quarta-feira, 24 de julho de 2013

Justiça condena cinco por naufrágio do cruzeiro Costa Concordia: julgamento ou caça às bruxas?


Semana passada tivemos o início do julgamento dos acusados pela tragédia do Costa Concordia, ocorrida em janeiro de 2012, quando encalhou em uma pedra e virou com mais de 4.000 pessoas a bordo, matando 32.

Agora foram condenados  cinco dos acusados, mas o Comandante da embarcação permanece como réu aguardando o desenrolar de escaramuças judiciais, na tentativa de reduzir a pena de sua já provável condenação. 

E é sobre as condenações que queremos nos posicionar.

Neste primeiro julgamento tivemos  quatro tripulantes e o Diretor da Unidade de Crise da empresa condenados. Não conhecemos os termos exatos que levaram o tribunal a emitir tais sentenças, mas estranha que não tenhamos outros funcionários de terra acusados pela tragédia.

E isso porque com as novas tecnologias de comunicação, boa parte da administração, e mesmo da operação dos navios, se dá desde seus escritórios em terra. E isso na grande maioria das empresas. A Costa não foge a esse comportamento.

A pressão sobre o Comandante e outros Oficiais é grande, mesmo para que se executem operações arriscadas e fugindo às regras de navegação e segurança.

Também estranha a condenação do timoneiro, cuja única função é levar a proa da embarcação ao rumo ordenado pelo Oficial de Serviço ou Comandante, simplesmente substituindo equipamentos eletrônicos. Dificilmente é alguém que tenha conhecimento suficiente para perceber determinados riscos.

O Blog não é, de forma alguma, contrário à condenação dos culpados, desde que se façam as devidas investigações, e que estas apontem os mesmos de forma conclusiva e definitiva.

Porque dos  cinco condenados até o momento, nenhum deve cumprir pena, já que na Itália penas inferiores a dois anos foram suspensas.

Portanto, ao que parece, estão tentando jogar toda a culpa sobre o Comandante do Costa Concordia, que mesmo sem uma investigação mais profunda, pode ser acusado de muitas faltas, mas não é justo fazer com que pague sozinho por elas, pois todas são compartilhadas, e mesmo resultado da pressão de superiores.

Como disse um dos advogados envolvidos no caso, as condenações que até agora foram feitas não vão agradar aos parentes das vítimas.

E aqui vai a pergunta que não cala: nós vamos à Justiça para analisar e discutir provas, definir culpados, e puni-los; ou vamos para satisfazer aos parentes de vítimas?

Olhando de longe e acompanhando apenas pela imprensa, o julgamento do Costa Concordia está parecendo mais com um tribunal medieval, daqueles que condenavam por bruxaria. E quando se condena por bruxaria, muitas escapam, algumas são condenadas sem serem bruxas, mas pelo menos uma vai para a fogueira, porque o público tem que ter sua sede por sangue aplacada.

E seria bom que as autoridades brasileiras olhassem com atenção esse caso, porque as empresas que operam no Brasil são exatamente as mesmas que operam lá fora, com a diferença que aqui a navegação de cruzeiro está completamente desregulamentada. E os métodos de operação e administração das embarcações são os mesmos, às vezes piores, pois falta o marco legal e a respectiva fiscalização.


Incidentes, mais ou menos sérios, vêm ocorrendo todos os anos. Então os riscos que corremos de termos uma tragédia aqui, também são grandes. Seria bom agirmos antes que isso acontecesse. 

Quem não leu sobre o julgamento indicamos a matéria publicada no site do UOL. Clique AQUI.

Nenhum comentário:

Postar um comentário