quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

ANTAQ celebra expansão no setor naval


O diretor da ANTAQ, Fernando Fonseca, celebrou os avanços no setor aquaviário e portos. Nos portos a celebração se resumiu basicamente à nova legislação portuária, que segundo Fonseca, irá permitir maior competitividade entre e intra portos, além de “retirar amarras que geravam instabilidade jurídica e inibiam investimentos privados nos portos...”. Mas é no setor aquaviário que iremos concentrar nossos comentários.

Porque segundo Fonseca, “O crescimento do comércio interno e externo, a expansão das atividades petrolíferas e do turismo, com a realização de grandes eventos no país, as tendências e perspectivas da expansão da frota mercante brasileira e o fortalecimento da indústria naval estão impulsionando o setor”.

Diferente do diretor da ANTAQ o Blog dos Mercantes vê o setor com otimismo apenas em parte. É verdade que vivemos um período de muita demanda, e que as condições seriam ótimas para um crescimento acelerado do setor, não fossem alguns problemas que insistem em ser deixados de lado pelo governo, que emperram todo o setor aquaviário e impedem que o mesmo desenvolva todo o potencial que apresenta. Assim analisaremos os pontos positivos que Fonseca colocou.

1-      O crescimento do comércio interno e externo – É verdade que isso é um forte incentivo para o crescimento da navegação, mas acontece que em nosso país, o governo insiste em subsidiar fortemente setores de transporte muito menos eficientes, além de penalizar a navegação em geral, com quebra de investimentos, mudanças contínuas com recuos nos planos de incentivo ao setor, e falta de continuidade em políticas no setor, além de insistir em manter uma burocracia pesada para o transporte de cargas na Cabotagem, o que onera o setor em tempo e custos. É certo que tivemos algum crescimento no transporte de cargas secas na Cabotagem, muito mais em função do peito do setor, do que em condições propícias ao investimento;
2-      Atividades petrolíferas – Esse é um forte fator de potencial de crescimento do setor, não fosse o fato de a grande maioria das embarcações que chegam para operar no setor sejam de bandeira estrangeira, que a quase totalidade de embarcações de alta tecnologia embarcada estejam nessa condição; o Promef, da Petrobrás/Tranpetro esteja apresentando atrasos consideráveis, o EBN (da própria Petrobrás) tenha sido deixado de lado, como se nunca tivesse existido; e a própria Estatal tenha voltado à sua política de afretamento de forma pesada;
3-      Turismo – Desculpe Fonseca, mas a grande demanda para o turismo aquaviário no Brasil já se encontra aqui, e são os próprios brasileiros. Qualquer aumento de procura para esse subsetor da Marinha Mercante será marginal e insignificante. Além disso todos os navios de cruzeiro que operam na costa brasileira são estrangeiros, não obedecem à nenhuma regulamentação mais séria, não recolhem impostos significativos, exercem competição com setores turísticos de terra, costumam degradar o meio ambiente de balneários, e ainda apresentam perigo à navegação com frequência, ao desrespeitarem normas de segurança da mesma;
4-      Tendências e perspectivas de expansão da frota mercante – isso se situa no campo do potencial, e pior, do exercício do futurismo, o que de forma alguma pode ser levado em conta com seriedade, como fator de expansão da frota. Na verdade é uma projeção que fazemos levando em conta a demanda, o comportamento econômico e os incentivos ao setor;
5-      Fortalecimento do setor naval – Esse é um fator que pode levar a uma expansão do setor, principalmente quando o setor é amarrado por lei à construção nacional. E é inegável que nos últimos 10 anos tivemos forte expansão na construção naval. Mas por si só ele não é um fator que garanta grandes investimentos no setor de navegação, principalmente se vícios, como os que o Blog dos Mercantes vem apresentando nos últimos anos, persistem a emperrar e segurar investimentos.

Como podemos ver, há forte demanda e pressão por um crescimento robusto do setor aquaviário, mas uma série de problemas endêmicos nas economia e legislação brasileira, ainda emperram o setor, impedindo que desenvolva todo seu potencial e ajude outros setores a também se desenvolverem de forma robusta.

E a coisa não para por aí. Baseados em hipóteses, ou seja, no potencial que temos no desenvolvimento de nosso setor aquaviário, os empresários do setor iniciaram há alguns anos, uma campanha de “apagão marítimo”, que significa simplesmente a parada parcial do setor, por falta de tripulante, notadamente oficiais. Com isso foi aumentada significativamente a formação de novos oficiais, algo que nem de longe foi acompanhada pelo aumento da frota operando no país, e uma situação de mercado de trabalho, que se apresentava relativamente em equilíbrio, hoje já apresenta desemprego para muitos marítimos.

Essa situação é ainda mais agravada porque vimos importando trabalhadores de outros países, principalmente facilitada por assinatura de tratados internacionais, no âmbito do MERCOSUL, e que certamente foram muito mal estudadas por parte de nossas autoridades.

O Brasil não tem falta de mão de obra, ele tem falta de investimentos e políticas públicas sérias em educação e treinamento de trabalhadores. E dizemos isso porque, mesmo com todo o aumento da economia dos últimos anos, e a reclamação constante de empresários sobre a falta de mão de obra qualificada

Potencialidade não significa realidade.


Fernando Fonseca destaca crescimento do setor aquaviário, em evento no Rio

O diretor da ANTAQ, Fernando Fonseca, participou na manhã de ontem (27) da 4ª edição do Naval Summit, realizado no Rio de Janeiro. Fonseca falou no encontro sobre o novo marco regulatório portuário e o crescimento do setor naval brasileiro.

Na sua apresentação, o diretor da ANTAQ fez um resumo dos principais pontos do novo marco legal dos portos – Lei nº 12.815/13, enfatizando os objetivos e inovações ocorridas no setor.

“Ao retirar as amarras que geravam instabilidade jurídica e inibiam investimentos privados nos portos, espera-se uma forte retomada do desenvolvimento do setor”, apontou.

"A nova legislação, prosseguiu o diretor da ANTAQ, estimulará a modernização portuária, aumentará a competitividade dos portos, atrairá investimentos privados e propiciará a redução de custos para os usuários, aumentando a concorrência intra e entre os portos através do aumento da oferta de infraestrutura portuária”.

Fonseca observou ainda que o cenário atual é favorável à expansão do modal aquaviário. “O crescimento do comércio interno e externo, a expansão das atividades petrolíferas e do turismo, com a realização de grandes eventos no país, as tendências e perspectivas da expansão da frota mercante brasileira e o fortalecimento da indústria naval estão impulsionando o setor”, destacou.

O evento

Em sua 4ª edição, o debate em torno de temas como logística, portos, indústria naval e indústria do petróleo está reunindo os principais players do setor naval e catalizando a atenção de especialistas, empresários, autoridades governamentais e investidores.

O encontro prossegue nesta quarta-feira (28), com a participação de palestrantes de instituições como o SYNDARMA (Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima), SOBENA (Sociedade Brasileira de Engenharia Naval), ABENAV (Associação Brasileira das Empresas de Construção Naval e Offshore), Petrobras, BNDES, Caixa Econômica e FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), entre outros órgãos.


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