremo
Tribunal de Justiça para que seja mantida a emenda 115 da MP dos Portos,
aprovada pelo relator, mas que não chegou sequer a ser votada na Câmara na
semana passada. Ela garantiria o direito dos estivadores de trabalharem nos
novos terminais portuários. "Se aprovada, já nos resguardaria no sentido
de ter essa mão de obra requisitada via Ogmo. Qualquer instalação portuária, do
Porto de Santos, teria necessariamente que requisitar o Ogmo", explica o
vice-presidente Sindicato dos Estivadores César Bahia.
A MP foi criada para atrair novos
investimentos e também modernizar os portos. Para isso, o governo pretende
diminuir os custos e aumentar a competitividade, mas para o Sindicato dos
Estivadores as mudanças podem significar o desemprego de mais de 6 mil pessoas
só aqui na Baixada Santista.
Ainda de acordo com o sindicato, o
problema aconteceria porque um dos artigos da MP prevê que os novos terminais
possam contratar outros trabalhadores, com carteira assinada, e não mais os
estivadores avulsos. "O que tem que ser preservado seria o registro desses
trabalhadores que existem no quadro do Ogmo, que são trabalhadores qualificados
para aquelas funções", finaliza.
A possibilidade de greve ainda não foi
descartada pela categoria, mas o Sindicato dos Estivadores disse que vai
esperar a decisão da presidente Dilma, que ainda pode vetar o artigo que
prejudicaria os estivadores.
terça-feira, 2 de julho de 2013
Protesto até em alto mar: marinheiros mercantes nas manifestações
Olha aí o pessoal
embarcado mandando seu recado e participando das manifestações. Mostra que
estão todos antenados e descontentes com o que estamos vendo no país nos últimos
anos. Poderiam aproveitar para dar o recado do setor também, e cobrar mais
empregos a bordo, já que muitos têm sido substituídos por mão de obra
estrangeira pelo simples fato de serem mais baratos ou por interesses externos
mesmo.
As fotos foram tiradas
do Facebook da página “Marítimos”.
Agradecemos a
participação de vocês. Não esmoreçam porque os vinte centavos já ganhamos, mas
falta muito, por isso
CONTINUEMOS
NA LUTA!
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